As complicações tardias do tratamento cirúrgico do colesteatoma do ouvido médio dependem da localização do do colesteatoma. Se a lesão é atical o cirurgião pode prever sucesso na obtenção de ouvido seco e eventualmente boa audição, apesar da mastoidectomia ser necessária. Nos casos de colesteatoma de caixa timpãnica é grande a incidência de persistente exsudato pós-operatório e mau resultado funcional, sendo a mastoidectomia muitas vezes desnecessária.
O autor selecionou 90 pacientes de otite média crónica colesteatomatosa para revisão pós-operatória, todos com mais de dois anos de operados. Encontrou quatro tipos de complicação: 1. Corrimento mais ou menos constante; 2. Colesteatoma residual 3. Audição deficiente e 4. Cavidade mastoidiana indesejável.
São mencionadas mais três possíveis complicações decorrentes da cirurgia: 1. Estenose do meato acústico externo; 2. Lateralizaçâo do enxerto e 3. Colesteatoma do retalho.
Fístula do canal semicircular lateral, dura deiscente, paralisia facial ,e complicações endocranianas não foram encontradas nesses pacientes.
Independente da localização pacientes jovehs, antes da puberdade, tem menos chance de ficar com ouvidos secos. Parece que a insuficiência tubária seria responsável pela persistência da drenagem. Dos 18 casos de colesteatoma do ouvido médio que tiveram insucesso, com corrimento auricular depois de dois anos, 14 (77%) tinham colesteatoma residual.
Maior índice de sucesso no colesteatoma atical deve-se aparentemente à maior facilidade de remoção das lesões do ático e da mastóide, em comparação com as manipulações na caixa do tímpano. A principal sede de persistência de colesteatoma é o seio timpãnico.
Do ponto de vista da audição, 55% dos casos de colesteatoma da caixa tiveram mau resultado, em grande parte em razão das lesões da cadeia ossicular.
Segundo o autor, a mastoidectomia deve ser abandonada nos casos de adultos sem colesteatoma. Nas crianças, tal prática pode ser questionada. Lesões da mastóide resultam da propagação de doença da tuba e da caixa, portanto doença na caixa e na tuba não provém da mastóide.
A mastoidectomia só deve ser feita nos pacientes com colesteatoma de caixa quando a cirurgia mostra a invasão das lesões para o epitímpano em direção ao antro da mastóide.
Estenose da porção cartilaginosa do meato acústico externo era comum nas timpanoplastias. Para evitá-la é preciso não traumatizar a cartilagem no acesso ao meato acústico cutâneo. Se é realizada mastoidectomia, parte da cartilagem da concha deve ser removida.
A laterauzação do enxerto ocorre quando ele é colocado por cima da membrana timpãnica. O enxerto não adere ã pele íntegra, portanto a pele da parede anterior do meato deve ser poupada para impedir essa complicação.
Colesteatoma do retalho decorre da falta de desepitelização adequada da superfície, sobre a qual o enxerto será aplicado. Isso pode ser evitado com o emprego da técnica de enxerto por dentro da membrana (underlay tecnique).
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