ISSN 1806-9312  
Quarta, 3 de Julho de 2024
Listagem dos arquivos selecionados para impressão:
Imprimir:
1596 - Vol. 39 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1973
Seção: Trabalhos Originais Páginas: 63 a 66
Sobre a Química do Cerume de Pacientes com Otosclerose, Rinite Alérgica e Carcinoma*
Autor(es):
Lamartine Junqueira Paiva,
Francisco Bastos de Jorge,
Raphael da Nova
Valdemar Luis Veras Di Migueli

Introdução

A química do cerume humano tem sido objeto de estudo de vários investigadores (Nakashima, 1933; Bauer et al., 1960; Akobjanoff et al., 1954; Chiang et al., 1955; Haati et at., 1960; De Jorge et al., 1964; De Jorge et al., 1966; Yassin et al., 1966; Kataura & Kataura, 1967 a,b). Em virtude do achado de alta concentração de cobre no cerume de um paciente com degeneração hepatolenticular (Canetas et al., 1963) e considerando a opinião de Sentúria (1957) da necessidade de estudar a bioquímica do cerume em condições patológicas comparando com as condições normais, realizamos a presente investigação. Determinamos os conteúdos de água, sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo e cobre do cerume de pacientes com otosclerose, rinite alérgica e câncer; o conteúdo de enxofre total foi também determinado no cerume dos pacientes com rinite alérgica. Os resultados foram comparadas estatisticamente com os valores normais (De Jorge et al., 1964; 1966).


Material e Métodos

Os cerumes de 8 pacientes com otosclerose (idades de 24 a 48 anos), 12 pacientes com câncer (idades de 46 a 72 anos) e 17 pacientes com rinite alérgica (idades de 7 a 61 anos) foram coletados e os minerais foram determinados por métodos descritos em trabalhos anteriores (De Jorge et al., 1964; 1966). Os tumores dos pacientes com carcinoma estavam localizados na próstata (2 casos), na mandíbula (1 caso), na língua (4 casos) na laringe (3 casos) e nas amigdalas (2 casos).

Resultados e Conclusões

Os resultados acham-se resumidos na tabela 1. As substâncias voláteis (água) estão significantemente diminuidos nos cerumes de todos os pacientes estudados. As concentrações de cálcio, fósforo e enxofre estão aumentadas e a concentração do cobre está diminuída nos cerumes dos pacientes com rinite alérgica; não encontramos significância estatística nas diferenças das médias das concentrações de sódio, potássio e magnésio comparadas com os valores normais. Nos cerumes dos pacientes com câncer o conteúdo de fósforo acha-se muito aumentado; os conteúdos de sódio, cálcio e magnésio estão diminuidos e não existe diferença significante nos conteúdos de potássio e cobre, quando comparados com os valores normais. Nos cerumes de pacientes com otosclerose as concentrações de cálcio e de fósforo estão aumentadas, não havendo diferença significante nas concentrações de potássio, magnésio e cobre comparadas com os normais.


Composição química do cerume de pacientes com rinite alérgica, câncer e otosclerose comparada com a de indivíduos normais.


TABELA I



Summary:

On the Chemistry ot Cerumen of Patients with Otosclerosis Aliergic Rhinitis an Cancer

Water, sodium, potassium, calcium, magnésium, phosphorus and copper were determined in the cerumen of 8 patients with otosclerosis, 12 patients with cancer and 17 patients with allergic rhinitis, and the results were compared with the normal values. In the allergic rhinitis the calcium, phosphorus and sulfur contents are increased and the copper content is decreased; there are no statisticai significance in the differences of the means of sodium, potassium and magnesium contents as compared to normal values. In the cerumen of patients with cancer the phosphorus content is very much increased, the sodium, calcium and magnesium contents are decreased, no significant differences being found in the potassium and copper contents.

In the cerumen of patients with otosclerosis the calcium and phosphorus contents are increased; no statistical differences were found in potassium, magnesium and copper contents.

Volatile substances (water) are signigicantly decreased in cerumen of ali patients studied.

Referências

1. Nakashima S. : Uber die Chemische Zussammensetzung descerumes. Hoppeseyler's Ztschr. f. physiol. Chem. 216: 105-109, 1933.
2.Bauer W.C., Carruehrs C. & Senturia B.H.: The free amino acid content of cerumen. J. Invest, Dermat. 21: 105-110, 1953.
3. Akobianott L. Carruthers C. & Senturia B.H.: The chemistry of cerumen: A preliminary report. J. Invest. Dermat. 23: 43-50, 1954.
4. Chiang S.P., Lowry O.H. & Senturia B.H.: Microchemical studies on normal cerumen. I. The Lipid and proteincontent of normal cerumen as affected by age and sex. Laryngoscope 65: 927-934, 1955.
5.Haahti E. Nikkari T. & Koskiner O.: Fatty acid composition of human cerumen (earwax). Scand. J. Clin. Lab. Invest. 12: 249-250, 1960.
6. De Jorge F.B., Ulhoa Cintra A.B., Paiva L.J., Corrêa A. P. & Nova R.: On the chemistry of cerumen: Ash, volatile substances, sodium, potassium, calcium, magnesium, phosphorus and copper. Ann. Otol. Rhin. and Laryng. 73: 218-221, 1964.
7. De Jorge F. 8., Paiva L. J. & Mion D.: Química do cerume: Conteúdo de enxofre. Rev. Bras. Otorrinolaring. 34: 11-14, 1966.
8. Yassin A., Mostata M.A. & Moawad M. K.: Cerumen and its microchemical analysis. J. Laryng. Otol. 80: 933-938. 1966.
9. Kataura A. & Kataura K.: The comparison of free and bound amino acids between dry and wet types of cerumen. Tohoku J. exp. Med. 91
215-225, 1967.
10. Kataura A. & Kataura K.: The comparison of lipids between dry and wet types of cerumen. Tohoku J. exp Med. 91 : 227-237, 1967.
11. Canelas H.M., De Jorge F.B., Escatante O. D. & Rocha-Quintão E, C.: Hepatolenticular degeneration. Clinical ando biochemical study of three cases. Arq. Neuro-Psiquiat. (S. Paulo) 21 : 229-250, 1963.
12. Senturla B.H.: Diseases of the Externa[ Ear. C.C. Thomas, Illinois, U.S.A., 1957.




* Clinica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


Imprimir:
Todos os direitos reservados 1933 / 2024 © Revista Brasileira de Otorrinolaringologia