Versão Inglês

Ano:  1942  Vol. 10   Ed. 4  - Julho - Agosto - ()

Seção: Várias

Páginas: 477 a 483

 

VÁRIAS

Autor(es): -

II.º CONGRESSO BRASILEIRO DE OTO-RINO-LE4RINGOLOGIA

11 a 15 de Outubro de 1942

Como é do conhecimento caos especialistas brasileiros-, terá lugar entre 11 e 15 de outubro vindouro, na Cidade de Salvador, Baía, o II° Congresso Brasileiro de Oto-rino-laringologia. O Comité executivo, presidido pelo eminente Prof. Eduardo 46 Moraes, encontra-se assim constituido: Drs Orlando- de Castro Lima, Carlos de Moraes, Astor Baleeiro, Teonilo Amorinr, Antonio Queiroz Muniz e Helio Lemos Lopes.

Com toda segurança o Congresso conta com seu exito garantido, pois é apoiado pela unanimidade dos especialistas brasileiros e a simpatia dos colegas das republicas irmãs sul-americanas. Os congressistas, alem de tomarem parte na reunião fraterna daqueles que comungam os mesmos ideais, cientificos; apresentando e discutindo assuntos os mais variados da Oto-rino-laringologia, terão ocasião de sentir com prazer o agasalho da hospitaleira gente baiana, bem como apreciar as belezas e relíquias que constituem verdadeiras joias da terra baiana.

O Regimento do Congresso é o seguinte:

1) O 2.° Congresso Brasileiro de Oto-Rino-Laringologia se reunirá de 11 à 15 de Outubro de 1942, na cidade do Salvador - Baía.

2) A sessão de abertura será a 11 de Outubro; as ordinarias na semana seguinte, e a de encerramento no dia 15 do mesmo mês.

3) A este Congresso poderão concorrer todos os especialistas brasileiros e estrangeiros, medicas que se interessem por questoes da especialidade ou a ela correlatas.

4) As sessões serão realizadas na Sede da Sociedade de Oftalmologia e Oto-Rino-Laringologia, podendo tambem, ser na de outras Sociedades medicas congeneres, especialmente concedidas para este fira e em serviços hospitalares, para demonstrações de processos-operatarios

5) As sessões de abertura e encerramento do Congresso poderão se realizar num proprio nacional, cedido pelas autoridades competentes e serão presididas pelo presidente do Congresso.

6) A sessão de abertura do Congresso constará tão somente, do discurso pronunciado pelo Presidente do Congresso e dos pronunciados pelos diferentes menbros de delegação nacionais e estrangeiras. Nesta sessão e vedado apresentar-se comunicações sob qualquer forma e pretexto.

7) Na sessão de encerramento o Secretario geral do Congresso, fará em breve alocução, o resumo das principais ocorrencias e dos trabalhos apresentados durante o certame. Nesta sessão é facultado a apresentação de moções, requerimentos, indicações, etc., sobre os assuntos debatidos. Marcar-se-á nessa ocasião a séde do proximo futuro Congresso á realizar-se dentro do praso de dois anos.

8) No ato do encerramento da sessão inaugural, o Presidente indicará o seu substituto para a presidencia da primeira sessão ordinaria, e este o que deverá substitui-lo na segunda e assim sucessivamente.

9) Os Secretarios da mesa, serão em numero de dois, escolhidos pelo Presidente, salvo os das sessões de abertura e encerramento, que serão os da Sociedade de Oftalmologia e Oto-Rino-Laringologia da Baía.

10) Haverá comunicações sobre temas livres que não poderão exceder de 50 páginas, datilografadas em espaço duplo, ficando no entanto subentendido que para a sua exposição oral os comunicações terão 15 minutos, sendo dado 5 minutos para cada membro comenta-las e 15 ao orador para responder aos comentarios.

11) O Presidente poderá, com prévio consentimento da Assembléia modificar estes tempos, estabelecendo uma prorrogação de 5 minutos para ás comunicações, mas nunca para os comentadores.

12) Cada orador deverá trazer um pequeno resumo em duplicata do trabalho a expôr, se possivel traduzido em francês, inglês ou alemão, para entrega-lo á mesa.

A vinguem é dado falar novamente sobre o assunto que já se tenha externado, assim como a interromper o orador com apartes.

13) Cada congressista poderá apresentar no maximo, tres trabalhos. mesmo quando assinados em conjunto.

14) As comunicações dos membros adesistas, que não poderem comparecer as sessões não serão lidas em plenario, porém, publicadas nos Anais do Congresso.

15) Estehografos acompanharão todos os debates e fornecerão á Mesa copia do ocorrido as sessões.

16) As inscrições encerrar-se-ão impreterivelmente no dia 30 de Agosto.

17) Cada congressista nacional pagará uma taxa de 50$000 para os efeitos das despezas com o Congresso. O Tesoureiro, será o encarregado ,deste recebimento e no fim prestará contas sobre as despezas efetuadas.

18) Os trabalhos apresentados ao certame, serão publicados em volumes especiais dedicados ao Congresso Brasileiro de Oto-Rino-Laringologia. Toda a correspondencia poderá ser dirigida para os seguintes endereços:
Prof. Dr. Eduardo Rodrigues de Moraes - Rua Chile, 23.

Dr. Orlando de Castro Lima - Avenida 7 de Setembro, 52, 1.° andar. Cidade do Salvador - Baía - Brasil.
Certos de que o II.° Congresso Brasileiro de Oto-rino-laringologia, constituirá mais um marco na brilhante trajetoria da especialidade entre nós, a REVISTA BRASILEIRA DE OTORINO-LARINGOLOGIA deixa aqui consignado o seu irrestrito apoio, bem como cumprimenta o distinto amigo e colaborador Prof. Eduardo de Morais e seus estimados e trabalhadores companheiros do Comité Executivo por mais esse esforço ao engrandecimento, difusão e progresso da oto-rino-laringologia nacional.

SEGUNDO CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE CIRURGIA PLÁSTICA

Realisar-se-á em Buenos Aires e em Rosario, de 17 a 23 de Outubro proximo o 2.º Congresso Latino-americano de Cirurgia Plástica.

Serão apresentados dois tênias oficiais:

1.º) Fissura labioalveolo-palatina, que será relatado pelos Drs. Enrique Apolo, Heetor Marino e Dellepiane RaNvson e

2.°) Reparação plástica das grandes perdas de substância da face, relatado pelos Drs. Mario Kroeff, David Adler e Oscar Ivanissevich.

A apresentação de outros trabalhos sobre Cirurgia Plástica será livre.

A correspondência relativa ao Congresso poderá ser ,enviada para Buenos Aires - Calle Santa Fé n.º 1171 ou para Rua Benjamin Constant 171, 1.º andar, S. Paulo.

O cirurgião-dentista Mario Graziani acaba de presentear a classe odontologica Brasileira, com um magnifico tratado de cirurgia da boca e que deu o titulo, muito justo, de "Cirurgia Buco-Maxilar".

Muito bem impresso, muito bem documentado e muito bem ordenado na distribuição inteligente dos variados assuntos tratados com rara clareza expositiva.

De inicio mostra tudo quanto um cirurgião, especialidado ou não, deva saber na parte geral dos conhecimentos cirurgicos, para que possa, de seguida, entrar no estudo mais aprofundado da cirurgia mesma. Pela difusão cuidadosa da materia em capitules curtos, praticos e sugestivos, vê-se logo que o autor é dotado de rara ilustração e preparo na especialidade a que se dedica: generalidades, pré-operatorio, acidentes operatorios, post-operatorio. Seguindo-se; anatomia cirurgica, esterilisação, anestesia cirurgica e, por fim, instrumental, constituem os capitules que representam os fundamentos da propria cirurgia.

Bem cuidados todos os itens referentes a cirurgia dos dentes propriamente dita, incluindo-se nela a dos dentes inclusos, das enfermidades periapicais, da reimplantação dos cistos peridentarios, dos cistos foliculares, das inflamações purulentas dos maxilares - aqui o cirurgião dentista muito poderá melhorar o que já conhece do assunto, ou, digo melhor, poderá coordenar melhor as tecnicas, já conhecidas, em proveito dos doentes.

Discordo do autor em ter gasto clichês, tão bem acabados, com a exposição de professo, já um tanto absoleto, para tratamento dos cistos, isto é, o de Partscha 1.ª - marsupialisação do cisto. A cirurgia, penso, não admite, hoje, técnica semelhante. Em todo caso sua apresentação serve pára o aumento da ilustração de quem o queira conhecer.

Deste ponto em diante, muito embora o autor demonstre raro saber, dentre os de sua especialidade, em todos os assuntos de que continua a tratar, com a mesma proficiencia com que cuidou dos outros até aqui, os capítulos estudados embricam-se ora com a oto-rino-laringologia, ora com a cirurgia plastica e ora com a ortopedia mesma. Por aqui se vê a entrozagem de toda medicina em seus diferentes ramos.

E certo que um cirurgião dentista pôde, como qualquer médico, assenhorear-se de não importa qual conhecimento da medicina e da cirurgia, mas julgo que os nossos cursos passados, e mesmo atuais, de odontologia, não ministram saber suficiente para a expansão que o autor quer dar, no momento, a cirurgia buco-maxilar no prisma odontologico.

Transformado o ensino basico da Odontologia entre nós, aprimorados e ampliados os conhecimentos teoricos e praticos, para um curso mais aprofundado da medicina odontologica, é natural que os assuntos tratados pelo autor tenham, até certo ponto, sua razão de ser, mas não, assim "exabrupto".

A cirurgia do assoalho da boca, das sinusites maxilares (que quasi sempre não somente maxilares, mas combinadas: fronto-etmoido-maxilares, por ex), das fraturas dos maxilares, das fissuras palatinas, do labio leporino, devem provisoriamente, e algumas delas definitivamente, pertencer a outros territorios da cirurgia que não a odontologia.

O que está escrito, porem, dado o modo simples pelo qual o autor apresenta cada assunto, é de valor enorme para a ilustração dos cirurgiões dentistas que farão a aquisição, num livro brasileiro, de tudo quanto exigiria trabalho imenso para ser conhecido atravez da literatura mundial sobre o assunto. O autor prestou, pois, á sua classe, com a apresentação da "Cirurgia Buco-Maxilar", um serviço de enorme relevancia, alem de ter demonstrado o afinco com que estuda sua especialidade, e o amor e entusiasmo que por ela tem.

Está de parabens a odontologia brasileira.

INDICE DE OXIDASE SEABRA

Poder enzímico leucocitário - Diabete e tuberculose à luz do índice de Oxidase - Denominação diste índice dada péla Academia Nacional de Medicina - Conferidos os Prêmios Oscar de Sousa em 1942 e estabelecidos os mesmos para o próximo ano de 1943.

Reproduzimos a seguir alguns trechos da oração com que o académico Paulo Seabra comentou a conferência sôbre "Os linfócitos em Patologia", que o Prof. Moreira da Fonseca fez na sessão de 4 de Junho da Academia Nacional de Medicina.

"Acredito que o estudo do poder enzímico do sangue, a que me venho dedicando há vários anos, projete alguma luz sôbre o mistér linfocitário, na maravilha da economia biológica.

"É assim, por exemplo, que a defesa orgânica na tuberculose está perfeitamente ligada ao linfócito, como frisou muito bem o orador, e foi pesquisado de maneira especial por G. Hussey, Capuani e outros autores.

"Em determinadas fases das supurações tuberculosas, os linfócitos dominam de modo absoluto, tornando-se quase impossível encontrar-se bacilos de Koch com a sua clássica ácido-resistência, pois o envoltório lipídico protetor é lisado pêlo enzima que o linfócito, qual glândula volante, lança no plasma - a lipase.

"Numerosos trabalhos, como os de Fontes, Porter, Fiessinger, Wallner, Rossi, Capuani, Bantine e Luiz Martin, da Escola Mac Dowell demonstram o nítido papel da lipase na defesa orgânica do tuberculoso, que é um desfalcado desse enzima e que melhora quando se enriquece do mesmo, ou é enriquecido, mercê de adequado estímulo.

"Se, porém, ao linfócito cabe a lipólise, já o mesmo não acontece quanto à glicólise, como demonstraram Soffer e Wintrobe, aplicando ao sangue a técnica de Warburg para o estudo da célula cancerosa.

"Não é de estranhar tal fato, pois a destruição da glicose se processa pila oxidação e a oxidase é lançada no plasma, não pelos elementos da série linfoide, mas pelos mieloides, maximé os neutrófilos e os eosinófilos.

"Ganham importância, assim, tais estudos, em vários campos da medicina, haja vista a diabetologia, pois sabemos que a hiperglicemia não provém só da superprodução glicósica, mas tambem, da insuficiência da sua queima, entrevendo-se a significação da preponderância mieloide ou linfoide.

I - Nos tuberculosos, os índices foram encontrados variando na artéria entre 8,6 e 32,9 e na veia, entre 8,1 e 29,9. Nos indivíduos normais, esta variação foi de 5,7 à 16,4 para o sangue arterial e de 8,1 à, 17,3 para o sangue venoso notando-se, portanto, uma maior elevação nos tuberculosos.

II - Esta predominância dos índices nos tuberculosos foi mais evidente nos doentes pertencentes à Série I e II (ver quadro das observações), isto é, nos que estavam em pior situação pulmonar e geral. Os doentes que tiveram índices mais próximos dos normais foram os da Série III, que estavam em boas condições gerais e apresentavam um processo pulmonar mais discreto.

III - No que toca ao índice e à hemosedimentação não encontramos uma relação direta, pois tivemos índices em tôrno do normal, em indivíduos com sedimentação elevada (caso 9.897).

IV - Em relação às expressões numéricas dos índices encontrados no sangue arterial (A) e no sangue venoso (V), tanto nos tuberculosos como nas pessoas normais, houve uma ligeira predominância do I. A. sôbre o I. V. Assim é que, dos 21 doentes, 15 tiveram uma predominância do arterial sôbre o venoso e 5, o inverso, enquanto em um dêles não houve modificação. Das 7 pessoas sadias, 4 tiveram um índice arterial maior (ver quadro das observações e os gráficos).

V - Se bem que tanto nos doentes como nos normais houvesse uma predominância do índice arterial sobre o venoso, parece ela ligada mais à fatores individuais ainda não bem determinados e que escapam, no momento, requerendo, portanto, estudos mais acurados.

"Acreditando contribuir assim para o progresso do estudo de um setor tão promissor quanto obscuro da medicina" o Instituto Terapêutico Orlando Rangel restabeleceu a doação para que o Prêmio Oscar de Sousa possa ser novamente conferido aos dois melhores trabalhos que se apresentem, sob pseudônimo, à Academia Nacional de Medicina, versando sôbre aplicação à medicina do índice de Oxidase Seabra (1.° Prêmio 2:000$000, 2.° Prêmio 1:000$000).

Dispõe ainda o Instituto Terapêutico Orlando Rangel, de algumas separatas do Boletim da Academia Nacional de Medicina, da sessão de 17 de Novembro de 1938, com o trabalho em que a técnica para a determinação do índice de Oxidase Seabra é descrita pêlo seu autor, e, por nosso intermédio as põe ao dispor dos interessados em praticá-la.

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