ISSN 1806-9312  
Sábado, 23 de Novembro de 2024
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1976 - Vol. 42 / Edição 1 / Período: Janeiro - Abril de 1976
Seção: Artigos Originais Páginas: 53 a 55
BLOQUEIO REGIONAL HEMOSTATICO EM CIRURGIA OTOLÓGICA*
Autor(es):
Francisco de Andrade Leite**

Resumo: Este trabalho apresenta a técnica por nós utilizada no Serviço de Otorrinolaringologia, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Ceará, através da qual, obtemos em todos os nossos pacientes, excelentes condições de hemostasia do campo operatório em cirurgia otológica por período superior à duas horas quando utilizamos as incisões endaurais e pos - aural.

Utilizamos em cirurgia otológica, sistematicamente solução anestésica hemostática local.

As duas condições essenciais para sucesso na clássica fenestração para oteoesclerose são: a hemostasia e a imobilidade do paciente.

Hemostasia e imobilidade são imprescindíveis para qualquer tipo de cirurgia otológica no ouvido médio ou na mastoide.

A hemostasia em cirurgia otológica requer as seguintes exigências:

1º - posição adequada da cabeça e corpo do paciente, facilitando retorno venoso livre pelo pescoço, reduzindo tanto quanto possível aumento da pressão venosa no campo operatório;

2º - auxílio, se necessário, de um competente anestesista para administrar anestesia geral;

3º - processos auxiliares para sustar o sangramento das partes moles e ósseas como ligadura dos vasos, diatermo-coagulação, aplicação tópica de adrenalina, compressas de Geofoan sobre a superfície sangraste, uso de broca de diamante para controle do sangramento do osso do meato acústico externo e mastóide;

4º - emprego correto de substâncias hemostáticas para produzir intenso efeito vasoconstrictor no campo operatório.

Solução hemostática

Nesta série os pacientes adultos submetem-se a uma injeção hemostática de 5 a 7,5 cc de Lidocaina a 1% com Adrenalina 1:30.000 (0,25 mg) no lugar da incisão e ao redor do meato acústico externo antes da anestesia ser induzida ou imediatamente depois da indução com fluotane pentrane. Antes de ejetar, fazemos aspiração para evitar uma possível administração intravascular. Aguardamos dez minutos para realizarmos a incisão.

Técnica de Infiltração

Rotineiramente infiltramos em quatro pontos e ocasionalmente em cinco:

1 - O sulco post-auricular atrás do meato acústico externo, a agulha é dirigida para frente e acima alcançando a região entre o tragus e raiz da hélix poucos milímetros acima da entrada do meato superficial a facia temporalis. Três cc da solução infiltrados, um localizado no edema esbranquiçado da pele aparece nesta área. O efeito é sobre os vasos temporais superficiais, nervo aurículo temporal.

2 - No sulco retro auricular no mesmo ponto a agulha guiada para baixo e para frente alcançando a região abaixo da concha e meato acústico externo cartilaginoso. O efeito se verifica nos vasos auriculares posteriores, nervo grande auricular, ramos auriculares do vagus.

3 - A agulha é introduzida na cartilagem do assoalho do meato cartilaginoso próximo de sua junção com o meato ósseo 1,5 cc da solução ejetado profundamente em direção á glândula parótida acima do músculo digástrico. O efeito se estabelece sobre a artéria auricular posterior, seus ramos estilo-mastoideos, artéria auricular profunda e nervo facial.

4 - A agulha é orientada para cima atingindo o teto do meato acústico externo ósseo. 0,5 cc é administrado abaixo do periósteo na estria vascular no teto do meato.

5 - A agulha é introduzida atingindo a parede anterior do meato acústico, externo ósseo injectando-se 0,5 cc abaixo do periósteo. O efeito manifesta-se sobre a artéria timpânica anterior, no ponto de união da membrana timpânica.





Inibidores da Monoaminoxidase

A anestesia geral com infiltração de solução anestésica adrenalinica é considerada potencialmente perigosa em pacientes que fizeram tratamentos anteriores com inibidores da monoaminoxidase porque haveria a possibilidade de surgir grave reação hipertensiva, podendo ocorrer concomitante acidente vascular cerebral.

Caso o paciente tenha feito uso de inibidores M.A.O. a cirurgia será adiada pelo menos três semanas, tempo esse em que a droga foi suspensa.

Nos pacientes portadores de arritmias espontâneas sob uso de digital ou quinidina, a infiltração de solução anestésica com Adrenalina deve ser feita com toda cautela.

Summary

Describes a method of achieving haemostasis for periods of more than two horas by means of an injection, of adrenaline solution in micro-surgical procedures performed on tho middle ear on mastoid, when general anesthesia is used. The type of anesthesic used should be studied to avoid problems of incompatibility with this injection, which could provoke cardiac arrhythmias.

Acknowledgements

I acknowledge my indebtedness to Professor Victor Goodhíll M.D. of Los Angeles for his Kindness in demonstrating this injection technique for effective haemostasis in otological procedures.

My grateful thanks are also due to Dr. Harrys and Brockmann in Cedars Sinai Hospital.

BIBLFOGRAPHY

1. GOODHILL, V. - Personal Communication
2. BROCKMANN, S.J. - Personal Cornrnunicatíon 3. HARRIS, I. - Personal Communication
4. EVIATAR, A. - Personal Cornrnunicatíon
5. HALL, I.S. and MU-LAR, A. MC (1950) "Haemostasis in the Fenestration Operation", J. Laryng. 64: 233.
6. KOTZ, R.L. and Katz, G.J. (1966), "Surgical Infiltration of Pressar Drugs and Their Interaction wíth Volatite Anaesthetics", Br. J. Anaesth., 38: 712.




Endereço do Autor:
Av. Dom Manoel, 419
Centro FORTALEZA-CE

* Trabalho do Serviço de Otorrinolaringologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará.
** Professor-Assistente.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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