Chamamos de rinoplastia estética a cirurgia destinada a alterar a pirâmide nasal no sentido de embelezar a face do paciente. Este conceito, apesar de aparentemente simples, encerra problemas incomuns, desde éticos até os conceitos técnicos de beleza e aformoseamento. Todavia, todos nós aceitamos e portanto, no senso comum aceita-se como rinoplastia estética aquela que não interfere na função respiratória nasal ou aquela não destinada aos casos de deformidades externas graves ou que causem asco, tais como rinofima, tumores e outras dermatopatias, anomalias congênitas e assim por diante.
Uma vez estabelecido que o único problema do paciente é o de uma necessidade estética, para a satisfação da qual ele busca uma justificativa que vai desde a apresentação profissional até melhor aparência junto ao noivo ou marido ou junto aos conhecidos, não se pode aprofundar a questão íntima de cada candidato à cirurgia até o ponto de enviá-lo ao psiquiatra ou psicanalista, porque não há limite nítido ou padrão de medida para a satisfação de um desejo que de antemão julgamos não ser patológico, em vista dos padrões sociais contemporâneos.
Assim, passamos a por em relevo, nesta cirurgia, o aspecto relativo ao diagnóstico e à precisa indicação da mesma. Achamos que não deva ser indicada nos seguintes casos:
1 - Pessoas com fixação neurótica intensa no seu defeito, a ponto de julgá-lo causa de insucesso em sua vida social ou profissional;
2 - Pacientes apresentando doenças de outro cunho, geral (principalmente psiquiátrico) ou local - cujo tratamento julguemos mais importante do que a cirurgia solicitada;
3 - Pessoas com problemas funcionais respiratórios, exceto havendo indicação para tratamento simultâneo;
4 - Pessoas cujo rosto em seu conjunto e por outros aspectos estéticos, de cididamente não venham a se beneficiar com a rinoplastia, pois acreditamos ser difícil ou inútil colocar -um nariz bonito num rosto' feio.
Pacientes com fixação neurótica a pequenos detalhes nasais, principalmente os já submetidos à rinoplastia estética;
Pacientes com antecedentes familiares de rinite atrófica, síndromes hemorrágicas, hanseníase e outras doenças, exceto nos casos em que exames laboratoriais e clínicos exaustivos afastem qualquer dúvida quanto a esses problemas;
Pacientes operados na região nasal há menos de seis meses.
Indicada e aceita a rinoplastia como medida dê satisfação estética e tomadas as precauções básicas pré-operatórias, nas quais se incluem as fotografias para efeito médica-legal e outros, vejamos quais os diagnósticos mais comuns:
1 - Rinocifose com ou sem rinomegalía;
2 - Rinomegalia;
3 - Nariz senil;
4 - Lóbulo bulboso;
5 - Alterações do ângulo naso-labial;
6 - Nariz negroide;
7 - Rinodesvios e
8 - Outros.
Neste trabalho não desejamos debater qualquer aspecto das técnicas usadas para as rinoplastias estéticas, exceto dizer que evitamos fundamental¬mente o seguinte: a) retirar gibosidades em excesso, que possam tornar o nariz pequeno, em desarmonia com o tamanho do rosto; b) operarmos simultaneamente os septos que necessitem de grandes descolamentos muco-pericôndricos; c) ressecar mucosa ou submucosa, exceto em pequenas porções estritamente redundantes; d) usar via de acesso intracartilaginosa; e) usar serras, embora não julguemos errada a aplicação adequada das mesmas; f) operarmos em ambiente não hospitalar, mesmo nas cirurgias de retoque.
Por outro lado e rotineiramente procuramos restringir o descolamento dorsal ao estritamente necessário. Usamos infiltração com vasoconstritores, mesmo sob anestesia geral.
Quanto aos resultados pós-operatórios acreditamos que os pacientes o aceitam em geral muito, bem nos casos em que o diagnóstico e a indicação foram corretos e houve entendimento adequado entre o cirurgião e o cliente quanto a finalidade, conseqüências e limitações da cirurgia. Os resultados definitivos somente são considerados realmente a partir do trigésimo dia até seis meses de pós-operatório.
Resultado não aceita muito bem do ponto de vista do paciente, podem ocorrer quando a técnica usada não foi bem avaliada para o caso, quando houve pressa de concluir o ato cirúrgico, quando a contenção gessada foi aplicada inadequadamente ou quando houve complicações pós-operatórias imprevistas e graves (hemorragia e infecção) e principalmente quando o cirurgião não conseguiu relacionamento razoável com o paciente, principalmente no que se refere às limitações da cirurgia.
Concluímos afirmando que podem ser obtidos resultados cada vez melhores de acordo com a experiência do cirurgião, sua dedicada atenção a cada caso (como se fosse este o mais importante), a vigilância para os menores indícios de complicação pós-operatória, até mesmo levantando a contenção gerada nas primeiras 24 - 48 horas e a indicação cirúrgica de acordo com o diagnóstico e não somente para atender a um eventual capricho do cliente.
Josias Pires Ferreira Clínica Prof. José Kós Rua Moncorvo Filho, 104 Rio de Janeiro, 20000
* Cirurgião Plástico da Clínica Prof. José Kós. Residente da Clínica Prof. José Kós. ** Residente da Clinica Prof. José Kós. *** Estagiário da Clínica ProJosé Kós.
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