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                  ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINASecção de Oto-rino-laringología.
 
 Sessão de 17 de Fevereiro de 1934
 
 Presidida pelo Dr. Homero Cordeiro e secretariada pelas Drs. Horacio de Paula Santos e Rubens V. de Brito, realisou-se a 17 de Fevereiro ultimo, a segunda sessão ordinaria deste ano da Secção de Oto-rino-laringología da Associação Paulista de Medicina.
 
 ORDEM DO DIA:
 
 DR. J. REBELO NETO (S. Paulo) - "Correcção cirurgica do nariz aquilino- Apresentação de doentes operado."
 
 (Este trabalho está publicado em outra secção desta revista).
 
 Discutiram o trabalho os Drs. Mattos Barretto, Antonio Prudente, Friederich Müller, Horacio de Paula Santos e A. Vicente de Azevedo.
 
 Sessão de 17 de Março de 1934
 
 Presidida pelo Dr. Homero Cordeiro e secretariada pelos Drs. Horacio de Paula Santos e Rubens V. de Brito, realisou-se 17 de Março, a terceira sessão ordinaria deste ano da Secção de Oto-rino-laringología da Associação Paulista de Medicina.
 
 ORDEM DO DIA:
 
 1) DR. JAYME CAMPOS (S. Paulo) - «Sobre um caso de abcesso da base da lingua aberto pela região supra-hioidéa mediana.»
 
 Resumo: O A. refere-se a um caso de abcesso da base da lingua aberto pela região supra-hiodéa mediana. O paciente que procurara a Clinica Oto-rino-laringologica da Faculdade de Medicina, na Santa Casa, em 9 de Dezembro de 1933, queixava-se de que ha uma semana, sentia fortes dôres á deglutição e quasi não podia abrir a bôca. Temperatura elevada.
 
 Pelo exame diréto do buco-faringe, nada de anormal foi observado. A laringoscopia indireta, apesar de dificil, devido ao trismus parcial, mostrava uma elevação na base da lingua, que recalcava a epiglóte, bastante infiltrada, para baixo e para atrás.
 
 Pela palpação, a região mostrava-se bastante dolorósa; movimento da lingua bastante reduzidos. Facies revelando sofrimento.
 
 No mesmo dia foi feita a intervenção por via externa, através da região supra hioidéa mediana. Afastadas as fibras do musculo milohioidêo e com auxilio da tentacanula e do indicador, foi atingido o fóco purulento, dando escoamento de grande quantidade de pús, muito fétido. A drenagem foi feita durante 4 dias, com tubos de borracha, após o que, dado o desaparecimento dos sintomas (deglutição normal, desaparecimento da febre, etc..), foi suprimida, cicatrisando-se rapidamente a ferida.
 
 No entanto 3 dias depois, volta o paciente queixando-se de disfagia e de dificuldade para abrir a boca. Novamente foi o fóco aberto; pelo mesmo trajéto e com nova drenagem por 2 dias; tudo regrediu, tendo o paciente obtido alta curado.
 
 O A. referiu-se a casos identicos apresentados pelo Dr. Mangabeira Albernaz na sessão de Novembro ultimo e a um artigo do Dr. Alvaro Tourinho, publicado na «Revista Brasileira de Cirurgía», de Fevereiro de 1932.
 
 2) DR. GABRIEL PORTO (Campinas) - «Indicações e resultados da laringectomia total».
 
 (Este trabalho encontra-se publicado na integra em outra secção desta revista).
 
 DISCUSSÃO:
 
 Dr. Roberto Oliva: - Diz que discorda do A. quanto ao abandono do emprego das irradiações nos tumores malignos do laringe. Cita diversos autores que tem usado o radium e os Raios X com grande percentagem de cura.
 
 Dr. Hóracio de Paula Santos: - Focalisa o apêlo lançado pelo A. sobre a necessidade de todo individuo rouco, com mais de 40 anos, fazer examinar o laringe, apêlo esse que o Prof. Marinho aqui havia feito, por ocasião da Semana Oto-neuro-oculistica.» em Outubro de 1926.
 
 Em seguida lembra a conveniencia de sempre se fazer os exames clinico e radiologico dos pulmões, dado a existencia de tumores metastaticos do laringe; consequentes a processos primitivos pulmonares.
 
 Dr. Gabriel Porto (encerrando a discussão) : - Responde ao Dr. Oliva que não colóca a radioterapía em, nivel tão secundaria; acha que ela tem feito progressos, mas que particularmente, para os casos de câncer do laringe, a cirurgia tem dado resultados muito mais brilhantes. Diz que no Brasil não se conhece caso algum de câncer do laringe curado pelas irradiações, e no entanto; sabe de casos bons nos quais foram empregadas os processos cirurgicos.
 
 Ao Dr. Paula Santos diz que jamais opera tais doentes sem os exames clinico e radiologico dos pulmões.
 
 3) DR. MATTOS BARRETTO (S. Paulo) - «A broncoscopia no diagnostico e no tratamento das afecções broncopulmonares».
 
 Resumo: Chevalier Jackson (cuja famosa clinica o A. acaba de visitar) creando sua escola, acabou por fazer de Filadelfia um grande e adiantadissimo centro de broncospía. Cada uma das suas três Universidades possue uma cadeira para a broncospía, cada uma com o seu catedratico, corpos de assistentes e clinicas proprias. Fazem-se em média 20 a 25 broncoscopias por dia. E' que a broncoscopía passou da simples extracção de corpos estranhos (que hoje não constitue senão 2 % do material de rotina) para o vasto campo do diagnostico e tratamento das mais variadas afecções bronco-pulmonares e esofageanas.
 
 Admitida a obstrução bronquica um fatór etiologico nas afecções supuradas dos pulmões, consideram-se essenciais para a maior eficiencia dos meios de defeza destes orgãos, a sua livre ventilação e drenagem. E a broncoscopía; somente ela, póde em casos especiais determinar o carater da obstrução bronquica, assim como é o unico meio pratico para remover tal obstrução. Assim se passa com os tumores endobronquios, benignos ou malignos, que com frequencia são causa de supuração por obstrução. A broncoscopía, permitindo o diagnostico a tempo e facilitando o tratamento pela inserção de agulhas de radium ou pela radioterapía profunda, póde impedir que muitos casos dessas afecções (de inicio manifestadas por uma simples tósse cronica) atinjam o estado supurativo.
 
 Tambem em outros casos de supuração bronco-pulmonar não tuberculosa, nos abcessos pulmonares agudos ou cronicos e na asma bronquica, a broncoscopía é um ótimo auxiliar, para drenagem e eventual instilação medicamentosa in loco.
 
 Igualmente nas bronquectasías, com o fim de diagnostico, para excluir certos fatores etiologicos (corpos estranhos, neoplasmas, estenoses) e no tratamento, para aspiração da secreção espessa e viscósa, que para sêr eliminada expontaneamente, teria que passar pelos processos naturais de diluição-quase sempre putrefação.
 
 Outra indicação formal é nos casos de «auto-submersão», caraterisados pela excessiva secreção bronquica, para cuja eliminação não bastam a fosse, a expiração forçada e o movimento ciliar.
 
 A broncoscopía é tambem indicada nas micóses pulmonares, na bronco-litíase, na esclerose, na sifilis e na tuberculose traqueo-bronquica.
 
 Em uma estatística coletiva apresentada por Chevalier Jackson, de 43.710 broncoscopías, houve resultado favoravel em 76 % dos casos de abcesso pulmonar agudo; 52 % nos casos de abcesso pulmonar cronico; 80 % nos de bronquectasias. O papel do broncoscopista é importante como auxiliar do clinico, na interpretação dos sinais físicos, pela visão diréta da mucosa e da movimentação bronquicas; para a colheita direta, sem contaminação, do material para exame e para o preparo de vacinas.
 
 O inestimavel valôr da broncoscopía nos casos de bronquites cronicas não tuberculosas ou tósses de origem obscura tantas vezes ocasionadas por um corpo estranho organico desapercebido, é só descoberto após varios dias de aspiração broncoscopica.
 
 A broncoscopía é hoje uma secção indispensavel aos modernos serviços de clinica medica, de pediatría e de cirurgía toráxica.
 
 Ha conveniencia de uma estreita cooperação entre o broncoscopista, o cirurgião do tórax e o radiologista.
 
 DISCUSSÃO:
 
 Dr. Gabriel Porto: - Diz que o trabalho do Dr. Mattos Barretto deveria ser lido aos clínicos afim de que estes ficassem ao par do valor da broncoscopía em relação ao diagnostico e tratamento de determinadas molestias das vias digestiva superior e aérea. Refere-se a am caso do Dr. Bernardes de Oliveira; em Campinas, no qual (tratava-se de um abcesso pulmonar) empregou esse meio como processo diagnostico e terapeutico, com ótimo resultado. Diz que tem a impressão de que os clinicas não estão bem inteirados do grande valôr da bronco-esofagoscopía.
 
 Dr. Mario Ottoni de Rezende: - Enaltece o valôr diagnostico e terapeutico da bronco-esofagoscopia, mas acha que é necessario haver um serviço especialisado, onde o especialista póssa adquirir a tecnica e a habilidade precisas. Diz que tem feito varias tentativas de tratamento de abcessos pulmonares, agudos e cronicos, sendo que nos primeiros não notou os resultados brilhantes conseguidos pelos autôres americanos, nos ultimos, foram mais animadores.
 
 Friza a questão da especialisação, lembrando a necessidade da formação de equipe de bronco-esofagoscopistas, para a qual seria encaminhado todo esse serviço.
 
 Dr. Friederich Müller: - Focalisa tambem a questão da especialisação, e como ela é atualmente encarada na Alemanha. Fala sobre os emeticos, como meios coadjuvantes na expulsão de corpos extranhos.
 
 Dr. Homero Cordeiro: - Diz achar muito oportuno o trabalho do Dr. Mattos Barreto, focalisando o valôr da broncoscopia no diagnostico e tratamento das afecções bronco-pulmonares, esperando que esse trabalho tenha grande divulgação, principalmente entre os clinicos, afim de que estes se compenetrem do precioso auxilio que lhes poderá trazer o bronco-esofagoscopista. Diz que a bôa semente lançada por Chevalier Jackson e sua escola já se frutifica, pois acaba de aparecer na França uma grande revista dedicada exclusivamente á bronco-esofagoscopía, com colaboração internacional.
 
 Acha que já é tempo de organisar-se entre nós, em uma das clinicas oto-rino-laringologicas da Capital, uma secção exclusiva para a clinica bronco-esofagoscopica, para onde seriam encaminhados todos os casos das outras clinicas que necessitassem de tais exames ou intervenções. Tudo depende do começar e da bôa vontade de todos.
 
 Dr. Mattos Barretto (encerrando a discussão) : - Concorda com o Dr. Porto, achando tambem sér o assunto de interesse para os clinicos. Com a campanha feita em Filadelfia para a maior divulgação da endoscopía, muitas outras cidades americanas possuem atualmente clinicas bronco-esofagoscopicas perfeitamente organisadas. Quanto as referencias feitas pelo Dr. Ottoni sobre os casos de abcessos pulmonares, diz que esses são na America, antes de se resolver qual a orientação a seguir, minuciosamente estudados pelas equipes formadas pelo cirurgião, pelo radiologista e pelo endoscopista.
 
 Ao Dr. Müller, responde que a questão da hiper-especialisação é encarada na America por varias prismas, mas ninguem combate uma clinica organisada como a de Chevalier Jackson.
 
 Não entra em comentarios sobre o emprego dos emeticos nos casos de corpos extranhos das vias aéro-digistivas, com cuja idéa não está de acôrdo.
 
 Antes de terminar a sessão, o Dr. Gabriel Porto propõe a Casa um voto de louvôr aos Drs. Mario Ottoni de Rezende Homero Cordeiro, pela ótima feição que vêm imprimindo a «Revista Oto-Laringologica de S. Paulo».
 
 Este voto é posto em discussão e aprovado unanimemente. Em seguida péde a palavra o Dr. Ottoni, dizendo que os colégas acabam de dar uma prova de estimulo aos diretores da «Revista», que acaba de vencer o seu primeiro ano e entra no segundo sob os melhores auspicios. Diz que ela espera a colaboração de todos os especialistas do Brasil, afim que todos possam aproveitar os resultados dessa cooperação. que deverá sêr cada vez mais intensa.
 
 Termina, agradecendo a gentileza dos colegas aprovando o vóto proposto pelo Dr. Porto.
 
 Sociedade Rioplatense de Otorinolaringología
 
 VIII.ª Reunião anual em 10 e 11 de Novembro de 1933
 
 Com a presença de numerosos especialistas argentinos e uruguaios, realisou-se em Buenos-Aires, nos dias 10 e 11 de Novembro ultimo, a VIII.ª Reunião anual da Sociedade Rioplatense de Otorinolaringología.
 
 A sessão inaugural teve lugar no «Salão de Atos» da Faculdade de Medicina. tendo usado primeiramente da palavra o Decano, Dr. Bullrich, que fez uma saudação aos participantes. Depois falaram os Profs. Justo Alonso e Antonio Zambrini; que puzeram em relevo a importancia dessas reuniões, não só sob o ponto de vista cientifico como tambem pela aproximação cordial dos colegas de ambas as margens do Prata.
 
 Por proposta do Prof. Alonso, foi designado por unanimidade, presidente das sessões, o Prof. Segura.
 
 Na ordem do dia da sessão da manhã; foram apresentados e discutidos os seguintes trabalhos:
 
 1 - Relatorio oficial: «A otite media aguda do lactante: seu estudo clinico». Relator: Dr. J. C. Oreggia.
 
 2 - «Alguns aspétos histopatologicos das otites medias agudas». Drs. Zambrini e R. Podestá.
 
 3 - «Septicemia post-otitica». Dr. J. C. Munyo.
 
 4 - «Sobre tumores do ouvido». Dr. J. M. Alonso.
 
 5 - «Interpretação radiologica diagnostica no sindrome de Gradenigo» Drs. S. Aráuz e J. M. Tato.
 
 6 - «Estridor laringêo congenito». Drs. P. Errecart e R. Becco.
 
 7 - «Sobre algumas complicações da amigdalectomia.	Drs. H. Bis e L. Velasco Blanco.
 
 8 - « Amigdalectomía nos	profissionais da palavra e do canto». Dr. E. Casteran.
 
 Na sessão da tarde proseguiu-se a ordem do dia, com a apresentação dos seguintes trabalhos:
 
 9 - Relatorio oficial: «Os ruidos subjetivos do ouvido» Relator: Dr. Errecart.
 
 10 - «A prova da cronaxía na vertigem vestibular». Drs. P. Regules e D. Benatti.
 
 11 - «A necessidade, da revisão de algumas questões de fisiologia do ouvido medio». Drs. E. Riccitelli e Y. Franchini.
 
 12 - «Polipo solitario das fossas nasais». Drs. J. M. Alonso e R. Pietra.
 
 13 - «Angiomas congenitos de localisação naso-facial. Drs. Y. Francini e E. Riccitelli.
 
 14 - «O valôr clinico de alguns detalhes da radiografia do seio frontal». Drs. P. Regules e N. Caubarrere.
 
 15 - «A disionía monobivalente em alguns casos de rinite espasmodica». Drs. E. Riccitelli, E. Troise e N. Lóizaga.
 
 16 - «O método de Rio y Ortega da impregnação da prata aplicada no estudo da histologia normal e patologica do ouvido». Drs. R. Podestá e J. Monserrat.
 
 17 - «Cirurgia plastica da piramide nasal. Dr. R. Dellepiane Rawson.
 
 18 - «Osteo-flegmões do maxilar superior, sua drenagem». Dr. M. Roglia.
 
 19 - «Contribuição ao estudo da gastroscopía (Diagnostico precóce da neo-gastrica). Dr. M. Rius.
 
 20 - «Toxemia bacilar e patologia do ouvido interno». Drs. A. e W. Meerhoff.
 
 Esses trabalhos acima foram simultaneamente publicados, os uruguaios, na «Revista Argentina de Oto-rino-Laringología», e os argentinos; nos «Anales de Otorinolaringología del Uruguay».
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