MEYERHOFF, W.L.; KIM, C.C. AND PAPARELLA, M.M.
Annals of Otology, Rhinology of Laryngology 87:749-760 (Nov-Dec),1978.
Dr. Roberto Martinho da Rocha
O trabalho se baseia na revisão da patologia da autópsia de 800 ossos temporais, entre os quais foram encontrados 333 (41.6%) com lesões de otite média: otite média purulenta (52.5%), otite média serosa (6%), otite média mucóide (4.5%) e otite média crônica (36.9%). Os 123 temporais com otite média crônica foram estudados detalhadamen¬te e as lesões observadas foram: tecido de granulação, colesteatoma, granuloma de co¬lesterol, alterações ósseas e fibrose, além de perfuração da membrana timpânica, tim¬panosclerose, metapiasia do epitélio com formação glandular sub-epitelial, supuração, labirintite e evidência de complicações (meningite, abcesso sub-dural, abcesso cerebral, petrosite e hidropisia endolinfãtica). Desse estudo concluiu-se: 1) Otite média ocorre em grande freqüência do ponto de vista histológica, mesmo sem perfuração timpânica; 2) Tecido de granulação nos ossos temporais foi encontrado mais que colesteatoma; 3) Complicações e sequelas de otite média tendem a ocorrer mais em conseqüência de tecidos de granulação do que de colesteatoma.
De particular interesse foi encontrar associação de membrana timpânica perfurada em apenas 19.5% dos ossos temporais acometidos de outras manifestações de otite média crônica, o que conflita com as observações clínicas de constante perfuração associada com otite média crônica. Tal situação confirma recentes achados clínicos de otite média crônica insuspeita em ouvidos com membranas timpânicas intactas, em operações realizadas por outras razões. 0 clínico precisa estar alertado para a possibilidade de otite média crônica "silenciosa" como causa de sintomas auriculares tais como vertígens e zumbidos. Entre 90 pacientes do presente estudo, só 24 tinham referência a sintomas de doença otológica registrados nas suas fichas. Tais sintomas, em ordem decrescente de freqüência, eram: hipoacusia, corrimento, zumbidos e dor. Só 9 tinham registro de otite na infância.
Os ossos temporais tinham 92.5% de alterações ósseas, incluindo osteite, osteogénese, erosão óssea e necrose, acompanhando paralelamente a gravidade do processo inflamatório crônico, demonstrando que as alterações ósseas das otites médias crônicas não ocorrem necessariamente na presença de colesteatoma.
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