INTRODUÇÃOProcuramos analisar, nesta pesquisa, a atividade terapêutica do vasodilatador cerebral e periférico hidrogênio -fuma rato de N-[3- (1-benzi l-cicloheptil-oxi) propil]- N, N-dimetil-amônio em síndrome labirínticas agudas e crônicas.
O produto por nós estudado tem sido empregado, com sucesso, em diversas especialidades médicas, conforme relatos da literatura 1, 2, 3, 4, 5.
Nosso trabalho foi motivado pela intenção de aferir a ação do produto, por ser o mesmo um vasodilatador e sabermos, de acordo com nossa experiência pessoal, que este tipo de medicamento é extremamente útil em labirintologia "".
MATERIAL E MÉTODOUtilizamos a técnica de duplo-cego em estudo comparativo entre a substância e placebo. A sua distribuição foi feita inteiramente ao acaso, tendo os mesmos aspectos idênticos, sendo denominados por número de cópias, apenas revelado ao final da pesquisa. O grupo estudado era constituído de 77 pacientes com problemas labirínticos, diagnosticados por exames otoneurológicos e outros adequados a cada caso. Todos os pacientes foram submetidos a exame auditivo e vestibular, conforme esquema contido nas fichas-modelo (fig. 1 e 2). O equipamento utilizado nessa avaliação pode ser visto nas figs. 3 e 4. A figura 5 mostra um trecho da resposta nistágmica de um paciente submetido à prova rotatória pendular decrescente, registrada por meio da eletronistagmografia.
A posologia utilizada foi de 2 comp. (de 100 mg) 3 vezes ao dia por via oral, durante 40 dias consecutivos, como única medicação em pacientes não tratados anteriormente para o distúrbio em foco ou não medicados pelo menos há 3 meses do início da pesquisa. Os pacientes eram todos ambulatoriais, sendo a sua evolução avaliada em função do relato subjetivo dos pacientes acerca da sintomatologia e por meio de exames realizados após a terapêutica. De acordo com o resultado do tratamento, os doentes foram classificados em 2 grupos: MELHORADOS E NÃO MELHORADOS, sendo este resultado submetido à análise estatística por meio do teste do qui quadrado, adotando-se o risco de erro igual ou menor que 5% para um grau de liberdade. Nessas condições, o valor crítico do qui quadrado é de 3,84. Além da resposta terapêutica, foram ainda anotadas a eventual ocorrência e gravidade de efeitos colaterais referidos pelo paciente, tanto espontaneamente, como por inquirição.
Fig. 1 - Ficha modelo de exame audiológico.
Fig. 2 - Ficha modelo de exame vestibular.
RESULTADOSDos 77 casos tratados, 64 retornaram após os 40 dias de tratamento, com as configurações clínicas otológicas mostradas no quadro 1.
QUADRO 1 - Distribuição do comprometimento otológico.
Nestes casos, foram identificadas alterações em outras regiões corporais, possivelmente relacionadas com a etiologia desses distúrbios, de acordo com o quadro II.
Fig. 3 - Audiômetro Maico MA 24 e cabine acústica.
QUADRO II - Alterações em outros órgãos ou sistemas, relacionados com a etiologia das labirintopatias.
Conhecidos os resultados, desvendou-se a terapêutica, sendo os resultados, então, agrupados códigos utilizados na pesquisa como se observa no quadro III.
QUADRO III - Resultados do ensaio terapêutico com hidrogênio - fumarado de N- [3- (1benzi l-cicloheptil-oxi)-propri1] -N,N-dimetil-amônio.
No quadro IV vemos a melhora obtida nos principais sintomas referidos pela casuística tratada com a droga ativa e o placebo
QUADRO IV - Melhora dos sintomas das sindromes otoneurológicas.
Fig. 4 - Aspectos do equipamento estimulador e registrador e da colocação de eletródios no paciente, para o exame da função labiríntica.
Fig. 5 - Trecho de traçado eletronistagmográfico com o emprego de 6 canais de registro e 2 vias de marcação.
A aplicação do teste do qui quadrado, verificou-se que o seu valor calculado (4,43) foi superior ao valor crítico previamente assumido (3,84). Portanto, rejeitou-se, ao nível de 5% de risco de erro, a hipótese de igualdade entre as drogas experimentadas, quanto ao comportamento terapêutico nas síndromes Labirínticas.
A droga ativa experimentada revelou-se superior ao placebo, superioridade esta estatisticamente significante, e seus resultados mais evidentes foram obtidos em relação às manifestações de desequilíbrio (tonturas). Não se registraram reações colaterais de monta. Todos esses efeitos, frustos, não obrigaram à interrupção da terapêutica, cedendo espontaneamente. Verificou-se queixa de cefaléia, de variada localização, em 6 casos (5 Com a droga ativa e 1 com o placêbo) e
houve 2 pacientes que revelaram mal-estar gástrico e/ou abdominal fugaz (ambos com a droga ativa). Não houve queixa de ruborização facial ou sensação de calor, comuns à terapia com vasodilatadores em outras investigações por nós realizadas.
CONCLUSõESDiante do que nos foi dado observar, resultou:
1º) a eficácia terapêutica do hidrogênio-fumarato de N- [3- (1-benzil-ciclo heptil-oxi)-propil] -N,N-dimetil-amônio nas síndromes vestibulares e/ou cocleares ao nível de 5% de risco de erro;
2º) dos sintomas labirínticos, foram as tonturas os que mais se beneficiaram com o tratamento por esse produto;
3º) não se verificou a ocorrência de efeitos secundários de importância
AGRADECIMENTOOs autores agradecem a cooperação importante de Rita Kweksilber Reznik tecnóloga em fonoaudiologia, na realização dos exames auditivos e vestibulares
ABSTRACTA therapeutic trial with the peripheral vasodilator N- [3- (1- benzil- cycloheptyl-oxy)-propyl] -N,N- dimethyl-ammonium hydrogen fumarate was carried out in the treatment of labyrinthic disorders, in a double blind study.
The Autors, after a statistical analysis of the results, concluded that-N[3- (1-benzyl-cycloheptyl-oxy)-propyl] -N,N- dimethyl-ammonium hydrogen fumarate is effective, mainly in the treatment of dizziness. No important side-effects were noted.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Bartels, H.: Fludilat bei beginnender zerebraler Gefässaklerose. Therapiewoche 24: 25,42 (1974).
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S. Komlos, E., Petbcz, L. E.: Pharmakolo inche Untersuchungen über dia Wirkung von N-(3-(1benzyl- cycloheptyl-oxy)- propyl]-N,N- dimethylammonium hvdrogenfumarat. Arzneim. Forech. (Drug Res.) 20 10a, 133$ (1970.
6. Mangabeira Albernaz, P. L.. anança, M. M.: Otoneurologia prática. Ars Curandi 5: 45 (1972).
ENDEREÇO DOS AUTORES:
Brig. aria Lima, 630 - 34 A.
01452 . São Paulo - SP
* Professor Titular de Clínica ORL de Fac. de Med. de Mogi das Cruzes (SP) e Médico da Clinica ORL do H.S.P.M. de São Paulo.
** Professor Assistente de Clínica ORL da Fac. de Med. de Univ. de Recife (PE).
*** Professor Titular de Clínica ORL da Fac. de Med. de Jundiaí (SP).
**** Professor Assistente-Doutor e Chefe da Divisão de Labirintologia da Clinica ORL da EPM e Encarregado de Secção de Otoneurologia da Clínica ORL do H.S.P.M. de São Pauto.
***** Professor Titular da Clinica ORL (Depto. de Cirurgia) de EPM.
Trabalho realizado na Clínica Otorrinolaringológica da Escola Paulista de Medicina (Prof. Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz) e do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (Chefe: Dr. Cássio Moraes Alves).
Hidrogênio- fumarato de N- [3- (1-benzi l-cicloheptil-oxi) (propyl) - N, N- dimetil-amônio = FLUDILAT R, dos Laboratórios Organon do Brasil Ltda].