Oitenta indivíduos idosos aparentemente saudáveis de sessenta a oitenta anos de idade, foram submetidos à investigação otoneurológica com a finalidade de se procurar analisar os dados vestibulométricos à vecto-electronistagmografia, tentando estabelecer um padrão de normalidade, que pudesse ser usado como ermo de comparação para uma identificação diagnóstica mais adequada das anormalidades do equilíbrio corporal na velhice.
Para o estudo do labirinto posterior senil, estes indivíduos idosos foram divididos em quatro grupos etários, o primeiro de 60 - 65 anos, o segundo de 65 - 70 anos, o terceiro e 70 - 75 anos e o quarto de 75 - 0 anos, sendo cada grupo constituído por dez indivíduos do sexo masculino e dez do sexo feminino.
Verificou-se que não foi possível determinar um padrão normal para os dados dos parâmetros da velocidade angular da componente lenta e da freqüência nistágmica, que foram utilizados na avaliação funcional do sistema vestibular na senilidade, tendo sido formuladas hipóteses para tentar explicar o significado dos achados obtidos.
Esta impossibilidade de identificação de um padrão normal global da função vestibular em indivíduos idosos sugere, à semelhança do que ocorre em relação à audição, a possível existência de alteração fisiológica senil da função vestibular.
Estariam assintomáticos os indivíduos idosos examinados em virtude de possível autocompensação concomitante de alterações vestibulares lentamente progressivas?
Estariam, ainda, diante de alterações subclínicas do sistema vestibular, em que o envolvimento patológico se processaria em relação à própria causa, localizada à distância, de natureza vascular, metabólica, etc, na velhice? Ou constituiria parte concomitante do processo geral do envelhecimento?
Desta forma, e ao contrário do que poderia sugerir a impossibilidade de se obter um padrão normal da função vestibular em indivíduos idosos, o envolvimento do sistema vestibular no processo do envelhecimento realça a utilidade do exame otoneurológico na velhice.
O possível comprometimento fisiológico ou fisiopatológico da função vestibular na senilidade acena, inclusive, com a perspectiva de importantes implicações diagnósticas, prognósticas e até mesmo profiláticas e terapêuticas à avaliação clínica da performance do indivíduo idoso, em termos de equilíbrio corporal.
* Tese de Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico - Escola Paulista de Medicina. * Fonoaudióloga-Vestibulóloga do Setor Interdisciplinar de Vestibulometria das Disciplinas de Otorrinolaringologia e Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico, Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico.
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