Versão Inglês

Ano:  1971  Vol. 37   Ed. 2  - Maio - Agosto - (21º)

Seção: -

Páginas: 151 a 153

 

Laringites Agudas*

Autor(es): Paulo Hideaki Yasudo**,
Mauro Jurado Corrêa**

I - Introdução

As laringites agudas ainda atingem uma grande incidência entre as afecções laringológicas porém com o advento da hormonioterapia o seu prognóstico melhorou consideràvelmente, com redução do número de casos letais, ou mesmo das complicações.

O objetivo dêste trabalho é apresentar o estudo das laringites agudas atendidas no Hospital das Clínicas, ressaltando a conduta terapêutica de urgência adotado nesta eventualidade.

II - Material e Métodos

O material utilizado consta de 257 pacientes com laringites agudas atendidas no Pronto Socorro de O.R.L. do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P. no período de 1-1-70 a 31-12-70.

O trabalho foi metodizado em relação ao sexo, taça, grupamento etário, conduta terapêutìca e resultados obtidos.
Dos casos vistos tivemos: 147 do sexo masculino e 110, do sexo feminino; 189 da raça branca, 65 da raça negra e 3 da raça amarela. Quanto a distribuição etária observamos a maior incidência entre 0 e 10 anos de idade com 166 pacientes; a menor incidência com apenas 3 caso: dos 51 aos 60 anos. (Vide Tabela 1). A ocorrência mensal pode ser vista na tabela 2.



Tabela 1



Tabela 2



Os principais sinais e sintomas encontrados foram: dispnéia, rouquidão, febre, tosse e dor.

A nossa conduta frente a um paciente foi a seguinte:

1.º) Anamnese.
2.º) Exame físico geral.
3.º) Exame O. R. L.
4°) Laringoscopia indireta e ou direta.
5.º) Exames subsidiários:
    a) RX de tórax;
    b) RX de laringe (frente e perfil);
    c) Exame direto e cultura para bacilo diftérico.

6.º) Terapêutica.
A conduta terapêutica dividiu-se em:
    A - Tratam. clínico
    B - Tratam. clínico e cirúrg.

A - Tratamento clínico consistiu:

1.º) Laringite aguda sem dispnéia: Nêste caso foi prescrito antibiótico, anti-inflamatórito (corticóides ou não hormonal como benzidina, pirazolidina, enzimas proteolíticos) e anti-térmicos.
2.º) Laringite aguda com dispnéia: Fêz-se a inalação com água destilada, fluidificante e broncodilatador, concomitantemente foi aplicado parenteralmente hidrocortisona associada com antibiótico e anti-térmico. Após a melhora da dispnéia foi prescrito a medicação acima referida.
3.°) Laringite aguda com dispnéia "rebelde": 71 pacientes não obtiveram melhora da dispnéia após a inalação e aplicação de hidrocortisona. Estes pacientes foram internados e mantidos em tenda úmida contínua e recebendo antibiótico, corticóide, anti-térmico, expectorante e compressa quente cervical. Em média a permanência de internamento foi de 5 dias.

B - Tratamento clínico e cirúrgico:

Êste tratamento foi realizado entre pacientes que não obtiveram melhora com a terapêutica instituída inicialmente e ou com a dispnéia intensa ou agravada nos quais efetuou-se traqueotomia.

III - Resultados

A terapêutica instituída propiciou resultados satisfatórios. Dos três pacientes traqueotomizados dois evoluíram bem e um faleceu. A necrópsia neste caso revelou toxemia, broncopneumonia e laringotraqueobronquite pseudo-membranosa.

Num seguimento de 30 dias não foi observado recidiva ou qualquer quadro de complicação.

IV - Discussão

A maioria dos autores referem maior incidência de laringites agudas no sexo masculino, esta observação correspondeu aos achados e numa proporção de 3 para 2.

Quanto a distribuição etária, verificamos que a maioria dos autores são acordes de que a ocorrência desta patologia é mais elevada na primeira década da vida. O material estudado mostrou também êste fato. Nossa pesquiza confirmou também a referência dos autores sôbre a incidência maior das laringites principalmente no inverno e no outono.

Outro dos aspectos foi o efeito benéfico da terapêutica na obstrução respiratória causada pelo processo inflamatório. A obstrução e conseqüentemente a dispnéia foi melhorada pela administração de corticoides e inalação em tenda úmida com favorecimento da regressão do processo inflamatório e a umidificação da secreção e sua eliminação da árvore traqueobrônquica. É interessante salientar que após o início da utilização da hormonioterapia o número de casos com complicação ou mesmo os letais diminuíram consideràvelmente chegando a mudar completamente o prognóstico das laringites.

A conduta terapêutica adotada na clínica nas laringites agudas foi baseado em hormonioterapia (corticóides) inalação, antibioticoterapia e anti-térmicos. Salientamos no entanto que dos 257 casos tratados, 71 dêles tiveram que ficar hospitalizados e receberam, além da medicação acima, expectorantes, calor na região cervical e mantidos em tenda úmidas. Em média após cinco dias de internamento receberam alta e em condições satisfatórias.

Três casos de laringotraqueo-bronquite foram traqueotomizados. Dois evoluíram bem e um dêles obrou, a causa mortis dada pela necrópsia foi toxemia associada a broncopneumonia e traqueobronquite pseudo-membranosa.

V - Sumário

Os autores estudaram 257 casos de laringites aguda atendidas no Pronto Socorro de O.R.L. do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P. durante o ano de 1970. Analisam e discutem o material sob diversos aspectos, ressaltando a conduta terapêutica adotada na clínica a qual foi considerada satisfatória.

VI - Summary

The authors studied 257 cases of acure laringitis cared for at the Pronto Socorro de O.R.L. of the H. C. of the F.M.U.S.P. during the year of 1970. They analysed and discussed the material under several aspedte underscoring the terapeutics cares adopted at the clinic, which was considered satisfactory.

VII - Referências Bibliográficas

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* Trabalho realizado na Clínica O. R. L. do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P. Médico-residente.
** Médico-bolsista.

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