Versão Inglês

Ano:  1948  Vol. 16   Ed. 4  - Julho - Agosto - ()

Seção: Trabalhos Originais

Páginas: 164 a 180

 

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO PROBLEMA DA OZENA (*) - parte 2

Autor(es): ERNESTO MOREIRA (**)
JORGE FAIRBANKS BARBOSA (**)
J. E. DE REZENDE BARBOSA (**)

CAPÍTULO VI

TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OZENA

Várias tentativas foram postas em prática no terreno cirúrgico da Ozena, para solucionar seu problema. Entre nós, LINDENBERG, BUENO DE MIRANDA e outros usaram a para finoterapia, com resultados relativos, tendo sido esse processo abandonado. Diversos colegas são adeptos do método de enxerto. Esta cirurgia tem sido praticada com substâncias orgânicas e inorganicas. Dentre aquelas citam-se as cartilagens, ossos e tecido mucoso. Nestas, o marfim e ùltimamente o vidro plástico cujos resultados têm sido muito animadores. Já temos contribuição valiosa neste terreno com os trabalhos elaborados pelos Drs. JORGE FAIRBANKS BARBOSA e FÁBIO BARRE'I'O MATHEUS. Dentre os dentais processos cirúrgicos empregados podemos mencionar os seguintes :

Processo de Halle: HALLE pratica a operação por via endonasal, achando que por êste meio consegue um estreitamento mais completo das fossas nasais e evita as conseqüências de uma comunicação entre o seio maxilar e a boca.

Processo de Wittmack: Utilisa-se da saliva parotidéia como líquido de limpeza das fossas nasais: Faz a anastomatose do canal de Stenon à mucosa do seio maxilar. Os inconvenientes dêste método estão nos dissabores que traz aos pacientes, por ocasião das refeições, obrigando-os a manter um lenço no nariz, para evitar o gotejamento da saliva.

Processo de Lautenschlager: Lautenschläger, obtem o estreitamento da cavidade nasal pela mobilisação das paredes externas do nariz, aproximando-as do septo. Êste, é curetado, assim como a borda interna dos cornetos inferiores, em um mesmo plano, afim de provocar uma sinéquia entre os cornetos e o septo. O segundo objetivo, sendo êste o mais importante, é a manutenção das paredes nasais do antro juntas ao septo. O autor atinge a parede nasal externa através dos seios maxilares, rompendo por via bucal, sua parede anterior. A contenção das paredes é feita por meio de um tamponamento compressor do antro, introduzido pelo orifício bucal; na necessidade da renovação dêste tampão é que está a desvantagem do método, pois tem êle que ser substituido de 3 em 3 dias, durante 3 semanas.

Modificação de Hinsberg: HINSBERG introduziu no método de Lautenschläger, uma modificação muito importante, que evita o longo e doloroso tratamento pós-operatório, isto é, o tamponamento durante mêses, de ambos os seios maxilares. Emprega êle o processo de sutura com apoio de chapas, fazendo a mobilisação da parede lateral, como no processo de Lautenschlager.

Modificação de Seiffert: SHIFFERT de Berlim, trouxe ao processo de Lautenschläger, uma outra modificação que consiste no seguinte: aproxima as paredes nasais externas ao septo, por meio de uma sutura em fórma de U, com forte fio de seda. Para essa sutura êle emprega uma agulha de sua invenção, que atravessa de um seio a outro através do septo nasal. A porção posterior do fio transpassa a parede nasal na sua parte mais alta e posterior, e a porção anterior na sua parte mais baixa e anterior.

Modificação Moreira: No decorrer das observações pós-operatórias verificamos certas desvantagens nos processos acima expostos, as quais procuramos modificar.

Sinéquias: Não mais praticamos a curetagem da mucosa da borda das conchas inferiores e da região correspondente ao septo nasal. As pequenas crostas que ainda se formam durante algum tempo depois da operação, dificilmente eram expelidas pelos pacientes, acontecendo mesmo, na maioria das vêzes, descerem para o faringe, com grande aborrecimento para os doentes, e, ainda mais, provocarem pela sua retenção cefaléias impertinentes.

Deslocamento das paredes nasais dos antros: Imaginamos um aparelho (Compressor Moreira) que resolve de vez êsse tempo operatório. A aproximação era feita de uma maneira complicada e trabalhosa. Além das hemorragias que eram constantes pela incisão praticada nas porções anterior, inferior e posterior da parede nasal do antro maxilar, um outro grande inconveniente era a aproximação das paredes antrais ao septo, que era feita com o dedo indicador com uma pressão irregular. Acontecia que a fossa nasal esquerda ficava mais estreitada do que a direita. Um de nós imaginou que essa incisão feita cuidadosamente, principalmente na porção posterior, facilitava a aplicação do Compressor, sem o inconveniente de uma fratura brusca e desagravel ao paciente, podendo a compressão ser feita mais de uma vez e em diferentes níveis. Com o Compressor, sendo o deslocamento uniforme e a pressão idêntica, o fechamento das fossas nasais é perfeitamente calibrado. Ainda mais facilita extraordinariamente a passagem da agulha de Seiffert, de um para outro antro, porque teremos neste caso um ponto de reparo, que é a incisão da fratura, tanto na porção anterior como na posterior.

Ponto em U de Seiffert: Outra modificação, e esta a nosso vêr, a principal para o êxito operatório, é o ponto em U de Seiffert, que substituímos por um ponto duplo em V, com ápice anterior. É praticado da maneira seguinte: a agulha é introduzida na porção póstero-superior da parede nasal do antro esquerdo para o antro direito. Montada com cat-gut cromado grosso (n.º 3), a agulha é puxada para o antro esquerdo, onde permanecerá o fio. De novo a agulha é introduzida na parte antero-inferior do antro esquerdo para o direito. A ponta que permaneceu no antro direito é introduzida na agulha e trazida para o antro esquerdo. Aqui é transfixado na cavidade antral esquerda, depois de bem aproximadas as paredes antrais. A seguir, a agulha é introduzida, novamente na porção postero-inferior, porém agora do antro direito para o esquerdo. No antro esquerdo jazem as duas pontas do fio. Uma delas é introduzida na agulha que a leva para o antro direito. De novo a agulha é agora introduzida na porção ântero-inferior do antro direito e a outra ponta do fio é conduzida para êste onde conjuntamente com a extremidade da porção póstero-inferior é transfixada no antro direito, depois de feita a melhor aproximação possível. Executado este tempo, as paredes nasais dos antros ficam bem aderentes ao septo.

Uma outra alteração que foi introduzida no método clássico, e que também julgamos vantajosa, é a lembrada pelo Dr. Jorge Fairhanks Barbosa. Consiste ela em fazer-se uma contra-abertura na porção anterior dos antros, para escoamento de possível depósito de secreção, que pelo seu aumento pode às vezes provocar edema facial e mesmo até abcesso. O ponto inicialmente era feito com cat-gut comum, passou a ser feito com cat-gut cromado n.º 3, e finalmente resolvemos fazê-lo com fio de Cangurú que é mais forte e cuja absorção é mais demorada. Com estas modificações, o processo de Lautenschläger, considerado como o método clássico, foi inteiramente refundido constituindo um método completamente novo, - Método Lautenschläger-Moreira

As alterações que procuramos introduzir no processo clássico, não só beneficiaram os pacientes, como trouxeram para a técnica operatória uma considerável economia de tempo. A cirurgia da Ozena pelo método de Lautenschläger, é uma intervenção demorada, pois, jamais foi executada em menos de uma hora, no entanto, com as modificações que realisamos, já conseguimos operar em vinte e cinto minutos, excluida, está claro, a anestesia.

O período pós-cirúrgico que era em media de trinta dias ficou reduzido à apenas quinze, com lavagens semanais. Temos sempre a cautela de prevenir o paciente dos resultados mediatos e imediatos da operação. De início o doente queixa-se de dificuldade respiratória, com abundante secreção mal cheirosa. Explicável, pois, fossas nasais estreitadas pela cirurgia, reação traumática produzindo secreção abundante, causam êsse mau estar. As crostas amarelo-esverdeadas, são substituidas por um corrimento fétido que muito aborrece o enfermo. A ferida bucal também impede uma higiene completa, produzindo mau hálito. Felizmente todos êstes inconvenientes vão desaparecendo aos poucos, permanecendo a rinorréia por algum tempo e também a anestesia dos doentes e do lábio superior, consequência naturalmente do ato cirúrgico. O olfato que nestes doentes é abolido, em muitos casos tem sido restabelecido, com grande alegria do paciente.

A cirurgia da Ozena tem ainda um contingente apreciável de insucessos. A idade do operando, estado geral e sobretudo o local concorrerem para o resultado final. Uma atrofia grande, mucosa nasal reduzida, estado geral mau, idade avançada, são causas que prejudicam o êxito operatório.

Estas considerações vão à guisa de aviso aos colegas que queiram praticar a cirurgia da R. A. F., pois, ao lado dos casos felizes que muita satisfação nos causaram, estão os que não corresponderam aos nossos esforços e que provàvelmente têm contribuido para a descrença do método, não só entre os leigos, coma mesmo no seio dos especialistas. Somos sinceramente entusiastas do tratamento da Ozena pela cirurgia, porque até o presente, tudo que se tem feito em beneficio desses infelizes, não tem ido além de tentativas bem intencionadas. A cirurgia tem em grande parte realisado seu desideratum, e, portanto, enquanto não surgir um outro tratamento que solucione o problema, continuemos a operar, porque alivia, melhora e cura em muitos casos esse terrível opróbrio de nossa especialidade.



A. = Antes.
D. = Depois.
++++ = Grande quantidade de crostas e mau cheiro pronunciado
+++ = Relativa quantidade de crostas e mau cheiro relativo.
++ = Poucas crostas e mau cheiro ligeiro.
+ = Poucas crostas e mau cheiro inteligível.
- = Ausência de crostas e mau cheiro também ausente.



ESTATÍSTICA

Doente operados - 50
Homens - 13
Mulheres - 37

RESULTADOS

Homens
Ótimo - 4
Bom - 5
Regular - 3
Péssimo - 1
Total - 13

Mulheres
Ótimo - 13
Bom - 14
Regular - 10
Péssimo - 0
Total - 37

PORCENTAGEM GERAL

Ótimo - 17 - 34%
Bom - 19 - 38%
Regular - 13 - 28%
Péssimo - 1 - 2%
Total - 50 - 100%

RAÇAS

Homens
Branca - 11
Parda - 2
Total - 13

Mulheres
Branca - 32
Parda - 4
Amarela - 1
Total - 37

IDADE

Homens
De 15 a 20 anos - 8
De 12 a 15 anos - 6
Total - 13

Mulheres
De 21 a 30 anos - 5
De 16 a 20 anos - 15
De 21 a 30 anos - 11
De 31 a 40 anos - 5
Total - 37



Dentre as 50 Observações apresentadas nêste trabalho verificámos que predomina o sexo feminino, na proporção de 3 para 1, isto é, 3 mulheres para um homem, o que vêm confirmar nossas idéias, explicadas em 1944.

Quanto a questão de raça, também averiguamos as mesmas conclusões, pois, nenhum preto figura na nossa estatística.

A idade ainda vem nos demonstrar o que examinamos em passada publicação. Assim notámos a predominância entre 16 e 20 anos, decrescendo a freqüência da moléstia com o aumento da idade.

OBSERVAÇÕES (Masculinos ...... 13)

Obs. 38 - A.C.L., 15 anos, branco, português, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Acusa entupimento nasal, às vezes com saída de crostas há quatro anos. Não tem olfato para os alimentos. Dentes tratados, amígdalas atrofiadas, dando caseum pela expressão.

Descrição: Atrofia dos cornetos e da mucosa. A atrofia é tão grande que os cornetos estão reduzidos a verdadeiras lâminas. Pode ser catalogada como sendo do quarto grau para ambos os lados.

Reação de Wassermann: negativa.

Operado em 6/3/45. Dr. Jorge.

Lautenschläger-Moreira

Dia 5/3/45, foi radiografada a face e introduzido nos seios maxilares contraste (1 cc. de lipiodol mais 3 cc. de óleo de oliva) (seio direito). E 6/3/45 operado. Encontramos no seio direito intensa degeneração polipóide da mucosa com um volumoso polipo da mucosa na parede lateral e dois outros menores no assoalho e outro na parede nasal, Mucosa hiperplasiada nestes pontos. No seio esquerdo a mucosa estava papiracéa, com finos desenhos vasculares; haviam um polipo no assoalho. Fizemos contra-abertura; libertamos as paredes antes de aplicar o compressor.

Revisto em 13/3/45. Tem sentido muita dôr de cabeça, principalmente à noite, dificultando o sono. As fossas continuam amplas e com crostas. Temos a impressão que a cirurgia fracassou. Em 17/3/45: não há crostas e sim secreção purulenta abundante nas fossas. Lavagem dos seios que saiu limpa. Continua dor de cabeça. Em 5/4/45: Não sente mais cefaléia. Está satisfeito. A rinoscopia ainda mostra fossas muito amplas. Não há crostas e nem inducto purulento. Em 7/6/45: Diz que ainda se formam crostas, porém, não sente mau cheiro. O resultado foi péssimo.

Resultado: Péssimo.

Obs. 39 - E.P. 15 anos, branco, brasileiro, solteiro, operário, residente em S. Paulo.

Anamnese: Há dois anos que está doente. Pais vivos com saude. Tem sete irmãos; é o segundo filho. O penúltimo irmão também é portador da mesma moléstia. Os outros irmãos nada apresentam.

Descrição: Grande atrofia de ambas as fossas nasais, sendo do IV grau à direita e do III à esquerda. Crostas em quantidade e mau cheiro bem pronunciado. Dentes péssimos e catarro no naso-faringe.

Operado em 30/4/45. Dr. Jorge.

Lautenschläger-Moreira

Intensa degeneração poliposa de ambos os antros, principalmente do esquerdo. Não foi encontrado o contraste. Foi feita contra-abertura e libertadas as paredes nasais.

Dia 5/5/45 foi feita lavagem. Edema pouco pronunciado. Secreção nasal intensa.

Em 9/5/45: boa aproximação. Depósito de crostas. Em 14/5/45: já está recuperando o olfato.

Reação de Wassermann: negativa.

Resultado: Regular.


Obs. 40 - O.D. 15 anos, branco, brasileiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Doente há um ano: diz que saem pelas narinas crostas e não sente cheiro. Dores na região frontal com irradiação para os parietais. Nariz em sela. Pais vivos, tem três irmãos com saude. Não há na família essa moléstia.

Descrição: Fossa nasal esquerda com atrofia ampla, terceiro grau; concha média muito atrofiada, assim o corneto inferior. Fossa direita também no mesmo grau de atrofia. Mucosa pálida com secreção. Crostas em quantidade em ambas as fossas.

Reação de Wassermann: negativa.

Operado em 24/8/46. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Ato operatório muito trabalhoso, pois o doente foi muito impertinente. Mucosa antral atrofiada. Cavidades do antro cheias de inducto purulento e com pronunciado mau cheiro.

Foi revisto em 27/8/46. Edema facial de ambos os lados. Aproximação boa. Bastante secreção. Em 31/8/46: edema diminuido. Secreção nasal ainda em quantidade. Em 3/9/46: mau cheiro e secreção em pequena quantidade. Em 10/12/46: resultado ótimo. Sem crostas e nem mau cheiro.

Resultado: Ótimo.

Obs. 41 - G. P., 15 anos. branco, brasileiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Há três anos que acusa mau cheiro nasal com eliminação de crostas esverdeadas. Queixa-se de insuficiência respiratória.

Descrição: A fossa nasal direita apresenta atrofia do terceiro grau. A esquerda um grande desvio do septo dificultando a respiração. Mau cheiro bem característico.

Reação de Wassermann: negativa.

Operado em 22/10/45., Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira

Doente paciente. Ato operatório normal. Foi revisto em 25/10/45. Edema acentuado da face direita. Aproximação boa. Em 30/10/45: Ainda persiste o edema facial. Secreção nasal intensa. Já respira melhor. Em 8/11/45. Persiste o edema com mau cheiro e crostas. Em 26/2/46: sente-se bem. Esta satisfeito com o resultado operatório.

Resultado: Bom.

Obs. 42 - J.G., 16 anos, branco, brasileiro, solteiro, mecânico, residente em São Paulo.

Anamnese: Há seis meses que percebeu o mau cheiro. Pais vivos e sadios. Tem seis irmãos; é o segundo filho. Não há esta moléstia na família. O próprio doente sente o mau cheiro, assim como as pessoas de casa.

Descrição: Atrofia bem apreciavel de ambas as fossas nasais: III grau. Catarro, crostas, mau cheiro. Mucosa sêca e atrófica.

Operado em 25/9/45. Dr. Jorge.

Lautenschäger-Moreira

Reação de Wassermann: Negativa.

Edema discreto. Ato operatório normal. Foi visto em 27/9/45. Lavagem. Alta do hospital. Dia 29/9/45: acentuou-se o edema facial. Secreção nasal abundante de ambas as fossas. Nova lavagem. Em 6/10/45: Lavagem limpa. Aproximação boa. Catarro em pequena quantidade. Em 20-10-45: persiste ainda ligeiro edema facial. Pouca secreção. Não se queixa de dôr e respira bem. Em 27/10/45: Já não se queixa de mau cheiro.

Resultado: Regular.

Obs. 43 - A.G., 18 anos, branco, brasileiro, solteiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Há três anos que sente mau cheiro no nariz, com saída de catarro e crostas esverdeadas. Só sente cheiro das cousas quando muito forte. Tem mais um irmão com êste mal.

Descrição: Fossa nasal direita, mucosa pálida com secreção e crostas depositadas nos meatos. Atrofia do corneto inferior e do médio Atrofia do segundo grau dêste lado. Da fossa esquerda atrofia do terceiro grau, também com depósito de crostas e secreção intensa.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 28/8/45. Dr. Jorge.

Lautenschläger-Moreira.

Foram libertadas as paredes e feita contra-abertura. Tudo bem. Mucosa papirácea do antro esquerdo e com degeneração polipóide, do antro direito.

Foi revisto em 30/8/45: lavagem sanguinolenta. Em 1/9/45: ligeiro edema facial. Lavagem. Queixa-se de catarro contínuo. Aproximação boa. Em 1/9/45: Veio ao serviço com terrível cacosmia. Retiramos um pequeno sequestro em vias de eliminação no assoalho da fossa nasal direita. Em 23/10/45: ausência de crostas. Diz ainda sentir um ligeiro mau cheiro. Aspecto bom da mucosa nasal, poucas crostas. Em 30/10/45: ligeiro edema facial. Diz que antes da operação não sentia mau cheiro, porém, agora sente. Restituição do olfato. Em 16/11/45: acha que o resultado operatório foi bom. Já não sente mau cheiro e expele poucas crostas. Em 24/8/46: ainda sente mau cheiro e diz que o resultado não foi bom, entretanto a aproximação foi boa. Em 10/9/46: diz que agora sente-se bem melhor.

Resultado: Bom.

Obs. 44 - M.G., 18 anos, branco, solteiro, brasileiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Queixa-se de dificuldade na respiração, há já muito tempo. Usa muitos lenços por dia. Pais vivos e fortes. Sete irmãos, é o penúltimo. Não há na família esta moléstia. Há um ano que começou a notar o mau cheiro do nariz. O próprio doente sente o; mau cheiro assim como as pessoas estranhas. Ainda conserva o olfato.

Descrição: Fossa nasal direita com atrofia do terceiro grau e a esquerda do segundo grau. Deita crostas amarelo-esverdeadas pelo nariz de vez em quando. Não fez nenhum tratamento. É portador de uma faringite seca.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 29/8/46. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Doente muito paciente. A intervenção foi dificultada pela condensação ósea das paredes antrais. Na própria parede nasal foi preciso usar de certo artifício para o bom deslocamento.

O doente retirou-se do Hospital e só voltou à clínica em 12/10/46. Aproximação boa. Sem crostas e sem mau cheiro. Está satisfeito com o resulta operatório. Em 31/10/46: Tudo bem.

Resultado: Bom.

Obs. 45 - L.G.A., 20 anos, pardo, brasileiro, comerciário, residente em São Paulo.

Anamnese: Sofre desta moléstia desde criança. Não se queixa de dôr de cabeça, não tem falta de ar e ainda conserva o olfato.

Descrição: Degeneração polipóide da concha média do lado esquerdo. Pus neste meato. Atrofia na porção posterior com pus no assoalho da mesma fossa. Ligeira hipertrofia do corneto inferior do lado direito. Depósito de crostas e catarro espesso também deste lado. Atrofia do segundo grau de ambos os lados.

Reação de Wassermann: negativa.

Operado em 2/5/45. Dr. Moreira.

Doente paciente. Grande quantidade de pus nos antros maxilares. Mucosa de aspecto polipóide. O doente retirou-se do Hospital e só veiu ao Serviço em 12/9/45.

Resultado: Ótimo.

Obs. 46 - S.O., 21 anos, branco, brasileiro, solteiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Foi examinado na Fôrça Pública e rejeitado pela moléstia de que era portador. Há muito tempo que percebeu a doença. Sente o próprio mau cheiro, assim como as pessoas extranhas. Não sabe si lia esta moléstia na família.

Descrição: Grande atrofia da fossa nasal direita, IV grau. Desvio da septo para a esquerda. Atrofia do segundo grau à esquerda.

Reação de Wassermann: negativa.

Operado em 23/4/46. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Ato operatório sem novidade. Doente paciente. A sutura foi feita com fio de Cangurú.

Foi revisto em 27/7/46. Ligeiro edema facial. Lavagem. Ern 6/8/46. Aproximação boa. Poucas crostas e já não sente mau cheiro. Manifesta-se contente com o resultado operatório. Em 23/11/46 ainda expele pequenas crostas, porém, não sente mau cheiro.

Resultado: Ótimo.

Obs. 47 - A.C., 22 anos, branco, brasileiro, solteiro, alfaiate; residente em São Paulo.

Anamnese: Pais vivos e fortes. Tem oito irmãos com saude sendo que o paciente é o terceiro filho. Não há na família essa moléstia. Diz que expele crostas e pus pelo nariz com mau cheiro. De nada mais se queixa. Desvio alto do septo para a esquerda. Grande crista á direita.

Descrição: Fossa nasal direita: mucosa pálida com secreção e crostas. Atrofia dos cornetos médios e inferior. Tipo dois. Fossa nasal esquerda apresentando aspecto semelhante - Atrofia de II grau. Bons dentes.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 6/6/45. Dr. Moreira

Lautenschläger-Moreira.

Doente paciente. Seios amplos e de fácil acesso. Degeneração da mucosa e pus espesso de ambos os lados. Curetagem fácil. Foi revisto em 18/6/45. Lavagem. Discreto edema à esquerda. Aproximação boa. Em 23/6/45: Ainda persiste o edema da facial esquerda. Pouca secreção nasal. Mau cheiro diminuido. Em 5/11/45: O doente manifesta-se satisfeito com o resultado operatório. Pouca secreção. Faz lavagens às vezes.

Resultado: Bom.

Obs. 48 - E.F., 22 anos, branco, solteiro, brasileiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Sente dor na fosseta canina há mais de dois anos, e deita pus pelas fossas nasais. Dôr de cabeça. Pais falecidos. Tem três irmãos e é o segundo filho. Não há na família essa moléstia. Gasta dois lenços por dia. Queixa-se de mau hálito e secreção abundante pelo nariz. As pessoas estranhas nada dizem do seu mau cheiro.

Descrição: Atrofia do terceiro grau à esquerda e do segundo à direita. Faz, lavagens diárias no nariz.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 18/7/46.Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Doente paciente. Ato operatório sem novidades. Foi revisto em 20/7/46. Alta do Hospital. Ligeiro edema facial. Secreção nasal abundante. Foi feita lavagem. Em 23/7/46: aproximação boa. Ainda secreção com mau cheiro. Em 30/7/46: o mesmo aspecto. Em 6/8/46: apresenta anestesia do lábio superior. Não mais apresenta edema da face, nem crostas nem mau cheiro. Em 15/10/46: diz que se sente melhor e está satisfeito, com o resultado cirúrgico.

Resultado: Ótimo.

Obs. 49 - J.S., 23 anos, pardo, brasileiro, operário, residente em São Paulo.

Anamnese: Há doze anos que tem a moléstia. Mau cheiro pronunciado. Expele crostas amarelo-esverdeadas. Dor de cabeça. O pai também é portador da moléstia.

Descrição: Atrofia dos cornetos inferiores de ambos os lados. Secreção catarral de ambas as fossas nasais. Atrofia tipo III dos dois lados.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 10/7/45.Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Ato operatório sem acidentes. Doente paciente.

Foi revisto em 21/7/45. Lavagem. Ligeiro edema facial. Poucas crostas e secreção nasal com relativo mau cheiro. Em 12/7/35: aproximação boa. Edema diminuido. Secreção nasal sem mau cheiro pronunciado. Em 7/11/45: ausência de crostas. Mucosa seca e pálida. Sente-se bem.

Resultado: Bom.

Obs. 50 - A.A., 24 anos. branco, solteiro, operário, brasileiro, residente em São Paulo.

Anamnese: Há dez anos que notou corrimento nasal com característico mau cheiro. Sempre que se assoava saiam do nariz blocos de crostas esverdeadas e com muito mau cheiro. Tem uma irmã de treze anos que também é portadora da mesma moléstia. As pessoas da casa percebera o mau cheiro exalado pelo doente assim como as pessoas estranhas.

Descrição: Fossa nasal esquerda atrófica, ligeiramente alargada na porção póstero-superior, porém, a concha inferior grandemente reduzida Crostas e secreção abundante, IV grau. Na fossa direita nota-se quadro idêntico, atrofia também do IV grau. Caso mau para cirurgia.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operado em 16/8/45. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira.

Foi visto em 19/8/45. Edema bem visivel de ambas as faces. Obstrução nasal com corrimento fétido. Foi feita lavagem. Dia 22/8/45 saiu do Hospital e só apareceu ao serviço em 4/4/46. Aproximação boa. Ausência de mau cheiro. Em 21/8/46: sem mau cheiro, pouca secreção e sem crostas. Resultado bem regular.

Resultado: Regular.

OBSERVAÇÕES

(Femininos ...... 37)

Obs. 1 - A.B., 12 anos. branca, brasileira, doméstica, residente em São Paulo.

Anamnese: Há cerca de um ano que notou mau cheiro no nariz. Gasta vários lenços por dia. O mau cheiro é percebido pelas pessoas de casa. Ao assoar o nariz expele crostas verde-amareladas. Diz ter mau hálito.

Descrição: Atrofia bilateral do quarto grau de ambos os lados. Caso mau para cirurgia. Úlcera atrófica na porção cartilaginosa do septo. Deutes regulares. Não se queixa de dôr de garganta. Não há a moléstia em pessoas de sua família.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operada em 25/5/45. Dr. Jorge.

Lautenschläger-Moreira.

Encontramos pus fétido em ambos os antros. Libertamos as paredes e fizemos contra-abertura, e aplicamos o Compressor, Ato cirúrgico muito trabalhoso, em conseqüência da rebeldia da paciente. Em 25/5/45: lavagem, muito pus. Em 29/5/45: Alta do Hospital. Em 8/6/45: Desapareceu o mau cheiro e o edema. Boa redução. Em 12/6/45: Sentese muito bem. Ainda há formação de crostas, porém pequenas, esbranquiçadas e sem mau cheiro.

Resultado: Regular.

Obs. 2 - E.C., 14 anos, branca, brasileira, operária, residente em São Paulo.

Anamnese: Há mais de um ano que se queixa de cefaléia frontal quase diariamente. Usa vários lenços por dia. Baba no travesseiro.

Descrição. Na fossa esquerda nota-se o corneto inferior aumentado de volume e edemaciado; concha média com regular quantidade de crostas aderentes. Atrofia do terceiro grau. Na fossa direita observa-se aspecto idêntico, porém, menos atrofiado segundo grau. Bons dentes. Amígdalas crípticas dando caseum à expressão.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operada em 28/3/46. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira

Doente impaciente. Permaneceu no Hospital dois dias. Foi vista em 30/3/46. Edema de ambos os lados. Lavagem. Aproximação boa. Em 11/4/46. Poucas crostas sem secreção. Ainda mau cheiro. Em 7/5/46: Diz que deita água pelo nariz. Dôr de cabeça. Está contente. Em 21/6/46: Olfato melhorado. Em 25/5/46 Expele crostas, porém, sem mau cheiro. Em 18/7/46: já não se queixa de dôr de cabeça. Não se queixa de mau cheiro e nem faz lavagens.

Resultado: Ótimo.

Obs. 3 - I.T., 14 anos, parda, brasileira, operária, residente em São Paulo.

Anamnese: Não sabe informar quando se iniciou a moléstia. Secreção nasal abundante. Não tem pais. É a última filha. Não sabe si há esta moléstia na família. Olfato prejudicado.

Descrição: Atrofia mais pronunciada à direita. Desvio do septo para a esquerda. Secreção em ambas as fossas nasais. Mucosa pálida. Atrofia do quarto grau à direita e do terceiro à esquerda.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operada em 2/5/46. Dr. Moreira.

Ligeira hemorragia do antro esquerdo. Foi feita uma injeção de 5 cc. de soro hemostático Resus. O resto da operação decorreu sem acidentes.

Foi revista em 9/5/46. Aproximação ótima. Edema facial de ambos os lados. Sente pronunciado mau cheiro. Em 21/5/46: pouca secreção. Diz que já não sente mau cheiro. Em 4/6/46: queixa-se de dôr de cabeça intensa quando ao sol.

Resultado: Ótimo.

Obs. 4 - E.B., 14 anos, branca, brasileira, doméstica, residente em São Paulo.

Anamnese: Há cinco anos que sofre desta moléstia. Pais vivos e sadios. É a primeira filha. Não há essa doença na família. Deita crostas pelo nariz e sente mau cheiro assim como as pessoas de sua casa.

Descrição: Atrofia do terceiro grau à direita e do segundo à esquerda. Mucosa esbranquiçada, anêmica. Crostas aderentes aos cartuchos que se destacam dificilmente. Desvio do repto para a esquerda.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operada em 16/5/46. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira

Doente paciente não obstante a idade. Ato operatório normal. Foi revista em 18/5/46: Edema bilateral da face. Pouca secreção. Em 23/5/46: Ainda persiste o edema facial. Em 28/5/46: Aproximação regular. Lavagem. Ligeiro edema ainda na face. Em 4/6/46: Já não sente mau cheiro. Respira mal. Em 22/10/46: Pouca secreção. Não deita crostas e não sente mau cheiro. Em 24/9/46: Aspecto externo normal. Ainda gasta dois e três lenços por dia.

Resultado: Sofrível.

Obs.5 - M.I.., 15 anos, solteira, branca, operária, residente em São Paulo.

Anamnese: Não se recorda quando e como se iniciou sua moléstia. Queixa-se apenas do mau cheiro e gasta vários lenços por dia. Quando assoa o nariz expele crostas amarelo-esverdedas com característico mau o dor.

Descrição: Em ambas as fossas atrofia de segundo grau. Mucosa nasal congesta e sangrando com facilidade. Crostas que se desprendem com dificuldade. Faz lavagens diárias do nariz.

Operada em 7/3/45. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira

Reação de Wassermann: Negativa.

Mucosa dos antros atrofiada. No seio maxilar direito não foi encontrado o contraste que tinha sido introduzido há 24 horas antes. Seio completamente livre.

Foi revista em 10/3/45, Lavagem sanguinolenta. Fossas obstruidas.

A doente diz ter sentido dor de cabeça. Em 13/3/45: Poucas crostas, lavagem. Teve alta do hospital. Continúa com cefaléia e tem tido febre. Em 15/4/45: Lavagem, raros grumos. Sem dor de cabeça. E m 12/5145: Acha que está se formando crostas à direita, com mau cheiro. Em 3/4/46: Boa redução. Crostas pequenas e de fácil
eliminação. Não há cacosmia.

Resultado: Bom.

Obs. 6 - A.B., 15 anos, branca, brasileira, solteira, doméstica, residente em São Paulo.

Anamnese: Há cinco mêses que notou o mau cheiro nasal e diz ter uma ferida no nariz.

Descrição: Fossa nasal direita: atrofia considerável, IV grau, com presença de crostas amarelo-esverdeadas que são expelidas com dificuldade. Fossa esquerda, atrofia menor, III grau, com secreção abundante e crostas.

Reação de Wassermann: Negativa.

Operada em 7/5/45. Dr. Moreira.

Lautenschläger-Moreira

Ato operatório normal. Doente ligeiramente impaciente. Mucosa de ambas as cavidades antrais de aspecto polipóide, com pus, principalmente no antro esquerdo. Em 12/5/45: Edema mais pronunciado do lado esquerdo. Queixa-se de dôr de cabeça. Foi feita lavagem. Em 16/5/45: aproximação boa da fossa esquerda e regular da direita. Em 17/7/45, ainda persistem crostas e ligeira secreção, porém, diz que já não sente mau cheiro.

Resultado: Regular.

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