Copiosas e incomensuráveis são as plantas úteis espalhadas pelo vasto território nacional. São de tão raras virtudes terapeuticas, que maravilharam os naturalistas, chegando Martins, o maior de todos, a asseverar que as plantas medicinais brasileiras não curam apenas, fazem milagres. É pena que não ocupem a atenção da classe médica. Por exceção, o Dr. Waldemar Peckolt, conhecedor profundo da fitologia e da clínica médica, empregou, com grande proveito para o país, a sua inteligência e vontade neste misterioso e ignorado campo da ciência. Infelizmente, arrebatado ainda moço pela morte, não deixou substituto, mas, há, todavia, simpatizantes desta medicina dos incas que não foi escrita, porém, transmitida através os séculos pela palavra, de geração em geração, em toda a América do Sul. Dentre estes cito o Prof. Henrique Roxo, da cadeira de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do Rio de janeiro e o Prof. Mangabeira Albernaz, catedrático de oto-rino-laringologia da Escola Paulista de Medicina, autor do precioso livro "Oto-rino-laringologia Prática".
Cientista não é aquele que estuda, conhece e escreve bem sobre a matéria, apresentando-nos ótimo trabalho; mas, o que investiga procurando a verdade, saia ela dos grandes laboratórios, dos mais modestos e até mesmo da tradicional medicina vegetal que nos deu a quina no tratamento do impaludismo, a ipéca na desinteria amebiana, a agoniada nos distúrbios menstruais, a beladona da qual se extrai a atropina, utilíssima em vários setores da medicina, etc. Na Oto-rino-laringologia Pratica, o Prof. Mangabeira Albernaz faz referências ao produto vegetal Anapyon, que contem à notável ação cicatrizante da "guassatunga". Não é com as sulfas, os antibióticos e a penicilina que devemos nos contentar. Em qualquer ramo da medicina há ainda problemas insolúveis: Na oto-rino-laringologia a patogenia da ozena, por exemplo, é confusa. O Dr. Celso Ferreira, professor catedrático de Oto-rino- da Faculdade de Medicina de Curitiba, através inúmeras observações, acompanhadas de farta documentação radiográfica, prova que existe a simples inflamação da mucosa do canal fronto-nasal, acompanhada da dôr de cabeça, sem que haja sinusite.
Na cefaléa de origem nasal, onde não existe secreção, o seu desaparecimento é quase imediato à aplicação do "Anapyon". Na sinusite não é tão rapida a extinção da dôr, e a secreção, que partindo dos seios, cai na cavidade nasal, é abundante.
O novo tratamento consiste num processo simples que age como se fosse um aparelho de inalação. Coloca-se em cada orifício nasal, superficialmente, uma pequena mecha de algodão embebida em "anapyon puro". Respira-se com a boca fechada durante quinze a trinta minutos. Repita-se esta aplicação mais uma ou duas vezes por dia até que se dê a cura, que se verifica no espaço de 7 a 10 dias, para a extinção da dôr. O tratamento deve ser continuado até que desapareça a secreção, o que se dá em poucos dias, podendo, todavia, persistir até um mês, mais ou menos. É surpreendente a rapidez de ação do produto em muitos casos, confirmando, deste modo, a opinião do notavel naturalista Martins, quem melhor estudou a flóra medicinal brasileira.
Na ozena, até que se dê a cura, este tratamento pôde durar de 15 até 60 dias. Nesta afecção é tão grande a secreção fétida, acompanhada de grossos grumos esverdeados que dá a impressão de que os seios, o ouvido médio e a trompa de Eustáquio, são também comprometidos. O primeiro sintoma que desaparece é a dôr de cabeça. Se há reincidência da fetidez é porque a cura não se deu e o tratamento deve continuar. Nos casos rebeldes, reforça-se o poder anti-séptico do produto adicionando-se em cada vidro 20 centigramos de "clorofila", substancia esta já existente em dóse normal no "Anapyon".
Na simples inflamação da mucosa geralmente a dôr de cabeça desaparece com a primeira aplicação. Se o tratamento falha é porque a cefaléa é de outra origem.
É tão frequente a cefaléa nasal que pessôas refratárias aos resfriados se têm curado com este tratamento, muitas vezes com uma simples aplicação.
O Dr. Homero Cordeiro, um dos grandes oto-rino-laringologistas paulistas, que tem aplicado o Anapyon em larga escala, acredita que esta terapêutica melhora a circulação capilar da mucosa nasal, revitalisando-a e tornando-a, portanto, mais resistente aos ataques infecciosos.
OBSERVAÇÕES
J. V. - cirurgião-dentista, com 45 anos de idade, residente nesta Capital, sofria de sinusite frontal desde criança. Sempre piorava no inverno, sendo forçado a se submeter todo o ano a tratamento por um professor catedrático de otorino-laringologia desta Capital. Obteve a cura com aplicação do Anapyon.
J. B. R., com 41 anos, médico em São Paulo, ia ser operado de uma sinusite rebelde. Para aliviar forte dôr de cabeça aspirou o Anapyon. Tendo desaparecido este sintoma, continuou o tratamento, logrando a cura em poucos dias.
M. J., com 35 anos de idade, sofrendo de sinusite maxilar, conseguiu curar-se radicalmente pelo mesmo processo.
Uma moça do escritório do Sr. Driessen, Curitiba, Av. Silva Jardim, 1393, com dôr de cabeça que não a deixava trabalhar todo o dia, este sintoma desapareceu logo após a primeira aplicação para não mais voltar.
C. G., com 28 anos de idade, residente nesta Capital, à Rua Tanaby n.º 124, era atormentada de vez em quando por uma dôr de cabeça de causa ignorada. Apenas com duas aspirações de Anapyon a cefaléa desapareceu há mais de quatro meses.
J. P., com 20 anos de idade, que trabalha no escritório do Sr. J. Viola, Rua Quintino Bocaiúva, nesta Capital portador de ozena de 2 anos, tendo falhado todo o tratamento, aguardava o dia de ser operado, quando resolveu aplicar o Anapyon pelo mesmo processo da sinusite. Após abundante secreção fétida, de grossos grumos, obteve a cura com um mês de tratamento pelo desaparecimento, desde o começo, da dôr de cabeça e pela diminuição gradativa da fetidez. Acha-se curado há seis meses.
A. M., com 12 anos de idade, freguesa da farmácia Ouro Preto, desta Capital, sofria de ozena, rebelde a todo o tratamento, há quatro anos. Com o tratamento vertente curou-se em idênticas condições do Sr. J. P., mas, em 2 meses de uso do remédio.
No serviço que dirige em Poços de Caldas, da secção de Otorino-lariligologia, das Termas Antonio Carlos, o Dr. Orosimbo Corrêa Netto emprega frequentemente o Anapyon toda vez, diz ele, que atende a casos com sinusite catarral, obtendo sempre os melhores resultados.
Dentre numerosas observações, o Dr. Orosimbo Corrêa Netto, cita o caso de N. B., de 40 anos de idade, residente em Poços de Caldas, o qual se curou completamente com a aspiração do Anapyon colocado com algodão nas cavidades nasais, tal como é aconselhado. Este doente, diz o Dr. Orosimbo, havia sido operado de sinusite sem resultado, razão pela qual recusou sujeitar-se a nova operação e empregou o Anapyon com o qual obteve cura definitiva.
É meu intuito pôr em evidência as vantagens dos produtos da flora nacional, para que nos libertemos, sempre que fôr possível, da terapêutica de além mar.
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