INTRODUÇÃOA audição tem seu papel fundamental na aquisição e desenvolvimento da fala e linguagem. Sendo ambas englobadas em funções cerebrais e de caráter eminentemente social, especificamente a segunda é impulsionadora do aprendizado simbólico. Sabemos que qualquer desordem no aparecimento ou aprimoramento delas resultará em grandes prejuízos ao aprendizado dos processos simbólicos, ao relacionamento social e à estruturação psicológico-afetiva.
METODOLOGIADurante três anos (1990 - 1993), foram atendidas pelo Serviço de Audiologia do Ambulatório de Especialidades 95 crianças comprovadamente diagnosticadas como portadoras de déficits auditivos de graus diversos, desde perdas leves até perdas mais intensas.
Elas foram submetidas, durante entrevista inicial, à anamnese audiológica, em que vários dados a respeito de gestação, antecedentes, intercorrências perinatais e infantis puderam ser pesquisadas junto à mãe ou responsável pelo paciente.
Deste número, levantou-se o total de 50 pacientes do sexo masculino e 45 do sexo feminino, [nas faixas etárias de 0 - 2 anos (20 casos), 3 - 5 anos (26 casos), 6 8 anos (21 casos), 9 - 11 anos (9 casos), 12 - 14 anos (12 casos) e > de 15 anos (7 casos)]. Essas faixas etárias foram consideradas pelo cálculo: data de nascimento X data de anamnese.
Com base nesses dados, foram pesquisados os 15 fatores mais relatados e seguros quanto à informação prestada pelo acompanhante do paciente.
RESULTADOSConfirmando os resultados de pesquisas de outros centros de atendimento a deficientes auditivos, como a Santa Casa, e a DERDIC-PUCSP, nosso perfil provável também demonstrou um número expressivo de causas desconhecidas precedido por Síndrome da Rubéola Congênita, sendo a grande maioria das outras causas de acometimentos diversos fatores: hereditários, perinatais e complicações outras (Figura 1). Ainda dentro deste levantamento, pode ser observado que, entre as causas sabidas (59 casos), chegou-se a 34 casos congênitos e 25 casos adquiridos.
Figura 1
CONCLUSÃO / DISCUSSÃODe acordo com os dados, podemos concluir que muitos fatores indicativos de perdas auditivas ainda são passíveis de investigações mais detalhadas, as quais só são executadas em centros de pesquisas específicos e em muito prejudicadas devido à falta de informação do acompanhante. Contudo, os demais fatores, como a Síndrome da Rubéola, meningite, sarampo e caxumba já apresentam solução a médio prazo através de campanhas sistemáticas de vacinação ou imunização da gestante antes de engravidar.
Outros fatores, como problemas no ato do parto, fator Rh, sífilis e baixo peso, entre outros, poder ser prevenidos através de campanhas de orientação e subsídios à gestante para o acompanhamento pré-natal.
A finalidade deste estudo, além do levantamento em si, é mobilizar outros segmentos e profissionais da saúde, reunindo forças para a prevenção de uma das alterações sensoriais que muito prejudica o bom desenvolvimento global da criança, que é a deficiência auditiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASNORTHERN, J. L. & DOWNS, M. P. - Hearing in children, 1st ed., Baltimore, William & Wilkins, 1978. Páginas 57-66.
DAVIS, H. & SILVERMAN, S. R. - Hearing and Deafness, 3rd ed., New York, Rineharl & Winston, 1970.
KATZ, J. - Handbook of Clinical Audiology, 2nd ed., Baltimore, William & Wilkins, 1978. Páginas 48-49.
* Fonoaudióloga responsável pelo Serviço de Audiologia do Ambulatório de Especialidades da Prefeitura Municipal de Santos.
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