ISSN 1806-9312  
Sábado, 23 de Novembro de 2024
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1099 - Vol. 19 / Edição 5 / Período: Setembro - Outubro de 1951
Seção: Notas Clínicas Páginas: 161 a 164
OSTEOMA DA MASTOIDE
Autor(es):
Fabio Barreto Matheus
Nelson A. Cruz

Os osteomas da mastoide são bastante raros.

Simpson fazendo uma revisão na literatura encontrou 30 casos enquanto que Stuart encontrou 15 observações publicadas.

De desenvolvimento muito lento, podem por vezes atingir proporções consideraveis.

Quanto à sua estrutura histologica podem ser e três tipos:

a) eburneo ou compacto. Desenvolve-se à custo da cortical da mastoide crescendo para fora; no entanto algumas vezes pode caminhar em profundidade; invadindo as celulas mastoideanas e indo até a tabôa ossea de revestimento do seio lateral. Este é ò tipo mais frequente.

b) esponjoso - Aqui, ao contrario do tipo anterior que é denso, o osso apresenta-se com aspecto poroso e é mais rico em vasos sanguineos.

c) Cartilaginoso - Este apresenta um revestimento de cartilagem e no seu interior encontramos tecido osseo. São muito raros. Provavelmente eles têm origem cartilaginosa (cartilagem do meato ou restos cartilaginosos da mastoide) e se ossificam internamente.

De regra estão aderidos à cortical da mastoide constituindo o chamado tipo imovel ou fixo. Outras vezes, porém, são moveis. Estes, mais raros, se alojam quasi sempre numa depressão da mastoide se fixando a ela por tecido conjuntivo, ou então apresentam mesmo uma pseudo artrose.

Existe ainda o chamado tipo movel libertado que é rarissimo. Conhecemos só o caso de Simpson em que o osteoma estava liberatado entre as celulas da mastoide, sem fazer saliencia para o exterior.

Aparecem em qualquer idade, parecendo, porém, que são mais frequentes logo após a puberdade.

São mais comuns no sexo feminino.

Etiopatogenia: Aqui, como no caso de osteomas frontais as opiniões são discordantes.

Tillmann e Dolbeau acham que se originam de cartilagens embrionarias.

Fetissof admite como principal fator a metaplasia do tecido fibroso que estaria em direta ligação com o periosteo que recobre a região.

Campbell crê na possibilidade de se originarem- de tecido conjuntivo pré osseo.

Stuart, tendo verificado sinais evidentes de disfunção pituitaria nos membros da familia de um portador de osteoma da mastoide, incriminou essa disfunção pituitaria como a responsável pelo aparecimento do osteoma.

Preusse vae mais longe acreditando numa influencia constitucional glandular.

Friedeberg dá importancia ao trauma, porém; são muito poucos os casos nos quaes se encontram referencias a traumatismos anteriores.

Sintomatologia: De evolução lenta como já dissemos, esse desenvolvimento é geralmente assintomatico. Na maioria das vezes os pacientes procuram o médico porque notam que "o osso atraz do ouvido está crescendo", porém, a tumoração não os incomoda.



Figura 1



Raras vezes os doentes se queixam de dores e só no caso de Cinelli o paciente apresentou tonturas.

Onze dos trinta casos revistos por Simpson apresentavam otorréa cronica.

No diagnostico não devemos confundi-los com as exostoses do conduto que em geral se localisam sobre o osso timpanico.

O tratamento é cirurgico.

OBSERVAÇÃO:

Em agosto de 1950 fomos procurados no ambulatorio de ORL. do I.A.P.C., por um menor de 14 anos, cujo pai informava que há 3 anos mais ou menos o paciente apresenta uma tumoração retro auricular esquerda que vem crescendo paulatinamente.

O menor de nada se queixa e os exames clínico e especialisado nada revelaram digno de nota.



Figura 2



A região retro auricular esquerda apresenta grande tumoração de consistencia, ossea, indolor, liso e não aderente à pele. Esta apresenta-se integra e de coloração normal. A tumoração se estende desde a região temporal até a ponta da mastoide e caminha para traz até o ocípital como nos mostra ã fotografia do paciente.

Pedimos então uma radiografia da mastoide e esta revelou um, aumento global da região aspecto de osso esponjoso.

Fizemos então o diagnostico de osteoma esponjoso da mastoide e. indicamos a operação. O pai do paciente sugeriu que a operação ficasse para ser feita durante as ferias de fim do ano. Não nos opusemos à sugestão, porém, o paciente não retornou na época marcada.

RESUMO:

Os autores apresentam a observação de um caso de osteoma da mastóide esquerda paciente do sexo, masculino com 14 anos de idade. A radiografia deita mostrou um aumento total da mastoide com aspecto de osso esponjoso. O paciente de nada se queixava e o exame mostrava que a tumoração que se estendia desde o temporal até a ponta da apofise mastoide. Pára traz caminhava até o ocipital, continuando mesmo um pouco sobre ela. Tecem comentarios em torno da sintomatologia, etipatogenia e anatomia potologica.

BIBLIOGRAFIA

1) CINELI, Albert A. - Osteoma eburneum of the mastoid. Archives of Otolaryngology. Vol. 33 n.° 3 março 1941 pg. 421 e 424.
2) SIMPSON Likely - Osteoma of the mastoid - Archives of Otolaryngology - Vol. 32 n.° 4, Oct. 1940 pg. 642-661.
3) STUART, E. A. - Osteoma of the mastoid - Report of a case with an investigation of the constitutional backgrognd. Archives of Otolaryngology. Vol. 31. n.° 5 Maio 1940 pag. 838-854.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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