Poços de Caldas - Minas Gerais
Para a prova de Weber empregamos sempre os diapasões munidos de cursor. Julgamos insuficiente a simples colocação do diapasão 128 v. d. no vertex para descobrir se há a lateralização, isto é, o lado em que o som é percebido. Insuficiente, porque assim procedendo, anotaremos muitas vezes a falta de lateralização do Weber em casos em que o Weber se apresenta lateralizado se pesquisarmos de ambos os lados a prova de Weber, isto é, a lateralização oposta colocando o pé do diapasão vibrante lá, de 435 v. d., na mastóide, como tenho verificado inúmeras vêzes no meu serviço do gabinete otológico das Termas de Poços de Caldas.
Citarei um exemplo. O doente tem otite média crônica supurada do ouvido direito com perfuração do tímpano, e tem o ouvido esquerdo normal. Colocado o diapasão 128 v. d. no vertex, êle pode não acusar lateralização, mas se colocarmos na mastóide esquerda o pé de um diapasão vibrante lá, de 435 v. d. e o som lateralizar-se do lado direito, lado da lesão, o que não se verificou com o 128 v. d., devemos neste caso anotar. - Weber lateralizado à direita com o lá1 de 435 v. d. na mastóide esquerda.
Este método complementar da prova de Weber, eu denomino - da lateralização oposta.
O que condiciona esta lateralização do Weber tem sido objeto de muitas discussões. Alguns querem que seja a consequência de uma resonância (Schwarz). Outros, como Mach e Tonndorf, acham que seja um desvio desordenado e alterado do som. A primeira vez que verifiquei esta lateralização oposta, foi quando apliquei o diapasão C3 de 1024 v. d. na mastóide de um paciente que percebeu todo o som lateralizado do lado oposto, paciente êste em que o Weber não se lateralizara com o diapasão 128 v. d. aplicado no vertex. Depois, a prática mostrou-me que para a lateralização oposta na mastóide, o melhor instrumento é o diapasão lá, de 435 v. d., o tom cêntrico da escala musical, o da afinação, com o qual também se pesquisa o sinal de Bezold-Scheibe quando queremos descobrir invasão labiríntica. O que está assentado quando apresenta-se uma afecção do ouvido interno é que, na grande maioria dos casos, o Weber lateraliza-se do lado são ou do que ouve melhor, a-pesar-de Frey e Fremel, em casos de lesões cerebrais em que não havia doença do ouvido médio, notarem excepcionalmente uma lateralização do lado doente.
Na maioria das afecções do ouvido médio se o som que sempre lateralizou-se do lado doente, na prova de Weber, mudar para o lado são, e se ao mesmo tempo, do lado doente não fôr mais percebida a condução aérea, devemos concluir que o processo passou para o ouvido interno. E' o que está definitivamente assentado em exame de audição. Nestas condições, se vê quão valiosa é a prova da lateralização complementar, do test de Weber com o diapasão lá, de 435 v. d., aplicado na mastóide, pesquisada dos dois lados, mesmo que não se trate de afecção unilateral. Nas afecções de percepção, a audição aérea e óssea são diminuidas, de modo que também uma alteração, na relação de uma para a outra, não se dá.
Conclusão
A melhor técnica para a prova de Weber é a que utiliza, além da aplicação do diapasão 128 v. d. munido de cursor, no vertex para obter a lateralização, ainda faz um test complementar com o diapasão la1 de 435 v. d., aplicado na mastóide, afim de verificar se há a lateralização do som para o lado oposto ao pesquisado.
Se o test complementar na mastóide mostrar o som lateralizado do lado oposto, embora não haja. lateralização com o diapasão, 128 v. d. no vertex, o Weber deve ser considerado com lateralizado, e não como falta de lateralização.
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