Versão Inglês

Ano:  1943  Vol. 11   Ed. 2  - Março - Abril - ()

Seção: Noticiário

Páginas: 209 a 212

 

Notas

Autor(es): João Marinho

DR. ARISTIDES MONTEIRO, PROFESSOR INTERINO DA CÁTEDRA DE O.R.L. DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO BRASIL

Com a aposentadoria do grande Mestre Prof. João Marinho, o Governo Federal, em recente decreto, acaba de nomear o Dr. Aristides Monteiro, conceituado especialista e nosso dedicado colaborador, para reger interinamente a cátedra de Oto-rino-laringología da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil.

O novo professor, pelas suas raras qualidades de profissional competente e culto, bem como pelos seus valiosos dotes intelectuais e morais, reune em si todos os predicados para desempenhar com brilho essa honrosa investidura.

Sua vida profissional, tem sido uma cadeia ininterrupta de sucessos, devido ao esforço e carinho com que sempre se dedicou à nossa especialidade.

Ainda estudante, o Prof. Marinho, reconhecendo os méritos e eficiente cooperação do jovem discípulo, nomeiou-o interno da sua clínica, onde permaneceu até o fim do seu curso médico.
Pouco depois de formado, era merecidamente promovido a assistente da referida clínica, onde foi, e ainda continua a ser, uma das colunas basicas da famosa escola do Hospital S. Francisco.

Nela, Aristides Monteiro, durante anos a fio, via-se cercado por numerosas turmas de estudantes e jovens especialistas (e alguns vindos do estrangeiro), aos quais, com sua técnica aprimorada, desvendava todos os segredos da cirurgia especializada, e também, ministrava todos os ensinamentos do seu bem-formado tirocínio clínico.

Em 1933,após memorável concurso,obtinha o titulo de livre docente da cátedra oficial de O. R. L.

Por ocasião do inesquecível l.o Congresso Brasiliense de O. R. L., realizado em 1938 no Rio de janeiro, foi ele o grande auxiliar do Prof. Marinho e, em parte, devemo-lhe o marcado êxito alcançado por esse certamen.

Em 1940, nas festas comemorativas do jubileu professoral do Prof. Marinho, Aristides Monteiro revelou mais uma vez a sua dínamica atividade, organizando-as de tal modo, que redundaram na maior consagração ao velho professor e que tiveram, como remate final, a publicação do numero especial desta vista; verdadeiro "Livro de Ouro" que, graças a ele, conseguiu inserir em suas paginas 42 trabalhos das principais sumidades nacionais e sul-americanas.

Promovido a chefe de clínica e eleito presidente da Sociedade de Oto-rino-laringologia do Rio de janeiro, e agora nomeado Professor interino, atingiu ele a uma das mais elevadas etapas da sua brilhante e vitoriosa carreira profissional.

Finalmente, como prova viva do seu fecundo labor cientifico, são os seus inumeros trabalhos publicados nesta revista e em muitas outras nacionais e estrangeiras.

"Revista Brasileira de Oto-rino-laringologia" envia calorosas felicitações ao seu grande amigo e colaborador, associando-se às justas homenagens que lhe serão prestadas.


NOTA DA REDAÇÃO


Por lamentável descuido da revisão, a apreciação do Prof. Marinho intitulada "Dez anos" e publicada no último numero desta revista, saíu com muitas incorreções e lastimável transposição no arranjo final.

Diante disso tudo resolvemos reeditar a referida apreciação, pedindo ao nosso querido Mestre desculpas pela nossa falta involuntária.


DEZ ANOS


Utilidade e oportunidade representam condições indispensáveis a viabilidade de qualquer empreendimento social. Outra, a medida ou prudência de iniciar a obra sem pretenções de leva-la desde logo às de cabo. Se o conceito de útil e oportuno vem de condições exteriores, a prudência pressupõe orgãos individuais, intelectual e moralmente idôneos ao bom êxito da empresa. E aí tentos os dez anos em ascensão na estima, admiração e agradecimento gerais à "REVISTA BRASILEIRA- DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA".

Pôs-se-lhe de manifesto a oportunidade em 1926, por ocasião dá memorável Reunião Oto-neuro-laringologica realizada em São Paulo. Faltou-lhe o nome, mas não o espirito de primeiro Congresso da Especialidade realizado no Brasil. Tateante por prudência, ou meio traíndo as preferências dogmaticas de seu digno organisador, ainda prendia-se, por feliz inspiração, à neurologia, fundamento à Otologia e a Laringologia, de que os acidentes cirúrgicos, por urgentes de acudir que sejam, não passam de ocasiões especializadas da cirurgia geral. A Rinologia não figurava oficialmente no programa, o que não é dizer que dela implicitamente não cogitasse e, muito menos, o proíbisse. O certamen impôs-se como de Oto-rino-laringologia.

Dele resultou duas preciosas conseqüências. Uma, imediata, os edificantes anais, testemunho do quanto foi útil e oportuno; outra, a sugestão do que veiu a ser a primeira fase da atual Revista, cujo primeiro decenário hoje comemoramos.

Concebida e nascida em São Paulo, demorou cinco anos regional no título, e apenas como Revista de Oto-laringológia. Em 1938, tornou-se o que desde o começo pretendeu, agora também no título, extensamente brasileiro e incluindo a rinologia: "REVISTA BRASILEIRA DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA". Não tardou que transbordasse de nós aos nossos vizinhos rioplatenses e, já por toda a América do Sul e logo dilatada a outros países através dos sumários feitos nas principais linguas sábias.

Os seus índices atestam a quanto já vale a operosidade mental e técnica dos nossos especialistas, a que cedo veiu juntar-se preciosa colaboração dos que por pouco não falam a mesma língua nossa.

Empreendimentos de tomo não se acabam de repente. Não se lhes dispensa o tempo, e todos tem o seu próprio. O da Revista chegou. Ainda que a prudência, insepáravel da molestia dos seus dignos diretores são a tenham, por obra acabada, os seus leitores já a julgam por excelente, que já é obra, quando mais não fosse, a de nos guardar a atividade intelectual e prática, sem o quê logo desapareceriam da memória, ainda da contemporânea, se não lhe houvesse acudido em tempo a benemerência dos dignos fundadores e continuadores, por tranquilidade nossa aí sadios, no vigor da idade, cada dia mais seguros de si e do benefício comum, pela sabedoria repassada na experiencia própria. Qualquer dos trabalhos que aceitam foram capazes de redigir. O que não é o menos rosa vigilancia redacional da Revista. O bem que somos conhecidos lá, fora a ela o devemos.

Ao entendimento juntam autoridade e desinteresse. A sua Revista não acolhe, escolhe. Em eufemismo polido de adiamento, vai preterindo trabalhos somenos (que de tudo há) e, o que é mais e de pasmar, solicitações de anunciantes, nos quais as palavras que dizem e escrevem são de ciência, mas debaixo anseia vivo o triste industrialismo da farmacopéia atual.

Devemos, outrosim, a Revista de Mario Ottoni de Rezende e Homero Cordeiro o haver encarreirado a intelectualização da Oto-rinolaringologia. Já enfastia o seu explendor de cirurgia pura. Tão perfeita já anda nas intervenções até há pouco tidas por difíceis, agora acessíveis com desenvoltura a todo interno bem guiado, que já se torna desnecessária, senão impertinente, sua ostentação em revistas da Especialidade.

Compreende-se o anúncio de operações especializadas na Ordem do dia de Associações Médicas gerais pelo beneficio de chamar a atenção dos clinicas assim para o muito que já pode, e com inocuidade operatoria a Oto-rino-laringologia, como, permita-se a digressão, para a habilidade particular do operador, o que, afinal, redunda em benefício do grande público. Constitui até a forma mais autorizada e, sôbre isso, de todo em todo sem dispêndio, de inscrição pedida pela modéstia... no último lugar das ordens do dia. Como raramente se esgotam na noite para que foram publicadas em todos os diarios de milhemos exemplares circulantes, lá aparece, na semana ou semanas seguintes, a operação e sou habilidoso artista reanunciados.

Nessa particular, ainda uma vez com oportunidade, preocupa-se a Revista cora decidida preferência, da parte doutrinaria da Oto-rino-laringologia. Com o que tem estimulado trabalhos brasileiros de indiscutivel valor.

Já mais do um de todo em todo original. Como tais, ainda sem maior repercussão, retidos na latência ou invulgaridade natural de todo advento progressista, mas, guardado como testemunho de prioridade, que menos vale de contentar a vaidade individual, que ao devido acatamento da nacionalidade em que surdiram. Na maioridade decenal a que chega a "REVISTA BRASILEIRA DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA", não lhe seria fora de propósito fazer um índice particular de nossos trabalhos originais. Singular que fosse o achado, bastaria. E fio que mais de um se colheria.

No apêrto em que me emprezaram os diretores da querida Revista, vejo que só me resta tempo para terminar, não sem reverenciar primeiro a grande autoridade com que logrou congregar em si duas ou três das de bôa vontade que possuíamos, mas por demais estadoais, agora fundidas numa só, essa única de todos nós: a REVISTA BRASILEIRA DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA.

Petropolis, 5 de Abril de 1943.

JOÃO MARINHO

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