Versão Inglês

Ano:  1953  Vol. 21   Ed. 5  - Setembro - Outubro - ()

Seção: Associações Científicas

Páginas: 189 a 198

 

Associações Científicas

Autor(es): -

Dia 18 de maio de 1953 - Reunião conjunta do Departamento de O. R. L. e B. E. da A. P. M. com o Comitê Latino Americano para o estudo do "Cancer da Laringe".

Presidentes: Prof. justo Alonso e Antonio Corrêa

No inicio da sessão foi oferecido ao Prof. Justo Alonso, de Montevidéu, o título de Sócio Correspondente Estrangeiro da Associação Paulista de Medicina, tendo o Professor Antonio de Paula Santos saudado o homenageado.

Dr. Antonio Corrêa - Convida o Professor J. Alonso para presidir a sessão, e pede que escolha os demais companheiros da mesma. Foram convidados para tomar lugar os membros do Comitê Latino Americano do Cancer da Laringe que se achavam presentes.

Foi discutido em mesa redonda o tema "Cancer da Laringe".

Prof. Justo Alonso (Uruguai) - Finalidades do Comitê Latino Americano para o Estudo do Cancer da Laringe. Informa que data de 3 anos a formação do Comitê que tem recebido a cooperação de varios países latino-americanos e até mesmo da Europa. No Brasil o Comitê é presidido pelo Dr. Plínio Barreto, e está dividido em 3 zonas; Norte a cargo do Prof. Carlos Rodrigues de Morais; Centro, a cargo do Prof. David de Sanson e Amadeu Fialho; Sul, a cargo do Dr. Plínio de Mattos Barreto.

Fala sobre a instalação do Comitê Central que consta de vários departamentos, tais como: Bibliotecas, clube, serviço social e vastíssimo arquivo sobre Ca. da Larnge. Informa que os pacientes são vistos uma vez por mês no l.° ano, e à medida que os anos passam as visitas são mais espaçadas. Diz da maneira como se faz o controle dos doentes atendendo às condições sociais para a habilitação dos doentes.

Projeta em seguida modelo de fichas usadas pelo Comitê tendo algumas delas gráficos para a localização da lesão.

Dr. Pedro Regules - Cirurgia do Ca da, laringe. Quando há invasão da laringe tem que se fazer a operação radical. A operação horizontal é usada quando há lesão vestibular localizada; não lesa a endo-laringe, havendo conservação das funções da fonação e respiração. A cirurgia tem que ser vertical na cirurgia do Ca do seio piriforme nos casos clínicos mais frequentes.

Dr. Del Sel (Argentina) - Tratamento das metastases ganglionares do Ca. da laringe. Diz o que mata não é Ca da Laringe mais sim as suas metastases.

Propõe o esvasiamento ganglionar sistematicamente em todas as operações de Ca da laringe acompanhando-se de exame anatomo patológico da peça retirada. Informa que modernos estudos chegaram à conclusão que a palpação do ganglio não é suficiente para aquilatar a malignidade e por isso acha que se deve extirpar sistematicamente os ganglios.

O esvasiamento deve ser perfeito, pequeno, quando os ganglios são impalpáveis, e grandes no caso contrário.

Dr. Jorge Barreto Prado - Indaga do Dr. Del Sel se êle indica sistematicamente nos casos de esvasiamento pequeno a radioterapia.

Dr. Del Sel (Argentina) - Indica sistematicamente pois julga que a indicação importa em dúvida da causa.

Dr. Arruda Botelho (São Paulo) - Cirurgia do Ca da laringe - Diz que a sua experiência é pequena em face das apresentadas, entretanto ele só faz irradiações e esvasiamento cervical quando há metastases palpáveis. É de opinião que as técnicas cirúrgicas pouco influem, sendo mais importante o diagnóstico precoce.

Dr. Barroilhet - Ca da laringe no Chile - Informa que no Pacifico há menos Ca que no Atlântico, contudo acompanha o mesmo ponto de vista do Dr. Arruda Botelho.

Dr. Pons (Argentina) - Roentgenterlapia no Ca da laringe - Divide a laringe em supra-glotica, glótica e infra-glotica. Na supra-glotica a lesão do vestíbulo é de cura duvidosa; pela roentgenterapia; a lesão da epiglote está no mesmo caso e só é diagnosticada radiológicamente.

Os tumores da aritnoide, devem ser extirpados e se são infiltrastes devem ser mobilizados. Quando nascem em qualquer ponto da corda vocal podem ser irradiados e temos 90% de cura. Quando a corda está fixa, há pouca possibilidade de cura. Quando é da comissura anterior não é infiltraste, ao contrário do da comissura posterior é de dificil cura. Os da infra-glote, se anterior, é de fácil tratamento; se da parte média de dificil tratamento; da parte posterior a cura é nula. A cura do ganglio é mais dificil que a lesão primitiva.

Dr. Plínio de Mattos Barreto - Diz da possibilidade de aliar a radioterapia - e a cirurgia.

Prof. Alonso - Fala sobre as diversas terapeuticas do Ca da laringe dando preferencia à cirurgia, seguida de radioterapia.

Dr. Roxo Nobre (São Paulo) - Discorreu sobre a classificação baseada nas lesões distribuídas. pela laringe indo até a cricoide, dividindo-as em supra-glotica, glótica e infra-glotica.

Prof. David Sanson (Rio de Janeiro) - Cita observações suas e as decepções obtidos em vários casos. Lembra da disputa travada entre os radioterapêuticas e cirurgiões sobre a cura do cancer, sendo de opinião que todos eles têm influenciado bacatante na cura do mal, muito embora sistematicamente, mande a radioterapia os seus casos em que há invasão ganglionar.

Diz da inquietação de nada poder prometer ao paciente.


Sessão ordinária - 17 de junho de 1953
Presidente: Dr. Antonio Corrêa

TUMORES MIXTOS DA PAROTIDA - A propósito de 4 casos aberrantes. - Dr. Haroldo Silva Bastos.

O Tutor apresenta 4 casos de tumor mixto do tipo de tumor mixto da parótida, considerados aberrantes por sua localização: véu mole e lojas da amígdala, palato duro e maciço facial, os quais foram observados e operados no Serviço de O.R.L. da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Documentou o trabalho com observações clínicas, radiológicas e micrográficas e fotografias. Após tecer comentários com referências ao comportamento clinico dos tumores mixtos, fez um histórico das diferentes teorias aventadas para explicar a sua natureza e origem concluindo por dizer que o tratamento dessas neoplasias é sempre cirurgico, sua malignidade raramente observada, e deve ser acautelada a afirmativa de cura, tendo em vista a relativa frequência das recidivas que, podem ocorrer muitos anos depois de feita a extirpação do tumor.

Dr. João de Mello: Cita um caso observado no Serviço de O.R.L. do H. C., localizado na gengiva. Feita a biopsia que revelou tumor mixto na histopatologia, foi feita a extirpação total do tumor.

Dr. Jorge Fairbaks Barbosa: Diz da raridade daqueles tumores principalmente sobre a forma aberrante. Cita um caso por ele observado tio vestíbulo da laringe. Fala sobre a possível malignidade desses tumores e cita mais um caso de tumor mixto, a histopatologia acusou tumor mixto, o que vem falar da malignidade destes tumores.

Discorda do título do trabalho por achar que nem todos os casos são tumores da parótida.

Dr. Mauro Candido Souza Dias: Coloca-se ao lado do Dr. Jorge Barbosa por ser da mesma opinião. Cita um caso por ele observado que apresentava destruição do pavilhão da orelha e da escama do temporal, indo esta invasão na direção da ponta do rochedo, lamentando que a impossibilidade da autopsia não pode dar maiores esclarecimentos.

Chama a atenção para um artigo do JAMA dizendo que estes tumores devem ser operados da maneira mais ampla possível.

Dr. José Rezende Barbosa: Cumprimenta o Dr. Haroldo e fala sobre os bons prognósticos destes casos. Lembra a discordância dos exames histo-patologicos. É de opinião que estes tumores são encapsulados.

Dr. Antonio Corrêa: Sugere que se chame de "tumor mixto aberrante das glandulas salivares". Discorda do conceito puramente histológico destes tumores, e cita um caso no qual se fez resecção do maxilar superior, e 5 anos depois o paciente voltou com um tumor ganglionar.

Feita uma biopsia acusou um tumor mixto benigno; discordando clinicamente, fez esvasiamento ganglionar, e o histo-patologico da peça oportuna acusou carcinoma.

Portanto, a lesão primitiva do maxilar superior, já devia ter fócos de carcinoma, junto com o tumor mixto. Lembra uma obra clássica que sugere a implantação de radium na cavidade operatória. Cita um caso H. C. tido como tumor da amigdala e que se tratava de um prolongamento de tumor mixto da parótida.

PLASMOCITOMA DO VASO FARINGE - Dr. João Mello e Dr. Antonio Corrêa.

Os autores apresentam um caio de plasmocitoma da mucosa do naso faringe com documentação histopatológica e radiológica. O caso foi tratado cirurgicamente pela via transmaxilar econômica e estafilotomia mediana, após a medicação antibiótica e roentgenterapia que não surtiram efeito.

As infecções específicas e não específicas como fatores etipatogênicos foram considerados. Pelo estudo da literatura referente ao assunto, admite-se tratar de um caso de Plasmocitoma solitário benigno.

Dr. Antonio Corrêa: Diz seresta a primeira vez que via um desses tumores, a despeito de já trabalhar há varios anos em Serviço de Tumores da especialidade.

Sessão ordinária - 17 de agosto de 1953
Presidente: Dr. Antonio Corrêa

PROPRIEDADES E EMPREGO DO ACTH E CORTISONE - Prof. Hélio Lourenço de Oliveira.

Resumo - A cortisona, esteróide sintético, é dotada das atividades mineralo-corticóide e glico-corticóide. Pela primeira, pode ocasionar retenção de sódio e espoliação de potássio, fenômenos que se acompanham de alcalose.

Pela segunda, é fator de estímulo da neo-glicogênese, que se liga a um efeito de antianabolismo protéico. As duas formas de atividade corticóide, nas doses de cortisona terapêuticamente úteis são geralmente excessivas. As consequências indesejáveis desta terapêutica, decorrem de tais efeitos metabólicos, são discutidos, indicando-se os meios possíveis de sua profilaxia.

A atividade responsável pelos efeitos terapêuticos acompanha, nos esteróides conhecidos, a atividade glico-corticóide.

Ela se representa essencialmente pela ação sôbre as funções dos tecidos de origem mesenquimal.

O hormônio adreno-córtico-trópico deve seus efeitos terapêuticos, semelhantes aos da cortisona, à sua ação sôbre a cortei supra-renal que, sob esse estímulo, secreta esteróides de grande atividade glico-corticóide (principalmente o composto F), além de outros dotados de propriedades mineralo-corticóide e androgênicas.

ACTH E BLASTOMICÓSE DAS MUCOSAS - Drs. J. E. de Rezende Barbosa e Mauro C. de Souza Dias.

Os AA. comunicam à Casa os primeiros resultados de um estudo, em andamento na Clínica de O.R.L. da Sta. Casa de São Paulo, sobre a ação de certos medicamentos, ACTH inclusive, na evolução do processo de cicatrização das lesões mucosas da paracocidioidóse brasileira quando em tratamento pelas sulfas.

Grande numero de pacientes, portadores da citada mucósa, com alterações da mucosa das cavidades bucal, faríngea e laríngea, quando submetidos ao tratamento intensivo pelas sulfas, apresenta reação cicatricial com intensa infiltração fibrosa, endurecimento local e acentuada retração que perturbais zonas funcionalmente ativas, provocando, às vezes, estenóses.

Os AA., com o controle anátomo-patológico e observação clínica meticulosa, observaram que o hormônio adreno-córtico-trópico influe, de uma maneira favorável, no aspéto local, funcional e histo-patologicos das cicatrizes mucosas, tornando-as frouxas, móveis, praticamente sem retrações acentuadas, e, histologicamente, não se observa a grande infiltração conjuntiva no corion da mucosa. Os pacientes foram submetidos à dose de 25 miligrs. de A.C.T.H., em doses fracionadas, com todos os cuidados clínicos necessários, e durante todo o período inicial de tratamento pelas sulfas.

Os A.A. não concluem nada em definitivo, pois o estudo continua em curso, o numero de casos é escasso, e torna-se necessário, ainda, o estudo comparativo com os paciente submetidos à ação dos iodados.

ACTH E CORTISONE NO TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS E ESTENOSES CICATRICIAIS POR INGESTÃO DE SUBSTÂNSIAS CÁUSTICAS - Dr. Plínio de Matos Barreto.

Disse o A. que o conhecimento da demonstração experimental das vantagens de terapêutica pelo Cortone no tratamento preventivo das estenoses, realizada por diversos pesquisadores norte-americanos, e a notícia de que a hormonoterapia estava sendo empregada no Chile para o tratamento das esofagites corrosivas, foi o que o levou ao emprêgo do ACTH e da Cortisone no tratamento das queimaduras por ingestão de substâncias cáusticas.

Ele se referiu aos trabalhos de Spain, de Bosher e Col. de Weisskof, e de Rosemberg e aos de Télles e Col. para justificar o emprêgo dos hormônios em combinação com a terapêutica antibiótica que reduz o perigo das complicações e favorece a evolução mesmo dos casos intensamente queimados.

Falou dos resultados verdadeiramente espetaculares obtidos com o emprêgo do ACTH dissolvido em soro fisiológico e dado por via endovenosa, produzindo rápida e considerável transformação no quadro clínico.

As mais apreciáveis transformações foram: diminuição das dôres; diminuição dos edemas, diminuição dos exsudatos e do tecido de granulação.

Os pacientes logo depois da primeira dose passaram a deglutir a saliva e no dia seguinte podiam deglutir dieta líquida. No terceiro ou no quarto dia puderam retomar a alimentação normal com sólidos.

Em quasi todos os casos houve rápida epítelização das lesões dos lábios, da bôca e da faringe.

Pacientes que estão sendo acompanhados há mais de dois mêses embora ainda apresentem bôa parte do esôfago recoberta por tecido de granulação, apresentam disfagia pouco evidente. Êstes doentes examinados endoscópicamente suportaram muito bem a passagem dos espéculos e de sondas. O seu esôfago, ainda que se apresentasse coberto de granulações conservavam as paredes elásticas. Nesta primeira série de 16 casos, propositadamente não foi feito nenhum tratamento preventivo das estenoses e ainda é cedo para julgar da ação da hormonoterapia sôbre elas.

As doses empregadas foram de 10 a 15 miligramas diários de ACTH para adultos, e de 5 a 7,5 para as crianças.

Durante 15 dias foi dado o ACTH e depois os pacientes passaram a tomar Cortone.

Naturalmente foi seguida a orientação geralmente recomendada para o emprêgo do ACTH e Cortisone, isto é, dieta pobre em Cloreto de Sódio e administração de Cloreto de Potássio, afim de evitar desequilíbrios eletrolíticos.

GRANULOMA IDIOPÁTICO DA FACE E DA FARINGE - Drs. Antonio Corrêa e Marco Elisabetsky.

Resumo - O granuloma idiopatica é uma afecção de aspecto inflamatório que surge nas vias aéreas e digestivas superiores com carater necrotico e que termina por destruir o esqueleto naso-facial e eventualmente o palato e faringe, O característico fundamental desta afecção é a presença, no exame histo-patológico, de tecido de granulação banal.

Conhecido pelo nome de granuloma maligno, granuloma letal, "granuloma gangraenescens", dele já foram assinalados na literatura mundial cérca de 50 casos. Apresenta-se sob duas formas: facial, mais frequente, com os sintomas clássicos de uma sinusopatia: obstrução nasal, rinorréa, dôres locais, e em seguida tumefação que se necrosa; a ulceração resultante progride incessantemente durante mêses até a morte por hemorragia, caquexia, complicações endrocraneanas, etc. Na forma faríngea as lesões surgem no palato, bochechas, pilares amigdaliano ou parede do faringe e são em tudo semelhantes às descritas para a forma facial.

O característico frizante da moléstia sob o ponto de vista clínico, é a completa ausência de resistência do paciente à progressão do processo necrotico que conduz quase que sistematicamente ao êxito letal.

A natureza da afecção é controversa não subsistindo os argumentos apresentados em favor de osteomielite, noma, micoses fungoide, lupus pernio e tumor inflamatório do tubo digestivo descrito por Braun. Baseados em estudos experimentais e observações morfológicas de vários autores relativas à alergia, Moore, Williams, Hochfilzer e Hagens, consideram o granuloma idiopatica da face como derivando de uma hiperimunidade localizada, resultando em uma reação do tipo Arthus dos tecidos afetados.

Foram assinalados 3 casos de cura com o uso de cortisona nas dosagens habituais; em dois deles a localização era facial e no terceiro estendia-se também para a faringe e laringe, atingindo as cordas vocais.

Os dois casos da presente comunicação, observados na clínica O.R.L. do Hospital das Clínicas (Serviço do Prof. Paula Santos), eram de localização facial semelhantes no seu aspecto clínico e histo-patologico.

Os pacientes apresentaram o quadro de sinusite aguda supurada e desta maneira tratado, seja por métodos cirúrgicos ou por métodos conservadores.

A evolução do processo inflamatório sinusial não respondeu à terapêutica inicial e mostrou um carater úlcero-necrótico, progressivo, que levou à destruição das partes moles e do esqueleto da face.

Todos os exames clínicos e de laboratório (hematológicos, culturas bacteriológicas, sorológicos) não conseguiram relacionar a doença a uma entidade clínica definida. O exame histo-patologico, praticado repetidamente, mostrou tratar-se de um processo inflamatório crônico sem especificidade e sem carater neoplásico.

O carater necrotico da ulceração, progredindo apesar de todas as terapêuticas lembradas para casos semelhantes, tais como antibióticos, sulfamidoterapia, sôro anti-gangrenoso, transfusões, antiluéticos, radioterapia, cirurgia, etc., mostrou a falta de elementos de defesa organica contra a lesão localizada na face.

O uso da adrenalina injetável naquela ocasião (1949) teve por objetivo o estímulo do conjunto hipófise supra-renal, como tentativa de favorecer a resistência à progressão da doença. Infelizmente não contávamos na ocasião com a corticotropina e a cortisona que tão bons resultados deram nos três casos acima citados.

"ACTH E CORTISONE EM OTORRINOLARINGOLOGIA (Revisão da literatura) - João Ferreira de Melo.

Resumo:

Nariz - A rinite alérgica é a afecção onde há maior número de pesquizas e onde são obtidos os melhores resultados desta hormoniaterapia.

É muito comum nos E.U. e na Europa, sendo porém, raros os casos de polinose entre nós. Na maioria dos trabalhos, a via de introdução utilizada foi a oral nas dosagens comuns, e os resultados obtidos foram bons, embora temporários, pois que, cessada a administração da droga, a sintomatologia reapareceu em 3 dias e as mais tardias em 4 mêses. Como conclusão afirmam todos os Autores que a aplicação das drogas durante o período da polinização evita toda sintomatologia alérgica, embora, não cure o paciente.

B - Rinite alérgica perene.

a - Os casos que tivemos a oportunidade de examinar, de pacientes asmáticos com rinite alérgica perene com ou sem polipos nasais, nos quais o cortisone foi administrado por via oral para o tratamento da asma, mostraram uma melhora subjetiva da obstrução nasal, com diminuição ou parada do corrimento nasal aquoso, e desaparecimento dos espirros. O exame local das fossas nasais mostrava uma mucosa pálida-azulada, mas não muito edemaciada e uma retração de cêrca de 20 a 50 %. no máximo dos polipos, embora o tratamento por vezes tenha sido demorado. A retirada da droga ocasiona a volta de todo quadro anterior, em um lapso de tempo variado. Estes mesmos resultados já foram assinalados pelos Americanos, nas mesmas condições.

b - A administração de cortisone localmente por nebulizações (3 ao dia) de um a solução de 8 mg por cm3 mostrou-se útil, nas rinites alérgicos, pois havia melhora variada da sintomatologia e retração da mucosa, que da cor pálida-azulada passou a ser rósea-escura. Nos casos de rinite-alérgica complicada com polipos, a ação do cortisone era feito no sentido de uma retração de 50 a 100% dos mesmos e com melhora subjetiva das queixas. Cêrca de 2 a 8 semanas após a parada do tratamento, reaparecia a sintomatologia e o exame dos polipos mostravam uma volta às condições anteriores ao tratamento.

Utilizou-se também, a via endonasal em forma de instilações de cortisone a 1/4 (4 vezes ao dia) e os resultados foram bons em 50% dos casos, porém temporários. Quanto à nossa experiência particular os resultados obtidos não foram tão bons quanto aos assinalados pelos Americanos, pois a maioria dos casos em que aplicamos o Rinocortisone em gotas nasais, de 4 em 4 horas ou de 6 horas, durante um período de 3 dias ou várias semanas, sua ação foi duvidosa e até mesmo ineficaz. Dizem os Autores que os polipos regridem ou desaparecem com essa forma de introdução do cortisone, o que não verificamos em nosso trabalho.

Em trabalhos mais recentes, a via submucosa ao nível dos corneto: inferiores foi aconselhada. Injete:-se 0,1 ou 0,2 de uma solução de acetato de cortisone (25 mg por crn3) nos cornetos inferiores alternando as fossas nasais de cada 3 dias. Cêrca de 80% dos casos melhoraram por um período de 6 a 10 mêses com o desaparecimento do edema da mucosa e retração dos polipos e ainda mais, certos pacientes puderam beneficiar-se da ação dos antihistamínicos o que anteriormente não acontecia. A ação seria local no tecido de choque agindo no mecanismo antígeno-anticorpo e não pela ação cáustica como poderia sugerir.

2 - Rinite medicamentosa
Nossa experiência com o uso de cortisone por via oral mostrou-se ser eficaz como um dos processos de substituição da droga na rinite medicamentosa. Usamos 25 mg (comprimidos) cada 6 ou 8 horas, por um período variado, até que pudéssemos elucidar o problema da rinite que procedeu ou que determinou o uso e abuso de vasoconstritores locais. Temos por outro lado verificado, nesse particular estamos de acordo com os Americanos, que o uso repetido periodicamente dêstes hormônios faz com que o efeito seja cada vez menor até ser totalmente ineficaz.

3 - Rinite vasomotora.
Tanto os Americanos como Europeus afirmam ser duvidoso o resultado desta hormonoterapia e acham mesmo que não deva ser utilizada para tais casos.

4 - Sinusite alérgica.
Apresentaram os mesmos resultados comentados para rinite alérgica. Acham alguns Autores que deva ser utilizado o ACTH e Cortisone como auxiliares do tratamento específico.

5 - Cirurgia nasal.
Neste campo da O.R.L. aproveita-se a ação dêsses Hormônios para evitar edemas, equimoses e certas reações teciduais, além de tornar o post-operatório melhor. Preconizasse a via bucal em doses de 25 mg cada 6 horas utilizando-se segundo o caso de 3 a 11 doses. Deve ser usada em todas as operações nasais mormente nos casos de cirurgia plástica. No caso de polipos nasais deve ser usado no pré e post-operatório, para se obstes uma retração dos mesmos e ainda aproveitar os benefícios acima citados.

Faringe.

A ação no tecido linfóide é a desagregação do mesmo pela ação rápida dêsses hormônios,- de tal maneira que o tecido linfático não só deixa de crescer mas continua a regredir. Foi utilizado em casos de hipertrofia de adenóide onde a cirurgia e a radioterapia não puderam ser escolhidos; fêz-se nebulizações de cortisone com o que houve uma retração da adenóide temporariamente. Isto explica as melhoras verificadas nos casos de otite média supurada onde o tecido linfático produzia obstrução das trompas.

Laringe.

a - Edema produzido pela irradiação de carcinoma do laringe. Em 11 horas o edema diminuiu e em 4 dias era mínimo. b - Edema subglótico e supra-glótico (êste causado por um abcesso do hipo-faringe devido a um corpo estranho) onde a regressão dêste edema foi rápida e radical. Em certos casos utilizou-se também a penicilina.

B - Laringotraqueobronquites.

Nos casos em que estes Hormônios foram utilizados os resultados não foram bons tendo sido necessário a traqueostomia em todos êsses casos (que eram aliás de grande gravidade).

C - Amiloidose do laringe.

O uso local de Cortisone mostrou-se útil em um caso, porém o mesmo está em observação.

Terminarei pela conclusão da maioria dos Autores que utilizaram estas drogas e que afirmam que as mesmas não devem ser utilizadas trivialmente, pois sua ação é paliativa e não curativa, e que os processos de disensibilização específica nos casos de alergia são mais eficazes e menos perigosos.

APRECIAÇÃO CRITICA SÔBRE O USO DE ACTH E CORTISONA EM O.R.L. - Prof. Raphael da Nova.

Resumo - Exalta a importante ação do ACTH e Cortisona, prevenindo, muitas vezes, as complicações cardíacas da febre reumática e da artrite reumatóide. Inibindo as exsudações inflamatórias e alérgicas, êsses hormônios são indicados no tratamento da rinite vasomotora, onde a sua ação é paliativa, e nas queimaduras, em que evitam a espoliação dos líquidos orgânicos.

Outra indicação seria no pós-operatório da fenestração labiríntica. Landsberg preconiza o uso local de cortisona para prevenir a labirintite serosa, fator de relevância, segundo o A., no aparecimento dos insucessos cirúrgicos.

A medicação, segundo Rambo, não interfere no fechamento da janela, baseando em trabalho experimental praticado no macaco Rhesus.

O especialista, ao ter que operar um paciente que acaba de se submeter a tratamento prolongado com cortisona, deve lembrar-se que êle provoca estado de insuficiência supra-renal durante um período de uma a duas semanas e que deverá reiniciar o tratamento 48 horas antes do ato cirúrgico, empregando doses médias, que não venham a interferir no processo normal de cicatrização. Comentando a ação favorável do ACTH, como tratamento auxiliar do granuloma paracoccidióidico, conforme os Drs. Rezende Barbosa e Mauro Cândido de Souza Dias, cita a opinião de Suttliff e Stafford, que contra-indicam essa medicação para a blastomícose americana.

Finaliza, lembrando a ação da cortisona sôbre a estrutura e função do tecido linfóide.

George Sayers, A. White e C. Long verificaram, no camundongo, uma dissolução dos linfócitos do gânglio linfático.

Essa ação é específica para essas célula, pois não provoca degeneração dos elementos sanguíneos de origem mielóide.

Segundo A. White, a dissolução linfocítica corresponde a um aumento dos anticorpos circulantes e constitui um índice do papel que o linfócito representa no mecanismo imunitário.

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