Graças á generosidade do falecido filantropo Conde de Lara poude, a Santa Casa, construir o edificio destinado, a congregar todo o serviço de "Ambulatorios" de seu Hospital Central. Este edificio, dedicado á seu doador, tomou o nome de "Ambulatorio Conde de Lara-, dentro do qual, alem de outras, foram inauguradas, no dia 15 de Janeiro de 1939, as novas instalações do "Ambulatorio de Oto-rino-laringologia e Cirurgia Plastica" - de Chefia do Dr. Adolpho Schmidt Sarmento, substituto do Prof. Dr. Henrique Lindenberg, já falecido.
Anos a fio, acomodado deficientemente, e preenchendo um serviço vultuoso, de beneficios ao proximo sofredor, realisado graças a abnegação e bôa vontade dos medicos cujos nomes estarão para sempre ligados ao Instituto, o Ambulatorio, isto é, a Clinica Otorino-laringologica e de Cirurgia Plastica da Santa Casa, passou a funcionar em amplas salas, montadas a capricho, e onde o socorro caridoso, aos doentes, poderá ser prestado mais amplamente e, sobretudo, mais confortavelmente para quem o pratica, disto resultando, como natural, maior eficiencia de resultados.
Já era tempo que a Santa Casa dirigisse seu olhar para este grupo de trabalhadores e seus amigos, que muito lutaram, por longos anos, sem o conforto fisico que lhes era devido. A generosidade de alguns de nossos patricios, permitiu que Ela pudesse preencher este áto de justiça que foi realisado com a inauguração de 15 de Janeiro de 1939.
Inumeras pessôas amigas, Senhoras e Cavalheiros, acorreram, com simpatia, ao áto inaugural presidido pelo Diretor Clinico da Santa Casa, Exmo. Snr. Dr. Synesio Rangel Pestana, ladeado pelo D.D. Mordomo do Hospital Central, Dr. Augusto Meirelles Reis e pelo Exmo. Snr. Dr. F. Machado de Campos, ex-presidente da extinta Camara Municipal de S. Paulo.
Ao considerar inaugurado o serviço de Ambulatorio da Clinica de Oto-rino-laringologia e Cirurgia Plastica da Sta. Casa de Misericordia de S. Paulo, o Dr. Synesio Rangel Pestana proferiu as seguintes palavras:
Exmo. Sr- Provedor Substituto. Exmo. Sr. Mordomo do Hospital Central. Exmo. Sr. Dr. Francisco Machado de Campos - Presidente da Camara Municipal de 1936. Exmo. Sr. Dr- Antonio Candido Vicente de Azevedo - Vereador Municipal de 1936. Exmo. Sr. Dr. J. J. da Nova - Presidente da Policlínica de S- Paulo. Exmas. Snras. Meus Senhores.
A Irmandade da Santa Casa de Misericordia de S. Paulo, vencendo grandes dificuldades, afrontando ventos adversos, vae aos poucos, de etapa em etapa, cobrindo o aspero caminho do destino que lhe foi traçado.
Sentindo a necessidade de separar o seu serviço externo da intimidade do seu hospital, atendendo a razões higienicas, disciplinares e de técnica hospitalar, acalentou por muitos anos o sonho de possuir um ambulatorio central onde pudesse acomodar todas as especialidades, ao serviço da população pobre desta Capital, para tratamento de molestias cujos casos clínicos não exigem hospitalisação. Quem fez a sua vida no ambiente de um hospital geral, não tem duvidas sobre as vantagens de um ambulatorio bem construído, bem aparelhado, servido por profissionais competentes, afeiçoados a todas as especialidades em que se divide a atividade clinica moderna.
E' verdade banal a afirmação de que um bom Ambulatorio reduz, n'uma proporção bem alta, a necessidade de internação de doentes. Daí, vantagem economica para a administração, vantagem imediata para o doente, que não sofre os horrores da superlotação, vantagem cientifica para o medico porque permite melhor estudo dos casos clínicos.
Orientado por essa convicção amadurecida em larga vida hospitalar, o atual diretor clinico dos hospitais da Santa Casa de Misericordia de S. Paulo, logo depois de assumir o exercício do seu- cargo, em 1927, cogitou de se aparelhar para iniciar o bom combate em favor do seu ideal.
Promoveu uma serie de festas e de outros processos para obter recursos materiaes, que ficou na historia da Irmandade, com o nome de "SEMANA DA SANTA CASA", interessando nessa obra de altruismo as mais nobres damas de nossa alta sociedade. O que foi esse empreendimento, ainda não se apagou da memoria dos contemporaneos. Dois mil e trezentos contos entraram para os cofres da instituição e serviram, principalmente, para os dois objetivos maiores da campanha caridosa. Mil contos foram destinados á construção do primeiro hospital para tuberculosos indigentes de S. Paulo e dai nasceu a explendida realidade que é o Hospital S. Luiz de Gonzaga. Outros mil contos foram destinados a este ambulatorio, que devia nos custar mais de dois mil contos e o restante foi utilisado para auxiliar, com menores parcelas, diversas obras novas do Hospital Central, como o pavilhão de cirurgia feminina, o pavilhão Fernandinho Simonsen, a enfermaria do Asylo Sampaio Vianna
Quando me empenhei para dar inicio á construção deste ambulatorio, sofri criticas, embora delicadas, desanimadoras para um espirito fraco. Houve quem julgasse uma loucura levantar este edifício, nas suas paredes externas de alvenaria e na sua cobertura, sem os recursos necessarios para o acabamento.
Comuniquei desde logo o meu plano a esse admiravel Rezende Puech, meu saudoso e querido Amigo ha pouco tombado á margem de sua gloriosa estrada de triunfos. Recebi d'ele caloroso apoio, que rime deu animo para, com o auxilio de seus notaveis conhecimentos de técnica hospitalar, estudar e dar as indicações precisas para o projeto deste imponente blóco, que empolgou o seu espirito entusiastico pelas grandes obras hospitalares, levando-o a traçar com carinho, não só as linhas mestras desta grande construção, como a esboçar os menores detalhes em que era mestre inexcedivel. Da sua competencia n'essa dificil especialidade de arquitetura hospitalar, nasceu este belo monoblóco, artisticamente desenhado e superiormente executado pelo Escritorio Técnico de Engenharia da Irmandade, sob a competente e dedicada chefia do ilustre Engenheiro Olavo Caiuby.
O edificio estava de pé, fechado pela alvenaria de tijolos e coberto, tendo consumido a quantia que lhe fóra destinada. O acabamento, mais demorado e mais dispendioso, era a minha preocupação de todas as horas, que me roubava momentos de sono e de tranquilidade. Não desesperei porém, porque a minha fé era imensa, na generosidade da nossa gente, na larga visão de progresso e no amõr á nossa terra, que caracterisam o povo de S. Paulo. Como S. João Bosco, eu confiava na Providencia Divina, que não nos havia de desamparar. E assim foi. As obras estiveram estacionadas durante longos mezes, por falta de numerario. Aos poucos os recursos foram aparecendo.... O Professor Pinheiro Cintra, que havia recebido um grande donativo para remodelação da sua clinica, interessado em afastar do seu serviço, o frequentadissimo ambulatorio a ele anexo, porque na clinica pediatrica, ainda maiores são os inconvenientes da promiscuidade entre doentes internos e externos, ofereceu-me o auxilio de cento e quinze contos, prefixado para a adatação de metade do segundo pavimento do Ambulatorio, para ser instalado ai o seu serviço externo, que já está pronto e em breve começará a funcionar.
Logo depois os distintos colegas do ambulatorio de oto-rino-laringologia se movimentaram para conseguir recursos para a instalação da sua secção no novo ambulatorio- Viviam eles desesperados com a situação lamentavel em que exerciam a sua especialidade, com um consultorio frequentadissimo, onde um grupo de notavies especialistas chefiados pelo ilustre Schmidt Sarmento, faziam prodigios para tornar eficiente o seu trabalho, aumentando a sua produção. Os seus esforços encontraram éco na Camara Municipal de S. Paulo, na legislatura de 1936-938_ Por felicidade nossa, fazia parte desse corpo legislativo Municipal um nosso companheiro, medico adjunto do mesmo serviço, que tomou a si a incumbencia de propor á Camara um auxilio para o acabamento do andar destinado á otorino-laringologia. A esse operoso vereador e ilustre especialista, o Dr. Antonio Candido Vicente de Azevedo, devemos o auxilio de duzentos contos votado em 1936. Faltavam os meios para o necessario equipamento da secção e então puzeram-se em campo alguns dos adjuntos do serviço e especialmente, Mario Ottoni de Rezende, que, valendo-se de suas relações sociaes, de sua simpatia insinuante e do,prestigio do seu nome conseguiram tudo quanto quizeram. Entre os grandes doadores para esta secção, so bresáe o nosso carissimo Irmão Protetor, Sr. José de Sampaio Moreira, cujo espirito altruistico já era bem conhecido da Irmandade Entre os doadores de menor quantia, encontram-se amigos da Santa Casa, não menos generosos que os de grandes quantias e que não merecem menos a gratidão desta Irmandade.
Antes desta secção, a primeira inaugurada, foi o Ambulatorio de clinica urologica, para o qual, graças á dedicação e ao prestigio do reputado Professor Dr. Luciano Gualberto, o Governo do Estado concorreu com cento e quinze contos para o seu acabamento e com outras grandes quantias para o seu aparelhamento, que contou tambem com o auxilio pessoal d'aquele ilustre Professor e de seus amigos.
Ao lado desta inauguração modesta, não festiva, porque se trata mais da instalação da secção, para reinicio do trabalho interrompido, no interesse do arranjo de suas salas e do seu equipamento, para o alegre dia de hoje, tambem devemos inaugurar a secção de cirurgia plastica e a de clinica Neurologica, instalada modestamente em algumas salas deste Pavimento. Prestando homenagem justa e merecida á Camara Municipal de São Paulo, da legislatura de 1938, resolveu muito justamente a Mesa Administrativa da Irmandade, dar a todo este andar o nome de Pavimento Camara Municipal de S. Paulo - legislatura de 1936-1938, colocando esta inscrição, em placa de bronze imperecivel, em lugar de destaque neste piso. Cumpre assim a Irmandade um dever de gratidão perpetuando neste distico a acção benemerita dos ilustres homens publicos que constituíam o legislativo Municipal de S. Paulo naquela época, coletivamente, sem destacar nomes, pois foi o voto unanime de todos eles que permitiu ao ilustre e benemerito Prefeito, Fabio da Silva Prado, dar a sua assinatura á louvavel resolução da Camara Municipal de S. Paulo.
Tambem foram prestadas homenagens nesta secção a dois grandes amigos e servidores da Santa Casa. Na sala de exames de doentes, a Mesa Administrativa, atendendo ao piedoso desejo de sua filha, nossa Irmã Protectora D. Francisca de Sampaio Monteiro da Silva, que fez vultosa doação á Santa Casa, com o intuito de prestar homenagem á memoria de seu Pae, mandou colocar uma placa com o nome do saudoso Irmão Francisco de Sampaio Moreira, honrado comerciante que aqui viveu longos anos, deixando grata lembrança de sua individualidade e na sala de operações foi colocada uma placa com o nome do saudoso Professor Dr. Henrique Lindenberg, chefe de clinica que prestou relevantes serviços ao Hospital, na sua especialidade. Na sala de reunião, os seus adjuntos mandaram colocar artístico medalhão de bronze, para perpetuar a memoria dos seus grandes meritos.
Si o brilho desta festa intima tem a embaça-lo a falta de Rezende Puech, o animador entusiasta desta obra, que a morte implacavel nos roubou e a ausencia de Adolpho Schmidt Sarmento, o chefe de clinica desta secção, notavel como mestre, orientador e diretor e perfeito como exemplo de trabalho, de probidade profissional e de amor a esta Casa, a que ele serve ha mais de 26 anos ininterruptos e hoje afastado do nosso convívio, temporariamente, por insidiosa molestia, temos para compensar esse dez gosto a presença do eminente Presidente da Camara Municipal de 1936, o nosso Irmão Benemerito Dr. Francisco Machado de Campos e de vereadores d'aquella legislatura, aos quaes devemos o vultoso donativo de duzentos contos de reis, cujo projeto foi promulgado pelo ilustre e operoso ex-Prefeito, Fabio da Silva Prado, que permitiu a realidade desta instalação, e que os tornou credores de nosso eterno reconhecimento.
Esse sentimento nós o confessamos publicamente, com a humildade e a gratidão de quem se julga devedor .
A secção de cirurgia plastica, ficará sob à competente direção do medico adjunto, Dr. José Rebello Netto, notavel especialista de reputação firmada no nosso meio.
Faz parte da secção de oro-nino-laringologia o gabinete de endoscopia peroral, entregue á habilidade e á pericia do distinto especialista, Dr. Plínio Freire de Mattos Barretto.
A secção de clinica neurologica, que devia ser entregue á chefia de um grande Mestre, tambem desaparecido, de um módo tragico e belo ao mesmo tempo, porque caiu fulminado na linha de frente, em pleno exercício do seu brilhante magisterio, não teve a fortuna de ser. por ele instalada, no sentido material da expressão. Mas vae ser inaugurada por ele mesmo, em efigie, no artístico trabalho de Galileu Emendabili, um escultor de nome feito. O eminente neurologista brasileiro, chefe da escola neurologica paulista, o saudoso Enjolras Vampré, presidirá a esta solenidade e entregará a direção deste novo serviço do nosso Hospital Central ao seu discípulo dileto, ao continuados do seu ensino, ao sucessor na Catedra e no Hospital, Adherbal Tolosa, especialista acatado pelo seu talento, pelo seu preparo e pela sua pratica, ao lado do Mestre insigne e hoje consagrado pelas provas brilhantes de um concurso notavel em que conquistou notas distintas.
Em nome do Exmo. Sr- Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericordia de S. Paulo, declaro inauguradas as secções de oto-rino-laringologia, dc cirurgia plastica, de endoscopia peroral e de neurologia do Ambulatorio Conde de Lara.
Agradeço, muito penhorado, á Camara Municipal de S. Paulo, da legislatura de 1936-1938, ao ex-Prefeito Fabio da Silva Prado, aos generosos doadores, o auxilio que prestaram para a realisação desta obra de assistencia á população pobre de S. Paulo.
Agradeço aos Chefes de Clinica das secções hoje inauguradas e aos seus distintos e abnegados adjuntos, a colaboração dedicada e eficiente para o maior brilho dos serviços da Santa Casa e os convido a reiniciar amanhã o trabalho interrompido, com o mesmo entusiasmo, a mesma dedicação, a mesma assiduidade, a mesma probidade a que nos habituaram na longa jornada já percorrida..
Grande salva de palmas coroou ao interessante discurso do Exmo. Snr. Dr. Diretor Clinico que, em seguida, deu a palavra ao Dr. Mario Ottoni de Rezende, adjunto do Serviço que, respondendo pelo Chefe de Clinica, ausente por motivos imperiosos, disse' -o seguinte:
Exmo. Snr. Dr- Synesio Rangel Pestana, D.D. Diretor Clinico do Hospital Central da Sta. Casa de Misericordia de S. Paulo; Exmo. Snr. Dr. Meirelles Reis, D.D. Mordomo desta Casa; Senhores Ex-vereadores da extinta Camara Municipal de S. Paulo; minhas senhoras, meus senhores.
Não fôra a ausencia, nesta tribuna, de nosso digno chefe, Dr. Adolpho Schmidt Sarmento, de quem a mólestia impede a presença, e a nossa alegria, o nosso contentamento, meu e de meus dignos companheiros de trabalho, seriam imensos.
Bueno de Miranda foi o fundador do Serviço de O.R.L. deste Hospital, e a Sta Casa muito lhe ficou a dever, e pelo esforço tenaz que, sosinho, dispendeu, aqui, por anos a fio, lutando contra a deficiencia do conhecido na Especialidade, na epoca em que trabalhou, e com o aparelhamento exíguo então existente.
Bueno de Miranda, com J. J. da Nova, foram os precursores da O.R.L. em S. Paulo. Aqui tudo estava por fazer-se e, ainda mais, no que se referia ás afecções proprias ao nosso meio, as leiahmanioses, as blastomicoses, as actinomicoses, etc, que constituíram as questões de suas predileções. A pequenez do ambiente de trabalho e de recursos não permitiram á Bueno de Miranda fazer mais do que fez. Com o advento da Faculdade de Medicina, retirou-se, este batalhador, do convívio da Sta. Casa, cedendo lugar aos dois verdadeiros introdutores da cirurgia especializada moderna em S. Paulo, o Prof. Henrique Lindenberg e o Dr. Adolpho Schmidt Sarmento.
Lindenberg, em meiados de 1912 e Schmidt Sarmento em fina deste mesmo ano, haviam chegado, de Vienna, carregando aquela bagagem de admiraveis conhecimentos que na Escola de Politzer e Urbantschtisch tinham aprendido com rara maestria.
Cada qual por seu lado, um e outro, forma uma pleiade de discípulos que, muitos deles, abrilhantam, hoje, a constelação dos oro-rino-laringologistas de S. Paulo
Lindenberg nomeado professor da então novel Faculdade de'Medicina de S. Paulo, chamou Sarmento para seu companheiro de catedra e, assim, de mãos dadas, ensinaram o que sabiam, e era muito, a todos os que quizeram aprender e conhecer a Oto-rino-laringologia.
Como professores nada ocultaram de seu saber.
Lindenberg morreu moço pelo esforço feito. Aos jovens incumbe levantar o facho rubro do trabalho e seguir a escola dos mestres.
O Hospital Central da Sta. Casa de Misericordia de S. Paulo foi a alma mater da Oto-rino-laringologia paulista e, se o foi, dispondo dos acanhadissimos recursos de cujas restrições o terminus hoje se assinala, o que não será após o funcionamento deste amplo serviço que a bondade, de tantas almas generosas, nos proporcionou a honra de hoje inaugurar
Dentre estes vultos generosos e bons permitam-nte destacar o do Exmo. Dr. Fabio Prado, ex-prefeito de S. Paulo, dos Exmos. Snrs. ex-vereadores municipais que com tanta elevação quizeram votar os recursos necessarios pedidos pelo nosso caro campanheiro de trabalho, o Dr. Antonio Vicente de Azevedo, que possibilitaram as installações atuais do Ambulatorio de O.R.L, e do Exmo. Snr. José de Sampaio Moreira, que imensamente favoreceu-nos a compra do instrumental cirurgico indispensavel ao Serviço e com estes os de todas as demais pessõas amigas que, umas mais, outras menos, dignaram-se atender ao nosso pedido de cooperação, em beneficio dos pobres necessitados.
Para o completo acabamento dos serviços seriam necessarias somas de numerario, ainda maiores, pois nos faltam: o instrumentario para aplicações fisioterapicas; uma instalação para o serviço de radiografia, imprescindivel ao diagnostico oto-rino-laringologico; as instalações de nossa sala de palestras medicas; o mobiliario do Háll central e muitas outras pequenas coisas que mesmo a melhor previsão deixa escapar.
A reforma completa do sistema de trabalho, agora, introduzida pelas melhores condições do ambiente, importará no melhor serviço para, os doentes e exigindo, assim, maiores atenções e esforços de meus distintos companheiros. A parte cientifica, com o fichamento dos casos clinicos interessantes, aperfeiçoar-se-á, e o estimulo ao estudo aumentará pelo interesse dispertado pelas modalidades nosologicas estudadas. De principio o cansaço e a exigencia de observações bem cuidadas trarão, a muitos dos nossos, certo elemento de desanimo, mas a continuidade realçará a beleza da ciencia pela ciencia, e os frutos do trabalho coroarão o esforço despendido, alem do que o habito tornará desapercebida a estafa da caminhada.
Apoiada a Clinica de O.R.L. á Clinica Neurologica, como aqui se vê, melhores e mais afinados resultados serão obtidos. A Escola nova de Vampré, unida, como está, á Escola oto-rino-laringologica de Lindenberg, fará produzir, com esta simbiose, muito mais que quando separadas. Não se pôde compreender Neurologia sem Oto-rino-laringologia e vice-versa. Seus territorios são tão entrelaçados que o convivio entre ambas era imprescindivel e, felizmente, está hoje amplamente realisado nesta Casa.
Sejam minhas derradeiras palavras as de afetuosa lembrança destes dois grandes vultos da medicina Paulista, Vampré e Lindenberg, que tanto souberam honrar e dignificar esta Casa, onde viveram, trabalharam, ensinaram e morreram trazendo nos labios o sorriso superior, de um dever cumprido. Honra á Eles.
Terminada esta oração, de agradecimento, o Exmo. Snr. Presidente da Mesa deu a palavra ao Prof. Dr. Adherbal Tolosa que, tambem, agradeceu a inauguração. que na mesma ocasião se fazia, do Ambulatorio da Clinica Neurologica do Hospital Central dei Santa Casa de Misericordia. Com palavras sentidas pelo, ainda proximo, passamento inesperado do Prof. E. Vampré, o Prof. Tolosa, seu discipulo, recordando sua memoria, disse do entusiasmo que Ele tinha por vêr unidas as duas Clinicas de sua predileção: Neurologia e Oto-rino-laringologia. O Prof. Tolosa inaugura, em seguida, o busto do eminente Prof. E. Vampré que ao lado do do Prof. Henrique Lindenberg, encontra-se, tambem, na sala de palestras de ambas as Clinicas:
Terminado o áto inaugural foi proporcionada uma visita geral ás novas instalações dos serviços inaugurados e oferecida lauta mesa de doces aos convidados.
O corpo Clinico da "CLINICA OTO-RINO-LARINGOLOGICA E CIRURGIA PLASTICA DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE S. PAULO" está assim constituido: Chefe: Dr. Adolpho Schmidt Sarmento; Adjuntos: Drs. Mario Ottoni de Rezende, Roberto Oliva, Francisco Hartung, Ernesto Moreira, J. Rebelo Neto, Sylvestre Passy, Paulo Sáes, J. E. de Paula Assis, A. Vicente de Azevedo, Sylvio Ognibene, A. Camargo Penteado, Angelo Mazza, Othoniel Bueno Galvão, J. E. de Rezende Barbosa, F. Prudente de Aquino, Plinio Mattos Barretto e E. Faria Cotrim.
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