Versão Inglês

Ano:  1970  Vol. 36   Ed. 3  - Setembro - Dezembro - (14º)

Seção: Notícias e Comentários

Páginas: 273 a 283

 

Notícias e Comentários - Parte 1

Autor(es): -

XX Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia

O Conselho Diretor da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia escolheu São Paulo como sede do XX Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e os Temas Oficiais serão os seguintes: Imunologia em Otorrinolaringologia, Traumatismos em Otorrinolaringologia o Testes objetivos em Audiologia.

A excelente equipe de colegas de São Paulo, tendo a frente o trabalhador e incansável colega Otacilio Carvalho Lopes F.º organizará, sem dúvida alguma um memorável Congresso. Para maiores informações dirija-se para: Aroldo Miniti (secretário) Av. Paulista, 1488 - São Paulo/SP.




Noticias da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia

Sob o patrocínio da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia, Departamento Científico da Associação Médica Brasileira, realizaram-se de 4 a 9 do setembro, nos salões do Hotel Glória, Rio de Janeiro, Guanabara, os XIX Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, XII Congresso Brasileiro de Bronco-esofagologia e I Congresso de Foniatria, presididos, respectivamente pelos Doutores Roberto Martinho da Rocha, Sebastião Mesquita de Azevedo e Pedro Bloch. Cêrca de mil especialistas estiveram participando dos conclaves.

Os temas oficiais foram: 1.º) "Patologia Não Cancerosa da Base da Língua", sob a coordenação de Plinio Mattos Barreto, relatado por Douglas Lago, Lamartine Paiva, Rafael da Nova, Jorge Barreto Prado e Anisio Botelho; 2.º) "Otite Média Crônica Não Supurativa", sob a coordenação de Hélio Hungria, relatado por Ermiro de Lima, Nelson Alvares Cruz, Leônidas Mocellin e Pedra Luiz Mangabeira Albernaz; "Lesões Traumáticas do Nariz", coordenação de Paulo Marques de Souza, relato de Pedro Angelo Andreioulo, José Badin, Merlin Keppke e Ricardo Baroudi; "Tumores da Laringe", coordenação de W. Benevides e participação de José Kós, Álvaro Escobar, Ivo Kuhl, Roxo Nobre e Renato Segre; "Poluição do Ar e Problemas Respiratórios", coordenação de Fraga Filho e participação de Julio Polisuki, Amarino Oliveira e Domingos de Paula; `ºFissuras Palatinas", coordenação de Ivo Pitanguy, participação de Sergio Bissagio, Piro Vieira Lima, Rodrigo Spinola, Ramil Sinder e Americo Morgante, "A Criança Surda", coordenação de Julio Quirós, participações de Guy Perdoncini, Armando Lacerda, Aziz Lasmar, Mauro Spinelli, Claudia Lemos, Reinaldo Coser, Mladen Lovric e Marino Ferreira.

Compareceram aos Congressos, convidados, os professôres Jack V. D. Hough (Estados Unidos da América do Norte), Francisco Antoli - Candela (Espanha), Guy Perdoncini (França) Mladen Lovric (Iugoslavia), Juan Manoel Tato, Quirós e Segre (Argentina), pronunciando conferências e realizando cursos sôbre temas especializados, frequentados por cêrca de oitocentos congressistas.

Por ocasião dos Congressos o Conselho Diretor da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia, sob a Presidência de Roberto Martinho da Rocha, reuniu-se, deliberando:

1.º - Fazer Sede do XX Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia a cidade de São Paulo, SP.
2.º - Escolher os Temas: a) "Urgência em otorrinolaringologia"; b) "Imuno patologia em otorrinolaringologia"; c) "Métodos e Objetivos para Avaliar à Audição".
3.º - Conceder filiação à Sociedade Cearence de Otorrinolaringologia, Broncoesofagologia e Foniatria.
4.º - Conceder filiação à Sociedade Brasileira de Otologia.
5.º - Ratificar delegação de podéres aos Doutores Lang e Letti, a fim de que prossigam editando a Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, e autorizar a cobrança de assinaturas.
6.º - Criar o Prêmio George Portman.
7.º - Conceder título de Sócio Honorário ao Professor Francisco Antoli - Candela, do Madrid, Espanha.
8.º - Consignar em ata voto de louvor à atuação do Secretário do Interior, Meireles Vieira.
9.º - Conceder título de Sócio Benemérito a Sua Excelência o Senhor Embaixador Antonio da Câmara Canto.
10.º - Conceder título de Sócio Benemérito ao jornalista Alberto Dines.
11.º - Conceder título de Sócio Benemérito ao jornalista Aloisio Branco.
12.º - Consignar em ata voto de louvor à atuação do Presidente do Conselho Diretor da Federação Brasileira e dos Membros das comissões organizadoras dos Congressos de ORL, BE e Foniatria.
13.º - Eleger Delegados:



N.º 1 - Diretoria da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia reunida por ocasião da Reunião do Conselho Diretor durante o XIX Congresso Brasileiro do Rio, Da direita para esquerda: C. Meireles Vieira (Secretario do Interior), Roberto Martinho da Rocha (Presidente do XIX Congresso), Walter Benevides (Secretário do Exterior) e Rubens Cabral (Tesoureiro).

N.º 2 - Autoridades e ,proâessôres que participaram da mesa da sessão inaugural do XIX Congresso Brasileiro no Rio. Vemos os Profs. José Kós, Ermiro de Lima, Jack Hough, (USA), Antoli-Candela (Madrid) e. Juan Manuel Tato (Argentina).

N.º 3 - Presidente Roberto Martinho da Rocha e Proif. Antoli-Candela, de Madrid, Espanha, 1.º sócio honorário da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia.

N.º 4 - Assistência da sessão inaugural do XIX Congresso.

N.º 5 - Prof. Antoli-Candela em palestra com o Prof. Hélio Hungria e Rudolf Lang.


a) Região Norte: Reinaldo Fonteles de Lima e Sócrates Platão de Araujo.
b) Região Nordeste: Carlos Augusto Studart e Nelson Caldas.
c) Região Leste:Vinícius Cotta Barbosa e André Sarmento Branco.
d) Região Sul: Lamartine Paiva e Macedo Linhares.
e) Região Centro Oeste: Moisés dos Reis Amaral e Tulio Meira.

Título de Especialista

A Associação Médica Brasileira e a Federação Brasileira de Otorrinolaringologia concede título de Especialista em Otorrinolaringologia aos médicos que, sendo sócios das Federadas da primeira, sejam prolfessônes, livre docentes ou possuam doutoramento na especialidade; aos que em março de 1970 tenham exercido atividades em serviços credenciados, no mínimo durante 2 anos em tempo integral, ou três anos em tempo parcial, desde que se dirijam ao Secretário do Interior, Meireles Vieira, à Avenida Atlântica, 3018, 2.0 andar, Rio de Janeiro - GB, mediante requerimento e apresentando curriculum.

Emolumentos: cinquenta cruzeiros.
Os médicos que não se encontram nas condições mencionadas, deverão inscrever-se para concurso que será realizado em São Paulo, Sede do XX Congresso Brasileiro de ORL, setembro de 1971.

As provas são escritas e de títulos.

Os candidatos serão ou não habilitados.

A banca examinadora será constituída por um professor titular, um livre-docente e um representante da Associação Médica Brasileira (Federação Brasileira de Otorrinolaringologia, seu Departamento Científico). A prova escrita será sob a forma de testes, em número de 100, ou sobre tema geral, sorteado na hora do concurso.

Estará habilitado o candidato que responder 70 perguntas ou obtiver nota 7 na dissertação e nos títulos.

A matéria exigida é a que consta do programa oficial das Faculdades.

Habilitado, o médico receberá o título de Otorrinolaringologista, concedido pela AMB e a FBO, segundo o convênio firmado em 3 de março de 1970.

(Notícias e fotos enviadas pela secretaria da F. B. O.).




Sociedade Brasileira de Otologia

A Sociedade Brasileira de Otologia completou no dia 29 de outubro 1 ano de existência. Está com 245 sócios com situação regularizada junto a secretaria. Durante o último Congresso Brasileiro de O. R. L. foi filiada a Federação. A Sociedade está registrada no Cartório de Registro Especial. Estão sendo expedides todos os certificados de sócios. O movimento financeiro deste exercício foi de quase Cr$ 13.000,00, tendo a Diretoria aplicado em investimentos Cr$ 10.000,00 o que permite uma renda mensal para o pagamento da secretaria, permanecendo em caixa o restante. O serviço burocrático de agora em diante será auto-financiável o que trará uma certa segurança ao trabalho da Diretoria.

Foram constituídas duas comissões para outorga do título de especialista em Otologia, uma em São Paulo o outra no Rio, com um regulamento aprovado pela Assembléia Geral. Uma comissão estuda atualmente um, dispositivo legal: se para obter o título de otologista é necessário antes obter o de Otorrinolaringologista. Outra comissão estuda o problema da comercialização atual das próteses acústicas afim de encaminhar aos departamentos do Govêrno um estudo para regulamentação do mesmo.

Durante o segundo ano de existência a Sociedade vai iniciar a organização de cursos de alto padrão para seus associados, de clínica e cirúrgia otológica, bases anatômicas da cirurgia otológica e audiología. Estudará e tentará a organização do Clube Otológico formado de pessoas voluntárias não médicas, em forma de Fundação afim de manter a organização e funcionamento do 1.0 Banco de Osso Temporal da América Latina e de uma Escola para formação de professôres de surdos de alto padrão. Breve todos os Associados da S.B.O. receberão um Boletim informativo com todas as instruções, inclusive como deve ser encaminhado o pedido para título de otologia. Endereço da secretaria: Andradas, 1711 - 3.º Andar - P. Alegre.




Transplante da Laringe

(Mujskens P., Ringoir, S. - Problemi deli omotrapianto di laringe - Acta oto-Rhino-Laryng Belgica - 23:339-344, 1969)

O transplante de laringe é sem dúvida um assunto atual. Isso levanta grandes problemas, dos quais, aquêles estritamente técnicos foram, sòmente em parte enfrentados pelas experiências em cães de Satoru, Ogura e Cols. e Mournier-Khun o Cols. Os problemas técnicos são representados pela vascularização e inervação motora e sensitiva, mas, mais importantes são aquêles relativos a indicação do transplante, escolha do receptor em base dos dados imunológicos fornecidos pelo laboratório e da rejeição. O problema da vascularização, visto o previsível insucesso de eventuais anastomoses o a fácil trombose secundária pode ser resolvido respeitando a artéria laríngea superior e o pericôndrio externo ricamente vascularizado. O transplante será indicado sòmente para aquêles casos cujo câncer tenha atingido a corda vocal, e respeitado a região aritenoidea e não se extenda a epiglote. O problema da inervação motora não poderá ser resolvido com anastomose recorrencial, hoje destinada ao insucesso. A Aritenopexia unilateral, permitirá obter uma voz laríngea razoável. O problema da inervação sensitiva é o mesmo que se defronta na laringectomia parcial supraglótica. Previne-so com cânula traqueal, aspiração e fístula gástrica as possíveis complicaçães da inalação. Um grave obstáculo é aquêle da escolha do doador, e receptor. Tôda experiência da cirurgia geral e imunológica relativa aos transplantes pode ser transposta para o campo do homotransplante de laringe. Tratando-se de transplante cujo componente principal é cartilaginoso quase não há capacidade antigênica. Os autôres seguiram o primeiro homotransplante de laringe, no homem. Obstáculos de várias ordens impediram de encontrar um doador que fôsse compatível com o receptor. Portanto, o sucesso da intervenção não poderia depender de uma idônea terapia imunoseupressiva. Administrou-se Pregnisolona (50 mg/dia o início e posteriormente doses menores) Imuran (alternativamente 100 ou 150 mg/dia) Actinomicina (200 gr. no dia da intervenção, depois semanalmente uma vez que a imunoterapia predispõe às infecções, o paciente foi colocado em ambiente semi-estéril. Nas duas primeiras semanas observou,se uma necrose dos tecidos superficiais do seio piriforme, enquanto que a mucosa de toda a laringe estava intensamente edemabosa e a leucocitose era elevada. Os tecidos necróticos foram aos poucos se eliminando e substituindo progressivamente por conetivo aparentemente esclerótico. Com o tempo, o paciente readquiriu quase completamente a função laríngica. No 71.º dia após a cirurgia se suspendeu a terapêutica imunossupressiva. Após duas semanas de suspensão medicamentosa, apareceram os sinais de rejeição sob forma de um edema intenso da mucosa com perturbações funcionais cada vez mais intensas. Na tentativa de se opor a reação de rejeição iniciou-se uma terapêutica maciça de Imuran 150 mg, 25 mg de pregnisolone, 200 g. de actinomicina endovenosa e sôro antilínfocitário. No fim de uma semana o paciente apresentava uma melhora funcional, possibilidade de falar, mas a voz não foi igual a que possuia, readquiriu a deglutinação e a possibilidade da tosse. Em conclusão os autôres afirmam que o resultado é razoavelmente bom e que muitas noções foram adquiridas. Caso êsse resultado se mantenha por um ano poder-se-á falar de uma nova possibilidade de tratamento do câncer da laringe.




Novo Tratamento da Ozena

J. Krnipotic-Nemanié (1) relata que ùltimamente tem sido utilizada a secção do nervo petroso superficial maior, por via traustemporal extradural, na ozena e em cefaléias de origem nasal. Relata a autora que o aspecto macroscópico e microscópico da mucosa nasal na ozena volta ao normal. Faz ainda considerações anátomofuncionais. (J. Krmpotic-Nemanié - Zun Thema: Vegetatives Nerven Systen in Rale Nasen-Ührenarzthiclor Thenapil - Zeitsel. Laryng-Rhino-Otol. 49: 316-324, 1970).




Normas para concessão do titulo de especialista em Otorrinolaringologia

É o seguinte o Regulamento do Titulo de Especialista em. Otorrinolaringologia, concedido pela AMB, em convênio com a Federação Brasileira de Otorrinolaringologia:

Art. 1.º - Todos os otorrinolaringologistas deverão possuir título de "especialista".
§ único - Êste título é reconhecido oficialmente pela Associação Médica Brasileira.

Art. 2.º -Será outorgado o título de especialista: a) a todos os professôres catedráticos, livres-docentes, médicos que possuam doutoramento na especialidade e médicos que hajam sido aprovados em concurso público para otorrinolaringologista; b) a todos os médicos, que, em março de 1970, já tenham exercido suas atividades em Serviços oficiais ou credenciados, no mínimo durante dois anos em tempo integral, ou três anos em tempo parcial; c) mediante concurso.

Art. 3.º - Decorrido o prazo de 3 canos após a aprovação dêste regulamento o candidato a título de especialista será obrigado a submeter-se a concurso, após estágio em Serviço credenciado por período não inferior a 2 anos.

Dos Serviços Credenciados

Art. 4.º - São considerados Serviços credenciados: a) tôdas as clínicas universitárias; b) Serviços não universitários com atividades científicas e assistenciais, considerados satisfatórios pelo Conselho Diretor eleito na Assembléia da Federação.

Art. 5.º - Em qualquer época um Serviço considerado credenciado pode deixar de sê-lo a juízo do Conselho Diretor.

Do Concurso

Art. 6.0 - Um ano após a aprovação das normas que regem o título de "especialista" serão abertas, as inscrições para o mesmo.

Art. 7.º - As provas são: a) escrita e de títulos; b) somente de títulos.
§ 1.º - Não serão dadas notas, sendo o candidato "habilitado" ou "não habilitado".
§ 2.º - O concurso deverá ser sigiloso. Os documentos comprobatórios deverão ser arquivados na sede da Federação ou da Sociedade que eventualmente venha a sucedê-la.
§ 3.º - Desde que habilitado, o Otorrinolaringologista receberá o seu título de especialista
§ 4.º - Só serão publicados os nomes dos candidatos habilitados.

Art. 8.º - A banca examinadora será constituída por um professor universitário, um livre-docente e um representante da FBO (AMB) .
§ 1.º - A banca examinadora é responsável pela análise dos títulos e organização de provas.
§ 2.0 - Os integrantes da banca examinadora, de preferência deverão pertencer ao local ou vizinhança da região do concurso, sendo escolhido pelo Conselho Diretor.

Art. 9.0 - A prova escrita será sob a forma de testes, em número do 100, ou srlbre tema geral, sorteado no dia do exame.
§ único - É considerado habilitado o candidato que responder 70 perguntas corretamente ou obtiver nota 7 na dissertação.

Art. 10.º - A matéria exigida é a que consta do programa oficial das Faculdades.
Art. 11.º - O presente regulamento, uma vez aprovado, poderá sofrer alterações a critério, do Conselho Diretor por maioria de 2/3 de seus membros.

NOTA: A Federação Brasileira de Otorrinolaringologia durante o Congresso do Rio de 4 à 9 de Setembro , do côrrente, recebeu um grande número de pedido, de concessão de títulos, com os respectivos currículos, que foram julgados pela Comissão de Especialização e que estão sendo expedidos aos colegas que foram aprovados. Os pedidos de títulos de especialista devem ser solicitados com o respectivo currículo ao Dr. C. Meireles Vieira - Av. Atlântica, 3018 - 2.º andar - Rio de Janeiro/GB.

Na reunião do Conselho Diretor da Federação foi apreciado o pedido de credenciado do serviço de residência do Instituto de Otologia de Pôrto Alegre (Art. 4.0-B) que foi aprovado.




Proporção Médico: Habitantes nos Estados do Brasil







Complicações Pós Estapedectomia

IMEDIATAS

1 - Vertigem pós operatória
2 - Infecção
3 - Paralisia facial
4 - Perturbações do paladar
5 - Degeneração coclear
6 - Labirintite serosa
7 - Deslocamento da prótese

TARDIAS

1 - Vertigêm permanente
2 - Acúfenos
3 - Perturbações do paladar
4 - Fístulas perilinfática
5 - Degeneração coclear
6 - Fixação de ossículos
7 - Granuloma pós operatório (Sehueknecht)
8 - Perfuração da membrana timpânica
9 - Necrose da apófise longa da bigorna
10 - Reobliteração
11 - Queda nos agudos
12 - Alterações psíquicas
13 - Fibrose do vestíbulo




Massas Supraclaviculares e seu Significado

(G. F. Lundmork e M. J. Acquerelli.Arch. Otolaryng. 91-529, 1970)

Os autôres estudaram 86 casos de pacientes com massas tumorais supraclaviculares e verificaram que a causa mais comum são de carcinomas do pulmão. Em, segundo lugar temos aqueles de lesão cancerosa da cabeça e pescoço, e encontramos também em 10 casos as lesões com origem. "in situ". A tabela abaixo demonstra êste aspecto:






Considerações sôbre a semiologia da voz

Nicanor Letti*

O exame semiológico da voz com suas características é de fundamental importância para o diagnóstico médico. A emissão de sons aproveitáveis para a comunicação só se realiza na fase expiratória da respiração. A duração do período vocal coincide com a da expiração, aproveitando o organismo os momentos de pausa para inspiração. Uma voz normal tem os seguintes atributos: 1) altura adequada; 2) claridade no tom; 3) correta inflexão; 4) ressonância satisfatória; 5) articulação eficiente.

A altura da voz depende da diferença de pressão acima e abaixo das cordas vocais. Quanto maior a pressão subglótica mais alto é o som. A claridade do tom depende da ação sinerânica dos músculos expiratórios e da musculatura laríngica. A alteração neste balanço produz uma voz com problemas. Assim por exemplo: se os músculos expiratórios agem antes que as cordas vocais se contraiam uma quantidade de ar escapa e um ruído se adiciona, a voz é aspirada. Par outro lado se as cordas vocais se aduzem antes da expiração o ar encontra a fenda g1ótica fechada, necessitando muito esforço para a abertura e o ar escapa repentinamente, produzindo uma voz com som estridente e áspero. (golpe de glote)

Os problemas da claridade da voz são caracterizados por rouquidão e podem ser causados por abuso funcional, pelo uso de tons altos ou baixos, irrigação por fumo ou poeiras, uso de voz alta em ambientes ruidosos ou lesões patológicas das cordas vocais. A rouquidão úmida é devida ao acúmulo de muco sôbre as cordas e os sons se assemelham a ruidos bolhosos. A rouquidão áspera é devida as cordas vibrarem em frequências diferentes e podem ser causadas por paralisia unilateral da corda vocal ou uma alteração na massa da mesma. Se a disfonia está combinada com um tom alto ela é chamada estridente, e com um tom baixo diz-se gutural. Uma voz eficiente apresenta altura correta ou apropriada segundo a idade e o sexo, e uma inflexão normal - isto é - o contrôle do levantamento e abaixamento da voz na fala ou na leitura é similar a pontuação na escrita. Uma voz que não apresenta esta qualidade é dita flácida ou monótona, como exemplo temos a voz do parkinsoniano e do paciente disfásico com hemiplegia. A altura da voz á produzida, pela vibração das cordas vocais e é determinada pelo comprimento, elasticidade, massa da carda e pela pressão, subglótica. Quanto maior a frequência da vibração mais alta é a voz. No registro baixo a alteração na altura é produzida pelo levantamento das cordas e pelo seu aumento em espessura durante a contração. As cordas vocais se aproximam e se separam com um movimento de rolamento semelhante ao cobertor ao nos cobrirmos no inverno. Tons baixos mesclados com muitos tons elevados são produzidos pela vibração lateral das, cordas vocais. Uma altura baixa do, voz pode ser devida a um aumento de massa das carolas, edema, tumores, flacidez ou lesão nervosa - todos êstes fatores tem a tendência de baixar a altura da voz, isto é, diminuindo as vibrações. Ao crescer á altura da voz as cordas tomam a forma do cunhas e as finas extremidades aproximam-se uma ela outra. Nos tons elevados as cordas permanecem em contato na parte posterior abrindo-se sòmente o 1/3 anterior ficando o restante livre de vibração. Tons elevados com poucos supratons (registro de cabeça) são produzidos por vibrações isoladas das cordas vocais em sua porção mais interna. Os tons da voz falada movimentam as cordas como um todo.

Ressonância da voz depende das cavidades aéreas associadas acima o abaixo doa cordas vocais. Estas cavidades agem de maneira semelhante a caixa do violão ou violino. Os principais ressoadores são a cavidade nasal, oral e faríngica. Eles agem por variação da tensão muscular de suas paredes ou fazendo variar o tamanho de seus orifícios. Paredes musculares relaxadas tendem a absorver as altas frequências em favor das baixas - o contrário acontece nas altas frequências. As cavidades nasais são importantes ressoadores. Hipernasalização (hiperrinolalia, rinolalia aberta) implica em excessiva ressonância. Ela é causada por mau funcionamento do véo do palato, e pode ser devida a fixação dos pilares velares (após amigdalectomia). O fechamento incompleto do orifício orofaríngico seguindo a remoção das adenoides, lábio leporino, excessiva tensão nas estruturas supra glóticas etc. - Hiponasalização (hiporrinolalia, rinolalia fechada) - caracterizada por ressonância nasal insuficiente e é devida a uma obstrução nasal ou da passagem nasal. Os sons da voz são grassos o abafados como durante a gripe. As três consoantes nasais M, N e NH tem sons semelhantes a B, D e G, a hipo e hipernasalização pode coexistir. A faringe se comunica com a cavidade nasal e oral. Este tubo está submetido a elevação, abaixamento, dilatação e contração. Tensão aumentada doas músculos faríngicos produz uma voz constrictora. Se a tensão também envolve a base da língua os sons se tornam desagradáveis (voz ele batata quente). A boca é a melhor cavidade ressoadora e a mais eficiente. Pode ser tunelar, para as altos frequências por intermédio dos lábios, dentes, maxilares e pelas mudanças de tamanho e posição da língua. Os órgãos de articulação são os lábios, dentes, maxilares, língua o palato. Eles agem como válvulas fechando a saída de ar expirado ou diminuindo sua saída. Os arcos dentais e uma correta oclusão são essenciais para uma adequada fonação. Assim se as mandíbulas são prognatas ou recessivas, ou se os incisivos são protuentes as consoantes labiais não podem ser pronunciadas corretamente. Na má oclusão anterior ou ausência de tais dentes teremos interferência com a produção de Z ou S. No caso do arco palatal alto a língua não consegue ter contato com o mesmo interferindo com a pronúncia de S = Z. (sigmatismo). O teste para abuso de voz (Andersar 1960) propôs que o dedo seja colocado na ponta da cartilagem tireoidea e o paciente fala com voz baixa. Se o pomo de Adão desaparece debaixo do osso hioide temos uma má função evidente. Mac Malias (1933) diz que a má função pode-se verificar quando o paciente diz (Há) e os pilares posteriores ao invés de assumirem a posição de um U invertido formam um V invertido.

Vemos, que pela observação das qualidades da voz e alguns outros dados podemos nos orientar adequadamente no diagnóstico e muitas vêzes na esquematização da terapêutica foniátrica.

* Médico otologista - Prof. Adjunto da Fac. de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.




Carta do Secretário Geral da Pan American Association of Oto-Rhino-Laringology and Broncho-Esophagology para a R.B.O.

September 9, 1970

Dr. Rudolf Long, Editor

Revista Brasileira de Otorrinolaringologia Pôrto Alegre, Brasil.

Dear Dr. Lang:

A few days ago, I received n.º 2 of volume 36 of the Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Thank you for your courtesy in giving me an opportunity to read your interesting journal.

While I could not understand all of the details, I was interested in the clinical material, and particularly in the never from my colleagues in Brazil. I also appreciate the incluision of the information on the Pan American Congress of OR,L, the Collegium Medicorum Theatri and the Gould Award.

I am delighted that the Revista Brasileira de Otorrinolaringologia has been resurrected under such strong and prudent leadership. My best wishes go to you as editor of this important journal in the biggest Latin American Country.

With beat personal regards, I remain,

Cordially yours,
HANS VON LEDEN, M. D.




Próteses Acústicas e seus Problemas

Os problemas de reabilitação dos indivíduos deficientes da audição, com aparelhos protéticos de amplificação são muito complexos para deixá-los como então. A comercialização das próteses acústicas, sua propaganda e suas indicações vem sendo realizada em todo o país sem o mínimo critério médico científico.

Em relação as próteses acústicas estamos como há trinta anos estava a comercialização dos óculos, o indivíduo comprava seu óculo na rua, de um vendedor ambulante, fazendo a experiência com o mesmo no momento de ser adquirido.

A finalidade de uma prótese acústica não é aumentar a audição através de uma amplificação sonora cada vez maior, mas sim de fazer com que a prótese ajude ao indivíduo captar o máximo de informações possíveis através do aproveitamento do que resta da audição no mesmo. Daí a necessidade que tem o médico de bem estudar êste resto auditivo, suas características e supraliminares a fim de indicar o tipo de prótese.

As próteses auditivas atuais são o que há de mais avançado na técnica eletro-acústica, por outro lado, a miniaturização tem resolvido, todos os problemas estéticopsíquicos que sempre acompanham, o uso de um aparelho protético.

O otorrinolaringologista diariamente comprova que inúmeros pacientes comprais prótoses acústicas não indicadas para e seu caso, levados sòmente pela propaganda comercial ou pelo poder do convencimento que o vendedor demonstra. A maioria dos indivíduos portadores de ótoesclerose geralmente pessoas de meia idade que necessitam face a sua profissão de escutarem corretamente, a cirurgia otológica soluciona 95% dêsses casos não necessitando dispender e usar um aparelho protético.

Nas casas comerciais que vendem lentes para óculos, os técnicos em óptica são os que interpretam as receitas médicas, ajustam estéticamentc os óculos, não acontecendo o mesmo as casas de aparelhos acústicos as quais fazem tôda a indicação seja ou não contra indicado aparelho.

Um estudo estatístico realizado na França no ano de 1965 por Claudo Lotellier em mais o 1000 indivíduos protetizados, verificou que sòmente 47% dos casos as próteses tinham resultados e estavam indicados. Sendo esta a percentagem da França cujo grau de instrução da população é bem mais elevado, o que deve estar acontecendo em nosso país? Onde uma propaganda sensacional e mentirosa é publicada em tôda nossa imprensa.

O autor citado demonstrou que a protetização sem critério, da maneira como é realizada atualmente, o seu resultado nos velhos é bom sòmente em 30% dos casos enquanto que nas crianças 50% tem resultados nulos e mesmo nefastos. Usando, entretanto o método racional, pela seleção protética 81,3% tem bons resultados em crianças, e em velhos em 75%.

A contra indicação do uso das próteses acústicas são bem precisas e muito bem estudadas, assim nas surdezes psicógenas, nos exageradores, vitimas de acidentes, nos casos de afasia receptiva etc.

Por todos êstes motivos a Sociedade Brasileira de Otologia em sua última reunião durante o Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia nomeou uma comissão que estudará os meios legais e as maneiras de coibir todos êstes abusos a que estão sujeitos os deficientes auditivos.

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