O Congresso decidiu a creação: 1º - De um Comité Internacional permanente para o estudo do "Scleroma", sob a direcção do Prof. Belinoff (de Sophia). 2º - De um Comité Internacional permanente para o estudo da "Otosclerose", sob a direcção do Dr. Mayer (de Vienna). 3º - De um Comité Internacional permanente para o estodo do "Cancer em O. R. L.", sob a direcção do Prof. Tapia (de Madrid) e Dr. Hautant (de Pariz).
SOCIEDADE FRANCEZA DE OTO-RHINO-LARYNGOLOGIA Congresso de 1.932
Como nos annos anteriores, esteve reunido em Pariz, de 19 a 22 de Outubro ultimo, sob a presidencia do Dr. Hautant, o Congresso da Sociedade Franceza de 0. R. L. de 1932, que, apesar do recente Congresso de Madrid, manteve o mesmo brilho dos outros precedentes. O interesse scientifico deste anno, esteve centralisado na questão ethmoidal: "Ethmoidite aguda e chronica", tanto no ponto de vista clinico com no therapeutico. Foram relatores os Drs. Maurice Bouchet e Louis Leroux, que trouxeram, ao estudo dessas questões, as qualidades de precisão e bom senso que lhes são peculiares.
XXVIIIº CONGRESSO DA SOCIEDADE ITALIANA DE LARYNGOLOGFA, OTOLOGIA E RHINOLOGIA.
Realizou-se em Roma, nos dias 18, 19 e 20 de Novembro ultimo, o XXVIII. Congresso da Sociedade Italiana de. Laryngologia, Otologia e Rhinologia. A questão "Nevróse reflexa de origem nasal", foi o assumpto principal deste Congresso, tendo como relatores os Prof. Carrari, Giussani e Palestrini. Nos próximos numeros resumiremos os principaes trabalhos apresentados nos Congressos acima citados.
A classe medica paulista foi tristemente surprehendida no dia 15 de Dezembro ultimo, com a noticia da morte de seu estimado collega Dr. Ignacio Bueno de Miranda, um dos mais antigos oto-rhino-laryngologistas desta Capital e dedicado Director da Policlinica de S. Paulo.
Nas sociedades medicas foram-lhe prestadas sentidas homenagens: na Sociedade de Medicina e Cirurgia de S. Paulo, usou da palavra o Prof. Paula Santos; na Associação Paulista de Medicina (Secção de Oto-Rhino-Laryngologia), o Dr. Raphael da Nova, que pronunciou a seguinte oração:
Meus senhores: "Por determinação do Sr. Presidente, venho dizer-vos duas palavras sobre o nosso collega Dr. Bueno de Miranda, que a morte, num movimento brusco e inesperado, acaba de arrebatar ao nosso meio. Decano da especialidade, nunca recusou o concurso esclarecido da larga experiencia nos debates que aqui se feriam, sempre cavalheiresco, sempre retemperado de um são optimismo, jovial e gracioso, a pôr uma nota alegre na aridez dos factos prosaicos da sciencia.
Amigo da vida, apreciando na justa medida os dons que a tornam apetecida na esfera do espirito, cultivava a pintura, amava a musica, era o assistente infalivel do teatro, das conferencias scientificas ou litterarias, da ultima fita do cinema. Cultuava a lealdade com ardor, naturalmente e sem affectação. Dizem-me amigos seus que jamais lhe ouviram imprecações contra as injustiças da sorte e dos homens. A sua boca nunca se abriu para a maledicencia. Nem sequer lançavam chispas da ironia sobre a capacidade dos oficiaes do mesmo ofício.
Vós que bem conheceis o que se tem dito, de mordaz "Invidia Medicorum" e que já ouvistes dizer que "é ás vezes injuria grave possuir clinica, de extenso raio", na expressão gongorica de Francisco de Castro, não podereis recusar a este homem, que palmilhou a vida, affrontando por vezes as mais graves injurias da maldade humana, a mesma admiração, o mesmo respeito que se tributam a aquellas creaturas, que atravessam a existencia, isoladas pelo seu burel de franciscanos, contra a mentira, a felonia, a duplicidade, que são as cartas de corso para a conquista das altas posições, na política, na administração e ás vezes mesmo, nas carreiras liberaes, ao diluir-se sua alma, já ás portas da agonia, era a Policlinica que lhe povoava o vasio do cérebro. Essa escola de caridade, tão mal comprehendida pelo nosso meio social, anda sempre a debater-se nas vascas da penuria. Bueno de Miranda por vezes ultimamente pedira socorro para que se evitasse fechar as portas. Pois elle antes de cerrar os olhos para sempre, sentou-se na cama fazendo menção de sahir para renovar os appellos que já fizera em vão: um sentimento de caridade, de altruismo, de amor do proximo foi o seu ultimo pensamento.
Meus amigos, eu vos peço: de pé e guardai silencio por um minuto, para Honrar tanta bondade."
A "REVISTA OTO-LARYNGOLOGICA DE S. PAULO" associase ás homenagens prestadas ao extincto e envia condolencias á sua Exma. Familia.
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