A. LINCK - Abcessos peri-tonsilares e abcessos post-tonsilectomías (Operação de Winckler) - Pag. 227.
O A. afirma que o tratamento dos abcessos peri-tonsilares deverá consistir numa imediata tonsilectomia, em vez de simples abertura. Só esta intervenção poderá prevenir a recidiva; sua substituição pela simples incisão, não só evita uma segunda intervenção profilatica, como constitue a melhor terapeutica cirurgica do abcesso. Nos casos de pequenos abcessos, só a remoção das amigdalas, que lhes ficam em frente, poderá drena-los. Esta intervenção, permittindo a exposição da parede posterior do abcesso, assegura a cura rapida e previne a invasão da supuração ás veias cervicais. Os perigos de propagação da infecção pela tonsilectomia são aleatorios e não confirmados pela experiencia. A abertura dos canais linfaticos e dos espaços tissulares, têm lugar tambem quando da simples incisão do abcesso. O A. praticou mais de 200 tonsilectomias por abcessos, das quais não teve a menor complicação post-operatoria. O perigo atribuido á anestesia por infiltração superficial, pelo interior. As hemorragias são mais frequentes nas tonsilectomias que nas incisões.
J. FRAENKEL - Cavernoma das amigdalas - Pag. 268.
O A. relata um caso de cavernoma da amigdala esquerda, em um homem de 29 anos de idade. Diz que sómente sete outros casos são mencionados nas literaturas. Como anamnese: amigdalites frequentes e hemorragias passageiras da garganta, após forte tosse. A amigdala esquerda apresenta-se muito aumentada de volume, de côr vermelho-escura e nodulosa, asemelhando-se a uma esponja cheia de sangue. Foi feito o diagnostico de angioma da amigdala e esta foi extirpada conjuntamente com o pilar anterior que lhe era aderente. Os vasos visíveis foram ligados. O tumor tinha 5 x 2,5 cents., sua superfície tinha a estrutura de um favo de mel. No centro foi encontrado um nodulo de 0,5 cms. de diametro, assim tambem varios outros nodulos menores. Microscopicamente estes nodulos tinham a aparencia de serem encapsulados por uma fina cutícula de tecido conjuntivo. Em lugar do tecido reticulo-adenoideano, observado comumente, na tunica propria, havia um tecido cavernoso constituido de um reticulo feito de trabeculas, rodeando alveolos cheios de sangue.
BACHMANN e WIEGAND - Sobre os resultados das irradiações Roentgen na tuberculose laringéa - Pag. 275.
Os A. A. mencionam bons resultados pelas irradiações no tratamento da tuberculose laringéa. Consideram-nas terapeutica irritante (terapeutica inflamatoria) e, esta concepção, em geral, determina a dose. As doses grandes deverão ser evitadas na tuberculose. A irradiação percutanea é o unico metodo pratico. Os pacientes receberam 6 dóses de 64 R, com 5 dias de intervalo, aplicados, alternadamente, do lado direito e esquerdo; estas series eram repetidas 1 ou 2 vezes, com 8 semanas de intervalo. Varios pacientes eram portadores de fórmas graves de laringite tuberculosa. A primeira irradiação comumente produz diminuição ou desaparecimento da infiltração da mucosa, deixando ver, não raras vezes, ulcerações até aí encobertas. A rouquidão, disfagia e outros sintomas diminuem, ha o decrescimo da infiltração e uma melhora geral e psiquica terá lugar. Mesmo as fórmas fortemente ulceradas melhoram com as irradiações. A unica contra-indicação é a temperatura elevada. O tratamento das ulcerações pela neve carbonica constitue um auxiliar das irradiações.
W. BERGER - Metodos de stereoroentgenografia - Pag. 282.
Berger considera a stereoroentgenografia de grande valor diagnostico na oto-rino-laringologia. Com o uso do aparelho de Osterwald, os stereoroentgenogramas podem ser obtidos, mais facilmente, que pelas simples exposições, tanto nos angulos de pôse de Schüller como nos de Stenvers. O A. usa o mesmo aparelho afim de obter stereoroentgenogramas dos seios frontais e etmoidais. Estes serão melhores quando os raios passam na direcção ocipito-nasal.
V. HINSBERG - Operação da ozena pelo metodo da sutura por placa metalica e seus resultados baseados em dez anos de observações - Pag. 293.
O A. relata os resultados obtidos com sua operação da ozena, em 152 casos, nos quais foram praticados exames periodicos. Nos casos observados de 1 á 8 anos, menciona 68% de curas, 21 % de melhoras e 11 % de falhas. Os pacientes foram considerados curados, quando as crostas e o mau cheiro tinham desaparecido por completo, a mucosa tornara-se suculenta e o lumen do nariz havia diminuido. Melhorados eram os em que o mau cheiro e crostas haviam desaparecido de um dos lados, persistindo do outro leve secreção, facilmente controlada com lavagens. Quando nenhuma melhora era obtida, o caso foi considerado como falho. O A. descreve, em seguida, sua técnica já bastante conhecida pelos especialistas, e os cuidados post-operatorios necessarios. Considera a operação contra-indicada nas pessôas muito acima dos 30 anos de idade e nas que sofram de uma molestia geral ou dos seios frontais; assim tambem não deverá ser praticada nos casos de grande atrofia da mucosa nasal e de cavidades extremamente amplas.
HEINRICH ASSHENER - Tuberculose do ouvido médio - Pag. 322.
O A. discute a etiologia, patogenia, sintomatologia e tratamento da tuberculose do ouvido médio, baseando-se no estudo da literatura e sobre 26 casos de sua observacão. Menciona e classifica os sintomas essenciais da tuberculose primaria e secundaria do ouvido médio. Confirmação do diagnostico só será permitida pelo exame bacteriologico, biopsia e inoculação em animais com as secreções e granulações ou pela reação focal. Esta consiste no aparecimento da hiperemia da membrana timpanica, e possivel exacerbação dos sintomas otiticos, concomitantemente com as reações gerais e cutaneas, após injeção subcutanea de tuberculina. O prognostico é favoravel quanto á vida, porém não quanto á cura; esta depende, em primeiro lugar, das condições imunologicas e, em seguida, da terapeutica. Esta deverá ser geral e local. Si a otite fôr o fóco principal, a operação será justificada; si, no entanto, houver outro fóco perigoso, ou se a otite fôr benigna, porque outro fóco ativo exista, a operação será contra-indicada. A helioterapia será indicada antes da operação, se o diagnostico fôr certo; caso contrario ela será recomendada após a intervenção cirurgica.
EDGAR DUSSA - Frequencia de metastases nos tumores malignos primarios dos territorios da oto-rino-laringologia - Pag. 405.
O A. observou, em autopsias, 18% de metastases em 200 casos de tumores malignos vistos em clinicas oto-rino-laringologicas. Os carcinomas do ouvido externo têm pequena tendencia á metastases, ao passo que os sarcomas apresentam consideravel tendencia á elas. Tanto os carcinomas, quanto os sarcomas da face, do nariz, dos seios nasal e dos maxilares, raramente dão metastases. Isto acontece, particularmente, com os carcinomas do maxilar superior. Sarcomas da cavidade bucal mostram tendencias á metastases e isto é tambem verdade para os carcinomas da língua. Tumores do epifaringe, meso-faringe e hipo-faringe têm igual tendencia á metastases. Os da glandula parotida frequentemente ocasionam metastases e com predileção para os ossos. Os da parte externa do pescoço metastasiam não raramente. A porcentagem com que elas se dão nos tumores bronquiogenos, é impossível de determinar-se. Os tumores malignos da tireoide, apresentam metastases com grande frequencia e com predileção para os pulmões. Os carcinomas do laringe, com excepção dos das cordas vocais, apresentam mais metastases do que se crê. Os tumores dos bronquios, carcinomas, têm grande tendencia á metastases, particularmente para os rins.
KARL-HEING TEUBER - Carcinoma primario da traquéa - Pag. 444.
O carcinoma da traquéa é de raridade, pelo que o A. conseguiu observar na literatura; apresenta, destes, um caso caracterisado por um carcinoma de aspeto cilíndrico, tendo tido origem nas glandulas sub-mucosas da traquéa. O esofago, laringe e bronquios estavam livres de infiltração. Metastases existiam nos ganglios regionais e no fígado. A dispnéa foi o sintoma principal; em tais casos aconselha o A. o exame cuidadoso da traquéa. pois que deve ser considerada a possibilidade, embora rara, da existencia, aí, de um tumor. EELCO HUIZINGA - Estrutura da arvore bronquica - Pag. 534.
Huizinga acha que a roentgenografia do torax, com lipiodol como contraste, é um excelente metodo para o estudo da estrutura anatomica da arvore bronquica. Recapitula o modo de ver comumente a estrutura da arvore bronquica, que progrediu desde a teoria de Aeby, e discute as recentes investigações de Marcus e Hilber, que demonstraram sua estrutura espiraliforme. O A. está apto a confirmar esta estrutura espiraliforme, pelos estéreo-roentgenogramas dos bronquios.
CL. F. WERNER - Modificações da macula após destaque da membrana otolitica - Pag. 593.
O A. diz que as modificações dos reflexos estaticos, na cobaia, após centrifugação, são devidas não só ao destaque da membrana otolitica, mas, provavelmente, tambem ás lesões do epitelio sensasorial. As celulas sensasoriais, especialmente seus nucleos, são alterados, pois que seus suportes são submetidos a um deslocamento secundario para os vacuolos intra-celulares. Os cabelos sensasoriais entram em colapso, reconstituindo-se depois ou sendo substituido por novos. No decurso de meses, a macula regenera, mas a camada otolica não o será. As modificações patologicas e as manifestações de regeneração, sugere uma relação genetica entre os processos de cabelos e a membrana otolitica.
G. KELEMEN - Patologia dos abcessos para-faringeos do pescoço de origem otogenica - Pag. 600.
O A. relata um caso de otite média bilateral, em que o processo curou-se espontaneamente de um lado, ao passo que do outro houve uma recidiva, complicada de abcesso para-faringeo. O desenvolvimento deste abcesso póde ser dividido em tres fases: Na primeira, o pús permaneceu na visinhança do meato do conduto auditivo externo. Na segunda, a supuração extendeu-se á parede posterior da faringe, e na 3ª caminhou ao longo do musculo externo-cleido-mastoidêo, onde foi incisado após a abertura da mastoide. A via seguida pelo abcesso, não póde ser descoberta, mas foi refeita tendo por base os sintomas clinicos.
M. O. R.
Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie Vol. 68 - Março de 1934. (Viena)
E. MATTIS - Um novo processo operatorio para os antros paranasais: o metodo sub-periostal, vestibulo-nasal - Pag. 307.
Recomenda o A. seu metodo para todos os antros da face, principalmente para o frontal. A incisão inicia-se na parte inferior do vestibulo nasal e continua-se pela borda da abertura piriforme, em arco, para cima até o septo. Separam-se a seguir as partes moles e o periosteo do esqueleto externo do nariz. Em vista da elasticidade da pele, torna-se facil afastar as partes moles com um afastador, ou com um especulo comprido. Nesta ocasião, apresentam-se tres possibilidades: 1 ) Proseguir a operação por fora do esqueleto. 2) Praticar a ressecção do processos frontalis. 3) Iniciar a operação intra-nasal, terminando-a com o auxilio da operação sub-periostal. Depende da pratica do operador resolver como agir. A ressecção do processos frontalis do maxilar superior, oferece uma bôa inspecção para as celulas etmoidais, para o esfenoidal, bem como ampla comunicação entre o frontal e o nariz. A ressecção do processos frontalis, realiza-se mais ou menos como a do septo nasal. Colocado o osso entre os dois ramos de um especulo, á custa de uma goiva, é ele facilmente extirpado; chega-se assim para cima até o antro frontal e para traz e para cima até a fossa lacrimal. A seguir prepara-se cuidadosamente o soalho do antro frontal, que é aberto, sondado e ressecado. Tem-se então ocasião de examinar o antro frontal, que, sendo necessario, pode ser curetado.
O A. praticou 11 operações sub-periostais no antro frontal. Destas, 8 eram cronicas, 2 sub-agudas e 1 aguda.
A operação foi bem tolerada e o tratamento post-operatorio consistiu em drenagem por alguns dias; apenas em 4 foi necessaria drenagem mais prolongada. Não houve recidivas. Em curto prazo refaz-se o osso ressecado.
Além de possibilitar a ressecção total da parede inf. do antro tem o processo a vantagem de libertar o antro do canal fronto-nasal, preparando-lhe uma nova drenagem, com a ressecção do processo frontal.
STEFAN ZOLTAN - Sobre as causas de fixação do laringe no carcinoma do órgão - Pag. 319.
No carcinoma do laringe pode-se diferençar a fixação do órgão em 3 modalidades: artrogenica, miogenica e neurogenica e suas combinações. Sob a denominação de artrogenicas entendemos a limitação de movimentos. O diagnostico da fixação (sua causa), não pode ser precisada sempre com o espelho. Ha tambem casos de fixação produzidos por ação do carcinoma e distancia.
TIBOR BOJKAY - Sobre a patogenia e terapia dos nodulos das cordas vocais - Pag. 325.
Dá-se o nome de cordite nodosa a uma hiperplasia circunscrita do tecido epitelial e conjuntivo. Os nodulos das cordas vocais tomam uma côr acinzentada ou avermelhada, e a forma longa ou denteada.
A maioria dos autores considera os nodulos como inflamação cronica, enquanto que outros os tomam como tumores benignos. Barth diferencia-os dos polipos apenas pelo tamanho. Tambem sob o ponto-de-vista patologico, não ha ainda unidade de opinião. A hipotese das glandulas de Fraenkel, não é aceita pela maioria dos autores. Para estes é o nodulo uma hiperplasia circunscrita da corda que se desenvolve em seguida a irritação prolongada. Ha três hipoteses para explicar a formação dos nodulos.: 1) Fisica. Sofre o bordo da corda um traumatismo no fim de seu terço anterior, que conduz primeiramente a uma inflamação e após a uma hiperplasia. 2) Fisiologica. Segundo a qual as vibrações das cordas no ponto predileto (terço anterior), produziriam os nodulos. Esta opinião acha-se tambem comprovada com o exame estroboscopico. 3) Anatomica. Explica a formação dos nodulos pelo acumulo de secreção nas glandulas, com o fechamento dos condutos das mesmas. A terapia a seguir deve ser a medica ou a cirurgica. A medica procura pelo repouso ou pincelagens a regressão do nodulo, ou queimando-os com substancias causticas. A regressão nas creanças é de regra e por isso merece terapeutica apenas espectante. A terapeutica cirurgica extirpa o nodulo com instrumentos apropriados. Nota todavia o A. que em alguns casos a voz piora após extirpação, o que tem dado motivo a recursos judiciarios. Flatau acha que não se pode garantir o sucesso da operação, mesmo com o processo técnico mais aperfeiçoado.
F. FREMEL - Tuberculose do ouvido medio e labirintite na leucemia - Pag. 353.
Um doente com 53 anos de idade, tratava-se havia cêrca de 6 anos de leucemia. Enviado ao otologista para exame, apresentou o seguinte resultado: corrimento cronico do ouvido dir., surdez á fala embora excitavel. Um polipo extirpado do ouvido medio revelou: tumor leucemico. Durante o tratamento medico, foi acometido de paralisia facial e de paralisia labirintica do lado doente, e queixava-se de cefaléa do mesmo lado. Indicada a operação, foi esta praticada pelo autor.
Logo abaixo da cortical, foi encontrado um tumor do tamanho de uma noz, que se propagava até o antro e canal semicircular horizontal. Praticada a radical e a operação do labirinto, foi o tumor levado a exame histológico: tuberculose.
O doente passou bem após a operação, embora continuasse a paralisia facial. O A. apresenta este caso em vista da extrema raridade da concomitancia dessas duas doenças gerais.
E. RUTTIN - Labirintite purulenta difusa manifesta, abcesso do cerebelo e trombose do seio - Pag. 359.
S. P. 28 anos, queixa-se ha dez anos de corrimento do ouvido dir. Ha quatorze dias sofre de dôres no ouvido do mesmo lado e crises de vertigem.
Ex. do ouvido: secreção fétida, dôr da mastoide á pressão. W. para a esq., R. negativo, S. diminuido, Cl negativo, c4 positivo, sintoma da fistula positivo, nistagmo espontaneo para ambos os lados, reação calorica á dir. negativa, á esq. ligeira modificação do nist. espontaneo.
A operação demonstrou a existencia de colesteatoma, puz fetido, três fistulas no canal horizontal. Foi praticada a operação do labirinto segundo Neumann. Ligadura da jugular no pescoço e da veia facial. O seio achava-se obliterado. O liquor examinado antes da operação mostrou-se turvo. Após a operação a cefaléa diminuiu. Rigidez da nuca. Posição forçada da cabeça, que permaneceu sempre flectida para a frente. Não ha vertigem. Kernig, Babinsky e Oppenheim. O nistagmo desapareceu após alguns dias, mas a posição forçada da cabeça permaneceu sempre. Em vista deste sintoma, o A. faz o diagnostico de abcesso do cerebelo, embora seja o unico sinal e pratica diversas punções, que resultaram negativas. Passados nove dias, cai o doente em sonolencia, com contrações tonicas e clonicas do braço dir. Exito letal.
Necropsia: cerebelo aderente á dir. com a dura; ao destaca-la, abre-se um abcesso do tamanho de uma cereja. A meninge visinha estava infiltrada de pus. O A. chama a atenção para o seu diagnostico de abcesso do cerebelo, quando o doente apresentava um unico sinal: posição forçada da cabeça e cita ao finalizar seu trabalho dois outros casos identicos.
Dr. ROBERTO OLIVA
Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie Vol. 68 - Abril de 1934. (Viena)
EMIL FROESCHELS - Sobre a ausculta da respiração no laringe - Pag. 385.
Nos casos em que se torna dificil senão impossivel a laringoscopia, o A. usa o processo de sua descoberta, auscultando o laringe por meio de um estetoscopio. É evidente que a corrente aérea deva comportar-se diferentemente em cada hemilaringe, desde que uma das cordas esteja paralisada. O ruido decorrente da passagem do ar na expiração, é levado ao ouvido examinador, que pode surpreender, assim, uma paralisia. O A. deu ao aparelho o nome de laringo-estetoscopio. Apresenta a seguir uma pequena serie de observações demonstrativas da valia de seu processo.
HANS SOLBRIC - No limiar da terapeutica endo-bronquial - Pag. 388.
A retirada de corpos estranhos das vias aéreas, tem progredido muito nos ultimos tempos, baixando a sua taxa de insucessos de 11% a 2 % com Jackson.
Embora o instrumental apresente-se aperfeiçoado e a técnica dos operadores bastante adiantada, casos ha nos quais é necessario socorrer-se á intervenção endo-pulmonar. Esse fato ocorre não só quando o corpo estranho penetra muito profundamente nos bronquiolos, fora do alcance do instrumento, como quando fatores outros existem que impossibilitam a sua extração, como hemorragias, formação de granulações, multiplicidade de fragmentos a extrair, etc.
A localização do corpo estranho no lóbo sup. do pulmão, é bem de ver, torna quasi impossivel a sua retirada. Outra causa de dificuldades é a formação de cicatrizes que diminuem o lume do bronquio, sendo necessaria uma dilatação cautelosa não isenta de perigo. Não obstante, é indispensavel a extração do corpo estranho, pois que não se deve contar com a sua sabida espontanea e é certa a ocorrencia de consequencias funestas.
Por meio do electro-iman tem-se tambem conseguido, em certos casos, extrair corpos estranhos magnéticos. Cita ainda o A. um processo que já teve sucesso em outros tempos e usado recentemente por Seiffert; consiste em colocar o doente de cabeça para baixo e provocar fortes acessos de tosse. Tambem o uso de tampão de algodão montado, ás vezes consegue extrair corpos estranhos colocados fora do alcance do broncoscopio.
Só em ultimo caso deve ser feita a pneumotomia e tão depressa quanto possivel, afim de evitar a formação de complicações pulmonares que quasi sempre são a causa de insucessos.
E. MATTIS - O método sub-periostal vestíbulo nasal, um processo operatorio novo para os antros para-nasais - Pag. 42 7.
As operações por via externa são desfigurantes e as endonasais dão pouco campo e não são radicais. Em vista dessas circunstancias o A. propõe o seu processo por via sub-periostal, que permite operar todos os antros, inclusive o esfenoidal.
Reune-se o seu processo nos seguintes tempos: 1 ) Incisão no vestibulo nasal, 2) separação sub-periostal das partes moles, 3) ressecção do processo frontal. Estes tempos são aplicados a todos as operações vestibulo-nasais. A operação é feita sob anestesia local e as partes moles afastadas nas paredes superior e mediana da órbita.
1 ) Antro frontal: abertura do mesmo na altura do saco lacrimal, ressecção do soalho do antro e em seguida ressecção do processo frontal, para conseguir uma ótima drenagem. 2 ) Etmóide: ressecção do processo frontal e do osso lacrimal; a seguir curetagem das celulas. 3) Esfenóide: ressecção do processo frontal, curetagem das celulas do etmóide posterior e finalmente ressecção da parede anterior do esfenóide. 4) Supurações combinadas: ressecção larga do processo frontal e exposição dos antros afetados. 5) Pan-sinusites: operações combinadas: maxilar segundo Sturmann-Canfield, os outros antros segundo o autor.
A operação sub-periostal vestibulo-nasal oferece as seguintes vantagens: 1 ) É feita sem a incisão externa, donde: a) nenhuma cicatriz aparente, b) não ha fístula, c) não ha nevralgias post-operatórias. 2) Dá mais campo e é mais radical que todas as operações endo-nasais. 3) Após a operação pode-se fazer o tratamento através a larga drenagem; esta, drenagem permanece por muito tempo. 4) Poupa o tecido são, principalmente as partes moles e o periósteo, que não são seccionados. Donde a cura rapida.
Este método foi praticado pelo A. com bom resultado, não só nas doenças isoladas, como tambem nas supurações combinadas, inclusive nas pan-sinusites.
ERICH RUTTIN - Para a clinica da lesão do ouvido por intoxicação aguda pelo gaz de iluminação - Pag. 449.
O A. apresenta observação detalhada de um paciente que sofreu lesão do ouvido devida a intoxicação por gaz de iluminação, agravado esse estado por abuso de nicotina, que provavelmente agiu como fator predisponente.
Havia uma completa paralisia vestibular esquerda (reacção negativa rotatoria, nistagmo espontaneo do 3.° grau para a dir.). aparelho vestibular dir. apresentava-se tambem gravemente lesado (reação calorica negativa, prova rotatoria fraca para os canais horizontal e frontal). Ao contrario, com a cabeça inclinada lateralmente era quasi normal. Provavelmente esta reação era devida exclusivamente ao canal sagital dir. visto como o vestibulo esq. achava-se completamente paralisado. O aparelho coclear achava-se integro em ambos os lados.
Decorrido uma vez, reapareceu a reação calorica á dir. e rotatoria esq. em pequeno grau. Após três meses, as provas todas tornaram-se quasi normais. Este estado do doente faz suspeitar uma lesão retro-labirintica, provavelmente localisada na região dos nucleos vestibulares.
ANTON PYTEL - Ossificação do pavilhão da orelha - Pag. 482.
A ossificação do pavilhão da orelha pode ser parcial ou total, bem como pode atingir um ou ambos os lados ao mesmo tempo. Esta afecção é mais observada entre os pugilistas.
O A. apresenta três casos, dos quais dois ligados á congelação e outro de causa ignorada. O decurso do processo de ossificação, assumiu, nesses casos, o tipo de um quadro osseo heterotópico. O diagnostico é facil, com o auxilio da radiografia. Tratamento cirurgico.
FRANZ MELCHART - Carcinomas do laringe e da epiglote curados com Roentgen - Pag. 498.
Homem com 62 anos de idade. Lado dir.: cordas falsas e verdadeiras tomadas por tumor ulcerado. Prega ari-epiglotica edematosa. Sinus piriforme livre. Não há reacção ganglionar. Biopsia: carcinoma plano-epitelial. Limite de operabilidade.
Irradiação 3066 Or até 1650 Tr. Após 3 meses nova irradiação: 3440 Or até 1858 Tr. Cura completa perdurando dois anos.
2° Carcinoma epitelial corneificado da epiglote tratado pelo Coutard. Cura ha um ano.
Homem com 65 anos. Exame: epiglote espessada, infiltrada, ulcerada em toda sua superficie daringéa. Corte histologico: carcinoma plano-epitelial corneificado.
Irradiação: 38 horas. O paciente teve uma radio-epitelite exsudativa normal. Um mês após havia ainda edema; ulceração quasi desaparecida. Estado atual: epiglote em forma de omega. Laringe normal. Praticamente curado.
Dr. ROBERTO OLIVA
Oto-Rino-Laringología Japonesa VOL. VII - n.° 4 - Abril 1934 (Fukuoka, Japão)
DAITO E MORIWARI - Morte por envenenamento pela emetina. Suas doses mortais - Pag. 301.
Homem de 37 anos, no qual foi feito durante 26 dias, uma injecção intra-venosa de emetina (0,04 gr.) em duas series separadas por um intervalo de dois dias. Logo sobrevem-lhe anemia, miastenía, fraqueza cardiaca e perturbações da fonação, com paralisia do véo do paladar. Exito letal, a-pesar-de todos os tonicos cardiacos empregados.
A intoxicação pela emetina varia segundo a sensibilidade pessoal; as doses nocivas estão bastante proximas das doses uteis. Nota-se nesses doentes, hiperemía com infiltração da mucosa dos orgãos digestivos, dos pulmões, do figado; observa-se tambem miastenía e perturbações cardicas. É tambem notada a paralisia bulbar com perturbações da fonação.
O emprego duma dose igual ou superior a uma grama de emetina, é perigosa.
NAGANO - Sobre as malformações do pavilhão da orelha - Pag. 310.
Nesse trabalho apresenta o A. 7 casos de malformações da orelha, como: atresía congenita, orelha em "bolsa" (de Kubo), orelha pancreatica, microtica. Os seus doentes com atresía congenita eram surdos e a plastica foi inutil.
MATSUI - Hemangioendotelioma do nariz - Pag. 316.
O A. apresenta as duas observações seguintes, resumidas:
Caso 1.° - Homem de 56 anos, sofre de obstrucção nasal com rinorréa hemorragica e fetidez. Pela rinoscopia anterior: tumor roseo na narina direita, com implantação septal e no soalho nasal. Morte por caquexía.
Caso 2.° - Homem de 68 anos, com oclusão nasal, epistaxis, tumefacção da face direita. Nas duas narinas via-se um tumor sanguinolento, levemente esbranquiçado. Morte por meningite.
Nestes dois casos, o exame histologico mostrou que se tratava de hemangioendotelioma.
NAGAO - Corpo estranho emigrado da faringe - Pag. 323.
Um individuo de 54 anos enguliu, comendo peixe, uma espinha que se implantou no lado direito da base da lingua. As dores desapareceram no fim de alguns dias e somente voltaram um mês depois, quando o paciente deglutia. Essas dores localisavam-se no lado esquerdo da base da lingua, havendo tambem edema da região sub-maxilar. Foram feitas radiografias de localisação e com surpreza verificou-se que o corpo estranho não era espinha de peixe como se supunha, mas sim um fragmento de agulha de cozer, levemente curva, de 3,2 cm. de comprimento, que foi retirada por via externa, a uma profundidade de 5 cm. da base da lingua.
Curioso tambem foi o percurso seguido pela agulha, pois tendo o seu ponto de entrada no lado direito da base da lingua, emigrou para o lado esquerdo.
SUZUKI E OYAMA - Paralisias extensas post-diftericas - Pag. 3 2 8.
Os AA. apresentam a observação curiosa de uma creança de 12 anos, que ha três semanas queixára-se de dor de garganta e de mau estar. Depois, apareceram sucessivamente paralisias das extremidades, dos musculos da acomodação do olho, do recurrente, do facial, dos musculos do pescoço, do dorso, do abdomem, á esquerda; perturbações da motilidade do véo do paladar, dos musculos da deglutição; anestesía faringéa. Cura após quarenta e dois dias de alimentação exclusiva por sonda. Nas pesquizas feitas, não foi encontrado o bacilo de Loeffler, mas os AA. consideram essas paralisias como post-diftericas.
OKAZOE E NIIMURA - Ação profilatica do Calcium Sandoz na tonsilectomía - Pag. 333.
Os AA. neste artigo, abortam um assunto já muito conhecido, qual seja a ação do sais de calcio como hemostatico antes das amigdalectomías. Entre nos, é quasi uma regra o preparo previo dos doentes, com sais de calcio, antes de qualquer operação da especialidade, por menor que seja ela.
Os AA. chamam a atenção para as propriedades aglutinantes e antiflogisticas do calcio e dizem que, antes de praticarem uma amigdalectomía, injectam 10 cc de "Calcio Sandoz" por via endovenosa, afim de evitar hemorragias post-operatorias.
MAEDA E KURAMOTO - Hipertrofia pseudo-tumoral das amigdalas palatinas - Pag. 341.
Os AA. apresentam três casos clínicos: no l°, trata-se de um doente de cincoenta e quatro anos, com uma hipertrofia papilomatosa da amigdala direita, do tamanho de um ovo de galinha; no 2°, num homem de trinta e quatro anos, havia na porção inferior da amigdala esquerda, um tumor do volume da extremidade de um dedo index; no 3° caso, tratava-se de uma mulher de vinte e oito anos, que se queixava de sensação de corpo estranho na boca: apresentava, de fato, um tumor na porção superior da amigdala direita. O exame histologico mostrou, nos três casos, tratar-se de uma simples hipertrofia do tecido amigdaliano.
MORITA - Corpo estranho enigmatico do esofago - Pag. 346.
Os corpos estranhos do esofago podem ás vezes apresentar uma sintomatologia traqueal. O A. tratou de uma creança de dois anos, que ha três semanas estáva com forte tosse, estridulosa, e com perda de apetite. Tinha-se a impressão de corpo estranho da traquéa ou bronquios.
Depois de varios exames, o A., pela endoscopía, descobriu um corpo estranho no esofago, que retirado, fez desaparecer completamente os sintomas acima descritos.
ACHIWA - Os gagos no conselho de revisão - Pag. 350.
O A. encontrou 225 gagos, seja 2 % dos jovens que passaram pelo conselho de revisão em Nagoya e Gifube. Muitos desses gagos tinham outros gagos na familia; daí, o espirito de imitação que deve ser tambem notado na etiologia. Para o evitar, é preciso fazer algumas perguntas de longe, ou falar baixo, afim de desviar a atenção.
H. C.
Archivo Italiano de Otologia, Rinologia e Laringologia. Vol. XLVI - Nos de Janeiro e Fevereiro 1934 (Milão).
JANEIRO DE 1934
VIRGILIO SANGIOVANI (Milão) - Deduções clinicas sobre o carcinoma do esofago - Pag. 1.
O A. começa o seu artigo dizendo que o carcinoma do esofago ocupa um lugar importante na patologia esofageana. No Instituto de Anatomia Patologica de Milão, Carnevale Ricci, no quinquenio de 1925-29, sobre um total de 4342 autopsias com 776 casos de neoplasmas malignos, encontrou trinta casos de localisão no esofago, ou seja 0,69% com relação ao numero total de necropsias e de 4 % com relação aos outros tumores. Estatisticas de outros autores vão de 6 -18%.
Depois de passar uma revista geral sobre essa especie tumoral, apresenta dezoito observações de doentes que teve ocasião de tratar.
Constata o A. que a cura, se ela realmente existe, é absolutamente excepcional. O tempo de evolução varia de dois meses a dois anos e é influenciado pela resistencia organica do paciente e pela forma do tumor. As formas ulcero-vegetantes acarretam uma anemía progressiva, facilitam as metastases e têm tendencias para uma marcha rapida. As formas esquirrosas, ao contrario, dão raramente metastases e são menos malignos, quando não provocam estenose grave.
Todos os tratamentos empregados têm dado resultados paliativos e de curta duração, menos os casos de Guisez, que são excepções.
ANTONIO ALAGNA (Palermo) - Sobre a presença de bacilos fusiformes e de espirilos (simbiose fuso-espirilar) nas criptas das amigdalas cronicamente inflamadas e sua significação - Pag. 28.
Depois de ter retirado material de muitos casos de amigdalite cronica, tira o A. as seguintes conclusões: A simbiose fusoespirilar em alguns casos prepara o terreno, seja ás infecções acompanhados de astenía moderada, de temperatura sub-febril e leucocitose neutrofila, - sindrome que constitue uma entidade morbida, a espiroquetose criptica atenuada. Esta associação fusoespirilar em alguns casos prepara o terreno, seja ás infecções agudas banais, seja á forma de Plaut-Vincent.
O tratamento pelo salvarsan constitue, mesmo para as formas atenuadas, uma medicação especifica.
G. CUSENZA (Palermo) - Sobre um caso de sarcoma da região tonsilar complicado de angina de Plaut-Vincent - Pag. 39.
O A. apresenta o caso de uma moça com vinte e três anos, com um tumor na região amigdaliana direita, que se extendia até a metade direita do véo do paladar. Notava-se ulcerações na parede central do tumor e em parte dessa amigdala. R. Wassermann-negativa. O exame bacterioscopico de material retirado da ulceração amigdaliana, deu como resultado uma rica flora, na qual predominava bacilos fusiformes; ausencia de espiroquetas. Foram feitas injeções endovenosas de Neosalvarsan, que fizeram desaparecer rapidamente a ulceração da amigdala, mas a do véo continuou a se desenvolver. Uma biopsia praticada, mostrou tratar-se de sarcoma. Foi então iniciado um tratamento radiumterapico, que determinou a regressão completa da neoplasía e da adenopatía latero-cervical. Três meses depois, não foi notado recidiva.
V. MESCLELLA (Napoles) - O olfato nas diferentes idades - Pag. 43.
Com a idade, o olfato sofre modificações notaveis. Nos velhos, ás vezes nota-se uma diminuição consideravel ou mesmo uma abolição completa do olfato, verdadeira anosmía fisiologica (Vaschide e Douglas).
A etiología dessa perda de olfação é muito discutida pelos varios autores. Para Prevost, é devido á atrofia do bulbo olfativo e dos nervos olfativos. Bilancioni atribue essa degeneração como consequente a da celula de Schultze, a qual representa o neuroneo olfativo periferico e que, estando situada na mucosa nasal, sofre as consequencias de um processo esclerotico senil dessa mucosa.
O A. examinou 68 individuos de diversas idades, e entre eles, 31 velhos de 60 a 89 anos e observou os seguintes resultados: Nestes ultimos 31 velhos, 19 apresentavam o olfato normal e 12, uma leve diminuição; dos 68, 22 tinham melhor olfato a esquerda. Quanto á causa, o A. atribue a processos catarrais ou estenosantes das fendas olfativas, á nevrite toxica por tabagismo etc.
Nas suas pesquizas, usou o A. o olfatometro clinico de Zwaademaker e o metodo de Grazzi (ac. benzoico em sol. alcoolica, vanilina, eucalipto e canfora).
O A. termina afirmando que não encontrou, nos velhos, a porcentagem de anosmía apregoada por Vaschide e nos jovens, encontrou o limiar olfativo um pouco mais baixo.
R. GUASTALLA (Milão) - Prolapso da mucosa do seio maxilar em fossa nasal impermeavel por atresía ossea da coána - Pag. 63.
O A. considera a atresía como o ponto de partida dos fenomenos inflamatorios do nariz e do seio maxilar, que provocaram o prolapso da mucosa, segundo a descrição de Citelli. O doente, de 34 anos de idade, foi operado sob anestesía local. O polipo foi retirado á alça, com seu pediculo. Foi feita uma turbinotomía; depois destruição do diagfragma osteo-mucoso da coána e alargamento do orificio com a pinça de Wagner. Resultado post-operatorio, bom.
H. C.
FEVEREIRO DE 1934
CARNEVALE RICCI (Milão) - Tumores malignos primitivos da traquéa - Pag. 81.
Depois de fazer um relato geral dos tumores malignos da traquéa, apresenta o A. os casos seguintes:
1° caso: Homem de 47 anos, que se queixava de opressão retro-esternal. Wassermann e radioscopía: negativas. Fez tratamento iodado, sem resultado. Perda de peso, disfagía. Finalmente, seis meses após o inicio, o esofago aparece desviado para á esquerda, na sua primeira porção, no exame radioscopico com barium.
Pela traqueoscopía, nota-se ao nível do 3° anel, um tumor da traquéa, avermelhado, ulcerado em muitos pontos. Agravação rapida do estado geral e morte. Na autopsia, encontrou-se ao nivel da parede posterior e postero-lateral esquerda da traquéa, um tumor vegetante que se extendia do 3° ao 8° anel. Exame histologico: carcinoma.
2.° caso: Homem de 60 anos, sofrendo ha oito meses de dores de garganta, nevralgías da metade direita da cabeça, rouquidão e expectorações matinais com estrias sanguineas. A laringoscopía foi praticada e o doente morre.
Na autopsia, verificou-se que o cancer estava localisado na traquéa, entre os dois primeiros aneis e sobre as paredes anterior e lateral direita; o tumor abrangia o laringe, as cordas vocais e o ventriculo de Morgani; havia metastase linfoglandulares cervicais e retroesternais. Infiltração purulenta necrotica das paredes da traquéa e dos tecidos peri-traqueais.
3.° caso: Homem de 43 anos, que ha mais de um ano sofria de perturbações respiratorias e depois disfonía. Um laringologista fez o diagnostico de polipo da traquéa e retirou-o por laringoscopía direta. Durante seis meses o paciente passou bem, mas daí em deante as perturbações recomeçaram. Laringe normal, mas ao nível do 2° e do 3° aneis da traquéa, nota-se um tumor implantado em larga base sobre a parede posterior. Diagnostico histologico: fibro-mixo-condro-endotelioma. Radium externo: disparição do tumor, mas persistencia de intensa congestão da mucosa laringo-traqueal. Quatro meses mais tarde, aparece ao nível da parede posterior do 3° anel, uma protuberancia do volume de uma avelã, com larga base de implantação. Tentou-se retirá-la com pinça de laringe, mas não foi possivel devido sua consistencia cartilaginosa. O estado geral agravou-se e o doente morreu quatro meses mais tarde.
BOZZI - A arteria auditiva interna nas suas relações com a arterioescleróse - Pag. 100.
O A. estuda a importancia da arterioescleróse na aparição da presbiacusía e põe em relevo as duvidas dos autores a esse respeito. Ele examinou a arteria auditiva interna, na sua porção livre, em cem individuos que já haviam passado dos 50 anos, examinado tambem o estado do sistema arterial em geral. Constatou que a arteria auditiva, em relação com a arterioescleróse, se comportava como as outras arterias organicas. Considéra o augmento de rigidez do vaso periferico, como um factor, unico ou associado, mas predominante sempre, da presbiacusía. Quanto ao mecanismo de ação sobre o neuroepitélio do orgão auditivo, o A. pensa que é devido á perturbações circulatorias, pela facil prolongamento dos espasmos vasculares. Quanto ás relações da arteria auditiva e as arterias cerebrais; ele julga que a simultaniedade das lesões nos dois districtos não é absoluta, o mesmo acontecendo quanto ao grão da afecção. O trabalho é documentado com dez microfotografias.
LASAGNA - Algumas considerações sobre a otoscleróse - Pag. 133.
Na otoescleróse, as lesões osseas não são limitadas somente ao ouvido; são encontradas tambem sobre as paredes dos seios paranasais.
As lesões anatomo-patologicas da otoescleróse podem encontrar uma explicação, em uma congestão provocada pela corrente de ar que chega ao ouvido medio através da trompa, e facilita, segundo as concepções de Wittmaack e Warwick, o depósito de sais de calcio; as lesões congestivas ósseas do seio têm sua origem em mecanismo análogo.
ANDREOLI - A absorção de oleos balsamicos pelo aparelho bronquico - Pag. 139.
O A. experimentou oleos gomenolado e mentolado e verificou o seguinte: o gomenol tem um limiar de eliminação muito mais baixo que o mentól; três horas depois de instilado na arvore bronquica, já está completamente eliminado, sendo encontrado tardiamento seus traços na urina, mas em dóse minima, difficil de ser evidenciada.
A eliminação do mentol dura quasi o dobro do tempo. É muito dificil estabelecer a causa precisa dessas diferenças, talvez porque o gomenol é uma essencia natural, enquanto que o mentol do comercio é fabricado sinteticamente.
H. C.
II Valsalva. Ano X - N.° 5 - Maio 1934 (Roma).
RODIGHIERO - Pesquizas anatomo-patologicas experimentais sobre a esporotricóse - Pag. 321.
O estudo biologico da esporotricóse permitiu constatar que as formas ovoides da infecção espontanea humana e da infecção cutanea experimental dependam do modo de produção do substrato particular, no qual o germen se desenvolve. Não se trata de forma resistente por defeza organica particular, porque o esporotrichum proliféra com imagens analogas sobre ulceras de animal morto. Nas primeiras vias aereas, a infecção experimental esporotriquósica apresenta imagens especiais, que tem grande importancia na patología humana dessa região.
G. TORRINI - Contribuição ao conhecimento da etiología da otoescleróse - Pag. 347.
O A. pesquizou experimentalmente se a ablação total ou parcial das glandulas genitais tinha infuencia sobre a otoescleróse. Mas não encontrou alteração patologica bem definida, bem como nada que pudesse indicar uma evolução patologica futura. Termina dizendo que não se deve considerar a ausencia da função parcial ou total das glandulas genitais como factor unico do desenvolvimento da otoescleróse.
ZANNI - Paralisia do véo do paladar, da corda vocal e da acomodação por angina de natureza provavelmente difterica - Pag. 3 5 9.
Apresenta o A. três casos de individuos de 42, 2 7 e 12 anos, nos quais o agente causal das paralisías era o estreptocóco ou associação do estreptocóco e do estafilocóco, enquanto que a pesquiza do bacilo de Loeffler foi negativa. Os três casos curaram-se num período de vinte dias a um mês, e como tratamento foi administrado a estricnína.
TURTUR - Contribuição á terapeutica estomasinica na pratica oto-rino-laringologica - Pag. 366.
O A. experimentou a "estomasina " nas amigdalites, nas sinusites agudas e cronicas, nas mastoidites, num caso de tromboflebite do seio lateral, em septicemias. A estomasina parece agir sobre os tecidos inflamados e os tornar mais resistentes aos processos infecciosos; é um medicamento inofensivo e bem tolerado, mesmo em doses fortes e por via intravenosa; as preparações especificas têm um efeito mais rapido que as preparações polivalentes; sua ação não é, naturalmente absoluta: o caso citado de trombo-flebite, por ex., terminou com a morte.
H. C.
Revue de Laryngologie, Otologie, Rhinologie. Vol. 55 - N.º 1 - Janeiro 1934. (Bordeaux)
PROF. NEUMANN (Viena) - Considerações sôbre o diagnostico, a etiologia e o tratamento da meningite otógena - Pag. 1-31.
Depois de pôr em relêvo a dificuldade de classificação das leptomeningites, devido á grande diversidade dos sinais clínicos e das alterações do "liquor", N. estuda a meningite consecutiva á otite aguda, em particular na criança.
Nos últimos quatro anos, o A. operou 59 casos de meningite, obtendo 37% de curas. Dos 22 doentes restabelecidos, 21 eram menores de 15 anos, o que mostra a evolução mais favorável da meningite na idade infantil ao contrário do que assevera Schroeder. Os casos curados, apresentavam de um modo geral sintomatologia discreta, em que realçavam os fenômenos de hipertensão e de intoxicação. N. salienta dois sinais clínicos que, na criança, podem traduzir o período prodrômico da meningite: a cefaléia difusa e a temperatura muito elevada. Recommenda, em tais casos, a punção lombar, pois o "liquor" da criança apresenta, de modo muito mais precoce que o do adulto, as modificações características do comprometimento meníngeo. Feita precocemente a reaquicentese, o seu resultado conduz a uma intervenção oportuna, cujos resultados se mostram mais favoráveis.
Dos 36 casos mortais, o "liquor" era microbiano em 33; dos 22 de cura, 16 eram amicrobianos, quatro continham estreptococos e dois apresentavam diplococos.
Neumann descreve a técnica operatória que emprega, a qual, em linhas gerais, consiste em larga mastoidectomia, exposição da dura-mater e do seio.
O princípio que orienta a operação é retirar, tanto quanto possivel, os tecidos lesados, suprimir as vias de acesso da infecção, respeitando a função auditiva e o resultado estético post-operatório.
Como complemento da intervenção cirúrgica, recomenda Neumann injeções venosas ou intra-lombares de urotropina. Ultimamente tem usado tambem o solganal em injeções intra-lombares, mas refere alguns acidentes (paresias, dores) em consequencia desta prática. Quanto ás injeções de acetileno ou de ar no canal raqueano, preconizadas por Zeller e Meyer, N. julga que suas indicações não estão ainda bem estabelecidas, em particular no atinente ás meningites agudas, nas quais o seu emprego apresenta sérios inconvenientes.
J. FEUZ (Lausanne) - Bócios benignos e paralisias recorrenciais - Pag. 32-78.
Trabalho das Clínicas de O.R.L. e de Cirurgia da Universidade de Lausanne, em que o A. estuda minuciosamente as relações entre as afecções do corpo tireoide e o nervo laríngeo inferior, detendo-se na questão das paralisias post-cirúrgicas do laringe. Depois de considerações históricas e um esboço anatômico, F. faz a crítica de algumas estatísticas, salientando que os respectivos algarismos não podem ser confrontados, estabelecidos que foram em bases diferentes, quasi sempre sem cunho científico e sem o concurso do laringologista. Na Universidade de Lausanne, foi feito um estudo rigoroso a respeito. Houve uma percentagem de 7,6 de lesões nervosas em 250 bócios operados. Cêrca de metade das paralisias cedeu em pouco tempo. Acentua o A. que êstes números são superiores aos publicados ultimamente, o que tribue essencialmente aos exames sistemáticos praticados por um serviço especializado, não só antes e logo depois da operação, como quinze dias mais tarde. Apesar de todas as precauções, a intervenção provoca complicações definitivas que a melhor técnica não permite evitar. As paralisias totais pré-operatórias atribuíveis a bócio benignos são excepcionais: 1 caso em 250. Seu prognóstico quoad fonetionem é grave.
K. ARSLAN - Novos métodos de semiologia vestibular. Esboço de unificação dos exames vestibulares - Pag. 79.
Artigo de colaboração das clínicas O.R.L. da Universidade de Pádua e do Instituto de Fisiologia Nervosa de Berlim.
Um dos elementos de cepticismo quanto ao exame vestibular reside na diversidade de resultados obtidos pelos autores nas provas calórica e giratória, assim como nas provas tônicas dos membros. O A. passa em revista a variabilidade fisiológica dos valores quantitativos do nistagmo, a diversidade de técnica de exame e do valor físico da excitação conforme os diferentes autores, concluindo, de acôrdo com Barré, Hautant, Fischer, Frenzel e Grahe pela necessidade de unificar o exame vestibular. E preciso aplicar á semiologia as concepções resultantes de numerosas pesquisas experimentais executadas ultimamente pela escola de Fischer sôbre a fisiologia do labirinto posterior.
O nistagmo pre-rotatório, os reflexos opto-cinéticos, a falta de fixação da cabeça causam interferência importante sôbre o nistagmo post-rotatório, alterando-lhe os caracteres. Aconselha o A., para a prova giratória, a cadeira de Buys e Rijlant, ou a de Tonnies, as quais representam o aperfeiçoamento mais recente para a obtenção do estímulo exato. Como o custo de tais cadeiras é elevado, tornando impossivel a sua adopção universal, lembra A. a medida da aceleração angular negativa, correspondente á parada após rotação, o que pode ser obtido em qualquer cadeira giratória, de acôrdo com os princípios estabelecidos por Woletz.
Depois de mostrar as causas de erro na prova calórica, Arslan assinala as vantagens da técnica descrita por Veits em 1928 e a expõe pormenorizadamente. Deixa, entretanto, de mencionar os valores quantitativos normais obtidos com a referida técnica, pois até hoje ainda não foi feito, a respeito, um estudo sistemático.
A-pesar-de bem documentado e minucioso, o artigo não oferece aos especialistas os elementos necessários para a unificação, no terreno prático, dos métodos de semiologia vestibular.
Dr. Guédes de Mélo F°
DIVERSOS
SAMUEL J. KOPETZKY - Notas sobre o diagnostico de meningite otitica - (Annals of. Otol. Rhinol a. Laryngol - Vol. XLIII - N° 2 - Pag. 401 - Junho 1934).
Notando que os sinais clinicos são insuficientes para o prognostico dos casos de meningites otiticas, o A. procura estudar quais as alterações quimicas do liquido cefalo raquideano que podem constituir base segura para o estabelecimento diagnostico e prognostico exátos. Ele crê que a primeira consequencia da infecção das meninges, é a hipertensão intracraneana provocada pelo aumento do volume do liquor graças á dialização através dos capilares de todo o encefalo. Secundariamente, graças á hipertensão, são comprimidos os vasos arteriais e venosos do encefalo, produzindo uma menor oxigenação dos tecidos comprometidos. Consequencia imediata desta ultima, é a incompleta oxidação dos hidratos de carbono de que resulta o acumulo de acido lactico que é, para Kopetzky, o ponto de partida para outras alterações quimicas do liquor. Ele acredita que o aumento de acido lactico condiciona a diminuição do teôr em bicarbonatos, a diminuição da reserva alcalina e, segundo as leis do equilibrio osmotico de Donnan, a diminuição da taxa de clorêtos. Com auxilio dos dados experimentais obtidos por Fischer (diminuição do ponto iso-electrico dos tecidos pelo acumulo de acido lactico), Kopetzky procura justificar o edema do encefalo pelo aumento da taxa de acido lactico.
Este trabalho é ilustrado com graficos bastante demonstrativos, mostrando o paralelismo de todas estas alterações liquoricas em casos de meningites otiticas. O ultimo grafico mostra como o prognostico pode ser firmado, antes que se manifestem melhoras clinicas, pela normalização da taxa de acido lactico.
Dr. O. LANGE.
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