SOCIEDADE DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA DO RIO DE JANEIRO
Realizou-se no dia 9 de Outubro de 1939, às 22 horas, a eleição para a Diretoria da Sociedade de Oto-Rino-Laringologia do Rio de Janeiro, no periodo de Outubro de 1939 a Outubro de 1940. Foi eleita a seguinte chapa: Presidente honorario: Prof. João Marinho; Presidente efetivo, Dr. Pinto Fernandes; 1.° Vice-Presidente, Dr. Duarte Moreira; 2.° Vice-Presidente, Dr. Alberto Ponte; Secretario Geral, Dr. J. Kós; 1.° Secretario, Dra. Lilí Lages; 2.° Secretario, Dr. Müller dos Reis, 3.° Secretario, Dr. Homero Carriço; Orador, Dr. Aloisio Novis; Tesoureiro, Dr. Milton Carvalho; Bibliotecario, Dr. Silvio Melo. A comissão de redação ficou assim constituida: Drs. Estevão de Rezende, A. Caiado de Castro e Aristides Monteiro.
Em seguida usou a palavra o Dr. Werneck Passos, 1.° Secretário, que apresentou o seguinte relatorio da Diretoria cujo mandato se estinguiu.
Meus senhores.
Manda o artigo 12.°, parágrafo 1.°, dos estatutos da Sociedade de Oto-rino-laringologia do Rio de janeiro, que o primeiro secretário apresente e leia, nas sessões aniversárias, um relatório das ocurrências mais notáveis e dos principais trabalhos da Sociedade durante seu mandato. Em cumprimento dêsse dispositivo regulamentar, é com a maior satisfação que nos vamos desobrigar, na medida de nossas forças, do pesado encargo.
Há precisamente um ano, nesta data - 9 de Outubro - encerrava-se, com todo o brilho, o Primeiro Congresso Brasileiro de Oto-rino-laringologia, organizado pela nossa Sociedade, sob a presidência do Prof. João Marinho. Nada faltara para seu sucesso absoluto; de todos os estados do Brasil e de outras partes da América do Sul, nossos colegas de especialidade nos trouxeram sua valiosa contribuição. Por mais breve que desejemos ser, não podemos deixar de lembrar esses fatos, para homenagear o Prof. João Marinho, que tão excelentemente dirigiu o Congresso, com sua experiência, cultura e maneira de dizer do artista da palavra, enamorado da beleza e da pureza do clássico. Esse memorável empreendimento demonstrou o valor da Sociedade de Oto-rino-laringologia do Rio de Janeiro, que, com um ano de existência, começando apenas a engatinhar, conquistava com orgulho seu primeiro triunfo, extraordinário, sensacional.
Transportamo-nos com emoção e saudade a êsses dias, que constituíram momentos de indizível satisfação para todos e que, parece, já vão tão longe...
Em seu segundo ano de existência, isto é, durante o corrente ano de 1939, foi a vida da Sociedade cheia de contratempos e, se não fôra o dinamismo de seu presidente, Dr. Ermiro de Lima, a impulsionar nossos trabalhos, talvez tivesse havido um colapso. Apesar de termos mandado a cada sócio um aviso especial, foi pequena a frequência às sessões da Sociedade. Era desejo da Diretoria, entretanto, que a Sociedade de Oto-rino-laringologia do Rio de Janeiro fosse a expressão de um trabalho coletivo de todos os especialistas de nossa Cidade, de modo a afastar qualquer feição individualista ou sectária.
Quanto à parte científica, cerca de trinta trabalhos foram apresentados na ordem do dia, dos quais se destacaram os do Prof. Marinho sôbre "Possibilidades de cura por exteriorização espontânea da mastoidite aguda e "Sincope grave por excitação do ramo auricular do pneumogástrico"; o do Dr. Davíd de Sanson sôbre "Meningites linfocitárias"; o do Dr. Renato Machado sôbre "Considerações em tôrno da cirurgia do ozena"; os do Dr. Ermiro de Lima sôbre "Laringectomia pelo método de Crowl" e Cistos do canal tíreo-glosso"; os do Dr. A. Caiado de Castro - "Alguns comentários sôbre cirurgia e anestesia das amígdalas palatinas", "Endoscopia peroral na cirurgia do divertículo do esôfago", trazendo-nos um recurso tecnico de valor nessa cirurgia, e um filme colorido exibindo a técnica d'''A cirurgia do bócio" como é praticada em seu Serviço na Assistência Municipal"; os do Dr. Mauro Pena sôbre "Radical pelo conduto" e "Broncografia"; os do Dr. Aristides Monteiro sôbre "Épulis fibróide congênito do maxilar superior', "Linfangioma do cavum" e "Colesteatoma do maxilar, esfenóide e células etmoidais";. o do Dr. Estevão de Resende sôbre "Tamponamento posterior"; o da Dra. Lilí Lages sôbre "Infecção tetânica após galvano-cauterização nasal"; o do Dr. Ision Ponte sôbre "Complicações post-operatórias da sinusite maxilar"; o do Dr. Criso Fontes sôbre "Fibroma do maxilar superior"; o do Dr. Gonzaga Neto sôbre "Dois casos interessantes de mastoidite"; os do Dr. Walter Müller dos Reis sôbre "Um caso de adeno-fleimão do pescoço com propagação para o mediastino anterior e erosão da traquéia - cura" e "Considerações sôbre o tratamento das otites médias supuradas crônicas pelos corpos espumantes"; o do Dr. Milton de Carvalho sôbre "O tratamento da oto-esclerose pela punção sub-occipital" é o do Dr. Pinto Fernandes sôbre "Acidentes de um canino incluso". Cumprenos lembrar que as páginas da Revista Brasileira de Oto-rino-laringologia, órgão oficial da Sociedade, estão publicando todos esses trabalhos.
Devemos destacar, ainda, a homenagem que esta Sociedade prestou, em sua primeira sessão deste ano, a seu antigo presidente, General Álvaro Tourinho, a quem ela muito deve pelos benefícios prestados, entre outros o de proporcionar-lhe, desde seus primeiros passos, facilidades na obtenção de local para suas sessões.
E, para terminar, queríamos apenas dizer que, confiante na futura Diretoria, pelo nome que a encabeça, o do Dr. Armando Pinto Fernandes, esperamos que a Sociedade de Oto-rino-laringologia do Rio de Janeiro, que faz hoje dois anos, continue a trabalhar pelo progresso constante da especialidade e pela conquista de maiores triunfos na evolução ascendente da Oto-rino-laringologia Brasileira.
SECÇÃO DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA Reunião de 17 de março de 1939
Presidida pelo dr. Ernesto Moreira, secretariada pelos drs. Rezende Barbosa e Gentil Miranda, realizou-se no dia 17 de março de 1939 uma reunião da Secção de Oto-rino-laringologia da Associação Paulista de Medicina.
Expediente:
Foi lida uma carta do dr. Gabriel Porto, dirigida á mesa, por meio da qual agradeceu a indicação do seu nome como relator de um tema sobre a especialidade e que representará a Secção na Semana de Cirurgia, promovida pela Associação Paulista de Medicina e Secção de Cirurgia no mez de maio. Ainda no expediente, o dr. Mario Ottoni de Rezende comunicou á Casa que muito em breve sairia publicado o 1.° numero de Revista Brasileira de Otorino-laringologia, que sucederá á "Revista Oto-laringologica de S. Paulo", de acordo com as combinações havidas no Rio e resto do Paiz.
Ordem do dia: CALCULOSE DO CANAL DE WHARTON - Dr. E. Faria Cotrim.
O assoalho da boca, apresenta 2 sulcos: um á esquerda e outro á direita da lingua, além desses 2 sulcos descritos observamos ainda outros dois seguindo paralelamente a mandíbula. Os sulcos para-linguais, pela sua junção formam o canal de Wharton. Os sulcos externos formam uma serie de cristas que dão origem a envaginações que por sua vez formam a sub-lingual. São justamente nessas bridas ou cristas forradas por tecido epitelial que se desenvolvem as ranulas, segundo a opinião de Cuneo e Veua. Estes AA. atribuem a formação de ranulas na vida fetal, desenvolvendo-se progressivamente com o evoluir do organismo. O canal de Wharton é um prolongamento da glandula sub-maxilar, que tocando o bordo posterior do milo-hioidêo, acompanha a sublingual, seguindo esta até a sua saída no freio da língua. Este canal é excretor da sub-maxilar, longo, largo, semelhante a uma veia, a parte terminal é livre, curvado um pouco para cima, vem terminar no freio da língua, aí fazendo uma pequena eminencia. E' facil o cateterismo. Não obstante a sua tenuidade ele é muito resistente. Tillaux, demonstrou a veracidade desse facto, injectando liquido no interior do mesmo, sem obter dilatação, deixando-o, entretanto, sobre pressão constante, conseguiu a referida dilatação. Nessas condições concluímos que o canal de Wharton pode ser a séde de tumores, desde que haja um empecilho á sua saída. Daí deduziremos que a glandula sub-lingual á comumente a sede de desenvolvimento da ranula, e a calculose encontradiça no canal de Wharton. A nossa observação se enquadra neste ultimo caso.
A paciente, T. S., de 22 anos de idade, casada, branca, natural de Yugo-Slavia, estando em tratamento dos dentes, procurou a clinica á conselho do profisisonal que a tratava.
Ao exame apresentava dentes em mau estado; do lado esquerdo do freio da língua mais ou menos na junção dos dois terços posteriores com o terço anterior, notamos uma elevação de aspecto perlaceo do tamanho de um incisivo lateral, indolôr á pressão, de consistencia dura e imovel. A doente não se queixava de dor, apenas a sensação de um, corpo estranho nos movimentos da língua. Em vista do exposto achamos conveniente proceder à biopsia para esclarecimento do diagnostico Histo-patologico; esta foi executada pelo dr. Moreira, que com grande surpresa observou á saída um corpo em forma de uma piramide truncada do tamanho de um incisivo lateral, de côr amarelada, superfície irregular e resistente ao tacto, conforme os colegas poderão verificar pela peça apresentada.
Dessa simples observação que os colegas acabam de vêr, podemos tirar as seguintes deduções: Sempre que pelo exame do assoalho da boca observarmos uma formação identica que acabamos de relatar, poderemos pensar quasi sempre numa calculose no canal de Wharton, ao passo que um tumor mole de forma regular, movel, de localização mais lateralizado leva-nos a pensar em uma formação de ranula.
Comentarios:
Dr. Roberto Oliva: A respeito do assunto deve lembrar um caso comunicado á Sociedade de Medicina, de calculos gigantes na glandula submaxilar, dois calculos articulados entre si cada um de 6 cts. de comprimento aproximadamente. Interessante que esses calculos recidivaram e posteriormente numa 3a. vez foram retirados 3 calculos desse doente.
Dr. Ernesto Moreira: Esses calculos da sub-maxilar de fáto não são muito frequentes, mas muito mais raros são aqueles observados na sub-lingual. Ha pouco tempo, num caso de calculo enorme da sub-maxilar, todos pensamos num tumor, e feita a biopsia com o bisturi o calculo saltou. No mais felicitamos o A. pela interessante comunicação apresentada e o convidamos que continue a frequentar e colaborar com a Secção.
ALGUNS DADOS DE APLICAÇÃO PRATICA NA ACUMETRIA - Dr. J. E. de Rezende Barbosa.
O A. tratou em poucas palavras do manejo pratico das provas mais corriqueiras de acumetria e deteve-se em considerações a respeito de alguns pontos falhos e paradoxais na interpretação dessas provas de audição. Considerou as falhas possiveis e que são inumeras quando essas provas são executadas em consultorio medico sem os requisitos necessarios á sua execução. Finalmente, o A. chamou a atenção para os resultados incertos e mesmo paradoxais das provas de Rinne, Schwabach e Weber.
Comentarios:
Dr. Cicero Jones: Referiu que é possivel realizar-se o test a distancia de 3 mts., estando o medico voltado de costas em voz cochichada, numa sala forrada de celotex e portanto sem haver reforço do som. A posição do diapasão é muito importante e uma posição muito aconselhada é aquela de se colocar o eixo do diapasão no mesmo sentido do eixo do conduto auditivo.
Dr. Roberto Oliva: O A. mostrou os diversos meios de se evitarem os erros num exame otologico, mas por mais que o otologista se precavenha de evitar possiveis erros, nem assim está em condições de chegar á uma conclusão absoluta, aplicando todos esses tests.
Conjuntamente com o A. temos visto casos de tests aplicados com resultados paradoxais, recentemente num caso de surdez em que quasi todos os nervos se achavam lesados o paciente apresentava uma surdez de condução quando devia apresentar uma surdez de percepção. Propõe ao A. que traga para uma proxima sessão os casos paradoxais que temos visto na Santa Casa, o que seria uma corroboração de sua comunicação.
Dr. Ernesto Moreira: Pediu ao A. fazendo suas as palavras do dr. Oliva a apresentação, em breve, na Secção, dos casos paradoxais observados, trazendo para eles, si possivel, uma explicação, assim como uma apreciação dos casos com o diapasão na direcção do eixo do conduto.
Antes de encerrar a reunião felicitou o A. por mais essa interessante contribuição trazida á Secção.
Reunião de 17 de abril de 1939
Presidida pelo dr. Ernesto Moreira e secretariada pelos drs. Rezende Barbosa e Gentil Miranda realizou-se, em 17 de abril de 1939, uma reunião da Secção de Oto-rino-laringolologia da Associação Paulista de Medicina. Expediente:
Foi lida e aprovada a ata da reunião anterior.
Foi lido um oficio do presidente da Secção de Tisiologia da Associação, comunicando a proxima realização do Congresso Brasileiro de Tuberculose e convidando a Secção para aderir ao mesmo. Foi comunicado á Casa o contendo de uma carta particular que o dr. Eduardo Casteran, secretario geral do 1.° Congresso Sul-americano de Oto-rino-laringologia enviou ao sr. presidente, avisando-o de um oficio que o Comité Central do referido Congresso endereçou á referida Secção, convidando-a a participar desse futuro Congresso.
Dr. Rezende Barbosa: Comunicou que a secretaria, por enquanto, não recebeu tal oficio. A respeito do 1.° Congresso Sul-americano de Oto-rinolaringologia á reunir-se em 1940 em Buenos Aires, tem a comunicar á Casa que ha dias esteve em contáto directo com a Secretaria do Comité executivo do mesmo, em Buenos Aires, na pessoa de seu digno secretario-geral, dr. Casteran. Trouxe a impressão do exito certo do futuro Congresso, pois os nossos colegas argentinos encontram-se trabalhando desde já e com vontade. De outro lado verificamos que os mesmos contam, e disso estão seguros, com a colaboração cerrada de todos especialistas brasileiros, quer em numero de participantes, quer em material cientifico. Como deixou claro o prof. Segura, durante o ultimo Congresso Brasileiro reunido no Rio de Janeiro, os especialistas brasileiros arcam, no momento, com um compromisso de honra para com o exito do futuro Congresso Sul-americano de Oto-rinolaringologia, pois dos mesmos partiu a idéia de sua realização. Em seguida, o orador passou a ler um comunicado da Secretaria-geral do Congresso e que será publicado em tempo oportuno.
Dr. Hartung: Apoiou as palavras do dr. Barbosa, quanto á responsabilidade que pesa, no momento, sobre os ombros dos especialistas brasileiros, para com o exito do Congresso Sul-americano. De outro lado, como é do conhecimento de todos, encontra-se de partida para Buenos Aires, onde representará a Oto-rino-laringologia nacional na proxima reunião da Sociedade Rio-platense de Oto-rino-laringologia. Lembra á Casa que, em vista da impossibilidade do prof. Moraes, da Baía, seguir tambem para Buenos Aires, o orador representará, sósinho, a Oto-rino-laringologia brasileira, fato de sumo relevo para a nossa Secção. Comunicou, tambem, que dissertará nessa ocasião, como relator oficial, sobre a "Leishmaniose das mucosas". Propõe, outrosim, que se oficie á Sociedade Rio-platense de Oto-rino-laringologia agradecendo a honra que nos conferiu abrindo suas portas a um de nossos associados.
Sr. Presidente: Encontram-se em discussão o oficio de adesão ao Congresso de Tuberculose e a proposta do dr. Hartung.
Dr. Paulo Sáes: Propõe que em vista de não termos recebido ainda o oficio da Secretaria-geral do Congresso Sul-americano e da necessidade de uma resposta imediata, que se coloque em votação a adesão da nossa Secção ficou ferido no rosto, pavilhão esquerdo e nada mais. Dois dias após, sentindo-se surdo á esquerda, procurou-nos aqui, em São Paulo. Encontramos, no hemitimpano posterior uma linha vermelha que descia perpendicularmente, uma verdadeira miringorragia associada á timpano azulado devido ao hematotimpano concomitante. Cura. A explicação desse caso seria a de uma contusão indireta da membrana por um choque hidro-pneumatico.
Dr. Homero Cordeiro: Citou o caso que observou ha anos, quando interno na Clinica do prof. Marinho, de uma rutura da membrana timpanica por um beijo ardente.
Dr. Gabriel Porto: Afirma não serem raros esses casos. Já observou diversos, principalmente na Revolução Paulista de 1932, em consequencia de deslocamentos de ar perto das peças de artilharia e explosões de granadas.
Sr. Presidente: Após tecer algumas considerações sobre os casos apresentados agradeceu ao A., em nome da Casa, por trazer a plenario casos tão interessantes, despertando curiosidade e discussão entre os presentes.
SOBRE ALGUNS CORPOS ESTRANHOS MAIS RAROS DO NARIZ - Dr. Friedrich Müller.
O A. comunica á Casa uma serie de corpos estranhos raros, do nariz. O 1.° caso, um percevejo, penetrou na mucosa nasal e, favorecido pelo desvio do septo, ficou preso ao corneto inferior, ocasionando, como unico sintoma, hemorragias nasais repetidas. O 2.° caso um fragmento de madeira permaneceu no nariz de uma senhora pelo espaço de 35 anos; no 3.° caso, muito interessante, de um paciente que, procurando alivio de suas dores de introduziu nas narinas ramos de pinheiro. Cita, ainda o A., o caso de um menino com fragmento de borracha encrustada e o de uma senhora, com 60 anos de idade, com miíase nasal. Lembra, finalmente, o caso triste de um colega que, portador de uma miíase nasal, fizeram-lhe diagnostico de carcinoma, tendo o mesmo, em desespero, se suicidado.
Comentarios:
Dr. Hartung: Deve referir o caso de uma moça que teve o diagnostico de ozena por parte de um clinico inconsciente e durante 06 anos essa moça sofreu profunda hipocondria, até que aconselhada por seu dentista procurou um especialista e este extraíu um grão de bico, tendo desde então desaparecido o mau cheiro que apresentava.
Dr. Rubens de Brito: Sempre ouviu dizer que as moscas só pousavam nos narizes sifiliticos, ozenosos, entretanto teve ocasião de observar um caso, onde uma mosca tendo penetrado no ouvido de um moço, produziu quantidade enorme de pequenas larvas sem que contudo o ouvido se apresentasse congesto ou com perfuração.
Dr. Rezende Barbosa: Tendo revisto o classificador do Hospital Municipal para efeito estatistico dos corpos estranhos do nariz, encontrou um numero de 7, sendo um em pessoa adulta e 6 em crianças de idade escolar; em 3 dessas eram os corpos estranhos bilaterais e a natureza de todos borracha, bolinha de papel e grão de feijão. Caso de miíase ainda não foi registrado.
Dr. Ernesto Moreira: Para a retirada das larvas em nosso serviço, costumamos colocar o doente em posição de decubito e pingarmos cloroformio no nariz, si as larvas persistem. costumamos empregar o mercurio doce.
Nada mais havendo a tratar foi encerrada a reunião.
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