ISSN 1806-9312  
Domingo, 28 de Abril de 2024
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1898 - Vol. 63 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 1997
Seção: Artigos Originais Páginas: 244 a 251
LAZER COMO RISCO À SAÚDE - O RUÍDO DOS TRIOS ELÉTRICOS E A AUDIÇÃO.
Autor(es):
Nelson Caldas*
Fábio Lessa**
Silvio Caldas Neto***

Palavras-chave: som de trios elétricos, risco auditivo

Keywords: popular hands sound, hearing risks

Resumo: O estudo foi desenvolvido em Recife, durante a realização de um evento cultural, em outubro de 1995, com a participação de 23 trios elétricos e 14 blocos. Com o objetivo de identificar os riscos a que estão submetidos três grupos de expostos, foram utilizados quatro decibelímetros, operados no filtro de ponderação A e circuitos de resposta lenta. Os resultados obtidos apontam riscos à audição diferenciados para os foliões e músicos que acompanharam os trios elétricos, os foliões em camarotes e os residentes em apartamentos situados no trajeto, de acordo com os níveis de pressão sonora registrados e o tempo de exposição. Com este estudo, tem-se a intenção de subsidiar a normatização desse tipo de eventos, no tocante ao controle do ruído produzido pelos trios elétricos.

Abstract: This study was made in Recife, during a cultural event held in october 1995, with participation of 37 pop music bands on the streets. To identify the risks of three groups exposed to the noise, we used four sound level meter. The results obtained show different risks of hearing to people, and musicians who followed the bands, those who watched the bands in reserved seats and those who habitted the apartments situated aside, according the sound press levels recorded and the intension of giving a basis to standardization of this kind of event in relation to the control of the noise produced by the bands.

INTRODUÇÃO

O convívio nas grandes cidades inevitavelmente remete o indivíduo à exposição a riscos, que compromete sua relação cola o ambiente socialmente construído. Este grau de comprometimento tem sido explicado pela tendência ascendente das doenças crônico-degenerativas, entre elas, surdez.

O crescente processo de urbanização tem sido um s condicionantes do surgimento de novas doenças crônico-degenerativas. Os padrões ele determinação do processo saúde/doença reconhecem o modo de vida como um dos principais determinantes ele agravos à saúde. Basta lembrar que condições e estilo de viela são as duas dimensões fundamentais que caracterizam este terminante para determinada população1.

Estas condições gerais ele existência, sobretudo o estilo de vida, abrangem espectro de possibilidades de posição a riscos, por estarem associadas a formas social culturalmente determinadas, que se expressam no padrão alimentar, no dispêndio energético das atividades de porte e hábitos como fumo, álcool e lazer1.

Entendendo as opções de lazer como hábitos adquiridos pela influência de modismos e pelas representações sociais que os circundam, talvez se possa compreender casos em que o lazer passa a ser agressão à saúde socialmente aceitável2, 3, 4.

A relação nexo-causal entre ruído e surdez terra sido muito estudada, sobretudo o ruído, enquanto risco ocupacional. No entanto, os danos à saúde produzidos pelo ruído presente na atividade de lazer apresenta-se pouco explorado.

Nos últimos anos, tem havido preocupação com os efeitos dos ruídos de lazer para a audição, principalmente os produzidos pela música, comumente encontrada em concertos, boates e, recentemente, em eventos "culturais" e rua, através de caminhões com vários alto-falantes5, 6, 7, 8.

Esta forma de levar música ao público nas ruas, através de veículo que produz som amplificado, onde os artistas ficam no piso superior, tocando por várias horas, o povo acompanhando o trajeto, foi denominado de "trio elétrico", tendo sua difusão maior nas regiões metropolitanas localizadas no Nordeste brasileiro.

No Recife, a presença dos trios elétricos nos eventos e rua tem sido rotina, tanto nas festas ele padroeiras quanto carnavalescas, chegando a colocar nas ruas, durante os quatro dias, vinte e três caminhões com alto-falantes, "puxando" milhares de foliões.

Este fenômeno social, embora para muitos uma opção de lazer, não pode deixar de ser classificado como risco iminente à saúde, por ter como elemento propagador o ruído em elevadas intensidades, expondo não só os foliões. mas também a população residente no trajeto elo evento.

Controlar os riscos não é tarefa fácil, sobretudo quando o processo saúde/ doença é explicado pelo paradigma da determinação social. O risco produzido pelo paradigma voluntariamente só poderá ser controlado se forem desenvolvidas ações no sentido ele estudar o modo de vicia das populações, que, por ser socialmente construído, necessita de modificação de estrutura da sociedade.

Diante do exposto, este trabalho tela como principal objetivo medir a intensidade do ruído ambiental produzido pelos trios elétricos durante o evento de rua, em que estão expostos os foliões, os artistas ele trios elétricos e residentes de apartamentos sediados no trajeto.

MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi desenvolvido em Recife, durante a realização de evento cultural em outubro ele 1995, onde havia, na programação de quatro dias, 23 trios elétricos e 14 blocos.

Os trios elétricos que participaram do evento fizeram percurso de aproximadamente 2.300 m, percorrendo o espaço de 40 edifícios, sendo a maioria de 12 andares. A população exposta ao ruído consistiu não só dos 2.880 (estimativa) residentes na avenida, mas também dos foliões e músicos que acompanharam cada trio elétrico, os foliões fixos nos camarotes montados em dois pisos ao longo das calçadas, os ambulantes que comercializaram bebidas e alimentos, além de servidores públicos em atividade.

Para medição dó ruído foram utilizados quatro decibelímetros. O medidores ele nível de pressão sonora foram operados no filtro de ponderação A e circuitos ele resposta lenta. Todos os equipamentos utilizados foram calibrados de acordo cola as especificações do fabricante, antes, durante e após o evento.

A avaliação do ruído durante o evento foi realizada pear três técnicos de segurança elo trabalho e um fonoaudiólogo sanitarista, visando a identificação elo risco funcional para audição.

Os trios elétricos são constituídos de dois módulos: a cabine do motorista e o reboque. Neste último estão localizados, no plano inferior, as fontes sonoras; e no plano superior, a plataforma ele produção.

As medições foram realizadas visando identificar os riscos a que estão submetidos três grupos de expostos: 1. os foliões alojados nos camarotes; 2. os residentes da avenida que não estavam participando do evento; 3. os foliões e músicos que acompanharam cus trios elétricos.

Para o primeiro grupo, dos foliões fixos nos camarotes, foram realizadas duas leituras, com duração e intervalos de 10 segundos, em três pontos distintos: os extremos e o centro dos dois pavimentos. Optou-se por aferir só os camarotes no lado esquerdo da avenida, no sentido do trajeto.

Para o segundo grupo, as medições ocorreram nos apartamentos de frente para o mar, dos edifícios sorteados para o estudo. A amostra foi constituída de 6 edifícios, com base na tabela-mestre do MIL-STD-414(). Em virtude das dificuldade operacionais em identificar 4 apartamentos por edifício, concluiu-se o estudo com 9 edifícios.

As medições para identificar o risco neste grupo (residentes da avenida) foram realizadas durante a passagem dos trios elétricos, sendo registrado o ruído nos apartamentos localizados nos andares ímpares até o 7° andar de cada edifício estudado. Devido a dificuldades de acesso aos apartamentos, por viagens de moradores e recusa de zeladores em contactar os proprietários, não foi possível realizar medições em 5 apartamentos, tendo sido realizado em 19 apartamentos.

A escolha e substituição dos edifícios e apartamentos sorteados para o estudo seguiram o seguinte critério: 1. Caso o edifício tenha mais de um apartamento de frente para o mar, por andar, foi escolhido o primeiro do lado direito, sentido do trajeto; 2. Nos casos de impedimento de medição do apartamento escolhido, foi substituído pelo do lado esquerdo. 3. No caso de continuidade de impedimento, foi escolhido o edifício vizinho à esquerda, seguindo a mesma orientação do item 1.

As medições do nível de pressão sonora, presentes na varanda e sala dos apartamentos, foram realizadas durante a passagem dos trios elétricos, sendo registradas na extremidades e centro de cada cômodo. Devido à velocidade em que as vezes passavam os veículos, nem sempre foi possível aferir o ruído na sala. A metodologia adotada para as aferições seguiu a orientação da Associação Brasileira de Normas Técnicas9.

Para o grupo de foliões que acompanharam os trios elétricos, as medições foram realizadas a um metro e cinqüenta centímetros do solo, à distância de três metros dos trios elétricos. Estas aferições foram realizadas na distância referida, respeitando-se sempre o ponto central das fontes sonoras e do reboque, nas posições anterior, posterior e lateral.

Cada aferição foi realizada durante 10 segundos, com o registro do maior pico de intensidade detectada e sendo repetida com intervalos de 10 segundos.

Para o grupo de músicos, as medições foram realizadas no centro e nas laterais esquerda e direita da plataforma superior, seguindo a mesma duração e freqüência das adotadas para o subgrupo de foliões que acompanharam os trios elétricos.

Nos trios elétricos, não foram registradas dificuldades ao acesso aos cordões de isolamento e plataforma superior. Em alguns trios, os responsáveis pelos veículos permitiram medições no centro, preocupados com a movimentação dos vocalistas e dançarinos. Apenas um trio elétrico proibiu o acesso à plataforma superior.

O plano de análise adotado consistiu no estudo das médias dos níveis de pressão sonora encontradas e limites mínimo e máximo dos registros de intensidades verificados. Para criação e processamento do banco dados, foi utilizado instrumento de coleta e o software Epi - info - versão 6.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A poluição sonora é a mais difundida forma de poluição do mundo moderno e a principal causa de disacusias em indivíduos adultos10, 11. O ruído, por ser sem som, varia de acordo com suas freqüência13, 14, 15, 16.

Diante da exposição ao ruído, os ouvidos são dotados de mecanismos protetores que alteram a sensibilidade auditiva durante e após a estimulação acústica. Dependendo das características do ruído, sobretudo de intensidade, freqüência e tempo de exposição, pode-se acarretar mudança temporária ou permanente do limiar auditivo14, 15, 16, 18.

As medições sonoras permitem análises precisas dos componentes de freqüência, intensidade e duração atributos indipensáveis para o processo de determinação da nocividade do ruído10.

Durante a medição do ruído, aspecto muito importante a considerar no ambiente é que, a cada duplicação da distância da fonte sonora, o ruído diminui em 6 dBA em campo livre15.

Vários são os fatores que poderão resultar na amplificação ou redução do som produzido por uma fonte sonora. Entre eles, destacamos a arquitetura dos espaços físicos e os revestimentos das barreiras acústicas. Tais fatores influenciam as propriedades de transmissão do som, como a reflexão, refração, difração e absorção, permitindo o surgimento de fenômenos como a reverberação, o eco e a ressonância do som10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23.

Para os foliões localizados nos camarotes, as intensidades dos ruídos produzidos pelos trios elétricos, foram maiores no primeiro piso em relação ao segundo, tanto nas laterais quanto no centro, quando avaliadas médias de níveis de pressão sonora (NPS) encontradas (Tabela 1).





Este fenômeno pode ser explicado pela arquitetura dos camarotes, que têm entre o solo e o primeiro piso (aproximadamente 3 metros) uma parede lisa que cobre os cavaletes de sustentação, propiciando maior acúmulo de intensidade sonora no primeiro pavimento, sendo que não ocorre o mesmo no segundo, pelas aberturas dos camarotes.

Para este grupo de exposição, espera-se elevado isco de mudanças temporárias de limiar, considerando-se que o tempo de exposição ultrapassou 7 horas de ruído contínuo, a médias de intensidades que variaram de 97 a 110 dB (Tabelas 1 e 2). Para os limites de tolerância aceitáveis pelo Ministério do Trabalho, diante de ruído ocupacional, o tempo de exposição deveria variar de 15 minutos a, no máximo, 1 hora e 15 minutos20. Embora a exposição tenha excedido intervalo de tolerância aceitável, ale salientar a constatação de elevada flutuação das intensidades, devido aos intervalos de aproximadamente 20 minutos entre os trios elétricos.

O grupo de exposição involuntário, que reside em apartamentos sediados no trajeto do evento, tem médias de intensidades que variam de 91,5 dB(A) a 98,5 dB(A), sendo maior no hall dos edifícios e varandas do 1° andar, reduzindo-se nas varandas do 3°, e voltando a aumentar as varandas do 5° e 7° andares (Tabela 3). Este fato pode ser explicado pela influência de outras variáveis presentes em ambiente aberto, que alteram a propagação do som, o como a ressonância produzida entre os edifícios e os trios elétricos, e a velocidade do ar.

O ruído presente para este grupo de exposição não gere ser nocivo para audição, considerando-se que o tempo de exposição não ultrapassa 15 minutos, duração máxima da passagem dos trios elétricos nos apartamentos. Os intervalos entre os trios elétricos situam-se em 30 minutos, não permitindo a presença de intensidades elevadas intermitentes, mas sim com flutuações durante as 7 horas de duração do evento, diariamente. Caso o ruído fosse intermitente nas intensidades encontradas, o tempo de exposição aceitável seria de 1 hora a 1 hora e 45 minutos, segundo os limites de tolerância aceitáveis pelo Ministério de Trabalho20.





As médias dos níveis de pressões sonoras encontradas nas salas seguiram a mesma distribuição das encontradas nas varandas, segundo os pavimentos. Percebe-se também redução de intensidade de 4 dB(A) a 6 dB(A), quando comparados com os níveis de pressão sonora encontrados nas varandas, o que seria de se esperar diante da distância realizada para as aferições (Tabelas 3 e 4).

A flutuação das médias dos níveis de intensidade sonora variaram de 83 dB(A) a 107 dB(A): foi o que encontramos, tanto na sala, quanto na varanda do 3° e 1° andares, respectivamente (Tabelas 4 e 5).

Para o grupo de exposição constituído por foliões e músicos que acompanharam os trios elétricos, a média dos níveis de pressão sonora encontrados variaram de 106 dB(A) a 111 dB(A), demonstrando que o lado que apresentou ruído mais intenso foi o posterior; e o menor, o anterior.








Considerando que os blocos de foliões situaram-se predominantemente na parte posterior do trio elétrico, com tempo ele exposição ele aproximadamente 2 horas, esta relação ele foliões/ trio elétrico, com tempo ele exposição permitido, variou de 15 minutos a 30 minutos (Tabela 6).

Nos 13 trios elétricos estudados não se detectaram grandes variações de médias de intensidades, tendo as mesmas oscilado de 106 dB(A) a 111 dB(A). Percebe-se que mesmo os trios elétricos com poucos recursos tecnológicos (trios elétricos 7 e 8) emitiram intensidades elevadas, comparadas com as de outros que possuíam equipamentos eletrônicos mais sofisticados (trios elétricos 10 e 12). As mudanças eram mais evidentes na qualidade de audibilidade do som que na intensidade produzida (Tabela 7).

Estudo realizado em Fortaleza, com trios elétricos 5, enfocou os riscos à audição dos artistas, tendo encontrado intensidades que variaram de 104 dB(A) a 114 dB(A) nos registros dos decibelímetros. O estudo realizado em Recife apresentou medições que variaram ele 99 dB(A) a 119 dB(A), demonstrando pouca variação em relação ao Ceará (Tabela 7).

Em virtude de o enfoque serem os riscos para os músicos, o estudo de Fortaleza não aferiu a parte posterior trio elétrico, tendo encontrado 109 dB(A) nas laterais, 106 dB(A) na parte interior, 110 dB(A) na frontal 1 e na parte central do piso superior. As intensidades encontradas no local ela bateria, percussão, cantores e guitarristas variar de 104 (A) a 114 dB(A), no momento elas apresentações.

Como não se sabe com detalhes á metodologia utilizada para aferição dos níveis de pressão sonora, no estudo pioneiro de Fortaleza não se pode fazer maiores comparações, Embora não tenha sido realizada, no estudo de Recife a identificação do dano à audição, através de avaliações audiométricas, pode-se inferir, com base no estudo de Fortaleza, que os músicos dos trios elétricos de Recife, na sua totalidade, também devem apresentar mudanças temporárias ele limiar. O mesmo não, se pode afirmar para os foliões que acompanharam os trios elétricos, face a não se dispor de dados audiométricos pré e pós-exposição dessa população.

Cabe salientar que não foi objetivo deste estado avaliar os danos à audição. No entanto, com os numero, pressão sonora obtidos e o tempo ele exposição em volta trios elétricos, é fácil verificar que os foliões mais próximos e persistentes no acompanhamento dos trios correm i riscos ele prejuízos auditivos temporários ou permanente.

Durante o evento estudado, foi realizada aferição de ruídos produzidos pelos trios elétricos, pela Companhia Pernambucana de Controle de Poluição Ambiental e de Administração ele Recursos Hídricos (CPRH). A metodologia adotada consistiu em se medir o ruído em apartamentos, através de dosímetros, durante a passagem dos trios elétricos. O menor tempo de medição foi 50 segundos; e máximo, de 21,27 minutos, com média de 7,48 minutos. Dos 48 registros realizados, 24 tiveram tempos de medição entre 3,07 minutos a 11,89 minutos, demonstrando tempo de exposição pequeno para ruídos intermitentes24.

Na pesquisa realizada pelo CPRH, a intensidade mínima encontrada foi ele 89,5 dB(A); e a máxima, de 1025,95 dB(A). De todos os registros realizados, 50% tiveram intensidade entre 96,76 dB(A) e 109 dB(A), não diferindo do encontrado neste estudo, que apresentou intensidades médias que variaram de 96 dB(A) a 107 dB(A). Os níveis sonoros médios integrados durante faixa de tempo especificada, (Leq) registrados pelos dosímetros, apresentaram média de 94,23 dB(A), com desvio padrão de 6,03 dB(A) e limites mínimos e máximo de 82,10 dB(A) 109 (A), respectivamente.

CONCLUSÃO

Tendo como referencial os níveis de pressão sonora encontrados nos três grupos estudados, o tempo de exposição ao ruído e a densa literatura sobre a temática, os dados analisados sugerem presença de mudanças temporárias de limiares em parte da população exposta.

No grupo de foliões e músicos que acompanharam os trios elétricos, os tempos de exposição foram superiores a 2 horas. Diante das intensidade médias, que variaram de 106 dB(A) a 108 dB(A), o ruído torna-se risco iminente à audição.

Para o grupo de foliões em camarotes, os níveis de intensidade média variaram de 97 dB(A) a 110 dB(A) (Tabela 2), em aproximadamente 7 horas de exposição, tornando-se de menor risco em relação ao grupo anterior, por não ser ruído intermitente, com elevadas flutuações, devido aos intervalos dos trios elétricos.

No grupo involuntário, de residentes de apartamentos no trajeto, o risco foi menor, por apresentarem intensidades médias que variaram de 83 dB(A) a 107 dB(A) (Tabela 5), com tempos de exposições médias de 7,48 minutos24. Embora a duração do evento seja em torno de 7 horas, para este grupo, as flutuações dos níveis de pressão sonora são muito elevadas, não sugerindo perda auditiva induzida por ruído (PAIR), conforme subsidia a literatura estudada.

O enfoque dado a este trabalho concentrou-se nos efeitos auditivos, por opção metodológica. Com seus resultados, tem-se a intenção de subsidiar a normatização destes eventos, no tocante ao controle do ruído produzido pelos trios elétricos.














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* Professor Titular de Otorrinolaringologia da Universidade Federal de Pernambuco.
** Fonoaudiólogo/ Sanitarista - Epidemiologista da Secretaria Municipal de Saúde - Prefeitura da Cidade do Recife/ PE.
*** Professor Adjunto de Otorrinolaringologia da Universidade Federal de Pernambuco e Professor Auxiliar de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médica Universidade de Pernambuco.

Endereço para correspondência: Universidade Federal de Pernambuco - Centro de Ciências da Saúde - Depto. De Cirurgia - Disciplina de Otorrinolaringologia Hospital das Clínicas - Av. Moraes do Rego, S/N° - Campus UFPE - Cidade Universitária - Recife/ PE.

Artigo recebido em 13 de março de 1996. Artigo Aceito ?m 16 de julho de 1996.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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