A divergência que se verifica nos tratadistas de anatomia descritiva em referência ao m. salpingopharyngeus, e, mais ainda, a escassez da literatura particular sôbre o mesmo, despertaram em nós o desejo de rever o assunto, levando-nos a esta investigação. De fato, apenas encontramos dois trabalhos especiais: um de ZAUFAL (1879) e outro de MC MYN (1940). 0 primeiro ocupa-se exaustivamente do papel funcional da prega salpingo-faringea in vivo, menos atenção prestando à anatomia do músculo que nela se abriga. Admite ZAUFAL, de acôrdo com LUSCHKA, que êle pode se apresentar como elemento isolado ou não, sem mencionar percentagens. Quando independente, caminha na préga salpingo-faringea até sua continuação no arco palato-faringeo, onde se funde com as fibras do m. faringo-palatino. Superiormente êle se insere por um tendão não raramente laminar de 5 a 8 milímetros de largura, na extremidade espessada da orla tubaria. Aceita também a ausência completa do músculo.
O segundo, isto é, o de MC MYN, é o único trabalho em série que encontramos sendo baseado apenas em seis dissecções anatômicas. Em três destas, êle observou o músculo dividido em dois ramos, logo após à uma inserção superior no ápice da lamina medial da cartilagem tubaria. Em seu caso número 2, um dos ramos originava-se de um nódulo acessório à cartilagem, recebendo mais abaixo um ramo do m. pharyngo-palatinus. Sintetizando os achados de suas dissecções, resume a anatomia normal do músculo, da seguinte maneira:
O músculo origina-se por pequenos fascículos do ápice da lâmina medial cartilagínea da trompa de Eustachio; daí alguns dêles dirigem-se simplesmente ao m. pharyngopalatinus; a maioria, entretanto, corre dentro da prega salpingo-faríngea para se juntar ao referido músculo inserindo-se finalmente na parede lateral e posterior da faringe. Nenhuma destas fibras atinge a cartilagem tireoide.
De acôrdo com MC MYN o m. salpingo-faríngeo ajuda os músculos constritores e o m. estila-faríngeo a elevar a parede da faringe durante a deglutição.
Sua ação, quando existente, na abertura da trompa de Eustaquio não é proeminente. Além destes dois trabalhos especiais sôbre o assunto nada mais encontramos, embora perlustrassemos as fontes habituais de pesquisas bibliográficas.
Vejamos agora, em rápida sumula, a opinião de alguns tratadistas de anatomia, entre os quais, como dissemos, verificam-se divergências sôbre a frequência, origem e individuação do músculo em estudo.
Para bôa metodização dêste confronto, agrupamos os AA. em três categorias, de acôrdo com o conceito que cada um, faz sôbre o m. salpingopharyngeus. Assim temos:
a) AA. que negam a sua existência,
b)os que o encaram como músculo independente.
c) os que o descrevem como componente de outro músculo, embora nomeando-o como músculo autônomo.
No primeiro grupo classificamos apenas HALLE (citado por SOEMMERRING, 1820; LE DOUBLE, 1897; e MC M,YN) que afirma ser o chamado músculo salpingo-faríngeo apenas um conglomerado de tecido glandular e não um feixe contrátil.
Entre os do segundo grupo encontramos ROMITI (sem data), OKAJIMA (1934) e GRAY (1936). ROMITI descreve-o como autônomo e com função própria (elevador interno da faringe "um muscolozinho não constante, mas tão frequente, que pela sua função, em duas series: a dos constritores e a dos elevadores; esta ultima constituída pelo m. stylopharyngeus (elevador externo da faringe) e o m. salpingopharyngeus.
OKAJIMA considera-o também, juntamente com o m. stylopharyngeus, na classe dos elevadores, com independência e função própria, descrevendo-o como inconstante, caminhando sob a prega do mesmo nome, nascendo na cartilagem da trompa e penetrando na parede lateral da faringe. GRAY descreve-o entre os músculos da faringe.
O terceiro grupo é o que reune o maior número de AA. Neste grupo poder-se-ia, a bem da didática, estabelecer uma subdivisão para os que consideram o m. salpingopharyngeus como parte do m. pharyngopalatinus e os que o descrevem como componente de outros músculos.
Entre êstes destacamos KRAUSE (1880), LE DOUBLE e PIERSOL (7.ª edição). KRAUSE menciona o m. salpingopharyngeus como um feixe comumente encontrado no m. constritor superior da faringe. LE DOUBLE estuda-o no capítulo referente ao m. cephalopharyngeus, do qual considera uma variedade; e finalmente PIERSOL descreve-o com abundância de detalhes, como parte do m. levator veli palatini.
Os que consideram o m. salpingopharyngeus como parte do m. pharyngopalatinus constituem a maioria. É o que se verifica nos seguintes tratados, compendios e atlas:
SANTUCCI (1739), SOEMMERRING (1820), LEIDY (1861), HENLE (1866), CRUVEILHIER-SEE (1874), SAPPEY (1879), BEAUNIS-BOUCHARD (1880), HYRTL (1882). HEITZMANN (s. d.), PEREIRA GUIMARÃES (1885), FORT (1902), POIRIER-QHARPY (1912), MORRIS (1915), CUNNIGHAM (1920), QUAIN (1923), TANDLER (1923), SPALTEHOLZ (1924), BRAUS (1924), FALCONE (1931), TESTUT-LATARJET (1931); BALLI, BERTELLI, etc. (1932); CHIARUGI (1936), RAUBER-KOPSCH (1939).
MATERIAL E MÉTODO
Para nossas pesquisas dissecamos cinquenta peças (lados), dos quais 26 eram antímeras, isto é, pertenciam a 13 indivíduos (11 m., dos quaes 9 brancos, 1 mulato e 1 negro; 2 f., das quaes 1 branca e 1 mulata) e as 24 restantes pertenciam a indivíduos diferentes (14 m., dos quaes 10 brancos, 3 mulatos e 1 preto;, 10 f., das quaes 2 brancas, 3 mulatas e 5 negras).
Para a melhor elucidação da inserção superior do m. salpingopharyngeus em 4 casos (caso n.° 46 e mais 3 adicionais) foram feitos cortes microscopicos seriados.
As peças dissecadas foram:
doado direito - 26 casos
do lado esquerdo - 24 casos
de indivíduos brancos - 32 casos (28 m. e 4 f.)
de negros - 8 casos ( 4 m. e 4 f.)
de mestiços (mulatos) - 10 casos ( 5 m. e 5 f.)
Na maioria, trata-se de indivíduos adultos (45 casos) poucos de jovens (3 casos) e velhos (2 casos).
Em cada caso a dissecção foi efetuada no sentido crâniocaudal, abrangendo os músculos constrictor superior pharyngis, pharyngopalatinus, levator veli palatini e a prega salpingo-faríngea. Sempre que se fazia necessário, a dissecção era feita com o auxílio de um lupa. De cada caso faziamos uma descrição sumária. Foram também executados esquemas dos casos presumidos como os mais interessantes, como sejam os de subdivisão ou bifurcação do músculo, de sua extrema gracilidade, de sua robustês, etc.
RESULTADOS
Inserção cranial. Na maioria dos casos, observamos de uma maneira geral que a inserção cranial do m. salpingopharyngeus se faz no ápice do "côrno" postero-caudal da cartilagem tubária, mais para a sua superfície lateral, o que foi confirmado pelas verificações histológicas. Em quatro casos (n.° 4, fig. 2; 27, fig. 3; 28, fig. 4; e 37, fig. 5) as inserções eram duplas, uma anterior no vértice do côrno posterior da cartilagem e outra posterior, sempre mais para trás e para cima. Na caso n.° 4, um dos mais interessantes, como se pode verificar na fig. 2, o feixe anterior era composto de um fascículo muita delgado e o posterior, largo e laminar, prolongava-se para cima e para trás até quase a abóbada da faringe, inserindo-se ao longo da margem posterior da cartilagem, na mucosa que forma a parede anterior do recesso de Rosenmüller.
No caso 27 o músculo apresentava-se bem nítido, em dois feixes carnosos e distintos, em forma de Y, um anterior e outro posterior, que se separavam no cruzamento da borda posterior do m. levator veli palatini, o primeiro inserindo-se no ápice do côrno posterior da cartilagem tubaria e o segundo indo se perder mais para trás e bem mais superiormente.
Nos casos 28 e 37 as duas porções são mais ou menos paralelas, fazendo-se uma inserção no ápice da cartilagem e outra um pouco para trás e para cima.
Em muito poucos casos as inserções eram aparentemente carnosas (casos 45 e 46), sendo elas na maioria, constituídas por fascículos tendinosos delgados. Às vezes a parte carnosa era mínima, como no caso 41 (fig. 6) e no caso 21 (fig. 7).
A verificação histológica da inserção superior do músculo, procedida em córtex seriados em 4 casos confirma os achados de outros AA. No caso 46, parcialmente dissecado, aparecem fortes feixes musculares do m. salpingopharyngeus juxta cartilagineos em relação com a face lateral do côrno, caudal da cartilagem da tuba. Estão cortados transversalmente, havendo aqui e ali alguns pedículos de direção oblíqua, a indicar a sua orientação tornada para sua inserção no pericondrio da cartilagem da tuba. Nos outros exemplares, em cortes mais altos, são visíveis tênues fascículos dispersos, sempre porém situados profundamente em relação à. tunica mucosa, recobertos por esta com elementos linfoides e camada glandular (fig. 8). Resulta, pois, a conhecida dominância de elementos glandulares e linfoides na constituição da parte alta da prega salpingo-faringea, que prolonga caudalmente o relêvo do torus tubarius.
"Inserção" caudal. Acompanhamos a dissecção do m. salpingopharyngeus até o ponto em que, geralmente, por um feixe de fibras musculares, bastante delgados em uns casos, mais evidenciados em outros, êle se fusiona com o m. pharyngopalatinus. Num deles, n.° 1, (fig. 9) o músculo era dividido, até um centímetro e meio mais ou menos abaixo da inserção cranial, em dois feixes, que se misturavam com as fibras do m. faringopalatino; um, na sua face profunda ou mucósa e outro mais superficialmente situado. No outro caso, n.° 19, na parte inferior da prega foram encontrados dois fascículos musculares bastantes robustos, que se misturavam ao restante do músculo faringopalatino na altura da borda posterior do véo palatino.
Fascículos acessórios. A não ser as subdivisões já descritas (casos n.° 1, 4, 19, 27, 28, 37) não encontramos, em nenhum caso, fascículos acessórios que se dirigissem a outro músculo da faringe ou do véo palatino. Em todos os casos, quando presente, o m. salpingofaríngeo não apresentava conexão alguma e podia ser fàcilmente isolado.
Com referência a sua espessura, podemos considerar o m. salpingofaríngeo, como:
a) robusto, quando apresenta 3 milímetros mais ou menos de espessura (seis casos: n.° 5, lado direito, 20 lado esquerdo; 43 lado direito; 44 lado esquerdo; 45 lado esquerdo, fig. 1; 46 lado direito).
Além disso, há:
b) delgados (quatro casos: 14 lado esquerdo; 15 lado direito; 31 lado direito; 40 lado direito);
c) extremamente delgados (nove casos: n.° 2 lado direito; 3 lado esquerdo; 7 lado esquerdo; 8 lado esquerdo; 12 lado direito, fig. 10; 35 lado esquerdo; 42 lado esquerdo; 47 lado direito; 48 lado esquerdo) ou apenas compostos de raros feixes musculares (dez casos: n.° 6 lado direito; 13 lado esquerdo; 21 lado direito, fig. 7; 22, lado esquerdo; 30 lado esquerdo; 33 lado esquerdo; 34 lado direito; 41 lado direito, fig. 6; 49 lado esquerdo; 50 lado direito);
d) divididos parcial ou totalmente, em dois feixes (seis casos: n.° 1 lado esquerdo, fig. 9; 4, lado esquerdo, fig. 2; 19 lado direito; 27 lado esquerdo, fig. 3; 28 lado direito, fig. 4; 37 lado esquerdo, fig. 5).
O músculo não foi encontrado 15 vêzes (6 à esquerda e 9 à direita), nas cinquenta dissecções procedidas; isto é, em 30% dos casos a prega salpingofaríngea era essencialmente constituida por elementos glandulares e linfóides, pelo menos ao exame macroscopico ou com auxilio de simples lupa. Naturalmente, em vista do limitado número de dissecções das percentagens apresentadas não podemos dar significação estatística definitiva assim como maior valor sob o ponto de vista étnico.
DISCUSSÃO
MC MYN, em seu trabalho citado, encontrou em suas 6 dissecções, 3 casos de divisão do músculo em 2 feixes. Diz também que, em muitos casos, recebe o músculo fibras adicionais do m. palatofaríngeo. As nossas observações não concordam neste ponto com as do A. Aliás qualquer confronto é até certo ponto precário em vista do exíguo número de observações daquele A.
Não é nosso propósito, neste trabalho puramente anatômico, ventilar a importância fisiológica do m. salpingofaríngeo. Não podemos, entretanto, deixar de nos referir a êste assunto, embora sumariamente. As opiniões sobre a ação do músculo são demasiadamente contraditórias; realçada por muitos (com efeito oposto pela sua contração) foi julgada mínima ou nula por outros. ZAUFAL, de acôrdo com LUSCHKA, cujo trabalho sobre faringe não pudemos consultar, julga que não só o m. salpingofaríngeo, mas a prega do mesmo nome desempenha um papel de real valor no fechamento da rino-faringe. SAPPEY considera o m,. salpingofaríngeo, como um dilatador da trompa, colaborando com o m. peri-estafilino externo (m. tensor veli palatini). Esta opinião é aceita pela grande maioria dos AA. que citamos. BRAUS diz que sua função não é conhecida com segurança. Sôbre a função do m. salpingofaríngeo na abertura do orifício faríngeo da trompa de Eustachio, MC MYN desenvolve bastante seu trabalho, evidenciando a diversidade de opiniões a respeito. Chega à conclusão que, por si só êle não tem grande eficiência na abertura do orifício tubario, mas provavelmente age sinergicamente com outros músculos. STRONG (1941-1944) encarece o papel da prega e do músculo salpingofaríngeo no fechamento da naso-faringe. Éste A. considera que a orla tubaria é projetada entre o véo do paladar e a parede dorsal da faringe, pela ação dos mm. periestafilinos externo e interno (mm. tensor veli palatini e levator veli palatini) e as pregas salpingofaringeas com seus respectivos músculos, em contração, completam o fechamento dos ângulos laterais do istmo da naso-faringe.
LOCCHI e MORETZSOHN DE. CASTRO (1943) em seu trabalho sôbre o "mecanismo de fechamento da faringe nasal na deglutição, à luz da dissecção e da cine-radiografia", consideram que a movimentação da prega salpingofaríngea é predominantemente passiva e feita pela. ação também do "feixe palatino" do m. constritor superior da faringe e feixes superiores do m. faringopalatino; e afirmam que, provavelmente, a contração do m. faringotubario torna mais tensa a respectiva prega, de modo a melhor ajusta-la nos ângulos laterais da luz que se oblitera na zona de comunicação entre a vaso e a. orofaringe. Os AA. não observaram no vivo, em indivíduo normal, a formação da chamada "Passavant's bar".
Como resultado de nossas pesquisas temos a dizer que, pela delgadeza do m. salpingofaríngeo, comprovada em 58% sobre os 50 casos dissecados, em 15 dos quais o músculo achava-se ausente; é, em vista de suas inserções superiores, tendinosas muito finas, não nos parece rezoavel desempenhar êle um papel de relêvo na oclusão da rino-faringe. A consideravel gracilidade do músculo não nos permite supor, como STRONG, que seja êle capaz de uma contração suficiente para produzir um movimento de lateralidade da parede faríngea. O número relativamente elevado de nossas dissecções, permite-nos chegar a uma conclusão identica à de LOCCHI e MORETZSOHN DE CASTRO, parecendo-nos também, que o movimento das pregas salpingofaríngeas, na sua coparticipação no fechamento da rino-faringe, seja mais passivo do que propriamente ativo, isto é, seja efetuado pela ação do feixe palatino do m. constritor superior da faringe e feixes mais altos do m. faringopalatino. Pode participar também, de maneira muito discreta porém, na abertura do orifício faríngeo da trompa de Eustachio, dadas as suas inserções superiores.
Um último ponto a comentar é a possibilidade de se considerar ou não o m. salpingofaríngeo como uma unidade anatômica ou músculo independente. Sôbre êste ponto estamos com os AA. que o consideram como parte integrante do m. faríngopalatino, embora dando-lhe um nome especial, como se verifica em B.N.A. (m. salpingovharyngeus) e ainda modernamente em I.N.A. (m. pharyngotubalis).
CONCLUSÕES
Baseados em nossas observações, concluímos que:
1.°) o m. salpingopharyngeus é inconstante, faltando em nossa série em 3% é dos casos dissecados;
2.°) quando existente é, em geral, muito delgado;
3.°) é comumente constituído per um único fascículo muscular, sendo mais raros os casos de divisão (6 sobre 50 casos);
4.°) embora recebendo denominação especial, deve ser considerado como feixe do m. pharyngopalatinus.
AGRADECIMENTOS:
Consignamos, com prazer os nossos melhores agradecimentos ao Snr. Prof. R. Locchi, pelo seu bondoso acolhimento, tornando possivel êste estudo e pela sua contínua orientação; ao Dr. Mario Ottoni de Rezende, que, franqueando-nos a sua magnífica bibliotéca, permitiu-nos a leitura do trabalho de ZAUFAL; ao Dr. Orlando Aidar, pela sua preciosa. colaboração na versão dêste trabalho para o Inglês, afim de ser apresentado ao Congresso de Chicago e finalmente à Snra. D. Lili Ebstein, pelos magníficos desenhos que ilustram êste modesto trabalho.
SUMÁRIO
(Observações anatômicas sôbre o musculus salpingopharyngeus)
A divergência entre os AA. e o contingente mínimo de trabalhos em série (um de ZAUFAL, 1879, mais sôbre prega salpingofaríngea estudada no vivo, e outro de McMYN, 1940, sôbre o músculo, com 6 dissecções apenas) levaram o A. ao estudo da morfologia geral do músculo, inserções, robustez e disposição na prega salpingofaríngea. Dissecou 50 peças no Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de S. Paulo (Brasil) com o auxílio da lupa, quando necessário. Destas peças eram do lado esquerdo 24 e do direito 26; 32 de brancos, 8 de negros e 10 de mestiços, quasi todos de adultos, sendo 36 de homens e 14 de mulheres. Encontramos: 6 vezes o músculo robusto e bem individuado; 6 vêzes dividido em 2 ou mais fascículos; 4 vêzes delgado; 19 vêzes extremamente delgado; ausente em 15 casos. Foram feitas verificações histológicas em cortes seriados para estudo das inserções superiores que confirmaram a dominância de elementos glandulares e linfoides na parte alta da prega. Descreve em seguida os resultados gerais das dissecçoes: inserções, sub-divisão etc.. Faz uma ligeira revisão sôbre a importância fisiológica da músculo, cuja ação é contraditória. Com o resultado de suas dissecções não parece ao A. que ele possa desempenhar papel de relêvo na oclusão da rino-faringe acreditando que os movimentos de lateralidade da prega sejam mais passivos do que ativos, de acôrdo com LOCCHI e MORETZSOHN DE CASTRO, pela ação do feixe palatino do m. constritor superior da faringe e feixes mais altos do m. faringopalatino. Pode participar de maneira discreta da abertura do orifício faríngeo da trompa de Eustachio. Considera o musculo como parte do m. pharyngopalatinus embora merecendo um nome especial. Chega às seguintes conclusões:
1.°) O m. salpingopharyngeus é inconstante, faltando em 30% dos casos dissecados.
2.°) Quando existente é, em geral, muito delgado.
3.°) É comumente constituido por um único fascículo muscular, sendo mais raros os casos de divisão (6 em 50) .
4.°) Embora recebendo denominação especial, deve ser considerado como feixe do m. pharyngopalatinus.
SUMMARY
The study of the general morphology, attachments, disposition in the salpingopharyngeal fold, and bulk of the musculus salpingopharyngeus was undertaken in view of the still existant controversy among the anatomists. As a matter of fact, only two papers dealing specifically with the matter could be found, one by Zaufal (1879) who studied the salpingopharyngeal fold in living subjects, and that of Mc Myn (1940) who made 6 dissections of the muscle.
Nevertheless, the referentes to that muscle are numerous, and the opinions may be classed in three groups: (1) those who deny its existente, (2) others who consider it as an independent entity, and (3) those who deseribe it as a bundle of other muscles. The great majority of opinions, however, favour the view that the m. salpingopharyngeus is a bundle of the m. pharyngopalatinus.
Fifty specimens (sides) were prepared at the Department of Anatomy of the S. Paulo University Medical School, sometimes with a dissecting microscope. Of those preparations, 24 were, of the left side, and 26 of the right, of which 32 were in white individuals, 8 in negroes and 10 in mulattoes (36 males and 14 females, 3 of which were under eighteen years of age, 3 above seventy years, and 44 adults).
The muscle was absent in 15 cases. When present (35 cases), it was found relatively bulky 6 times, thin in 4 cases, and extremely so in 19 specimens; in 6 cases the muscle was separated in two or more slips.
The upper attachment of the muscle was verified histologically, in serial sections, and the well known predominante of glandular elements and lymphoid tissue in the formation of the salpingopharyngeal fold was confirmed.
The general results of the present dissections are discussed, as well as Mc Myn's conclusions. The contradictory opinions on the role of the m. salpingopharyngeus are briefly reviewed. The present observations seem to indicate that the participation of the m. salpingopharyngeus in the occlusion of the rhinopharynx at swallowing is not of great importance. The lateral movements of the salpingopharyngeal fold are rather passive than active, through the actions of the palatine bundle of the superior constrictor muscle and of the upper part of the m. pharyngopalatinus (LOCCHI, R. and MORETZSOHN DE CASTRO, J., 1943). The salpingopharyngeul muscle might participate in a mild way on the patency of the pharyngeal opening of the auditory tube.
The m. salpingopharyngeus seems to be a part of the pharyngopalatine muscle, in spite of having deserved a special name.
In conclusion: (a) the m. salpingopharyngeus was present in 70% of the cases, (b) was very small, (c) consisted of a single bundle in 44 specimens out of 50, and (d) should be regarded as a bundle of the m. pharyngopalatinus rather than a separate entity.
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FIG. 1 - Obs. 45. sexo masculino, adulto, branco, lado esquerdo.s. m. salpingopharyngeus; f. - m. pharyngopalatinus; l. - m. ilevator veli palatini; c, - m. constr. sup. da faringe; t. - torus tubalis; u.- uvula. O m. sapingifaríngeo é relativamente robusto e se abre em leque na sua inserção tubária.
FIG. 2 - Obs. nº 4, sexo feminino, adulta, branca, lado esquerdo. O m. salpingofaringeo (s) se apresenta em dois fascículos, dos quais o posterior, mais largo, se insere muito alto.
FIG. 3 - Obs. n.° 27, sexo masculino, adulto, branco, lado esquerdo. O m. salpingofaríngeo apresenta inserção tubária em dois fascículos, formando em conjunto um Y.
FIG. 4 - Obs. n.° 28, sexo masculino, adulto, branco, lado direito. M. salpingofaríngeo em dois fascículos, em toda sua porção livre.
FIG. 5 - Obs. n. 37, sexo masculino, adulto, branco, lado esquerdo. M. salpingofaríngeo em dois delgadíssimos fascículos.
FIG. 6 - Obs. n.° 41, sexo masculino, adulto, branco; lado direito. A parte carnosa do m. salpingofaríngeo ocupa sòmente a extremidade caudal da prega homônima.
FIG. 7 - Obs. n.° 21, sexo masculino, adulto, branco, lado direito. M. salpingofaríngeo dissecavel apenas no extremo caudal da prega salpingofaríngea, e extremamente delgado.
FIG. 8 - Fotomicrografia de um corte transverso da extremidade superior da prega salpingofaringea. Os elementos glandulares (G) são abundantes em tôrno da cartilagem da tuba (C) . Fascículos musculares dispersos (M), profundamente situados em relação aos elementos glandulares. (Peq. aumento; hem.-eosina.)
FIG. 9 - Obs. n.° 1, sexo feminino, jovem, mulata, lado esquerdo. O m. salpingofaríngeo (s) se apresenta em dois fascículos que se continuam separadamente com o m. faringopalatino; no conjunto, há a figura de Y invertido.
FIG. 10 - Obs. Nº 12, sexo masculino, adulto, branco; lado esquerdo. Caso de m. salpingofaríngeo extremamente delgado, filiforme.
(*) Trabalho feito no Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil (Diretor: Prof. R. Locchi) e apresentado no 1.° Congresso Pan Americano de Oto-rino-laringologia e Bronco-esofagologia, reunido em Chicago (E.U.A.) de 17 a 19 de outubro de 1946.
(**) Chefe da Clínica O. R. L. do Hospital N. S. Aparecida. (São Paulo, Brasil.)