ISSN 1806-9312  
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1301 - Vol. 2 / Edição 1 / Período: Janeiro - Fevereiro de 1934
Seção: Revista das Revistas Páginas: 79 a 94
REVISTA DAS REVISTAS
Autor(es):
Revue d' Oto-Neuro-Ophtalmologie
Tome XIe – Nº8 - Septembre-Octobre 933

COLLET, F. J. - Erupção palatina zosteriforme precedida de neuralgia controlateral. Pag. 592.

Ch. 38 anos vem a consulta em 3 de Maio por dôres violentas, á direita, nos dentes, bochechas, têmpora e garganta, surgidas ha 10 dias. Dentes bons. Em 1.º de Maio cessam as dôres á direita, ao mesmo tempo que, aparecem picadas intensas no véu do paladar á esquerda. O exame revéla uma superficie exulcerada de contornos irregulares na metade esquerda da abobada palatina e na metáde correspondente da úvula; a mucósa apresenta-se nestes pontos extremamente dolorósa e é séde dum prurido eaxgerado ao contato dos alimentos. Exame geral nada de anormal revelou. A terapeutica empregada foi gargarejos levemente antisepticos e uma grama de aspirina diariamente. Melhora rapida da dôr. 14 dias mais tarde observa-se somente que a metade esquerda da aboboda palatina apresenta-se levemente congestionada.

Esta erupção deve ser interpretada como um zona do paladar e do véo. Ela ocupava o territorio assinalado por Escat para o zona buco-faringeu respeitando o territorio sensitivo do pneumogastrico (parede posterior da faringe) e do glosso-faringeu (base da lingua e 2/3 inferiores dos pilares).

Etiologia obscura: ausencia de sinais de tabes ou afecção nervosa organica. O ponto obscuro da observação é a existencia de dôres vivas em toda metade da face oposta, tendo cessado bruscamente quando a erupção apareceu. Collet admite como unica hipótese para explicar tal caso, que o nervo maxilar superior tenha sido lesado dos dois lados; as fibras sensitivas teriam sido mais gravemente atacadas de um lado do que as troficas do outro.

BALDENWECK, L. - Um caso de zona palato-laringeu. Pag. 595.

Trata-se de homem de 45 anos portador de um cancer da tireoide tratado ha 2 anos pela radioterapia. Ausencia de radiodermite. O exame revelou:

1º No hemi-paladar direito uma uxulceração formada pela fusão de vesiculas abertas; esta região apresentava hipoestesia.

2º Na aritenóide direita e na parte adjacente da fita ventricular e da corda vocal, notavam-se dois elementos ovais recobertos de endúto esbranquiçado. O diagnostico de zona palato-laringeu foi feito pela exclusão das hipóteses de radio-necróse e de herpes.

PORTMANN, G. e DESPONS, J. - Sobre dois casos de zona cefálico.Pag. 597.

Os autores descrevem com minucias a primeira observação que tem a originalidade de mostrar uma erupção zosteriana não só no dominio habitual do facial sensitivo (zona de Ramsay e Hunt). tambem sobre o véu do paladar e sobre a lingua, dominio em geral atribuido ao trigemeo e ao pneumogastrico. Para explicar este fato podemos admitir duas hipóteses: ou as lesões são difusas ou o facial participa pelo seu ramo do ganglio geniculado no contrôle sensitivo da mucosa faringéa e lingual.

A 2ª observação permite mais pensar-se em lesões difusas atingindo vazios dominios sensitivos.

SEDAN, JEAN. - Hipotonias oculares nos zonas cefálicos, Pag. 601.

Em vinte casos de zonas cefálico nove apresentavam hipotonía ocular durante a infecção, cinco glaucôma e somente seis apresentavam o tonus ocular normal.

A hipotonía atinge seu maximo no momento em que sobrevêm a vesiculacão e sobretudo a ulceração corneana.

A hipotonía zosteriana póde ser seguida de glaucoma.

A hipotonía acompanha uma curva paraléla á das dóres neuralgicas.

Seis doentes foram tratados pela auto-hemoterapía; o tonus ocular se elevou sempre algumas horas após a injeção sanguinea. Somente em um caso a hipotonía persistiu após evolução das lesões cutaneas e oculares.

A instilação de atropina deve ser empregada com a maior prudencia, sendo este medicamento indicado nos casos de irite em inicio.

Depois de analisar estes fatos clínicos o Autor faz considerações sobre a etio-patogenia da hipotonía ocular no zona. E, conclue afirmando que devemos aconselhar aos doentes curados que apresentarem acidentes oculares no decurso do zona que se submetam a exames repetidos durante varios anos, afim de que se possa diagnosticar precocemente um glaucoma cronico, possivel.

PROBY, HENRY. - A hemi-síndrome vaso-motora localizada ou generalizada. Suas relações com a topografia das lesões zosterianas. Pag. 605.

A comparação das lesões simpáticas do zona e das perturbações vaso-motoras põe em evidencia varios fátos importantes, permitindo fazer-se o diagnostico topografico das lesões provocando perturbações vaso-motoras.

1º O ponto de partida do refléxo é a lesão local sub-jacente.

2º As perturbações vaso-motoras possuem uma topografia radicular.

3º Sua propagação póde se fazer contrariamente ao zona, progressivamente isto é, a «repercussité», já assinalada em certas perturbações vaso-motoras como na síndrome generalizada assinalada por Proby.

As perturbações simpáticas são aqui resultantes duma sindrome excitativa e não degenerativa como no zona.

4º Póde-se servir assim dos sintomas de irritação simpática como de um fio condutor permitindo alcançar o ponto de partida do refléxo e fazer um diagnostico de localização.

Dr. Gabriel Porto.

L'Oto-Rhino-Laryngologie Internationale
N.o 11. Novembro, 1933. (Lyon)

PROF. E. ESCAT (Toulouse) - «Tratamento hidro-mineral das cenestopatías e algias diversas do faringe». Pag. 801.

Este trabalho foi apresentado pelo A. no XV.o Congresso Internacional de Hidrologia e Climatología, reunido em Toulouse em 4 de Outubro de 1933. Ocupa-se o Prof. Escat exclusivamente das «Neuropatias sensitivas do faringe» justificaveis de curas hidro-minerais, neuropatías essas frequentemente confundidas com faringites cronicas ou angina granulosa, e que devem ser diagnosticadas com mais precisão.

As vias aero-digestivas, cuja inervação sensitiva e sensitivo-sensorial provem de origens nervosas multiplas, constituem centros de reacções sintomaticas muito variadas e suscetiveis de produzirem faringopatías organicas as mais graves. E' sabido atualmente que as perversões sensitivo-sensoriais dessas regiões devem ser responsabilisadas, umas, á reacção do nervo glosso-faringêo, como as sensações de corpo estranho, de tenesmo e de irradiação tubo-timpanica, sob o dominio do ramo de Jacobson; outras, ás reacções do grande simpático, tais como as algías e pruridos. Dai o termo «Cenestopatías faringeanas» dado por Robert ás nevroses guturais da menopausa.

Hoje em dia, toda manifestação dolorosa rino-faringo-glossolaringéa, exclusão feita de lesão ou alteração organica objetiva, deve ser considerada como um sindroma e não como uma faringopatía autonoma, e seu tratamento crenoterapico deva se basear necessariamente na etiologia e patogenía propria a cada uma dessas variedades.

Em seguida, o A., a cada variedade de faringopatia, indica qual o tratamento hidro-mineral aconselhavel (estações hidro-minerais francesas). Assim:

1º - As cenestopatías faringeanas da menopausa, por menopausa fisiologica ou cirurgica (exerese utero-ovariana prematura), as fontes sedativas de d'Ussat, de Neris, de Bagnéres-de-Bigorre, etc. sendo que esta ultima é usada : também no tratamento local.

2º - As cenestopatias faringeanas dos dispepticos, hepaticos e enteropaticos, segundo a variedade clinica: Vichy, Vals, Le Boulou, Alet, Barbazan, Plombières, Chatel-Guyon.

3º - As faringalgias dos artríticos, atribuídas ás hiperestesis e ás algias uricemicas das bainhas musculares do faringe, e tambem aos depositos de uratos nas sinoviais vertebro-cervicais, beneficiam-se nas grandes fontes uricoliticas: Vittel, Contrexeville, Mantigny, Capvern etc.

4º - As faringalgias post-anginósas, resultantes de sequelas inflamatorias, anginas gripais ou reumatismais ou amigdalite paroxistica de repetição, obtem resultados nas fontes sulfurosas, principalmente pela cura sulfatada-sodica (Luchon, Aix-Thermes, Cautéréts; Làux-Bónnes, Marlioz, Challes, Labassere), pelas aguas sulfatadas-àrsenicais: Saint-Honoré e Usson), pelas aguas arsenicais ou oligo-metalicas (Lé Mont-Dore, La Bourboule).

5º - As faringo-glossodinas, por nevrite radicular, funicular ou periferica, observadas nos tabeticos, nos cerebro-espinais organicos ou no decurso de nevrites varicosas faringeas ou intra-linguais, são principalmente indicadas as aguas de Lamalou e de Neris.

Para finalisar ajunta a fonte especialmente radio-ativa de Moureu e Lepape de Luchon, cuja ação sedativa exerce benefico resultado mesmo nas algias faringéas que resistiram a toda outra terapeutica.

O A. termina o seu artigo, chamando a atenção de que cada variedade patogenica tem sua indicação hidro-mineral apropriada.

H. C.

Revue de Chirurgie Plastique
Outubro de 1933

FRUEHWALD - Progresso na cirurgia plastica do nariz e das orelhas. Pag. 155.

O A. insiste sobre as dificuldades inerentes a cada operação plastica sobre os máos resultados possiveis e sobre a necessidade de proceder a retoques, em certos casos.

Encara sucessivamente os diferentes metodos operatorios para a correção do nariz aquilino e, depois, do nariz em séla. Reserva um comentaria especial acerca das substancias uzadas nas inclusões, especialmente o marfim para a qual dá preferência. Aborda as deformidades das azas, nas suas formas mais comuns: atrofica e hipertrofica

Finaliza focalizando a questão das correções de posição do pavilhão da orelha

DANTLO - O enxerto de Davis nas queimaduras extensas. P. 219.

Julga o enxerto tipo Davis, superior a todos os outros. Consiste em uma pequena pastilha de pele total; de forma circular ou oval, com 4 a 5 mm. de diametro, mais expessa no centro do que nos bordos. É obtida levantando-se um pequeno cone de pele por meio de uma agulha e seccionando com um bisturi, que deve ser muitissimo afiado, afim de obter um fragmento do tamanho de um confetti.

Os pequenos retalhos são deitados em pequenas cavidades feitas no tecido de granulação por meio de uma cureta. Ha apenas 3 % de perdas, não prejudicando o estado infeccionado da ferida. Curativo com gaze vaselinada Lumière. Cicatriz solida, deixando, porém, a desejar, sob o ponto de vista cosmetico, em vista do aspecto «em mosaico» das superficies cicatrizadas.

O mesmo processo é aconselhavel para cobrir perdas frescas de substancias tais como na emputação do seio, excisão de cicatrizes viciosas, etc.

Dr. Rebello Neto.

Acta Oto-Laryngologica
Fase. 2-Vol. XIX. 1933. (Stockolmo)

DR. ARNO SAXÉN - Estudos sobre a anatomia patologica e a patogenia da surdo mudez, com uma contribuição ao conhecimento da formação da endolinfa no ouvido interno. (Resumo pelo autor). Pag. 143.

O material consiste em 2 casas de surdo-mudez, cujos ouvidos foram estudados, não só clinica como histologicamente. As perturbações anatomo-patologicas, no caso nº 1, encontravam-se no ductus cochlearis e no sacculo assim como no aparelho nervo ganglionar correspondente. O ductus cochlearis apresentava-se em colapso e as formações epiteliais em suas diferentes paredes, estavam fortemente degeneradas. Tambem o lume do sacculo era estreitado, mostrando seu epitelio macular, modificações regressivas. Nos nervos correspondentes o numero de fibrilas era grandemente diminuido, o numero de celulas ganglionares estava reduzido, tanto no canalis spiralis quanto no ganglio vestibular, e entre as diferentes celulas apresentavam-se numerosas fórmas patologicas. Tais modificações no ouvido interno, que antigamente eram consideradas como anomalias produzidas por perturbações no desenvolvimento, podem depender, segundo opinião do autor, no caso em questão, de lesões toxi-infecciosas que teriam afetado o orgam auditivo nos primeiros anos de vida.

No nº 2, encontram-se modificações tanto no labirinto acustico quanto, tambem, no estatico e nos nervos e ganglios nos quais as perturbações qualitativas eram da mesma especie que as do caso nº1. Além disto a mucosa do ouvido médio, assim como da membrana, que obturam as janelas, mostram residuos de um processo inflamatorio antigo. E' facilmente reconhecivel que este processo tenha ocasionado tanto as modificações observadas no labirinto, quanto a destruição e a formação de fibrilas no labirinto membranoso. O ductus cochlearis apresentava-se fortemente repleto de liquido, ao passo que o labirinto estatico estava, em geral, em colapso, parcialmente, ás vezes dilatado (em um dos lados do saculo). A papila acustica mostra importante degeneração, a membrana tectoria ou faltava completamente ou se apresentava situada em posição anormal. A stria vascularis, do lado direito, era normal, a do lado esquerdo era atrofiada em certo lugares e em outros apresentava-se normal.

Concluindo, o autor, o estudo das perturbações encontradas nestes casos, discute o mecanismo da formação da endolinfa no ouvido interno e chega ao resultado que a stria vascularis é, provavelmente, o orgão que, no ductus cochlearis cooparticipa de qualquer modo na formação do liquido labirintico e que possivelmente, tambem, do labirinto estatico um processo semelhante de secreção, existe. Finalmente, o autor fala sobre a patogenese das perturbações encontradas nos nervos e gânglios.

DR. CATHERINE VIKTOROV - Da influencia da respiração nasal e bucal sobre a pressão sanguinea. Pag. 221.

O autor, depois de recordar os estudos praticados por Pawlowsky e de Lopatina, sobre a materia e, depois de criticar as experiencias de Chapiro e de Lukow, por não preencherem as condições tecnicas concludentes, descreve o metodo, aplicado aos seus estudos e conclue que quando da respiração nasal a pressão sanguinea se eleva e que na respiração traqueal ela, ao contrario, se abaixa. Estes fatos só se processam quando existam as condições experimentais que o autor determina: anestesia profunda do animal, intervalo de, pelo menos, 1 hora entre a traqueotomia e a experiencia afim de se evitar a irritação pelo traumatismo operatorio.

SVENDE HEIBERG - Resultados de tonsilectomia (Sumario do autor). Pag. 232.

Foram reexaminados 202 pacientes, aos quais se haviam praticado a tonsilectomia. Periodo de observação de 3 á 10 anos.

a) - De 146 que padeciam de tonsilite agudas, de repetição, 81% ficaram livres, dos sintomas depois de operados. 15% melhorados. Em alguns nenhuma melhora, muito embora a internação fosse coroada de sucesso.

b) - De 23 pacientes que sofriam, anteriormente, á operação de febre reumatica de uma a trez vezes, um teve recediva, os outros vão bem.

c) - De 65 casos de abcessos peri-tonsilares, 94% estão curados, 4 % melhorados e 2 % não obtiveram resultado.

d) - De 10 casos de poliartrite cronica reumatica, a metade obteve melhora, ao passo que a outra metade permaneceu na mesma.

e) - Em 8 sobre 10 casos, que eram portadores de perturbações cardíacas, diagnosticadas (em muitos conjuntamente com febre reumatica), não apresentaram, depois da operação, nenhum sintoma para o lado do coração.

f) - Em 23 casos que se queixavam de sensações indefinidas para o lado da garganta, assim como sintomas gerais, sómente a metade tirou proveito.

g) - a comparação da incidencia de sintomas de faringite e antes e depois da operação, indica que os pacientes operados are scarcely more liable a estes ataques que os não operados.

h) - em 31 pacientes houve peora da voz cantada, 18 melhoraram e 99 permaneceram sem modificação alguma. Si a operação fôr praticada cuidadosamente, e exercícios de canto sistematicos forem feitos depois da operação, póde-se esperar não haver modificação alguma na voz cantada, si bem que para muitos cantores ela melhore.

i) - Em 27 casos houve perturbações da deglutição (tendencia a saída dos alimentos, por vias erradas); estes casos não parecem estar em relação com as mudanças da voz.

j) - Sobre 282 pacientes operados, houve uma morte por hemorragia secundaria e pneumonia dupla em um doente, com nefrite cronica de fôrma grave.

k) - Em 13 % dos operados houve hemorragia post-operatoria (5 % ligeiras e 8 % graves).

l) - Em mais de metade dos operados houve elevação da temperatura, que foi ligeira para a maioria deles; em 4 % no entanto, a temperatura foi elevada e, quasi sempre, acompanhada por uma ou mais complicações de caráter sério, perturbações pulmonares, hemorragia grave, ou reações inflamatorias intensas da garganta.

m) - Em 2 % dos casos houve reações flegnionosas da garganta, que desapareceram no decurso de alguns dias.

M.O.R.

Archivio Italiano di Otologia, Rinologia e Laringologia
Vol. XLIV. Fasc. XI. Novembro, 1933.

DR. CARLOS PICCHIO (Inst. de Radiol. da R. Univ. de Milão) - O exame radiologico nos tumores do laringe e do faringe. Pag. 641.

Poucos são os que se têm dedicado ás pesquizas radiologicais dos tumores das vias aereas superiores, devido talvez ás escassas condições de contraste entre as, partes anatomicas que as constituem, e, principalmente porque muitos autores negavam a possibilidade de pôr em evidencia na chapa radiografica, as alterações neoplasicas desses orgãos.

Somente em 1928, que LIEBERMANN publicou uma serie interessante de casos, demonstrando o erro dessas afirmações e preconisando o auxilio radiologico ao exame clinico do especialista. Em 1932, tambem COUTARD e BACLÈSSE apresentaram radiografias do laringe e faringe de doentes com neoplasias, com quadros muito demonstrativos.

O A. expõe a tecnica radiologica que emprega para exame das primeiras vias respiratorias (hipofaringe, laringe e traquéa), que é bastante simplificada e facil. Diz que reserva posições e tecnicas mais complicadas, somente para os casos em que no primeiro exame, não se consegue um diagnostico seguro. Assim, nos exames do faringe, laringe e parte inicial da traquéa, coloca o doente em posição lateral perfeita, sentado ou de pé, com urna espadua apoiada sobre o plano da chapa, utilisando-se um dispositivo comum de teloragiografia, a uma distancia de um metro e meio. O raio central é dirigido na altura da cartilagem tiroide; o radiograma obtido é do formato 18x24. A radiografia oferece a vantagem de se obter imagens não aumentadas; apesar do pescoço ficar um pouco longe da chapa devido a forte saliencia da espadua. O A. usa tensões de 50-60 k. V. efetivos. Quanto o tempo de exposição, o A. aconselha o mais rapido possivel (devido a mortalidade do pescoço): 1 a 2 decimos de segundo, conforme a espessura da parte a ser examinada, em apnéa absoluta. Deve-se revelar o film em tempo menor ao normal, pois assim consegue-se melhor visibilidade das partes moles. Para melhor localisar determinados pontos interessantes sobre a radiografia, póde-se algumas vezes executar projecções levemente obliquas ou melhor, praticar a estereoradiografia, que dá imagens com relevos sugestivos.

A possibilidade de pôr em evidencia massas neoformadas no hopofarainge, no laringe e na porção cervical da traquéa, pelo exame radiografico, baseia-se na transparencia desses orgãos ou na deformação de partes constituidas desses orgãos, ou ainda mais frequentes, na existencia concomitante desses relevos. O A. depois de descrever 10 casos com apresentação das radiografias executadas, lembra que as dificuldades encontradas são de duas ordens: localisação certa da lesão e valor diagnostico diferencial dos sinais encontrados. O problema de fixar a séde de uma neoformação do conduto faringo-laringeano baseado numa radiografia em posição laterolateral;. é as vezes impossivel. Uma massa que se projéta, por exemplo, sobre as plicas ari-epilgoticas, poderá estar situada no seio piriforme direito ou esquerdo, sobre a plica piriforme direita ou esquerdo, ou no interior do laringe. Mas geralmente é possivel melhor localisação da lesão. Permanecendo a indecisão sobre qual o lado atingido ou sobre a extensão do processo em sentido latero-lateral, então póde-se recorrer nesses casos a metodos mais complexos (projeções obliquas e especialmente a esterco-radiografia).

No diagnostico diferencial dos tumores do faringe e do laringe, o problema apresenta-se bastante complexo para o radiologista, que, devendo interpretar sombras que reduzem a transparencia do conduto aereo e sobre alterações infiltrativas e erosivas a cargo dos orgãos normais dessas regiões, acha-se á frente de uma grande variedade de causas que podem dar quadros semelhantes. No faringe por exemplo, o abcesso latero e retro faringeano, dão a mesma sombra dos tumores dessa mesma séde. Em tais casos o criterio clinico prevalece e o exame radiologico então torna-se facil. Nas porções mais baixas (laringe, traquéa), os fenomenos inflamatorios apresentam-se geralmente em forma difusa e não dão quadros radiologicos caracteristicos.

Dificuldades diagnosticas mais serias surgem quando deve-se diferenciar uma neoplasía de uma forma vegetante (tbc. ou lúes). Mas as vegetações especificas raramente são volumosas a ponto de necessitarem de radiografias.

Este trabalho é muito interessante e merece ser lido na integra tanto pelo radiologista, como pelo especialista.

DR. OLGO GIANNI (Brescia) - Inflamação associada e inflamação colateral especifica na tuberculose laringéa. Pág. 671.

O A. faz primeiramente a distinção entre a inflamação associada ou mixta (associação microbiana de bacilo de Koch e de outros micorganismos patogênicos, corno piogenicos, pneumococos etc) e a inflamação colateral (tipo particular de alteração especifica atribuida exclusivamente ao b. de Koch). Demonstra em seguida com exame histopatologicos e clinicos, a importancia e frequencia dessa ultima inflamação na tuberculose laringéa, principalmente no decurso agudo e sub-agudo. Acredita que o aparecimento da tuberculose laringéa é um sinal de diminuição da imunidade organica é que essa reacção colateral representa um «indice laringêo da evolução pulmonar», assim como a lingua é para o estomago. Dessa forma, a observação do laringe representa um, importante sinal clinico da contínua evolução pulmonar. Quando o estado pulmonar melhora, o mesmo acontece ao laringe. Com o pneumotorax e outras intervenções nos pulmões (frenico-exerése, torocoplastía), tem-se conseguido tambem a cura de laringites bacilares.

Dr. Braz Gravina.

Monatsschrift fuer Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 67. Maio de 1933.

AUGUSTE JELLINEK - Reflexo sonoros motores nos surdos e surdos-mudos. Pag. 511.

Existe uma grande relação entre excitação sonora e motilidade. Esta revela-se mais intensamente nos animais inferiores e em ordem decrescente até o homem, sendo que na creança é mais notavel que no adulto. Normalmente, no homem, o reflexo mínimo só póde ser observado com aparelhos apropriados, enquanto que as excitações intensas provocam movimentos facilmente visíveis.

O A. estuda esses reflexos no reino animal, mostrando que eles variam conforme a posição em que o animal é mantido, para a experiência. No homem o mesmo fato se observa e, ainda mais,
o A. demonstrou que existe, um reflexo característico para certos sons. Nos surdos é possivel por meio do .tubo acústico, examinar o reflexo em cada ouvido. O apito da harmônica de Urbantschitsch foi o instrumento de que se serviu o A. para seus exames. Em surdos-mudos foram obtidos reflexos como caretas e riso mesmo na distancia de 50 cent. a 1 metro. Essas foram feitas por detraz dos observados e inesperadamente. Acha o A. que a fonte productora do som ainda não é perfeita, visto como só nos oferece sons variáveis quanto á quantidade e não quanto á qualidade. Termina concluindo com Tullio, que uma perturbação do reflexo sonoro no homem normal, pode levar ao diagnóstico de lesão labiríntica.

DOC. ZOLTAN WEIN. - Um caso de cegueira passageira consecutiva à anestesia orbitaria. Pag. 559.

O A. reporta-se aos casos de Halle, em qua a compressão da artéria central da retina, provocou cegueira. Esta compressão produziu-se por hemorragia consecutiva á anestesia do nervo frontal e etmoidal ant. E' sabido pelos estudos de Krueckmann, que o nervo-epitélio da retina não pode resistir á falta de sangue arterial por mais 10 minutos. Assim sendo, desde que aconteça um acidente no qual se verifique cegueira, o operador deve com a maior urgência, abrir largamente a órbita, na sua parede sup. e interna, possibilitando assim a irrigação do órgão da visão. Foi o que se deu num caso em que o A. após anestesia para operação do etmóide, verificou cegueira completa, com exophtalmus. Procedendo como acima ficou dito, sem perda de tempo, teve resultado espantoso: a vista voltou imediatamente e a operação prosseguiu sem mais incômodos.

ADOLF GLASSCHEIB - Gênese e terapia das inflamações alérgicas das cavidades accessórias do nariz. Pag. 565.

O A. estuda a transformação da secreção purulenta principalmente do antro de Highmore. Diz que após 8 a 10 dias de duração, o pús torna-se muco-pús e em seguida muco. Desde que o pús permanece algum tempo no antro, uma parte das toxinas é reabsorvida pelo organismo, tal qual acontece com a difteria. A formação de anti-corpos e de antígenos conduz após 8 dias ao quadro da alergia. A prova da alergia reside na reação eosinófia dos tecidos bem como no aumento dos eosinófilos do sangue (5 %). Grande número de casos de rinite vaso-motora, é explicado claramente pela inflamação alérgica do antro maxilar. A relação entre sinusite serosa e asma é prova de doença de sistema.

Desses estudos, deriva a terapêutica preconisada pelo autor que profilaticamente deve impedir a reabsorção da secreção, por intermédio de lavagens e aspiração. Dissensibilisacão com albumina: cutivacina Paul ou dermaprotim Rosenberg.

Esse estado alérgico é, na opinião do A., extensivo, concomitantemente, a todos os antros da face, sendo que a etmoidite é mais dificilmente evidenciável. Sendo sua mucosa muito fina, a sombra aos raios X é menos diferenciada. A anosmia seria outro ótimo elemento para o diagnóstico. A terapêutica destes estados alérgicos, será tanto mais eficaz, quanto mais precocemente for feito o diagnóstico.

B. M. LIFSCHITZZ - Cálculos tonsilares.$ Pág. 568.

Quando ha uma secreção patológica nas tonsilas, podem-se nelas depositar sais, que determinam a formação de cálculos. Estes localisam-se nas lacunas ou nas bolsas tonsilares e compõe-se de fosfatos ou carbonatos de cálcio ou magnésio. Constituem, os cálculos, ocurrência bastante rara. Os seus sintomas coincidem com os da angina comum; as grandes pedras podem levar á impressão de asfixia. O A. cita 2 casos, um observado em 1910 e outro em 1930. No primeiro, o cálculo pesava 26 grs. e no segundo, que era sub-dividido em 3, o todo pesava 6 á 7 grs.

AUREL RÉTHI - Voz das falsas cordas, disfonia espástica e musculatura da faringe.
Pag. 572.

A vóz das falsas cordas é produzida pela função vicariante elevada do músculo estáfilo-faringeu e em segundo plano do seu auxiliar palato-faringeu. O mecanismo da disfonia espástica corresde ao da voz das falsas cordas, em uma forma sintomatológica espasmódica. A cura da disfonia espástica e da voz das falsas cordas, com capacidade funcional das cordas vocais, consegue-se com a interrupção da continuidade da porção do estáfilo-faringeu, o que se obem por meio de um processo inócuo e simples.

STEPHAN ZOLTAN - Sobre as doenças pré-cancerosas da laringe. Pag. 597.

1. Os processos paquidérmicos da laringe constituem frequentemente o terreno para o desenvolvimento do cancro, e da mesma maneira as formas frouxas e hiperqueratósicas. 2. Dentre os papilomas do laringe são as formas hemorragicas e hiperqueratósicas consideradas como variações pré-cancerosas. 3. A forma exuberante da tuberculose não pode ser considerada como ponto de partida de um carcinoma. 4. O lupus e o botão gomoso (Gummiknoten) não têm valor como modificação primaria para o pre-cancer, antes eles preparam o terreno para o cancro por processos- regressivos cicatriciais. 5. A causa de cancros desenvolvidos em seguida a traumas, deve ser procurada nos processos de epitelisação e respetiva regeneração.

Dr. Roberto Oliva.

Monatsschrift fuer Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 67. Junho de 1933.

NIKOLAUS BARKÓ - Sobre as ectasias dos vasos da traquéa.
Pag. 639.

É de absoluta necessidade diferençar se uma tosse sanguinea tem como causa a tuberculose incipiente ou a ectasia dos vasos da traquéa, sendo o tratamento e o prognóstico bastante diferente num e noutro caso. O A. compara essa ectasia ao que ocorre na mucosa do septo nasal, chamada «locas de Kiesselbach. Chega o A. ás seguintes conclusões: 1. Na mucosa de 100 traquéas examinadas, foram encontrados vasos dilatados em 31; 2. O ponto de predileção das eclasias vasais é a parede ant. da traquéa. 3. A dilatação atinge a rede superficial e média da parede traqueal, pode tomar grandes dimensões, respeitando relativamente a parede dos vasos. 4. A rotura dos vasos dilatados pode ser devida á causas locais e gerais.

K. HEIDT - Traumátismo da laringe com atresia quasi completa da glote. Traqueotomia, laringofissura, laringosloma, plastica ossea, cura.

Um indivíduo é vítima de sério traumatismo no pescoço, que o deixa completamente afônico e dispnêico, obrigando-o ao uso de uma canula. Examinado 10 mêses após o acidente, o A. encontrou o seguinte: canula no meio da tireóide; esta cartilagem bem como as restantes, são irreconhecíveis; em seu lugar encontram-se pequenos e grandes pedaços de cartilagem, ligados entre si por tecido conjuntivo. Após traqueotomia superior foi praticada a laringo-fissura com muita dificuldade e verificado que a atresia atingia a subglote. Com a aplicação de um dreno forte de borracha, foi conseguida bôa lús da laringe. Corno o órgão ficasse sem a sua parede anterior com a retirada dos fragmentos de cartilagem, foi necessário socorrer-se de um pedaço de tíbia. O processo terminou com um enxerto de Thiersch e a retirada da canula. O resultado foi satisfatório: respiração bôa e voz audivel a 8 metros.

RENATO SEGRE - As fendas palatinas sub-mucosas. Pag. 619.

E' fato já bastante sabido que a separação entre a boca e o nariz provem dos maxilares sup. atravez das placas palatinas, que crescem obliquamente para cima e para a linha mediana, até que no fim da 9ª semana se tocam e se ligam. O processo nasal e o processo frontal na frente, bem como o ptérigo palatino atráz, tambem tomam parte na formação desse septo. Só mais tarde recobre-se este de sua parte membranosa, que por fim forma o véo. Se por um motivo qualquer; interrompe-se essa sequência em seu ritmo, constitue-se um defeito anatômico. A fenda palatina provem dá falta de reunião, de deante para tráz. dos ossos que constituem o septo buco-nasal, Estuda o A. diversos métodos operatórios de correção dessas anomalias anatômicas, terminando por preconisar o processo de Rosenthal, que sempre faz melhorar a voz; tornando-a mais compreensível e mais agradavel.

LEOPOLD MEHLER - Um caso de intoxicação pelo iodo. Pag. 671.

Um médico toma uma dose de iodeto de sódio, que para si próprio receitara, formula em que a metade do sal contido, na quantidade de 5 grs., foi ingerido no espaço de poucas horas. Após os primeiros goles, começou a sentir forte rinorréa, que aumentou com a ingestão consecutiva, obrigando-o a inclinar-se sobre um balde para onde escorria a secreção nasal. Consecutivamente , queixou-se de entupimento do órgão e de fortes dôres das parótidas, que se apresentavam tumefeitas. Por ocasião do exame foi verificado tambem edêma de ambas as pálpebras que quasi impossibilitavam a abertura dos olhos. Antros frontais e maxilares dolorosos. Laringe livre. Forte tumefação dos cartuxos inferiores que são comprimidos de encontro ao septo. Leucocitose - 14000; pulso 110; tem. -38,6. Após alguns dias teve alta curado. Acha o A. muito interessante e raro esse quadro de intoxicação iódica; chama a atenção para a laringe que se apresentava livre, bem como para o diagnóstico diferencial que levou, no caso, ao diagnóstico de cachumba.

JOSEF TREER - Sobre a capacidade do antro de Highmore sob o ponto de vista fisiológico e patológico. Pag. 681.

O A. faz estudo interessante sobre a capacidade do antro maxilar. Acha que quanto maiores forem os antros, mais sujeitos estarão êles ás infecções. Não ha relação entre o tamanho e forma do rosto e a capacidade dos antros. Estuda radiológicamente os antros, com substancia de contraste (iodipina e lipiodol), verificando o tempo de eliminação da mesma e chega ás seguintes conclusões: 1. A determinação da capacidade do antro de Highmore é muito importante não só sob o ponto de vista teórico, como prático. 2. A sua dificuldade de esvasiamento pode achar-se ligada a uma inflamação crônica do antro, tendo em vista os estudos sobre esse ponto.

MAX PORDES - Uma complicação após punção do antro maxilar. Pag. 692.

Helena O. 53 anos, sofre punção diameática dir. de que resultou pús espesso em quantidade. Volta á consulta 4 dias após, com tumefação da bochecha, que se alastra para a região tonsilar dir. Abandona a clinica para regressar 2 dias após no seguinte estado: temp. 37,5; edema palpebral, quemose; protusão bulbar, movimentos oculares diminuidos para cima e para fóra. A infiltração da bochecha invade a região têmporo-orbitária e o angulo do maxilar inf. A mucosa da bochecha da região tonsilar, bem como da parede lateral da faringe, acha-se inflamada. No mesmo dia foi operada á Caldwell-Luc; pouco pús, mucosa edemaciada. Na parede post. do antro max., vê-se um lugar cinzento-esverdeado, com perfuração central. Foi então ressecada essa zona e descoberto um abcesso. No dia seguinte a pálpebra inf. apresentou-se tambem inflamada, com um ponto corado em verde escuro. Incisado esse ponto, foi proseguida a operação, pela lámina papirácea, onde foi encontrado pús amarelo. Nêsse mesmo dia êxito letal. A necroscopia revelou as lesões purulentas nas regiões já descritas; paquimeningite; pús acompanhando as veias oftálmica e oftalmo-meningéa. Para o lado do craneo, o processo purulento segue péla fissura orbitária até a órbita. Infiltração peri-esofageana, o tecido frouxo pré-vertebral acha-se supurado. A parede lateral dir. da faringe, bem como o seio piriforme, estão necróticos.

Conclusões: 1. a punção do antro max., atravez do meato. inf, oferece grande perigo pela possibilidade de penetração da agulha na região da tuberosidade do max., levando o conteúdo do antro á fossa ptérigo-palatina; 2. em presença de sintomas inquietadores, abrir largamente o antro.

B. M. LIFSCHITZ. - Operação radical, complicada de meningite serosa consecutiva a vermes. Pag. 740.

O A. operou-radical-um doente de 19 anos por supuração fétida do ouvido esq. No ato cirurgico foram verificadas massas de colesteatoma, bem como uma exposição da dura com 3 mm. de extenção. O período post operatorio decorreu bem até 21 dias; quando o doente passou a queixar-se de dóres de cabeça, vómitos e febre. A punção lombar revelou liquido opalescente. O estado do paciente piorou a ponto de se tornar desesperador: apatia, febre, rigidez da nuca, Kernig, pulso 64. A ferida operatória achava-se curada, dando pouco pús a caixa do timpano. As fezes, examinadas, revelaram ovos de áscaris em grande quantidade, bem como de tricocéfalos. Feito o tratamento adequado, o doente restabeleceu-se no prazo de 15 dias. O A. cita casos semelhantes, bem como experiências em animais, que injetados com toxinas e extratos de áscaris, tiveram repercussão grave do sistema nervoso, de que sucumbiram.

Dr. Roberto Oliva.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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