Versão Inglês

Ano:  1938  Vol. 6   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - (10º)

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 113 a 128

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 2

Autor(es): -

MONATSSCHRIFT FÜR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE
(Viena)

A. SERGER (Zagreb-Iugoslavia) - Terapia operatoria das estenoses da laringe. - Pag. 1153.

O A. tem aplicado, nos casos de estenose, com fixação mediana das cordas vocais, seu processo proprio, que denominou exenteração da laringe. Pratica-se, como primeiro tempo, a laringo-fissura. A seguir, são feitas duas incisões paralelas, uma na falsa, outra na corda verdadeira; atravez dessas incisões e duas outras medianas, é esvaziado o conteúdo da laringe, por meio de pequenas tesouras e rugirias, até atingir as cartilagens. Após a exenteração, suturam-se, com catgut, os retalhos das mucosas. A laringostomia permanece aberto até que o doente consiga respirar com a sonda fechada. Conseguido isso, é fechado o órgão, por meio de operação plastica. Nos primeiros tempos, o doente fica afônico, mas pouco a pouco a voz vai-se tornando nitida e ainda mais clara que antes da operação, graças aos feixes musculares que continuam a ser inervados pelo laringêo superior.

E. URBANTSCHITSCH (Viena) - Exames histologicos seriados das tonsilas e das adenoides - Pag. 1177.

Foram examinados, em 18 mêses, 441 doentes de ambos os sexos e idades, variando entre 0 e 55 anos. Em 25 casos foi notada a intromissão de tecido ósseo-cartilaginoso nas amigdalas, o que parece resultar de uma tendencia congenita. Em 5 casos havia tuberculose, sem que os doentes apresentassem fóco visivel quer nas amigdalas quer em outro qualquer órgão; só a radiografia demonstrou perturbações especificas no tórax. Em 2 casos (homem de 35 anos e menina de 10), foi diagnosticado carcinoma; aqui também, macroscopicamente, não havia a menor suspeita de neoplasma; a reação de Freund-Kaminer foi, nestes casos positiva, confirmando o diagnostico histologico. Todos os casos apresentavam quer nas tonsilas, quer nas adenoides, reação inflamatoria cronica.

E. RUTTIN (Viena) - Operação radical conservadora e típica do ouvido medio. - Pag. 1217.

O A. estuda todas as formas de otites e perfurações do timpano, as indicações para a radical, seja para a típica, seja para a conservadora. Quando o colesteatoma é seco, faz a conservadora, quando supurado, a típica. As perfurações centrais, pequenas, exigem a radical conservadora, pois frequentemente conduzem á septicemia, ou a trombose do seio. As perfurações da Schrapnell acham-se quasi sempre acompanhadas de colesteatoma. Diz o A. que as radicais típicas são mais frequentemente seguidas de recidivas que as conservadoras. A audição permanente, quase sempre ao que era antes da operação conservadora, dependendo, naturalmente, da conservação da cadeia de ossiculos. Ruttin faz a conservadora deixando intactos o timpano e os ossiculos, retira a parede posterior do conduto, bem como a ponte e a parede lateral do atito. A plastica é feita normalmente. A ferida retro-auricular não é suturada, mas drenada com gaze iodoformada. O primeiro curativo é feito 7 dias após, caso não haja complicação.

E. MATIS (Kaunas) - Indicações e tecnica da antrotomia atravez da concha e do conduto auditivo externo. - Pag. 1230

Em certas formas de otite media, principalmente nas pessôas idosas, fracas, nas mastóides ebúrneas, nas supurações subagudas, nos fócos latentes, etc., o A. recomenda seu metodo: incisão semi-circular no cavo da concha. A seguir, afastamento das partes moles retroauriculares, que são mantidas com afastadores. Retirada.da camada cortical e do terço externo do conduto ósseo. As celulas da mastoide devem ser curetadas tão bem como na antrotomia típica. O tratamento posterior é feito pelo conduto. A maior vantagem da operação reside no fato de que o periósteo é conservado totalmente, bem como na circunstancia de ser o tratamento posterior feito pelo conduto. Por esse motivo a cicatrização da ferida é mais rapida.

R. LEIDLER (Viena) - Sobre perturbações no sistema vestibular nas doenças do pancreas. - Pag. 1242.

Compara as perturbações do sistema vestibular, observadas na encefalite, com os resultados de doenças do aparelho digestivo. Já de longa, data são conhecidas as vertigens gástricas, ligadas então ás excitações do vago, ao lado de outras (botulismo) explicadas por afecções dos centros nervosos cerebrais. O A. estuda 20 observações de doentes do pancreas, com perturbações do aparelho vestibular, tais como hipo e inexcitabilidade calórica; reações anormais (desvio conjugado com ou sem nistagmo, nistagmo atípicos); nistagmo espontâneo; desvio da cabeça; vertigem, etc. Pode-se supor que nestes casos, o veneno pancreático introduzido na circulação, comporta-se como nos casos experimentais, em animais, com a quinidina.

Em que os experimentadores provocaram perturbações tóxicas no sistema nervoso central.

B KARBOWSKI e MESZ (Warschau) - Um abcesso cerebral complicado de pneumo-craneo com decurso favoravel. - Pag. 1251.

Um doente teve um abcesso otogenico do lobulo temporal esquerdo, do qual sarou. Como aparecessem novos sintomas focais, foi feito exame rontgenológico, mas não havia mais abcesso, porém, uma grande cavidade pneumática no espaço aracnoidal. Após 3 semanas houve reabsorção do ar. Neste caso não havia, como em geral acontece, em todos os raros casos observados, perda de liquido. A explicação da formação desse pneumo-craneo não é facil. Acha o A., com Uffenorde, que ele estava ligado aos movimentos pulsátivos e respiratórios do cerebro. E' de se notar que a radiografia de contraste foi feita com lipiodol. Não teria havido intromissão de ar por ocasião da injeção de lipiodol?

ROBERTO OLIVA

ACTA OTO-LARYNGOLOGICA

Vol. XXIV - Fascículo 3-4 - 1936.

GUNNAR HAGERUP (Copenhagen) - Complicações endocranianas de origem nasal. - Pag. 321.

O A. relata 33 casos de complicações endocranianas causadas por inflamações dos seios paranasais. Destes casos, 32 foram encontrados entre os 1330 pacientes com inflamações dos seios da face observados na clinica de molestias do ouvido, do Hospital Municipal de Copenhagen, examinados entre 1906 e 1933. O material compreende, ainda, 3 casos de complicações em consequencia de lesões operatorias do seios e 1 foi produzido por uma sinusite frontal traumatica acompanhada de amolecimento cerebral, ficando, assim, elevado para 36 em 1330 o numero total dos casos complicados, o que corresponde a 3%.

Entre os 33 casos de complicações espontâneas, 14 foram de leptomeningites ou abcessos sub-durais, 12 de abcessos do cerebro, 4 paquimeningite e abcessos extra-durais e 3 de trombóse do seio cavernoso.

A predominancia foi observada nos individuos jovens, 22 casos foram encontrados em pessôas menores de 30 anos. O paciente mais jovem tinha 6 mezes de idade.

O numero de individuos com otite supurada e os de inflamações dos seios está compreendido, durante muitos anos, numa relação de 7:1 na clinica mencionada. Os abcessos de origem otogenica e, ainda, em maior extensão, a meningite otogenica com abcesso subdural são em muito maior numero que de casos correspondentes ás complicações rinogenica.

Foram praticados exames bacteriológicos, em 19 casos revelaram agentes patogênicos de observação comum, sem regularidade aparente em suas presenças. Em 3 casos havia referencia a traumatismo e em 2 a extracção de molar superior. Em 21 casos havia sintomas oculares, em 15 inflamação da orbita, em 5 inflamações das palpebras ou da conjuntiva. Em 20 casos as complicações devem ter tido origem nos seios frontais, em 9 nas celulas etmoidais e em 3 nos seios esfenoidais. Não se observou, nessa serie de casos, complicações originarias dos seios maxilares. Em 1 caso tratava-se de inflamação cronica pura. Nos outros casos foram observadas inflamações agudas dos seios paranasais, sendo que em 9 destes tratava-se de uma recrudescencia de um processo crônico. Só em 13 casos notou-se a lesão de um seio unicamente. Em 10 casos os abcessos cerebrais eram solitários e em 2 eram múltiplos.

Baseados nesta materia, o A., discutiu a sintomatologia, diagnostico, prognostico e o tratamento, e diz que quando da presença da pleocitosis, a evacuação radical do fóco primario e a exposição exploradora da dura, são indicados. Si fôr encontrada paquimeningite deverá ser exposta em toda extensão até que seja visivel, em volta, dura completamente sã. Punção cerebral poderá ser praticada.

WITTMAACK, K. (Hamburg) - Sobre a estrutura e função da membrana tectoria. - Pag. 397.

A membrana de Corti e o orgão de Corti formam um complexo tissular comum, isolado do espaço endolinfatico, e apresentam certo estado de turgescência, ligado ás modificações de pressão do ouvido interno.

A excitação adequada para o nervo coclear consiste nas variações periódicas de pressão produzidas no liquor pelas oscilações da platina do estribo.

Estas variações de pressão serão transportadas.á superficie dos plexos nervosos, não como resultante de sua acção sobre as celulas sensoriais, mas, provavelmente, de modo direto, sem a intervenção de celulas sensoriais especificas, por intermedio da turgescência da membrana de Corti e da totalidade do complexo tissular de Corti.

MAJANZ, J. (Leningrad) - Um caso raro de complicação endocraniana em consequencia de peritonsilite. - Pag. 461.

Ao lado dos casos raros, publicados na literatura, de complicações endocraniana, tendo por causa uma infecção propagada do territorio peritonsilar, atravez da zona parafaringêo, pelo forâmen oval ao cerebro, o mesmo processo poderá propagar-se, tambem, por via indireta.

Esta via conduz pela glândula sub-maxilar á bochecha ás temporas e do mesmo modo ao forâmen oval.

A longa duração da molestia, as remissões, o trismo, os sintomas para o lado do trigemeo e o conjunto do quadro clinico servem de prognostico sobre a possibilidade do desenvolvimento de uma complicação endocranianas. Terapeutica cirurgica e sintomática apresentam pouco valor no evitar tais complicações.

HLAVÁCEK, VI (Praga) - Quistos sero-mucosos do intróito nasal. - Pag. 475.

O A. examinou 13 casos de quistos do introito nasal, dos quais 12 histologicamente. Constatou que 2 deles eram de origem dentaria, 17 ºJo e revestidos de epitélio pavimentoso, 10 quistos (83 %) tinham os caracteres de quistos sero-mucosos. Seu revestimento epitelial era formado de celulas cilíndricas, ciliadas, com uma camada inferior de celulas cúbicas de reserva. Entre as celulas cilíndricas havia, em todos os casos, celulas caliciformes que, em certos casos, formavam grupos, lembrando, deste modo, por seu aspéto, glandulas intraepiteliais. Pela coloração foi demonstrada a presença de mucina, nas celulas caliciformes em todos os casos. O revestimento epitelial tem o caracter da mucosa nasal da região respiratória, permitindo considerar estes quistos como um encravamento desta mucosa. Desta observação histologica decorre a opinião, do A., sobre a origem destes quistos: eles se desenvolvem em consequencia do encravamento do tecido embrionario de' que se origina a mucosa nasal, como supoz Klestadt. Esta origem é confirmada tanto pela constatação histologica quanto pela localisação dos quistos, que se acham situados no lugar em que o botão nasal se une aos botões maxilares e onde, por consequencia, a possibilidade dos encravamentos é maior.

M. O. R.

LES ANNALES D'OTO LARYNGOLOGIE

N.º 7 - Julho de 1936. CANUYT - Os abcessos de fixação. - Pag. 653.

O abcesso de fixação é um metodo que tem por fim provocar artificialmente, com auxilio de uma substancia irritante, a essência de terebentina, a formação de uma supuração no tecido celular sub-cutaneo. E' uma pio genese artificial.

O A. é partidário deste metodo, julgando-o eficaz com a condição de bem conhecê-lo. E' preciso saber precisamente seu fim, sua razão de ser, sua técnica e sobretudo suas indicações. Depois de explicar detalhadamente o modo de acção, ensina a sua técnica. No adulto a dose normal é 1 cc. Na creança, a quantidade deve ser mínima indo de 2 a 3 gotas somente no lactente a meio cc. na creança. A maioria dos abcessos de fixação são praticados ao nivel da face Antero externa da coxa. Outros preferem a parede abdominal no meio da linha indo do rebordo costal ao umbigo.

Uma precaução para diminuir a dor provocada pela picada é não utilisar senão uma agulha que não foi previamente mergulhada na essência de terebentina. O trajéto transcutâneo não será impregnado do liquido irritante, causa de dores inúteis. A injecção da terebentina deve ser feita no tecido celular sub-cutaneo a igual distancia do derma e da aponevrose.

No fim de 36 a 48 horas a região da injecção fica empastada com vermelhidão da pele. No 5." ou 6.º dia o abcesso está formado.

Quando a supuração não é obtida por uma primeira injecção deve-se quarenta e oito horas depois fazer nova injecção na outra coxa.

O A. acha consideravel o valor prognostico dos abcessos de fixação. O abcesso deve ser incisado quando francamente flutuante no momento ótimo. A incisão precoce como a tardia pode ocasionar prejuízos.
Estuda afinal as suas verdadeiras indicações dizendo não ser uma medicação para moribundos, e sim um metodo terapeutico que dá resultados favoraveis nas infecções septicemicas.

G. FREY - "Notas sobre um novo processo de anestesia". - Pag. 686.

Faz um resumo sobre os processos clássicos de anestesia, passando afinal a considerar a avertina da qual mostra as vantagens e os principais inconvenientes. Acha justificável a procura de processos novos. Ensaiou o emprego de uma associação de eucoda-scopolamina-efetonina, produtos da casa Merck destinados a uma anestesia de base. Essa anestesia produz um estado de sonolencia, um "somno crepuscular" como o denominam os alemães. Essa anestesia não necessita senão um mínimo de narcose por inalação.

O gráu de sonolencia muitas vezes visinho do estado de narcose completa sem periodo de excitação, pré ou post operatoria, foi em todos os casos suficiente para reduzir sensivelmente as doses de novocaina adrenalina permitindo intervenções de mais de uma hora. A insensibilidade do doente não é completa. Ele é inconsciente ou semi-inconsciente, responde de uma maneira incoerente quando se lhe fala, seus reflexos corneanos e faringianos são conservados. Ele dorme as vezes após a infiltração da novocaina. O despertar é eufórico, raros os vomitos e a grande maioria dos doentes testemunhou sua satisfação pelo metodo.

E I. MATIS - O tratamento cirurgico do sinus frontal e das celulas etmoidais pelo metodo sub-periosteo. - Pag. 691.

E' difícil a escolha de um metodo operatorio para o tratamento cirurgico dos seios acessorios do nariz.

A operação pela via externa é certamente mais cirurgica e mais cômoda, mas deixa cicatriz na face por vezes desgraciosa, a estenose obliterante post-operatoria e as vezes nevralgia dolorosa.

Os metodos endonasais são muitas vezes suficientes e mesmo se não trazem uma cura absoluta, obtem-se por eles resultados muito satisfatorios. E' a opinião dos partidários destes metodos que teem todavia adversarios convictos.

O A. ideou um metodo análogo as operações pela via externa, mas sem incisão da face, o que Lemaitre classificou como a operação de Jacques mas executada pela via intra nasal. Os pontos essenciais são os seguintes: I.º Creação por uma incisão endonasal, de uma zona de descolamento subcutâneo em toda a extensão da parede nasal e da parede interna da orbita, o que permite alargar consideravelmente o campo operatorio conservando as partes moles e evitando a incisão externa.

2.º A resecção radical endonasal e sub-periostea do ramo montante do maxilar superior o que permite um acesso muito facil ao seio frontal e celulas etmoidais e facilita os cuidados post- operatorios.

3.º A resecção endonasal da parede inferior do seio frontal o que permite examinar a cavidade doente e tratá-la sob o controle direto da vista.

Nos ultimos quatro annos o A. praticou esta operação em 53 casos de sinusite, dos quais a metade de polisinusite e apoiado na sua experiencia afirma que não teve complicações graves nem durante, nem após a operação, se bem que tenha tido entre eles casos graves que teriam necessidade, em outras circunstancias, de uma operação pela via externa. Em todos os casos a operação foi bem sucedida e a cura foi completa, os cuidados post-operatorios muito abreviados.

As vantagens do metodo sub-periostea são as seguintes:

a) - Ausencia da cicatriz na face.

b) - Alargamento consideravel da ferida operatoria, obtido pela resecção do ramo montante do maxilar superior.

c) - Possibilidade de ressecar em totalidade a parede inferior do seio frontal.

d) - Creação de uma larga via de comunicação entre o seio frontal e o nariz, permitindo uma bôa drenagem durável.

e) - A curetagem radical de todas as celulas etmoidais nelas compreendidas as celulas orbitarias.

PAULO SAES

REVUE DE LARYNGOLOGIE, OTOLOGIE, RHINOLOGIE
(Bordeaux)
Ano 57 - N.º 7 - Julho-Agosto 1936

PROF. LASKIEWICZ, A. (Poznan) - Contribuição ao quadro clinico das fraturas e luxações das cartilagens laríngeas. - Pag. 749.

A frequencia das fraturas do laringe varia de acordo com a idade do paciente. Nas pessôas jovens, onde as cartilagens do laringe possuem elasticidade, situadas profundamente no pescoço, acrescido, ainda, da grande mobilidade de todo laringe em quase todas direções, essas fraturas constituem raridade. Com o avançar da idade a fixação fisiologica de sáes de calcio nas cartilagens provoca uma diminuição progressiva de sua elasticidade; ainda mais, o laringe das pessôas mais velhas já foi trabalhado, muitas vezes, por manobras de dilatação que acarretam certa irritação, por intervenções operatorias endolaríngêas repetidas, bem como estados inflamatorios do pericôndrio ou inflamações especificas, tais como a tuberculose, sífilis, escleroma, etc., que aceleram a ossificação dessas cartilagens. Eis a razão da frequencia das fraturas do laringe nessa idade.

Contrariamente, na velhice avançada, após os 75 anos, elas se tornam, de novo, menos frequentes, pois os fócos de ossificação desaparecem sofrendo a transformação fibrosa.

Quanto á sede das fraturas do laringe, a mais comum, consiste na fratura da cartilagem tiroide, principalmente de seus cornos superiores e inferiores, seguindo-se em ordem de frequencia as fraturas da taboa externa da cartilagem tiroide em seu angulo anterior. Finalmente, nas pessôas idosas, são comuns as fraturas simultâneas de diversas cartilagens.

A sintomatologia clinica das fraturas do laringe está subordinada, primeiramente, ás dimensões, localisação e tipo de fratura. O sintoma mais frequente é a rouquidão ou mesmo a afonia completa, acompanhada de dispnéa, cianose, tosse seca, pertinaz (devida á irritação por lesão das ramificações do nervo laringêo superior, com expectoração espumosa de sangue misturado ao pús, desaparecendo após algum tempo (distinguindo-se por isso da hemoptise). Em quasi todos os casos de fratura do laringe existe perda imediata dos sentidos de longa duração, com cianose, sudorese fria (reflexo do laringêo superior). Nesse estado de perda dos sentidos poderá sobrevir a morte do paciente devido á obstrução das vias respiratorias por fragmentos de cartilagem laríngea, coágulos, ou por grande edema de, toda mucosa laríngea (Portmann). Nesses casos, os sintomas de estenose se sobrepõem a todos os outros sintomas clinicos. Existem casos de morte, por grande lesão laríngea, sob a forma de "choque laringêo", resultado de um reflexo vagal (inibição laríngea).

Imediatamente após a volta dos sentidos, os pacientes queixam-se de grandes dôres no faringe e que se acentuam á fonação, deglutição e palpação exterior do laringe. A dôr, que acompanha a fonação, contribui, tambem, pela persistência da afonia e obriga o paciente ao silencio provocando longas pausas na respiração livre.

As fraturas das cartilagens tiroide e cricoide provocam, devido ás hemorragias sub-pericondrais e sub-mucosas, tumefacção da mucosa que produz, ás vezes, em poucos minutos, a estenose. Observa-se, tambem, com certa frequencia, edema do vestíbulo laringêo e paredes do faringe. Retalhos provenientes do esgarçamento da mucosa, ou fragmentos de cartilagem, quando aspirados, provocam, tambem, a estenose.

Às fraturas complicadas do laringe, sobretudo a do anel da cricoide, têm por caracteristico o enfisema sub-mucoso e sub-cutaneo ocasionando o estreitamento acentuado da glóte. Dessa maneira, o ar expirado sob pressão, principalmente durante o acesso de tosse, penetra com facilidade nos tecidos sub-mucoso e sub-cutaneo, ganhando daí o mediastino.

Entre os sintomas externos das fraturas do laringe, o primeiro entre todos constitue o achatamento notavel e mesmo um apagamento total dos contornos da saliência laríngea, devido, muitas vezes, á um enfisema subcutâneo cervical.

Quanto á evolução, as fraturas simples resolvem-se com facilidade si a traqueotomia fôr praticada a tempo e os fragmentos retirados e fixados. Os casos de fraturas complicadas que terminam, muitas vezes, pela obstrução das vias respiratorias inferiores, perda abundante de sangue ou de fragmentos cartilaginosos provocando pneumonia purulenta ou enfisema do mediastino, progridem, rapidamente, para a morte.

Entre as causas de evolução desfavoravel das fraturas do laringe, a mais importante entre todas consiste na septicemia provocada por uma supuração prolongada de fragmentos isolados de cartilagem que, por negligencia imperdoável, não foram retirados. Essa supuração é seguida de uma pericondrite purulenta que transforma-se, sempre, em flegmão prelaringêo e mediastinite.

O A. detem-se, ainda, no estudo das luxações das cartilagens laríngeas que podem atingir de um só golpe as cartilagens em seu conjunto ou separadamente. Quasi sempre as luxações são acompanhadas de fraturas das cartilagens.

Quanto ao tratamento das fraturas e luxações das cartilagens laríngeas deve-se executar, em primeiro lugar, havendo indicação fechada, á traqueotomia e, tambem, nos casos de fraturas graves e complicadas, á laringo-fissura (Portmann), a qual permite de um lado a extracção dos fragmentos isolados de cartilagem e, de outro lado, oferece um ótimo caminho ao tamponamento interno o que contribuem á imobilização dos fragmentos deslocados e impede, muitas vezes, a formação de estenoses.

Nos casos, os menos graves, de fraturas do anel da cricoide, extrai-se os fragmentos por uma canula traqueal sem se ter necessidade de uma secção do laringe.

Nosso escopo, o mais importante, após fratura, consiste em extrair os fragmentos isolados de cartilagem, depois fixar aqueles que permaneceram aderentes ao pericôndrio tamponando a superficie interna do laringe.

E' preciso evitar, absolutamente, a sutura e fixação de fragmentos cartilaginosos menores, o que provoca, no mais das vezes, a formação de fistulas perseverantes sobre o pescoço. Nos casos em que a cricoide permanece intacta, o áto cirurgico deverá consistir, somente, em 'uma tirotomia, e, depois, após extracção dos fragmentos, tamponamento seguido pelo tratamento por meio de dilatadores de cautchouc.

Nos casos de flegmão do pescoço, consecutivo ao enfisema peri-laringêo, é de bom aviso praticar-se profundas incisões sobre o pescoço até ao mediastino. Como medicamento contra a tosse, sedativos, hemostáticos (morfina, atropina, codeína, pantopon, etc.).

O A. cita, em seguida, seus tres casos de fraturas do laringe, com 6 figuras demonstrativas no texto e termina com extensa bibliografia. .

MÉRIC, A. J. L. (Bordeaux) - O tratamento dos tumores malignos da face e do buco-faringe pela termo cauterização. - Pag. 768.

Trata-se de um trabalho de fôlego. As conclusões, do A., concretizando as indicações da termoterapía, são as seguintes: 1.º) Para os casos desesperados, fora de todo recurso cirurgico, ainda que unico meio de tratamento, o metodo não proporciona melhores resultados, podendo. entretanto atingir tumores infectados de cavidades dificilmente accessíveis ao bisturi.

2.-) Nos casos relativamente limitados, pode chegar a destruir e circunscrever um tumor mesmo tido como cirurgicamente inextirpável.

3.º) Constitue um excelente metodo auxiliar e complementar das exeréses cirurgicas e de aplicação imediata em cirurgia.

4.º) A facilidade de sua aplicação permite de fornecer sua acção tantas vezes quanto necessarias, isto é, á proporção das recidivas, com o minimo de risco e gravidade do post-operatório para o paciente.

5.º) Favorece a acção das radiações assegurando, pela criação de uma via de acesso sobre uma cavidade profunda, o Maximo de probabilidade para a cura da lesão cancerosa inoperavel.

HIRSCH (Bordeaux) - A respeito dos cuidados post-operatorios do esvaziamento petro-mastóideo. - Pag. 803.

O A. lembra a importancia capital das sequencias post-operatorias na cura radical- do esvasiamento petro-mastóideo. Todas as tecnicas operatorias são boas, entretanto nenhuma delas encontra-se a salvo de um post-operatório lento e, ás vezes, complicado.

A garantia para a cura cirurgica reside, certamente, na epidermisação perfeita da cavidade esvaziada. A pele do conduto deverá revestir, por completo, essa cavidade. Entretanto nem sempre tal se dá. De um lado um processo de cicatrização pessoal retardado e, de outro lado, uma granulação exuberantissima, entravam, com frequencia, o exito imediato da cura cirurgica.

O A. chama a atenção sobre uma região responsavel, a mór parte das vezes, pelos fracassos observados. Constitue ela aquele espaço compreendido entre o maciço do facial e o teto da caixa.

Certas vezes, circunstancias outras como a exposição larga da meninge, fistula do canal semi-circular, etc., impedem que os curativos post-operatorios ou o proprio tamponamento se processe normalmente, acarretando, na certa, a granulação excessiva dessa região, entre o maciço do facial e o teto da caixa, e que constituirão aderencias quasi irredutíveis.

Para contornar essa causa de fracasso operatorio, e baseado em experiencia propria, propõe, o A., o tamponamento post-operatório, de toda cavidade, para fixar a plastica do conduto auditivo e, desde que as granulações apareçam, a colocação de uma folha de prata, um pouco mais espessa que essas folhas de estanho empregadas no revestimento de chocolate, recobrindo o maciço do facial. A folha será mantida em posição, no orifício do esvaziamento, por mechas de gaze.

Com o emprego desse processo obteve, o A., sempre, uma desinfecção da cavidade operatoria, unia bôa qualidade de granulações, o desaparecimento das aderencias entre o maciço do facial e o teto da caixa e, finalmente, a epidermisação e secamento rápidos do esvaziamento.
J. E. DE REZENDE BARBOSA


L'OTO-RINO-LARINGOLOGIA ITALIANA (Bolonha)

Ano 7 - N.º - - Fevereiro 1937.

PROF. P. CALICETI (Bolonha) - O meu metodo de radical nas Otomástoidites cronicas. - Pag. 1.

Trabalho interessante sob o aspéto técnico cirurgico. O metodo preconizado pelo A. é o resultado do confronto dos diversos metodos que visam o esvasiamento radical petro-mastóideo. Podemos dizer que é um processo mixto, isto é, utiliza-se tanto da via retro-auricular quanto da via do conduto. Difere dos processos que atacam o antro atravez do conduto pela incisão inicial, retro-auricular, que, segundo o A., fornece uma visão mais ampla da parede postero-superior do conduto auditivo ósseo, tornando, assim, mais facil o delicado tempo de abertura inicial do aditus. De outro lado essa incisão não agravará o post-operatório, pois cicatriza-se em poucos dias. O A. descreve o instrumental utilizado que, não passa, em linhas gerais, daquele empregado nas radicais comuns com certas modificações.

Quanto á anestesia emprega a local. Exceptuam-se os casos de individuos pusilânimes ou nas crianças. O A. infiltra a pantocaina na linha de incisão retro-auricular e, após injetar a concha do pavilhão, introduz a agulha no conduto infiltrando a parede posterior do conduto na maior profundidade possivel. Colocar tambem, em contáto com a membrana e caixa um tampão embebido em pantocaina-adrenalina. A anestesia é precedida de rigorosa limpeza e desinfecção do conduto com alcool-iodado.

O áto cirurgico consta, esquematicamente, de 7 tempos e que são:

1.ºtempo: incisão cutânea e formação de um retalho plástico do conduto membranoso. A incisão, visinha ao sulco retro-auricular, é a mesma que na radical. Descola-se o periósteo na zona anterior da mastoide, nas proximidades do conduto membranoso, proseguindo-se no descolamento ao longo da parede posterior e superior do conduto até as proximidades da membrana. Feito isto, com um bisturi longo e fino, atravez do conduto, pratica-se uma incisão ao longo da parede superior do conduto, rente ao osso,e, que, exteriormente, atinja a concha e raiz do helix. Da mesma maneira executa-se uma segunda incisão, ao longo da parede inferior do conduto, e, que, exteriormente, interesse a concha. As extremidades internas dessas duas incisões são unidas por uma terceira incisão, semi-circular, atravez da parede posterior do conduto. Seciona-se, atravez da incisão retro-auricular, por via subcutânea, uma regular zona cartilaginosa da concha, aumentando, assim, o meato auditivo e tornando viável o maior acolamento possivel do retalho plástico á cavidade mastoidéa no fim da operação.

2.ºtempo: descolamento do retalho. O retalho, de forma trapezoidal, após ser descolado, é exteriorizado atravez da ferida retro-auricular. Em seguida é mantido fixo por um dos ramos do afastador. Afastado o retalho, assim, para frente, conjuntamente com o pavilhão, o campo operatorio nos mostra, ao fundo, o conducto auditivo ósseo com sua parede postero-superior. ,

3.º tempo: pesquisa do aditus. Deve-se ter em conta, antes de tudo, uma hemostasía perfeita e o que é obtido por pequenos tampões embebidos em pantocaina-adrenalina. Exposição perfeita da parede postero-superior do conduto, principalmente, nas proximidades da membrana timpanica. Si ainda existente, retira-se a membrana em sua região postero-superior e, com pequeno estilete de angulo reto, introduzido na caixa, pesquisasse o orifício timpânico do aditus, de tal maneira que fique determinada a direcção exata desse mesmo aditus.

4.º tempo: abertura do aditus e do antro. Constitue o tempo caracteristico do A., utilisando-se de varias curetas. Localisado o aditus, com curetas de diferentes dimensões, o A. faz saltar uma parte da lamina ossea que o recobre executando movimentos para cima e para frente. Aberto completamente o aditus, com o gancho de angulo reto explora-se a direção, conformação e dimensão do antro mastoidêo, iniciando-se, então, com curetas diversas e sempre com movimentos para o alto e para fóra, a abertura e curetagem do antro. Dessa maneira o A. chega á espinha de Henle, passando a proceder então como no processo de Wolf, isto é, ataca, com uma goiva, a espinha de Henle e a fosseta supra-meática. Expõe-se, assim, com facilidade, a cavidade antral. Apresentando, a mastoide, outras celulas, procedendo-se da mesma maneira, serão descobertas com facilidade.

5.ºtempo: resecção do muro da logeta. Com um pequeno descolador isola-se bem o muro da logeta, colocando-se aí um pequeno tampão com cocaina-adrenalina. Com pequena goiva abate-se essa zona descobrindo-se, então, todo recesso epitimpanico.

6.º tempo: curetagem da caixa e do antro . Liberta-se o antro e a caixa das fogosidades ou massas colesteatomatosa que porventura existam, retira-se, com muito cuidado, o resto de membrana, o martelo, a bigorna.

7.º tempo: tamponamento e sutura retro-auricular. O retalho plástico é estendido ao longo da parede posterior do orifício ósseo. Sutura da ferida retro-auricular, tendo-se o cuidado de deixar um pequeno orifício inferior para drenagem.

Curativo somente após 6 a 8 dias. A gaze, que foi colocada em intima relação com a caixa, aditus, antro, procurando modelar a nova cavidade, é retirada por diminuição progressiva da compressão do fundo da ferida. Lavagens com agua boricada seguida de instilações de alcool boricado.

Diz, o A., que esse seu processo assemelha-se muito com o de Stacke, modificado por Thiess e von Eicken. O processo do retalho plástico assemelha-se aquele adotado por Korner.

O trabalho é ilustrado com 9 figuras demonstrativas dos diversos tempos operatorios e o instrumental.

PIETRO TULLIO e GIORGIO ROSSI (Bani e Bolonha) - Tonus labiríntico e rigidez cadavérica. - Pag. 13.

Consiste em um trabalho experimental de interesse a todos aqueles que se dedicam á fisiologia labirintica. O trabalho do A. gira em torno de pesquizas, em animais, sobre a acção Tonica que o labirinto acustico exerce sobre a musculatura dos vertebrados. O A. estuda todos os artifícios empregados para essas experiencias a começar pelo processo primitivo de Ewald, da destruição de um labirinto membranoso. Relata todos os sintomas apresentados pelo animal (pombo) após destruição unilateral do labirinto (rotação da cabeça para o lado são e o bico voltado para o lado operado). Cita a seguinte observação de Ewald, de valor capital ás suas conclusões: um pombo, hemilabirintectomizado, depois de morto, todos os seus musculos apresentam o mesmo gráu de flacidez, de maneira que todas as partes de seu corpo apresentam-se em disposição simétrica; entretanto, após um periodo variavel, começa a girar para reassumir a mesma posição que possuía antes de ser sacrificado. Esse fenomeno é causado pela rigidez cadavérica que aparece primeiramente no musculo são e, tambem, ligado ao fáto já observado de que a contração cadavérica demora em aparecer nos musculos privados de sua inervação.

Esse artifício, muito engenhoso, de determinar a atividade Tonica exercida pelos centros nervosos sobre territorios musculares simples, foi usado por G. Rosai em relação ao cerebelo.

O A. propoz estudar, paralisando, no pombo, com a novocaina, um unico labirinto ou cada uma das ampolas dos canais semicirculares, a atividade Tonica que o labirinto exerce, in toto, ou por partes, sobre a musculatura estriada.

As conclusões, do A., são as seguintes:

Paralisando, no pombo, com a novocaina, um dos labirintos ou cada uma das ampolas dos canais semicirculares, o animal adquire, devido á rigidez cadavérica, posições assimétricas da cabeça, das azas, das patas e da cauda sempre diferentes.

Essas posições não correspondem, perfeitamente, aquelas que adquirem os animais pelo estimulo elétrico de cada canal.

Deduz-se então, de tudo isso, as duas funções que o labirinto exerce sobre a musculatura: uma função Tonica que se manifesta, sobretudo, no equilibrio do corpo e uma função de fase que serve a orientar o animal para a origem sonora.

PROF. P. CARGO (Catania) - Sobre a eficácia da tuberculinoterapía nos operados de mastoidite com tuberculino-reação positiva. - Pag. 29.

O A. chama a atenção sobre alguns casos, e que não são pouco frequentes, de mastoidite, aguda ou cronica, que, enquanto que, pela sua rebeldia e pelos caracteres anátomo-cirurgicos apresentam-se como formas piógenas, revelam durante o decurso post- operatorio, devido ao comportamento da brecha, sua natureza mixta, isto é piógenas e tuberculosa. A comparticipação do elemento tuberculoso confirma-se pela péle ou pela intradermo reação á tuberculina.

Esses casos, resistentes a qualquer tratamento local ou geral, curamse com a tuberculinoterapía aplicada com oportunidade.

BACCARINI, CESARE (Bolonha) - Tuberculose laríngea e pneumotórax. - Pag. 40.

A tuberculose do laringe não é considerada mais como uma contra-indicação ao tratamento pneumotorácico.

O A. relata sua opinião pessoal. e aquela da maioria dos tisiologistas italianos, concordes todos na afirmativa de que esse meio terapeutico é eficaz não somente em relação á lesão pulmonar mas, tambem, na perigosa complicação laríngea.

PELLICCIA, GILBERTO (Firenze) - Sobre o valor clinico do test tonsilar. - Pag. 49.

Após haver resumido os principais trabalhos sobre o test tonsilar e recordado as teorias, as ais recentes, sobre a histologia tonsilar e, sobretudo a estrutura e função do folículo linfático, o A. expõe, em um quadro sintético, 40 observações clinicas e que sofreram a massagem tonsilar, pouco antes da operação, meia hora e uma hora após a tonsilectomia. Na quasi totalidade dos pacientes foi executado o exame histologico das amigdalas extraídas.

Os exames executados após a massagem forneceram 4 tipos de respostas: 1.º) uma leucopenia progressiva; 2.º) uma leucopenia seguida de leucocitose; 3.º) uma leucocitose seguida de diminuição dos globulos brancos; 4.º) uma leucocitose aumentando progressivamente. O A. acha possivel poder deduzir que a leucopenia é a expressão da reação dos foliculos linfáticos sãos e jovens, enquanto que a leucocitose neutrofila indica a presença e a predominancia de fócos sépticos e de lesões anátomo-patológicas graves. A existencia simultânea de foliculos linfáticos sãos e alterações amigdalianas patologicas provoca reações hematicas post-test de tipo incerto, tendo, na pratica, pequeno valor semiológico.

TAZZOLI, IMER (Bolonha) - Sindrome jaksoniana em um caso de otite aguda com mastoidite assintomática. - Pag. 80.

O trabalho resume-se em uma observação clinica de menina, com 11 anos de idade, portadora de otite média purulenta aguda sem sintomatologia mastoidéa ou vestibular. Febre e cefaléas durante 15 dias após o inicio da doença. Apareceram, então os vomitos e convulsões de todo o corpo e que se localizaram, logo em seguida, á metade direita do corpo com desvio conjugado da cabeça e olhos do mesmo lado, perda da consciencia, emissão involuntária de urina e fezes. Nistagmo para a direita. Intervenção imediata com exposição larga das meninges e que eram sãs. Entretanto, encontrou-se, na região do antro, pús sob forte pressão.. No dia seguinte ao da operação não apareceu sinal algum de irritação meningéa. A punção do liquido céfalo-raquiano revelou a pressão elevada, sendo injetado o sôro antiestreptocócico. Cura em dois mezes.

J. E. DE REZENDE BARBOSA

DIVERSOS

HARRY BJORK - Pesquisa sobre as condições do liquor nas inflamações agudas do ouvido medio e suas complicações (Untersuchungen ueber die Liquorverhaeltnisse bei der akuten Mittelohrentzuendung ud ihren Komplikationen).- Acta Oto-laryngologica - supplementum XXIV - 1937.

Longo e minucioso trabalho baseado nos resultados obtidos com o liquor de 190 casos de otite aguda complicada ou não (30 de otite aguda simples, 61 de mastoidite, 51 de supuração epidural, 4 de apicite, 14 de labirintite, 24 de trombo-flebite, 5 de abcesso cerebral e 3 de septicemia).

Os casos não complicados de otite e os de mastoidite simples fornecem resultados quasi identicos no que diz respeito ao liquor; em geral alterações liquóricas banais (hipercitose, hiperalbuminose e hipertensão) aparecem em 12 % de tais casos. Nas supurações epidurais as anormalidades do liquor são mais frequentes (52 %).

Em todos os casos de apicite o liquor se apresentou alterado (meningite serosa). O mesmo se deu nos casos de labirintite, variando a intensidade das alterações liquóricas de acordo com a especie e intensidade da reacção inflamatoria local; na opinião de Bjork a evolução das labirintites deverá ser cuidadosamente controlada pelos exames de liquor: logo que a reação citologica liquórica mostre tendencia a intensificação (mais de 60 por mm3.) e á polinucleose, deverá ser indicada a intervenção cirurgica.

Nas trombo-flebites as condições do liquor são muito variáveis não permitindo uma sistematização. Em geral as reações liquóricas intensas indicam a intervenção operatoria, mórmente quando as provas manometricas (compressão das jugulares) praticadas de cada lado separadamente mostrarem que o trombo obliterou totalmente a luz do vaso ou seio venoso comprometido.

Nos abcessos cerebrais, as reações liquóricas sempre foram muito intensas, predominando as polinucleares entre os elementos celulares.

No total, Bjork observou 45 casos de meningite, dos quais i S com caracter francamente purulento. Em geral não ha paralelismo entre a intensidade das alterações liquóricas e a gravidade do quadro clinico, de sorte que, nos casos de complicações intracraneanas das otites, os resultados de uma punção isolada pouco auxilio trazem para o diagnostico e prognostico; em tais circunstancias só as punções seriadas, mostrando a evolução para mais ou menos das alterações liquóricas, podem constituir auxilio precioso, mórmente para o prognostico. Ainda de modo geral Bjork conclue que todo o individuo portador de otite, complicada ou não, no qual o exame do liquor mostrou hipertensão e hipercitose (acima de 20 por mm3.) deverá ser operado, mesmo que não apresente sinais clinicos da série meningitica.

O. LANGE

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