ISSN 1806-9312  
Domingo, 28 de Abril de 2024
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1609 - Vol. 39 / Edição 3 / Período: Setembro - Dezembro de 1973
Seção: Trabalhos Originais Páginas: 158 a 161
Avaliação da Associação "Trimethoprim" e "Sulfametoxazol" em Otorrinolaringologia 1
Autor(es):
José Arthur de Carvalho Kós 2,
Arthur Octavio de Avila Kós 3,
Luiz Carlos de Avelino,
Luiz Carlos Fontoura Carpes 4

Resumo: Os autores apresentam o resultado da experiência realizada em 40 pacientes, com processos infecciosos diversos, em Otorrinolaringologia, nos quais obtiveram, empregando a associação Trimethoprim e Sulfametoxazol os seguintes resultados: 68% de cura da sintomatologia, 20% de melhora clínica e 12% sem resposta ao tratamento efetuado. Foram feitos em todos os pacientes testes de sensibilidade, leucograma e hemossedimentação pré e pós tratamento.

Introdução

A finalidade deste trabalho é verificar a atividade de uma nova associação medicamentosa surgida no mercado: a 2, 4 diamino 5 (3-4-5-trimetoxibenzil) pirimidina, associada á sulfonamida.

Apesar do medicamento já ter sido usado em nosso meio (1), resolvemos empregá-lo em um grupo de 40 pacientes dos quais, 15 já haviam sido submetidos a tratamento anterior com associação de antibióticos e igual número usando apenas uma droga antimicrobiana sem obter em nenhum dos casos melhora clínica. Em 10 pacientes foi empregado somente o medicamento em experiência sem que tivessem tomado qualquer tipo de medicação, anteriormente.


Farmacologia

Provavelmente (2) as sulfonamidas não estimulam diretamente os leucócitos, nem mobilizam os macrófagos, mas inibem o crescimento dos germens, ou os atingem de maneira a torná-los mais facilmente fagocitados. As sulfonamidas não aumentam a potência bactericida do plasma humano, nem promovem a formação de anticorpos. A ação bacteriostática das sulfonamidas se associa aos mecanismos normais de defesa celular e humoral do hospedeiro na cura de infecções sistêmicas.

A teoria de Woods-Fildes, que se baseia no antagonismo competitivo existente entre o ácido para-aminobenzóico (PABA) e a sulfonamida admite que a utilização normal de PABA pelas bactérias é impedida por estas substâncias. Esta opinião encontrou forte apoio na descoberta do ácido pteroilglutâmico (APG, ácido fólico), que contém um radical PABA. A sulfonamida inibe o crescimento das bactérias impedindo que o PABA se incorpore à molécula do APG. Os germes sensíveis são aqueles que precisam de sintetizar o seu próprio APG.

A ação bacteriostática do medicamento (Trimethoprim) é feita por um mecanismo competitivo, cujo resultado final é o bloqueio na produção de ácido follnico mediada pela enzima, uma vez que a célula bacteriana depende totalmente do próprio metabolismo para a síntese dos folatos.

A ação potencial izadora em estudo da associação foi feita por Hitching (3) em 1959.

Material e Métodos

Foram selecionados no Ambulatório da "Clínica Prof. José Kós" 40 pacientes, agrupados da seguinte maneira:





Dos 40 pacientes examinados 16 eram do sexo feminino e 24 do sexo masculino.
Os referidos pacientes apresentaram as seguintes afecções:
amigdalite aguda inespeclfica 7 casos
amigdalite crônica em agudização 2 casos
faringite aguda inespecífica 2 casos
faringite crõnica em agudização 1 caso
otite média crônica complicada 8 casos
otite média aguda 3 casos
otite externa circunscrita (abcesso) 2 casos
sinusite maxilar aguda 4 casos
pansinusite 1 caso
abscesso peri-amigdaliano 4 casos
abscesso alveolar 1 caso
abscesso do septo nasal 1 caso
mastoidite aguda 2 casos
Coloboma infectado 1 caso
estomatite difusa 1 caso

Os resultados obtidos após uma semana de tratamento com esta associação, empregando a dosagem preconizada pelo fabricante foram os seguintes:





Dados Laboratoriais

Em todos os pacientes realizamos testes de sensibilidade, leucograma e hemossedimentação, para controle laboratorial, com as seguintes observações:





Em todos os pacientes realizamos leucograma, encontramos em 28 leucocitose entre 7 a 18.000. A hemossedimentação encontrava-se normal em 4 casos. Os 36 casos restantes entre 11 a 100 mm.


Intolerância

Recomendamos o uso do medicamento em estudo, após alimentação e não observamos nenhum caso de intolerância. Encontramos atipia linfocitária em um paciente, e granulações tóxicas em outro, após o uso do medicamento durante uma semana.

Conclusões

Dos 40 pacientes tratados, 30 já haviam sido submetidos a tratamento anterior sem resposta clínica. Instituìdo o tratamento com o medicamento em estudo, observamos que em 68% dos casos (27 pacientes) houve remição completa dos sintomas, em 20% (8 pacientes) observamos melhora da sintomatologia, enquanto que em 12% (5 pacientes) os sintomas permaneceram inalterados, apesar do tratamento durante 7 dias com a associação Trimethoprim e Sul?ametoxazol.

Resumé

Les auteurs presentent le resultat de I'experience avec 1'association Trimethoprim et sulfometoxazol realizée sur 4-0 malades atteint de divers processos infectieux Otorhinolaringologiques dans: 68% de guerison, 20% d'amelioration clinique et 12% d'echec.
Sur tous ces malades furent effectué des tests de sensïbilité, leucograme et vitesse de sedimentation pre et post traitement.

Summary

The AA present the result of their experience with the association "Trimethoprim and Sulfametoxazol" in 40 patients: 68% of cured; 20% improved and 12% unchanged.

Bibliografia

1.Miniti, A. e cols. - Ação da associação "Trimethoprim e Sulfametoxazol" em infecções otorrinolaringofaringicas, Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, vol. 37, número 3 -- pág. 333, 1971.
2.INeinstein, L. - Sulfonamides, The Pharmacological Basis of Therapeutics. Goodman & Gilman, 3 a, cap. 55, pág. 1044, 1965.
3.Hitchings, G. H. - Species differences among dih,ydrofolate reductase as a basis for chemoterapy - Post graduate - Med. Journal. 45 : supl. 1969.




Endereço: Clínica Kos Rua: Moncorvo Filho, 104 Rio - GB

1 Trabalho realizado na Clínica Prof. José Kós.
"ESPECTRIN" (Associação TRIMETHOPRIM E SULFAMETOXAZOL) gentilmente cedida pelos LABORATóRIOS WELLCOME S.A.
2 Professor Catedrático de Otorrinolaringologia da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Diretor da Clínica Prof. José Kós.
3 Professor Titular de O.R.L. da Faculdade de Medicina de Teresópolis. Professor Assistente de O.R.L. da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Diretor da Clínica Prof. José Kós.
4 Médicos Residentes (R2) da Clínica Prof. José Kós.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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