Versão Inglês

Ano:  1952  Vol. 20   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 22 a 28

 

REVISTAS DAS REVISTAS

Autor(es): -

MOUNIER K., BERNARD C., PERSILON A. - "Utilidade do exame radiologico sistematico nas pequenas disfagías ". Ata Oto Rino Laringologica Bélgica. Tomo 5, Fasc. 1 - 1951.

O estudo se refere apenas às pequenas disfagias, nas quais o doente se queixa de incomodo na garganta, ou na região latero cervical, bem localisada, principalmente quando engole a saliva. Não tem carater inquietante e progressivo. O exame deve ser cuidadoso para verificar si o incomodo é permanente, si aumenta com certas posições da cabeça, si aparece no momento da deglutição ou fora dela, si há zonas dolorosas no pescoço á palpação, e si há hipersalivação.

Verificar si ha sensação de enchimento do pescoço após o repasto.

A disfagia esofagiana é menos frequente. O paciente descreverá os sintomas com menos detalhes que os portadores de uma disfagia de origem hipofaringéa. Ha sensação de plenitude na região esternal. Por vezes conservam a sensação de parada do bolo alimentar, e só melhoram deglutindo liquidos.

No interrogatório verificar si ha coincidencia da crise com causas psíquicas, que podem provocar um estado de tensão neuro-vegetativo, explicando o espasmo. Deve ser pesquisado o estado de todos os grupos musculares que intervem na deglutição. Observar si há saliva nos seios piriformes (sinal de Ch. Jackson).

Os autores acham que o exame radiologico é da maxima importancia. Exploram o transito faringo-esofagiano com contraste baritado. Não usam a tomografia, nem a radiografia simples de perfil, nem cota lipiodol, que acham mais interessante para a laringe. Afirmam que este tipo de radiografia tem sido um pouco descurado. É necessario fazer um estudo radioscópico dos diferentes tempos da deglutição.

A cabeça deve estar em extensão, para eliminar o maxilar. O contraste não deve ser muito espesso, e os movimentos de deglutição devem ser comandados um a um pelo observador.

Toma os clichês de frente e completa com uma obliqua anterior direita, sendo necessaria por vezes uma de perfil. O tempo de exposição é muito curto, isto é, 5 a 8 centésimos de segundo.

Os alimentos passam pela goteira faringo-laringea, de preferencia pelo lado esquerdo, devido á predominancia dos musculos faringeanas á direita.

As chapas mostrarão ligeira retenção valecular simétrica, fina impregnação das goteiras faringeanas e vacuidade constante dos seios piriformes. O clichê em obliqua dá mais visão do aparelho laringeo.

No aspecto patologico devemos interpretar a morfologia c a função.

R. MATHEUS

GROS CH., GREINER G., DELVAUX L. - "Radioterapia nos epiteliomas do esofogo". Ata Oto Rino Laringologica Bélgica. Tomo 5, Fase. 1 - 1951.

Os tumores esofágicos de indicação cirurgica mais delicada são os sub árticos. Acham os autores que a radioterapia apesar dos seus insucessos ainda é um dos meios necessarios.

Deve-se cuidar melhor dos doentes com relação À doença de irradiação (tecnicas de dosagem e centragem).

Admitem que o terreno tem grande importancia mas não deve ser negligenciada a parte psíquica.

Apresentam 2 observações.

F. B. MATHEUS

HENRY J. A_ - "Cicloterapia do câncer do esofago". Ata Oto Rino Laringológica Bélgica. Tomo 5, Fase. 1 - 1951.

A cicloterapia ou radioterapia rotatória é empregada com o fim de se promover a irradiação suficiente do tumor, porem permitindo que a irradiação seja moderada nos planos cutâneos.

O tumor é irradiado durante todo o tempo, enquanto que os diversos pontos da pele por um curto período.

Para o câncer do esofago usa-se este metodo ou então aumentando a penetração dos raios, empregando alta voltagem.

Deve ser empregado nos cânceres inoperaveis, e é um metodo de escolha perfeitamente tolerado mesmo para os doentes com mau estado geral. Empregou o metodo em 11 pacientes com resultado transitório, porem o quadro sanguíneo não se alterou e os pacientes passaram a se alimentar bem.

As radiografias mostram o transito esofagiano sem obstaculo, apenas persistindo irregularidades na plicatura.

As biopsias não foram praticadas pelo perigo das ulcerações necroticas.

F. B. MATHEUS

CHALMAGNE J. - "Câncer melânico do esofago". Ata Oto Rino Laringologica Bélgica. Tomo 5 - Fase. 1 - 1951.

Apresenta a observação de um câncer melânico do esofago (primitivo) em paciente do sexo feminino de 68 anos. Apresentava disfagia e outros sintomas tratados sem resultado.

A radiografia mostra um tumor bocejado na união do terço medio com o terço inferior.
O exame histologico revelou melano carcinoma.

A paciente apresentava um nevus no seio sem carater de malignidade. O exame da coróide nada revelou.

Este tipo de câncer é realmente raro, pois o autor encontrou apenas 6 casos na literatura. É mais comum na pele.

F. B. MATHEUS

VAN DE CALSEYDE - "Corpos extranhos ignorados do esofago". Ata Oto Rino Laringologica Bélgica. Tomo 5 - Fasc. 1 - 1951.

São menos frequentes que os da arvore bronquica. Hoje a sintomatologia não é tão grave, pois os antibióticos aumentaram a tolerância aos corpos extranhos.

Desde que a terapeutica antibiótica não dê resultado deve-se pensar na possibilidade de corpo extranho.

Apresenta 2 observações.

F. B. MATHEUS

DELCOURT R. - "O diagnostico Anátomo-patológico em endoscopia". Ata Oto Rino Laringologica. Tomo 5 - Fase. 1 - 1951.

Um numero importante de biopsias em endoscopia não satisfazem. A repetição do exame é penosa para o paciente e a demora pouco recomendavel.

A biopsia é realmente dificil, seja pela falta de visão esterioscopica, seja pelo deslizamentos da mucosa normal sobre os planos profundos podendo abandonar um fragmento de mucosa normal na pinça. São de importancia tambem a forma da pinça e as variações de resistencia á tração entre os diversos tecidos.

O estado de conservação da peça interessa mais que o tamanho.

Para esfregaços não usar algodão, empregar laminas novas, espalhando bem as secreções.

Apresenta 20 microfotografias, algumas mostrando os inconvenientes de certas tecnicas defeituosas.

F. B. MATHEUS

HENSCHEL Ch. - "Os tumores malignos da faringe". Ata Oto Rino Laringologica Belgica. Tomo 5, Fase. 2 - 1951.

Os tumores apresentam tipos histologicos diversos, entre os quais predomina o epitelioma epidermoide. Tem importante papel tambem os linfo e reticulosarcomas e tambem os linfóepiteliomas. O epitelioma cilindro glandular é mais raro, assim como os tumores mixtos, que têm como ponto de partida glandulas salivares de localisação aberrante. Têm grande tendência á extensão local e á produção de adenopatia cervical; não devendo ser esquecidas as metastases á distancia.

TUMORES DO CAVUM: O prognostico depende da presença de invasão ossea. A presença de adenopatia piora o prognostico. O tratamento cirurgico é reservado às formas raras como os plasmocitomas ou às formas exofiticos de pouca malignidade e iniciais. O tratamento de escolha é a radioterapia profunda a fócos cruzados.

TUMORES DA AMIGDALA PALATINA: O prognostico depende menos da extensão local que das adenopatias. Nos sarcomas linfóides usamos radioterapia profunda. Nos outros tipos esta aplicação é recomendavel ; mas não devemos nos esquecer da curiepunctura, electro-coagulação e si for possivel a contatoterapia. Nos casos de epiteliomas recidivantes a operação de Orloff se justifica.

TUMORES DOS PILARES E DO VÉO: São de bom prognostico, quando não apresentam metastases. Os epiteliomas são os mais comuns. Os mixtos se assentam mais no véo. Curiepinctura, electrocoagulação e contatoterapia, mas sempre completadas pela radioterapia profunda.

TUMORES DO MESOFARINGE: A radioterapia profunda é o tratamento mais viável. Todavia em alguns casos a curiepunctura apesar de perigosa pode ser usada. Devemos vigiar os territorios cervicais ganglionares.

TUMORES DA BASE DA LINGUA: São de mau prognostico. A radioterapia profunda é uma arma importante para os tumores não ulcerados. Pode-se empregar a tecnica cirurgica ou radio cirurgica para ataque direto á lesão.

TUMORES DA EPIGLOTE : Limitada a parte livre: Radioterapia profunda ou cirurgia conservadora seguida de radioterapia.

Quando se estende à valecula e base da lingua radioterapia si for lesão vegetante.

Quando a lesão se estende à prega ari-epiglótica usamos radioterapia profunda ou laringectomia parcial horizontal sub glótica.

Lesões propagadas para a endolaringe: Faringo laringectomia mais radioterapia.

TUMORES DA PREGA ARI-EPIGLÓTICA: Si a lesão é limitada faringotomia lateral mais Raio X ou só radioterapia. Si a lesão é extensa faringo laringectomia.

TUMORES DA ARITENOIDE: Si a lesão é limitada cirurgia conservadora mais radioterapia. Nos outros casos faringo laringectomia.

TUMORES DO SEIO PIRIFORME: Intervenção conservadora só para os tumores exofiticos bem limitados. Na maioria dos casos faringo laringectomia, podendo em certos casos ser indicada uma hemilaringectomia.

TUMORES DAS PAREDES DA HIPOFARINGE: A radioterapia profunda e a cicloterapia são de uso corrente. Em certas lesões da parede posterior a faringotomia transversa permite tratamentos combinados.

O autor baseou o seu estudo em 477 casos, predominando os tumores da amigdala (110 casos) e do véo e pilares (106 casos).

F. B. MATHEUS

GORDON D. HOOPLE - "Otitis media com efusão - Chaudicence para Oto Rino Laringologica". Laryngascope 60: 315-329; Abril 1950.

Na otite media com transudado esteril, serosa ou mucóide, as alterações ocorrem não só na caixa como na tuba e nas celulas mastóideas.

A etiologia em muitos casos é desconhecida, mas devem ser pesquisadas as infecções das vias aéreas superiores, das tonsilas e adenoides e as deformidades nasais, assim como, as causas de obstrução tubária (tumores, meloclusão dentaria, alergia) quimioterapia abortiva, trauma, aerotite, doenças endócrinas e cardíacas. A queixa comum é a hipoacusía após um resfriado, acompanhada de tinitus e autofonia. O ruido de bolhas e a modificação da hipoacusía, pela mudança de posição da cabeça e pela insuflação tubária, e a coloração âmbar do timpano, são outros dados caracteristicos.

Feita a parecentese, o liquido si seroso é drenado e si mucóide é aspirado. O tratamento varia com a etiologia. Raramente há necessidade da mastoidectomia, que é drenada pelo antro até secar a caixa.

HENRY L. WILLIAMS - "Rinite vasomotora". Proc. of the St. Meet. of the Mayo Clinic Vol. 21-pg. 58-64 - 6 Fev. 1949.

A rinite vasomotora, principalmente, na forma estacional, polínica, é uma expressão de alergia ou reação alterada. Duke sugeriu que os 2 mecanismos, seja a reação antígeno-anticorpo, seja o mecanismo "reflex-like" atravez do sistema nervoso autonomo, determinam libertação de histamina nos espaços teciduais. Selye pela descrição da reação de alarme, em que a histamina é libertada pela exposição do organismo a estímulos emocionais ou fisicos, sugere que o mecanismo pode ser alergia física, e Rose demonstra o aumento de histamina sanguinea nesse tipo de alergia. Müller descreveu uma tendencia hereditária das alças capilares em reagir anormalmente aos estímulos fisicos e emocionais, impedindo a corrente sanguinea, e, consequentemente ha distúrbio das celulas da arca atingida, libertação de histamina nos espaços celulares, e interferência no metabolismo hídrico e eletrolítico.

As expressões alérgicas tendem a ser localizadas porque tais reações têm como intermediário o sistema parassimpático (Larsell e Fenton e Grant, Pearsoli e Comeau), ao passo que as reações simpaticas são generalizadas (White e Smithwick).

Ha fatos evidentes que orientam certos casos de rinite vasomotora como alergia física, tipo "reflex-like" precipitada por estimules emocionais ou fisicos, é a forma perenal diferente da forma estacional em que há uma reação tipo imunológico. É possivel que a rinite perenal possa ocorrer, às vezes, por sensibilização alimentar.

SINDROME DOLOROSA VASO-DILATADORA

Lewis e col. sugeriram que a síndrome dolorosa por vasodilatação tivesse uma base na alergia física ou intrínseca. Pickering estudou a cefaléa produzida por injeção endovenosa de histamina, explicando-a por estiramento das estruturas sensiveis proximas das arterias meningéas. Como o nitrito de amilo tem reação semelhante e não produz cefaléa, foi sugerido que a libertação de histamina dentro da adventícia das arterias cranianas, determina expansão local dos tecidos e cefaléa.

Ray e Wolff descrevendo os mecanisinos básicos da cefaléa, consideram como principais a dilatação e tração dos sinos venosos e arterias intracranianas. Horton, Mac Lean e Craig demonstram que a cefaléa por vasodilatação pode ser produzida por injeção de histamina insuficiente para determinar a cefaléa histamínica; a dor começa 30 a 60 minutos depois da injeção, sugerindo um mecanismo intermediario. Esse mecanismo libertaria a substancia "P" que é histamina; este fato pode sugerir então que a reação de alarme de Selye, seja a base da síndrome dolorosa vasodilatadora, desde que a injeção de histamina por si pode reproduzir um estimulo alarmante.

RELAÇÕES DOS COMPONENTES DA SINDROME DE ALERGIA FISICA

O quadro clinico sugere uma origem alergo-fisica para a sindrome dolorosa por vasodilatação, e uma relação desta com a rinite vasomotora perenal, com a mialgia e a hidropisia endolinfatica; dôr brusca no inicio e fim, manifestando-se pela manhã ao acordar, ou por alteração de temperatura ou ingestão alcoólica. Dôr unilateral, tipo "referido", acompanhadas de dilatação capilar na pele e conjuntiva; lacrimejamento e edema das palpebras.

Larsell e Fenton mostraram que as fibras secretoras das glandulas lacrimais e da mucosa nasal, e as fibras vasodilatadoras são parasimpaticas, aquosa, homolateral. Tem-se visto o alcool precipitar uma rinite vasomotora assim como uma sindrome dolorosa vasodilatadora.
Mygind e Dederding apontam a associação frequente da doença de Méniere com a rinite vasomotora e a cefaléa paroxística. Por outro lado a atropina e a epinefrina tem sido úteis na vertigem de Méniere.

Halle tinha notado que a mialgia cefálica, às vezes, vem associada com crises vertiginosas, que lembraria a doença de Méniere.

O A. (Williams) procurou investigar em doentes de mialgia, de dôr por vasodilatação, hidropisia endolinfatica e rinite vasomotora, si havia associação sintomática, e possivelmente um mesmo fator. Examinou 362 casos, e mostrou em 122, associação de 2 ou mais das sindromes acima.

A sindrome de alergia fisica aparentemente é a sindrome descrita por Sluder, cujos sintomas eram atribuídos a "infecção não supurativas", e cujo material histo-patologico revisto por Hansel mostra com frequencia aspecto de alergia.

A rinite vasomotora e a sindrome vasodilatadora podem ser melhoradas com o acido nicotínico assim como a mialgia e a hidropisia endolinfatica; quando os tests cutâneos dão resultados significativos a niacina produz melhora subjetiva ou objetiva.

O reconhecimento da sindrome de alergia fisica da cabeça possibilita a melhora de pacientes que não têm obtido resultado com outra orientação.

DR. ANTONIO CORRÊA

A. OLIVEIRA LIMA - "Etiopatogenia da sinusite hiperplastica" (estudo de 53 casas). Arq. do II Congresso Brasileiro de O. R. L. - Janeiro de 1948 - Salvador - Bahia.

Como alergista e relator do tema no Congresso de O. R. L., o A. fez um bom apanhado sobre o historico e os conhecimentos atuais da sinusite hiperplastica e trouxe a sua contribuição pessoal baseada em 53 casos. Confirmando trabalhos, de outros autores, foi verificado que as mucosas sinusais hiperplasticas, embora reconheçam em sua genese fenomenos de sensibilização especifica, estão em sua maioria infectadas.

São consideradas sinusites hiperplasticas as sinusites alérgicas com infecção ou sem infecção secundaria, mas com alterações proliferativas em um ou mais dos elementos constitutivos da membrana.

Resumindo os achados dos 53 doentes de sinusite hiperplastica estudados, o A. relata alguns fatos de interesse.

Apenas em 8 casos não havia historia de alergenos; a asma é a rinopatia eram os alergenos mais frequentes. Com exceção de 4 doentes, os demais apresentavam mucosa característica de alergia. A taxa de eosinofilía no muco nasal variou de 0% á 100%. Não há correlação de percentagem de eosinofilos do sangue e de secreção nasal. Os liquidos de lavagem dos seios maxilares, nem sempre são cstereis.

O exame bacteriológico das membranas retiradas, mostram como bacterias mais comum o Streptococo alpha hemolyticus, Stafilococus aureos, Staphilococus hemolyticus e a N. catarraes. De 106 mucosas examinadas, somente 3 eram estéreis.

O exame histo-patologico revelou a presença de inflamação bacteriana de carater crônico em todas as membranas estudadas; em 29 doentes haviam sinais só de infecção e em 24 associação de inflamação alergica e bacteriana.

A maioria dos pacientes achava-se clinicamente alergizada para mais de uma substancia. Dentre os alergenos identificados figuram alimentos, inalantes, bacterias e o frio.

A pesquiza de iso-aglutininas para o frio foi negativa., Em 80% dos pacientes o controle da hemossedimentação e do hemograma após a operação, evidenciou a responsabilidade unica do fóco sinusial.

ANTONIO CORREA

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