Versão Inglês

Ano:  1971  Vol. 37   Ed. 2  - Maio - Agosto - (11º)

Seção: -

Páginas: 118 a 120

Tumores Malígnos da Língua - Estudo de 1.038 casos.

Autor(es): Abrão Rapoport,
Josias de Andrade Sobrinho,
Cândido Pinheiro de Lima
Luiz Carlos Sanvitto.

Os autores analisam 1.038 pacientes portadores de neoplasias da língua atendidos no Serviço de Cabeça e Pescôço da Associação Paulista de Combate ao Câncer, no período de 1.953 à 1.969. Além do comportamento clínico, relatam a conduta terapêutica adotada, bem como fazem uma análise crítica dos métodos empregados como terapêutica curativa.

Material e Métodos: - durante o período de 1.953 à 1.969, 1.038 pacientes portadores de neoplasia da língua, foram atendidos no Serviço de Cabeça e Pescoço da Associação Paulista de Combate ao Câncer, sendo todos submetidos à biópsia prévia, ou já vinham com exame Histo-patológico, feito em serviços de reconhecido padrão científico. Além disto, foram incluídos desde pacientes portadores de tumores iniciais, até aquêles com neoplasias malignas, avançadas e fora de qualquer possibilidade terapêutica.

Dos 1.038 pacientes, 961 compareceram à primeira consulta sem qualquer tratamento anterior, enquanto que 77 já vieram ao nosso serviço tratados, sendo que nêsses casos, a nossa conduta estava prejudicada, justificando assim, resultados menos satisfatórios.

Quadro Clínico

A sintomatologia clínica, varia segundo a localização do tumor no corpo ou na base da língua. Assim, tivemos 721 tumores do corpo, 304 tumores da base e 13 extensos, não sendo possível determinar a localização inicial do tumor.

Tumor do corpo: - Como sintomas que mais comumente ocorreram, a dor foi referida em 51 pacientes, enquanto que o nódulo cervical como primeiro sintoma, foi relatado em 30 pacientes. A dor de garganta e a disfagia em 18 pacientes, enquanto que a queixa de ferida na língua, ocorreu em 616 pacientes.

Tumor da base: - A dor foi a queixa principal em 12 casos, enquanto que o nódulo cervical como primeiro sintoma, foi referido em 82 pacientes. A rouquidão indicando comprometimento do nervo recorrente, ocorreu em 18 casos, enquanto que a odinofagia, em 120, pacientes.

Histopatologia

O câncer da língua evolui a partir da superfície de um epitélio o que explica o índice de 97% dos tumores espinocelulares. Em nosso material, os 1.083 casos estavam assim distribuídos:

Carcinoma Espinho-Celular - 1006
Carcinoma Baso-Celular - 1
Carcinoma Sólido - 1
Neurofibrosarcoma - 1
Retículosarcoma - 1
Rabdomiosarcoma - 3
Indeterminadas - 25

Em nosso material, tivemos o índice de incidência do Carcinoma Espinho-celular 97,4%. Notamos a presença de casos rotulados de Indeterminados em número de 25 (2,4%), casos êstes onde não foi possível fazer a biópsia ou que já vieram com biópsias não esclarecedoras e não nos foi possível por várias razões repetir o exame.

Tratamento

Apesar de nosso serviço atender todos os pacientes portadores de neoplasias da língua, um grande contingente de tumores já compareceram ao Hospital A. C. Camargo fora de qualquer possibilidade terapêutica. Assim:

Número de casos tratados - 695
Casos não tratados - 343

Queremos salientar que dos 343 casos não tratados pela extensão dos tumores, 152 já haviam sido tratados em outros serviços.

Quanto à modalidade terapêutica utilizada, os nossos 695 pacientes estavam assim distribuídos:

Cirurgia Isolada - 66 casos
Cirurgia + Radioterapia Complementar - 39 casos
Radioterapia Isolada - 440 casos
Radioterapia + Cirurgia - 85 casos
Quimioterapia Isolada - 65 casos

Resultados

Apesar do nosso serviço ser essencialmente cirúrgico, o nosso trabalho faz uma análise critica dos métodos terapêuticos adotados, tanto cirúrgicos como radioterápicos bem como da associação. Não entramos na discussão dos métodos em si mas simplesmente apresentamos os resultados de sobrevida para 5 anos em função da classificação TNM para as neoplasias malignas da língua.

Estado Clinico I tivemos:

Cirurgia - casos tratados = 9
Vivos - 7 / Mortos - 2

Radioterapia - casos tratados = 18
Vivos - 4 / Mortos - 11

Notamos que para os tumores iniciais há a preferência pela terapêutica isolada. Assim, obtivemos 77,7% de sobrevida para os casos cirúrgicos e 22,3% para os casos radioterápicos.

Estado Clínico II tivemos:

Cirurgia - casos tratados = 29
Vivos 8 / Mortos - 21

Radioterapia - casos tratados - 41
Vivos - 1 / Mortos - 40

Daí verificamos que para a Cirurgia obtivemos 27,5% de sobrevida enquanto que para a radioterapia o resultado foi de 2,5%.

Estado Clinico III, tivemos:

Cirurgia - casos tratados = 24
Vivos - 7 / Mortos - 17

Radioterapia - casos tratados = 73
Vivos - 6 / Mortos - 67

Associação Cirurgia Radioterapia - casos tratados = 18
Vivos - 18 / Mortos - 15

Assim notamos que para a Cirurgia isolada tivemos 17,6% de sobrevida, para a radioterapia tivemos 3,7% enquanto que a Associação Terapêutica com pelo pequeno número não fizemos cálculo percentual.

Estado Clínico IV, tivemos.

Cirurgia - casos tratados = 15
Vivos - 3 / Mortos - 12

Radioterapia - casos tratados = 237
Vivos - 3 / Mortos - 234

Associação Cirurgia Radioterapia - casos tratados = 27
Vivos - 3 / Mortos - 25

Concluímos daí que em maior freqüência, o nosso material é composto por pacientes portadores de neoplasias da língua cru fase avançada, o que justifica nossos resultados nos grupos III e IV.

Resumo

Os autôres apresentam 1038 casos de câncer da língua examinados no Serviço de Cabeça e Pescoço da Associação Paulista de Combate ao Câncer entre os anos de 1953 e 1969 sendo 721 do corpo, 304 da base e 13 extensos. Fazem uma análise dos métodos terapêuticos adotados desde a cirurgia isolada, a Radioterapia, e a Associação Cirurgia + Radioterapia, apresentando os resultados da sobrevida a 5 anos do total dos casos, dividindo-os em grupos, segundo o estadiamento da lesão primária e da presença ou não da metástase ganglionar. Finalmente discutem os resultados terapêuticos em função da metastatização ganglionar.

Summary

Malignant tumors of the Tongue-Review of 1038 Cases.

The authors present 1038 cases of câncer of the examminated in The Head and Nreck Service of The Associação Paulista de Combate ao Câncer, among 1953 and 1969.

Finally we have a discussiou about the therapeutics methods adopted in the several groups of tumors of the tongue.

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