IntroduçãoEste trabalho tem por fim apresentar a apreciação da classe médica os resultados de um tratamento utilisado em nossa clínica privada.
Foi intitulado "Avaliação dos Efeitos da Autovacina SPRAY na Terapêutica das Rinosinusites Crônicas", pois nosso objetivo foi realmente o de pesquizar a utilidade da autovacina SPRAY, quando usada como tratamento auxiliar dos processos rinosinusais crônicos.
Os resultados obtidos, como serão adiante demonstrados, entusiasmaram-nos a continuar o sete uso e a procurar ampliar a sua ação em diferentes aspectos.
Parece-nos que em nosso meio, foi o pioneiro dêsse tipo de experimentação o Dr. Sérgio Paladino, patologista clínico da Escola Paulista de Medicina, mas não encontramos na pesquiza bibliográfica feita nenhum relato dos resultados obtidos.
A orientação seguida para a classificação das tinires e sinusites foi a seguinte:
OBSERVAÇÕES: na rinite alérgica consideramos que há sempre mais de três sintomas presentes. O hemograma não foi feito de rotina, mas citado no esquema acima como complementação do mesmo.
Sinusites
Em virtude da orientação dada a êste trabalho, ativemo-nos sòmente às sinusites crônicas. Seguimos o esquema clássico de MANGABEIRA-ALBERNAZ, que divide as sinusites crônicas (sintomáticas e assintomáticas) em seus tipos característicos:
sinusites crônicas
- purulentas
- hiperplásticas
- mistas
- latentes
As purulentas apresentando o quadro habitual de congestão e edema de cornetos médios, secreções purulentas nos meatos médios, aos RX opacificação das cavidades, etc. Já o tipo hiperplástico surge com ausência de pús ou secreções dentro das cavidades e aos RX nota-se transformação da mucosa em cistos e polipos, para os quais sòmente o tratamento operatório tem resultado efetivo.
Exame O. R. L. de rotina
Fizemos em consultório o exame O. R. L. rotineiro com especial atenção às fossas nasais e cavum. Utilisamos as Rinoscopias Anterior e Posterior, Diafanoscopia, toque digital (localização da dor) e controle radiológico em parte dos casos ANTES e DEPOIS do tratamento, nas incidências indicadas conforme as necessidades do momento.
Material e métodosSelecionamos cinqüenta e seis (56) casos para êste trabalho, tendo sido feito em todos êles citograma nasal, antibiograma e uso da autovacina SPRAY. Em vinte e seis (26) pacientes foi feito controle radiológico antes e depois do tratamento. Atualmente estamos pedindo ao laboratório, também, a titulagem de anticorpos ANTES e DURANTE o tratamento.
Para o desenvolvimento dos antibiogramas e das autovacinas a colheita do material foi feita diretamente das secreções existentes nas fossas nasais (meatos médios) ou por punção diameática quando os RX apresentavam indicação evidente em discordância com o exame O.R.L.
Citograma nasal
A colheita do material foi feita no vestíbulo nasal, utilisando-se bastões dotados de pequena quantidade de algodão em uma das extremidades, fazendo-se leve atrito. O material assim obtido foi levado a lâminas de vidro e deixado fixar à temperatura ambiente. Fêz-se a coloração pelo método de LEISHMAN. As leituras foram feitas com objetiva de imersão.
Os resultados foram classificados conforme o esquema abaixo:
Material - conteúdo nasal
exame - citograma
resultado
- células epiteliais:
- ciliadas
- caliciformes
- tufos
- Leucócitos Polimorfonucleares:
- neutráfilos
- eosinófilos
- basófilos
- Leucócitos Mononucleares:
- linfócitos
- monócitos
- Bactérias.
ComentáriosConsideramos ALERGIA a presença de células ciliadas com edema, aumento das caliciformes, presença de linfocitos e eosinófilos. Na alergia grave há a presença do basófilo.
Como INFECÇÃO o aumento de neutrófilos degenerados e aumento de bactérias.
Como RESFRIADO em fase inicial a presença de células ciliadas com inclusão nuclear, aumento grande de células ciliadas sem edema, aumento de caliciformes e de tufos. Na fase crônica - há sempre a presença de neutrófilos degenerados.
Autovacina Spray
A partir do material obtido, desenvolveu-se uma autovacina para uso local na região nasal, acondicionada em nebulisadores de plásticos e que obedeceu à seguinte orientação:
Neomicina - 5 mg
Dexametasona - 1 mg
Soro Fisiológico q. s. p. - 10m1
Juntou-se também Anatox Stafilocócico Pinheiros 2 ml. Desta mistura tomou-se uma (1) parte e adicionou-se nove (9) partes de uma suspensão de germes mortos do paciente na concentração aproximada de um (1) bilhão de germes/ml. Os germes foram mortos por THINDALISACAO (aquecimento a resfriamento 6 a 8 vezes consecutivas). Testou-se a morte dos germes por passagem em meios de cultura com caldo glicosado. A neomicina foi adicionada Para prevenir o desenvolvimento de novos germes por contaminação do material. A dexametasona Para facilitar a absorção dos antigenos.
Presentemente uma modificação foi introduzida na técnica, adicionando-se um extrato dos fungos mais comuns em nossa região, no intuito de aumentar a ação da autovacina SPRAY. Começamos também a utilizar a imuneoletroforese para a titulagem de anticorpos ANTES e DURANTE o tratamento pela autovacina SPRAY.
AntibiogramasAntibiogramas foram feitos de rotina em todos os casos e, como se verá, seus resultados foram associados ou não a autovacina.
Germes identificados em 56 casos
Porcentagens obtidas
Em vários casos foram encontrados diversos tipos de bactérias e, às vêzes, dois tipos de estafilocócos.
A porcentagem foi obtida da relação entre o número de casos (56 = 100%) e o número de vêzes em que cada bactéria foi encontrada.
Estudo comparativo do citograma nasal e resultados dos RX de seios paranasais
No total de 26 casos (100%) tivemos 4 casos de resultados discordantes entre RX e Citograma nasal, havendo uma concordância da ordem de 84,62%.
Concordantes - 19 casos = 84,62%
Discordantes - 4 casos = 15,38%
TOTAL - 26 casos = 100,00%
Resultados obtidos após o uso da autovacina Spray - conclusões
A aplicação da autovacina SPRAY foi feita nos casos assinalados. Para efeitos comparativos dividimos os 56 casos em dois grupos, em que fizemos ou não associação com antibióticos. Os resultados foram classificados da seguinte forma:
BCA - Bons com uso de antibiótico associado
BSA - Bons sem uso de antibiótico associado
RCA - Regulares com uso de antibiótico
RSA - Regulares sem uso de antibiótico
I - Inalterados
Obtivemos as seguintes proporções:
BCA - 21 casos - 37,50% - TOTAL 71,43
BSA - 19 rasos - 33,93% - TOTAL 71,43
RCA - 4 casos - 7,14% - TOTAL 12,49%
RSA - 3 rasos - 5,35% - TOTAL 12,49%
I - 9 casos - 16,07%
TOTAL - 56 casos - 99,99%
A vacina agiu bem num total geral de 71,43% COM e SEM a associação de antibióticos. Consideramos a diferença entre BCA e BSA (3,57%) de pouca relevância. Obtivemos resultados regulares (RCA e RSA) num total de 12,49% sendo a diferença entre RCA e RSA (1,79%) pouco significativa.
Inalterados ficaram 16,07% dos casos, o que nos faz pensar na validade da autovacina SPRAY como auxiliar eficaz no Tratamento das rinites e sinusites crônicas sobretudo as de origem infecciosa.
Esperamos que a associação ao extrato de fungos venha a trazer uma contribuição para o tratamento dos processos alérgicos.
SumárioOs autores selecionaram dum total aproximados de 300, casos tratados pela autovacina SPRAY, uma amostra de 56 casos tendo obtido bons resultados em 71,43% (autovacina SPRAY associada ou não aos resultados de antibiogramas) de processos rinosinusais de origem infecciosa. Citam também a associação de extrato de fungos à autovacina SPRAY, para futuro estudo no tratamento dos processos alérgicos.
SommaireLes auteurs ont selectionné d'un total a peu près de 300 malades traités par l'autovaccine SPRAY un échantillon de 56 cas et ils ont obtenu 71,43 per cent de bons resultats (l'autovaccine SPRAY associée ou non aux antibiotiques) dans les procès Rhinosinusales d'origine infectieuse. Ils parlent aussi de I'associatin des extraits de fongus a l'autovaccine SPRAY pour le traitement des procès alergiques.
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* Especialista titulado A.M.B., otorrinolaringologista da Prefeitura Municipal de Santos, otorrinolaringologista do INPS.
* * Patologista clínico titulado A.M.B. e Assistente Efetiva da Cadeira de Fisiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.