Versão Inglês

Ano:  1938  Vol. 6   Ed. 5  - Setembro - Outubro - (º)

Seção: Várias

Páginas: - a -

 

VARIAS

Autor(es): -

Almoço-homenagem ao Prof. Eduardo de Moraes

Os ex-auxiliares e internos da Clinica Oto-rino-laringologica da Faculdade de Medicina da Baía, presentes ao 1.° Congresso Brasileiro de Oto-rino-laringologia, discípulos todos do Prof. Eduardo de Moraes, promoveram carinhosa homenagem a este mestre, consistindo num almoço oferecido ao mesmo, no restaurante do moderno aeroporto da "Panair", no Rio de Janeiro. Ao champagne, fizeram uso da palavra: o Prof. Arthur de Sá, catedratico da Faculdade de Medicina de Recife, o qual, na qualidade do mais antigo auxiliar, brindou o homenageado; o Prof. Fróes da Fonseca, atual diretor da Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil, erguendo sua taça em honra da velha e tradicional Escola da Baía; e o Prof. Eduardo de Moraes, que, comovido, agradeceu a homenagem, evocando a figura inconfundível de Hilario de Gouveia, pioneiro da Oto rino-laringologia e da Oftalmologia no Brasil, do qual teve a grande honra de ser discípulo.

A fotografia anexa fixa o grupo que tomou parte no cordial agape.


Da esquerda para a direita e de pé: Drs. Luiz Brandão Filho, Edgard C. Falcão, prof. Arthur de Sá, P. Catalão, Pedro Falcão, Prof. Ermiro de Lima, Prof. Fróes da Fonseca, Dra. Lily Lages, Prof. Eduardo de Moraes, Prof. Mangabeira-Albernaz, Dra. Gladys Browne, Carlos Moraes, A. Braga Netto e Helio Lopes. Sentadas, no primeiro plano, se encontram as senhoras Drs. C. Moraes, P. Falcão, H. Lopes, C. Falcão e M. Albernaz.



PAULO DE FARIA

"Finis vitae ejus nobis luctuosus, Patriae tristis, extraneis etiam ignotisque non ine curafuit".

Tais palavras, com que Tacito, o grande historiador romano, pranteou a morte de Agricola, seu sogro e general do Imperio, acudiram-nos á mente, pela extensão da tragedia horrivel que, com outros prestantes cidadãos, vitimou o nosso colega Paulo de Faria, catastrofe que a nós, seus amigos, cobriu de luto, a Patria de tristeza, e de pezar até a desconhecidos e estranhos.

A sua morte é um desses acontecimentos que leva a gente a meditar sobre os destinos humanos.

Tão cheio de vida, unindo á mocidade do espirito, invejavel robustez fisica, senhor da profissão que exercia com brilho, uma rajada rude e bruta do destino foi o suficiente para fulminal-o instantaneamente.

Paulo de Faria, descendente de tradicional familia paulista, formou-se em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1919.

Seguindo os seus pendores naturais, que o encaminharam para a oto-rino-laringologia, pouco tempo depois de formado, seguiu para a Europa, onde, nas clinicas de Berlim, Paris e Viena, fez-se especialista emerito.

Frequentou algum tempo o serviço de oto-rino-laringologia da Policlinica de S. Paulo, sob a direcção de J. J. da Nova - o professor sem catedra - na frase precisa de João Marinho, deixando em sua passagem por lá, um rasto inesquecivel de bondade.

Enriqueceu a especialidade com o chamado "sinal expiratorio ou pneumo-sinal" no decurso da punção do antro maxilar, conforme comunicação que fez á A.P. M. em sessão de 1 7 de Abril de 1933.

Espirito de escol, temperamento cheio de bonhomia, com um sorriso sempre para todos, não deixou a nódoa de uma só inimizade, a nuvem de uma unica antipatia.

Entusiasta ardoroso de todos os esportes, a aviação o absorveu ultimamente nas redes maravilhosas de seu encantamento, e a ela dedicou bôa porção de seu tempo, como diretor-presidente da Viação Aerea S. Paulo. Piloto-aviador, amante do azul infinito, foi aí encontrar a morte cruel, que arrebatou o seu organismo em plena florescencia.

A saudade, já disse alguem, é bem uma ressurreição. Vence o espaço e o tempo. O espaço, na ausencia transitoria do entes queridos; o tempo, triunfando gloriosamente sobre a morte - eterna separação.

Pela saudade viverás comnosco.

E de onde estiveres, no irrevogavel encerro sombrio da paz, lias de sentir neste momento a justissima homenagem que te presta, pela minha pena obscura, a REVISTA OTO-LARINGOLOGICA DE S. PAULO, lidima representante de nossa classe.

E nós que, comovidamente reverenciamos a tua memoria, repetimos aquelas diamantinas estrofes de Corneille, naquele Cid, que é toda uma vibração de dôr e de heroismo:

Je ne viens pas ici consoler tes douleurs
Je viens plutôt méler mes soupirs à tes pleurs. Outubro de 1938. PAULA ASSIS.



Prof. E. Segura (Buenos-Aires); Prof. J. Marinho (Rio de Janeiro); Prof. J. Alonso (Montevidéo)


Homenagem da REVISTA OTO-LARINGOLOGICA DE S. PAULO aos tres grandes mestres da oto-rino-laringologia sul-americana.

Imprimir:

BJORL

 

 

 

 

Voltar Voltar      Topo Topo

 

GN1
All rights reserved - 1933 / 2024 © - Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial