ISSN 1806-9312  
Terça, 30 de Abril de 2024
Listagem dos arquivos selecionados para impressão:
Imprimir:
1710 - Vol. 4 / Edição 6 / Período: Novembro - Dezembro de 1936
Seção: Trabalhos Originais Páginas: 1207 a 1208
TUMOR NASAL SIMULANDO OSTEOMA
Autor(es):
DR. ROBERTO OLIVA

R. D. com 13 anos de idade, moradora nesta Capital, queixase ide que ha 2 ou 3 mêses sente cefaléa ligeiras sem localização certa, acompanhadas de obstrução nasal do lado direito; não nota corrimento nasal algum, bem como máu cheiro.

Exame: á simples inspecção, sem auxilio do espéculo, vê-se um tumor liso recoberto de mucosa san, de côr rósea, ocupando quasi todo o introito nasal, do qual permanece livre apenas uma pequena fenda inferior. Ao toque com estilete ou com o dedo, verifica-se que esse tumor é duro, ósseo, imovel e indolor. Aplicada cocaína adrenalinada, não se dá modificação notavel no tumor, além da isquemia da mucosa.

O diagnostico feito foi o de osteoma, aliás confirmado pelo exame radiografico, pelo qual ainda mais, verificou-se que o tumor invadia o etmoide do mesmo lado e empurrava a parede nasal externa para o seio maxilar.

Resolvida a operação, foi esta praticada sob anestesia local. Afim de se obter melhor campo operatorio e mesmo pela provavel necessidade de aumentá-lo, resolvi fazer a operação de Denker. Julgava, de acordo com o diagnostico, ter de agir com a goiva e o martelo, mas grande foi a minha surpreza ao verificar que o tumor era constituído por uma capsula óssea, formando uma cavidade cheia de puz e fungosidades. Retirei todo o tumor e curetei o etmoide cujas celulas se achavam afetadas. O antro maxilar também fôra séde de processo supurativo cronico e por isso foi também curetado convenientemente.

A operação terminou-se sem tamponamentos e poucos dias após, teve alta a operada, sentindo-se perfeitamente bem. O exame revelou fossa ampla, com alguma secreção muco-purulenta. Respiração ótima.

Comentarios. - As formações ósseas, que do etmoide pódem exteriorizar-se para o nariz, são de 3 especies : corneta médio buloso, ectasia de celulas anômalas e bula etmoidal. O empiema resultante do acometimento infectuoso do etmoide, pôde apresentar-se fechado ou aberto.

No presente caso, a falta de secreção nasal, em todo o decurso nosologico, leva-me a crer que se trata de empiema fechado.

O diagnostico diferencial entre as diversas modalidades com que se apresentam as etmoidites supuradas, é coisa de somenos, quer quanto á terapeutica, quer quanto ao prognostico. A extirpação total se impõe e a cura é de regra. A doente desta observação era provavelmente portadora ide corneto buloso, visto como após a opereção, não se viu siquer vestigios de corneto médio.

DISCUSSÃO

Dr. Paula Bantos - Peço licença para agradecer ao Dr. Roberto Oliva esta comunicação e contestar sua afirmativa de que se tratava de um caso banal, de um caso sem importancia, visto que representa sempre um caso de alto interesse, talvez uma anomalia que se não vê muitas vezes, com a circunstancia ainda, a frisar: sua conduta cirurgica, aproveitando o metodo de Denker, absolutamente logico e indicado, proporcionando ao colega os melhores resultados, tanto mais que a parede nasal externa já estava completamente destruída.

De modo que a unica critica que se poderia fazer, isto é, o sacrifício dessa parede, não procederia.

Assim, mais uma vez felicito o colega pela, sua comunicação.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


Imprimir:
Todos os direitos reservados 1933 / 2024 © Revista Brasileira de Otorrinolaringologia