Ano: 1937 Vol. 5 Ed. 2 - Março - Abril - (8º)
Seção: Associações Científicas
Páginas: 179 a 188
ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS
Autor(es): -
SECÇÃO DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA
Sessão de 17 de Setembro de 1936
Presidida pelo dr. Jayme Campos (ad -hoc), secretariada pelos drs. João Ribeiro dos Santos (ad hoc) e Othoniel Bueno Galvão, realizou-se no dia 17 de setembro de 1936, uma reunião da Secção de Oto-rino-laringología da Associação Paulista de Medicina.
Após a leitura e aprovação da áta da reunião anterior, nada havendo a tratar no expediente, passou-se á ordem do dia da qual constou o seguinte trabalho:
DR. PLINIO MATTOS BARRETO (S. Paulo) - Endoscopia Peroral.
Refere o A. que a endoscopia peroral de ha muito deixou de ser um processo de remoção dos corpos extranhos para adquirir um ambito maior, sendo que seu alcance vae desde a cirurgia do torax, á gastroscopia e mesmo a duodenoscopia. Tratando da endoscopia, lembra o conselho de Chevalier Jackson, que sempre que se dá um insucesso na endoscopia, é devido ao mau equipamento e aconselha tambem um treino de algumas centenas de horas. Considera que são principalmente os laringologistas, que devem montar as suas clinicas de modo a praticar a endoscopia, e isso por estarem mais habituados com as vias aereas superiores. Refere que tendo estado nos Estados Unidos, dedicou todo o seu tempo á endoscopia peroral. Refere ainda que na clinica de Chevalier-Jackson é muito comum o exame radiologico da laringe, sendo que Coutard tambem em Paris, o emprega. Tendo tambem estado em Viena, ficou com a convicção que é ainda o lugar onde se pode estudar a especialidade com a maior perfeição.Refere que em Berlim teve ocasião de observar um aparelho para tonsilectomia, tendo visto a extirpação de amígdalas em velhos com muita rapidez e com pequena hemorragia. Em Londres viu um aparelho, um telescopio, o qual mostra as divisões do lobulo superior do bronquio esquerdo. Em Paris, por meio de um broncoscopio, consegue-se retirar o ar dos pulmões para ser examinado. Esteve dois meses na clinica de Coutard de onde saíu convencido que é aí que se está tratando o carcinoma com o espirito cientifico mais rigoroso.
DISCUSSÃO:
Dr. Jayme Campos: Felicita o A. pelos ótimos resultados que colheu em sua excursão pela Europa e Estados Unidos.
Nada mais havendo a tratar foi encerrada a reunião.
Sessão de 17 de Outubro de 1936
Presidida pelo Prof.Paula Santos, secretariada pelos drs. Jayme Campos e Othoniel Bueno Galvão, realizou-se no dia 1 7 de outubro de 1936, uma reunião ordinaria da Secção de OtoRino-Laringologia da Associação Paulista de Medicina.
Após a leitura e aprovação da áta da reunião anterior, nada havendo a tratar no expediente passou-se á ordem do dia, da qual constaram os seguintes trabalhos.
DR. RAPHAEL DA NOVA (S. Paulo) - Considerações a respeito de um caso de laringectomia total no serviço do Prof. Paula Santos.
O A apresenta um doente operado de laringectomia total, devido a uma neoplasia maligna assestada na raiz da epiglote e apanhando a comisura anterior e parte anterior de ambos as cordas vocais. Estuda os pontos de vista atuais sobre o tratamento dos cânceres da laringe e tece alguns comentarios sobre a voz faringea que o doente apresenta. Termina dizendo ser esse o primeiro caso de laringectomia praticada num serviço oficial em S. Paulo.
DISCUSSÃO:
Dr. Francisco Hartung: acha que o dr. Raphael da Nova está de parabens pela sua prioridade e pela ótima exposição que fez sobre a indicação da terapeutica atual do cancer da laringe. As tentativas terapeuticas, no sentido da radioterapia, estão sofrendo uma evolução lenta, mas o que presenciou nos hospitais da Europa e Estados Unidos, é de franco otimismo. A percentagem que o dr. Nova apresentou não se discute, porque é um numero, uma entidade matematica, mas nos diversos paizes em que esteve observou o seguinte: Na Inglaterra, na clinica de Thomson, apezar da tendencia cirurgica do proprio patrono da clinica inglesa, ha maior orientação para a radioterapia. Na Alemanha ouviu Rethi e um assistente de von Eicken e embora não verificasse o mesmo entusiasmo dos outros paizes (pela radioterapia), percebia que a orientação de Coutard continuava em marcha lenta e entusiasmada. Em Viena chegou-se a tal ponto, que não se opera câncer hoje em dia, tal os resultados animadores com a orientação Coutard. Em Paris ouviu Lemaitre no momento em que ele acabava de fazer uma laringectomia parcial e ele informou que tratava uma certa porcentagem dos cânceres pela radioterapia e outra, parte seguia a orientação cirurgica. Portmann deu as impressões pessoais, acompanhando o movimento geral que se opera em toda a parte. Com os cumprimentos que manifesta ao dr. Nova, quer, com este pequeno apendice, transmitir as impressões pessoais sobre esta porcentagem de 37% verificada no Congresso de Berlim, que com o progresso da tecnica, dia a dia venha ser alterada.
Dr. Plinio Mattos Barreto: Cumprimento mais uma vez o dr. Nova por ter conseguido tão brilhante resultado em uma laringectomia, trabalhando absolutamente sózinho. Esteve tambem em viagem por varios paizes, e verificou que a razão de se conseguir lá operar uma laringectomia em boas condições, algumas em 3 horas (parece que alguns fazem em menos tempo), está no grande treino a que os cirurgiões submetem, não só os seus assistentes, mas tambem todo : o pessoal da clinica. Nos dias de uma laringectomia, aquela grande clinica de Chevalier-Jackson se movimenta, porque é uma operação que exige uma tecnica perfeita, e o dr. Nova operou pode-se dizer, sózinho, nas nossas instalações tão deficientes da Santa Casa. Não vai referir o que ha sobre o tratamento e cirurgia da laringe, mas quer sómente comentar um ponto interessante, que é este do mecanismo da fonação em um individuo que sofre a laringectomia. Esteve em Viena com Fröschels e Stern e com cade um deles discutiu o melhor modo do individuo falar. Stern manda o doente engulir o ar e o outro diz que não é necessario o individuo engulir o ar, e basta acumular o ar na faringe. Põe a seguir no aparelho de projecção uma fotografia em que se verifica este mecanismo da formação da voz (pelo menos deve ser este o mecanismo no caso que ele observou). Stern mostra. de uma maneira muito evidente, a formação de uma bolsa de ar no faringe até que o doente consiga engulir nova quantidade de ar. Ouviu o doente de Stern falar, deglutindo o ar. Os doentes de Fröschels são educados de outra maneira; eles não devem engulir o ar e só fazer uma inspiração profunda, e neste momento armazenam o ar. Haslinger diz que os doentes se tornam tão alegres como crianças que estão aprendendo a falar. De facto, é uma cousa notavel ver um doente que sofreu uma extirpação da laringe, tornar a falar. Chevalier-Jackson tem casos até de advogados que conseguiram defender causas depois da extirpação da laringe. Crê o dr. Barreto que em um centro como o nosso, em que estamos muito longe do que se pode chamar uma cura definitiva, devemos encorajar todos os que fazem esta intervenção no momento em que ela seja oportuna.
Dr. Mattos Barretto: Tambem juntando os seus aplausos ao dr. Nova, quer fazer uma consideração que não é propriamente um reparo ao têma do dr. Nova, mas quer lembrar a associação da cirurgia á fisioterapia. No Congresso que se realizou em Berlim em agosto deste ano, se evidenciou o progresso enorme da radioterapia, com a chamada teleradioterapia, que é a aplicação com a radio á distancia, no câncer alto do faringe e laringe. Esta tecnica já está adeantada e por isso se deve dar preferencia á teleradioterapia, e não a radioterapia. O serviço do prof. Paula Santos, junto ao Instituto de Radio, poderia lançar mão deste processo. Hoje existem aparelhos que fazem quasi que a projeção desta irradiação.
Dr. Paula Santos: Diz que é necessario um aparelho com 4 grs. de radio, o que não temos. Não havendo quem peça a palavra, permitam dizer a satisfação imensa que lhe enche a alma. no momento que o dr. Nova faz esta comunicação magestosa, a primeira que se faz em S. Paulo. Não é capaz de esquecer o que viu ha 20 anos, á custa de uma gentileza do prof. Lindenberg, que o levou a ver a primeira laringectomia total praticada pelo cirurgião Seng em um paciente de Ponta Grossa, com um nodulo cânceroso em uma corda vocal, que sofreu a extirpação com a maior pericia e que talvez ainda hoje esteja vivo. Quando se rememora este fato, temos de prestar uma homenagem a este grande medico. A comunicação do dr. Nova foi tão bem feita sobre o ponto de vista teorico, que dispensa todo comentario. Fica realçado que hoje existem 2 processos que podem ser utilizados com vantagem no tratamento do câncer da laringe. Mas esses processos tem tambem a sua indicação a certos cânceres. Quando se trata de um câncer infra-faringêo, infra-glotico, etc. temos que iniciar o tratamento com a radioterapia, que já tem tecnicas aperfeiçoadas no sentido da aplicação dos raios X. Verifica-se que entre nós, no momento atual, não se pode fazer uma radioterapia eficiente e por isso a conduta do dr. Nova, que já relatou dois outros casos de laringectomia total e mais este caso, que ele fez, sabe Deus como, em um serviço imperfeito de ambulatorio, deve ser elogiado. Com o tempo o dr. Nova ha de fazer isso com tanta facilidade, que ele ha de somar estatisticas para contar o resultado final.
Devemos marcar com pedra branca este caso de laringectomia total do dr. Nova, porque em outros centros como Campinas, se tem feito esta operação e aqui em S. Paulo não. Mas agora, apezar das más instalações, vai ser feita. O meu chefe de clinica que receba um abraço de cumprimento.
Dr. Raphael da Nova: Agradece as palavras dos colegas e chefe que são muito encorajadouras. O dr. Hartung tem razão no que falou sobre a radioterapia. O que me interessa muito era ouvir a palavra de Coutard. No ultimo congresso de Berlim, Hautant, nas normas que traça ao tratamento do câncer, considera muitos casos em que a indicação formal é a operatoria. Ele opera muitos casos, embora tenha consciencia que neles a radioterapia dê resultado. O dr. Mattos Barretto tem toda razão em lembrar a radiumterapia, cujos resultados no câncer da laringe foram equiparados no congresso supracito, aos obtidos com a, indicação de Coutard. Assim agradeço a todos que tomaram a, palavra para completar um pouco esta modesta comunicação.
DR. PLINIO DE MATTOS BARRETTO (S. Paulo) - Sôbre radiografias do pescoço.
O A. iniciou a sua palestra, relatando como encontrou em S. Paulo, ao voltar de sua viagem pelo estrangeiro, a questão das radiografias do pescoço. Varios radiologistas possuiam muitas radiografias de pescoço e mesmo algumas focalizando em especial a laringe. Mas estes estudos estavam parados e os radiologistas não continuaram a tirar tais radiografias, porque não recebiam material para exame. Não havia interesse dos especialistas. Não era possivel proseguir sem a colaboração do radiologista com os diferentes especialistas. Diz o A. ter encontrado na Santa Casa de Misericordia de S. Paulo material vastissimo e do maior interesse para estudo. Faz referencia a um trabalho que está fazendo nos laboratorios da Santa Casa, sob o patrocinio do prof. Raphael de Barros. Este trabalho servirá para a divulgação deste precioso meio de diagnostico e ficará á disposição da Faculdade de Medicina e de quantos que por ele se interessarem. Com a projeção de varias gravuras do livro de Percy Hay, sobre radiografias de pescoço, e mostrando alguns diagnosticos de casos observados na clinica de Chevalier Jackson, procura o conferencista demonstrar as vantagens que o exame radiografico do pescoço oferece; ao estudo anatomico da região; ao exame funccional da deglutição, respiração e fonação; ao estudo de qualquer modificação do lumem das vias aereas superiores; á pesquiza de corpos estranhos, especialmente dos das vias aereas e digestivas; e ao estudo de alterações patologicas do esqueleto osteo-cartilaginoso bem como das partes moles. O conferencista procura salientar a capital importancia de tais radiografias no estudo de tumores, mencionando trabalhos de Coutard e outros especialistas que consideram este meio de investigação indispensavel, não sómente para diagnostico, mas para a orientação de qualquer terapeutica, seja esta conservadora ou cirurgica. Por diversas vezes se refere ás dificuldades que tais radiografias apresentam para uma correcta interpretação e acha que isto dificilmente se consegue, se não houver a colaboração entre os diferentes especialistas. Termina renovando o apelo, que fizera no inicio da palestra, para que todos conjuguem esforços no sentido de desenvolver, entre nos, este interessante campo da radiologia.
DISCUSSÃO:
Dr. Mesquita Sampaio: quer fazer 2 perguntas ao dr. Plinio M. Barreto: Se um bocio como o que foi apresentado passou desapercebido ao exame. A segunda é se a tecnica de operação intraglotica nunca foi assinalada e porque preferiu esta via de extração.
Dr. Barretto: Responde que não passou despercebido e havia mesmo manifestações clinicas. Quanto a segunda pergunta diz que era um pequeno tumor intra-traqueal, uma neoformação que tomou desenvolvimento; a base de implantação era muito pequena e não se temia uma grande hemorragia. Foi feita a resecção e coagulada a hemorragia com certa facilidade e a extirpação se fez usando pinças longas.
Dr. Paula Santos: Diz que quer dizer que era um tumor traqueal, que foi removido e a histologia mostrou que era um cisto tireoideo.
Dr. Carmo Mazzilli: Dá os parabens ao dr. Plinio e acha que ele não entrou em seara alheia, porque um radiologista não faria uma descrição tão perfeita como ele. Está tambem empenhado no estudo da laringe e espera a colaboração dos colegas para enviar material. O dr. Plinio tem muita razão lembrando as vantagens das radiografias do pescoço, comparando. ses os casos normais e os patologicos.
Dr. Paula Santos: Diz que não havendo quem peça a palavra, agradece ao dr. Plinio a descrição que ele diz não ser original,, mas que apresenta um grande valor. Aprecia principalmente o grande interesse que representa para a clinica, o estudo, especialisado das radiografias da laringe, faringe e traquea.
Em seguida foi encerrada a reunião.
Sessão de 17 de Novembro de 1936
Presidida pelo prof. Paula Santos, secretariada pelos drs. Jayme Campos e Othoniel Galvão, realizou-se no dia 1 7 de novembro de 1936; uma reunião ordinaria da Secção de Oto-RinoLaringologia da Associação Paulista de Medicina.
Após a leitura e aprovação da áta da reunião anterior, nada havendo a tratar no expediente, passou-se á ordem do dia da qual constaram os seguintes trabalhos: -
DR. FRIEDRICH MUELLER (S. Paulo) - A operação radical conservativa do ouvido medio pelo conduto auditivo externo (operação de Thies - Com apresentação do doente).
O A. como não teve ocasião de apresentar o doente na Semana de Oto-Rino-Laringologia, apresenta-o agora, referindo que praticou três operações removendo toda a parede lateral do antro.
DISCUSSÃO:
Prof. Paula Santos: Felicita o ilustre comunicaste confessando que a sua impressão pessoal é a de toda a casa; considera o caso brilhante e que veiu modificar a impressão que tinha de um caso conhecido em S. Paulo e que foi operado, e que não apresentou os mesmos resultados que obteve o A. Entretanto acha que se deve fazer um reparo, pois se essa operação apresenta tantas vantagens, só poderá ser feita com um contraste absoluto de radiografia.
DR. MANGABEIRA ALBERNAZ (Campinas) - A operação de Ermiro de Linsa.
Consiste num ataque ás cavidades crâneo-faciais pelas vias trans-maxilares, fazendo-se o completo esvasiamento do seio esfenoidal. Estuda depois a tecnica que reputa de grande simplicidade. Cita depois os inconvenientes dessa operação tais como lesões dos ramos vasculares, e perfuração da cavidade crâneana. Orça em 1 7 casos as suas intervenções de Ermiro de Lima. Exibiu diapositivos de operações feitas em cadaveres.
DISCUSSÃO:
Dr. Mario O. de Rezende: Diz que essa operação nos proporciona fazer o esvasiamento do etmoide anterior e posterior assim como drenar ó frontal. O angulo postero-superior que está junto ao osteo não é tão facil de se encontrar em todas as especies de seios frontais; quando encontrado deve dar como resultado uma drenagem ampla, com conservação da pituitaria. Não acredita que haja grande possibilidade de se penetrar no cerebro, a menos que se faça um esforço maior ou então que a lamina seja muito fina. Segundo Hayem, conservando-se o corneto medio, a probabilidade de se penetrar no cerebro é de 1 %. A operação de Ermiro de Lima é muito interessante, mormente quando o etmoide posterior fôr largo, porque teremos uma drenagem ampla.
Prof. Paula Santos: Sistematicamente na clinica oficial e particular tem empregado uma tecnica de acesso ao etmoide que se aproxima bastante da de Ermiro de Lima, apezar de não ser como a tão bem descrita pelo A. Quanto á lamina crivada se lesar, talvez não seja uma contra-indicação, visto que por via nasal nos podemos eximir de nela penetrar. Mesmo o dr. Mattos Barretto, cuja competencia é indiscutivel, operando um etmoide por via endo-nasal, expoz as meninges. Felizmente em menos de 48 horas o caso se solucionou muito bem.
Dr. Mangabeira Albernaz: Refere que, na questão da lamina crivosa, Harte perfurou o tecto do etmoide, tendo deixado uma gaze sete dias.
DR. MANGABEIRA ALBERNAZ (S. Paulo) - Um caso de Petrosite. Operação de Ramadier.
Relata o A. o caso que teve ocasião de observar de mastoidite. Observou uma paralisia do motor ocular externo. Feitas as radiografias notou uma grande destruição do rochedo. Operou pelo processo de Ramadier, e no fim de 12 dias desapareceram a paralisia e a supuração.
Prof. Paula Santos: Indaga do A. se pode inferir resultados plasticos dessa operação, pois o proprio Ramadier disso receiava.
Dr. Mangabeira: Considera essa eventualidade bastante relativa.
O prof. Paula Santos propõe que a discussão do trabalho seja feita conjunctamente com o do dr. Hartung.
DR. FRANCISCO HARTUNG (S. Paulo) - Inflações do rochedo. Observação de um caso.
O A. estuda a cura expontanea das petrosites e depois os diversos grupos de petrosites. Encara a intervenção pela mastoidectomia e suas contraindicações. Considera o seu caso, em que operou por duas vezes, sendo que na segunda deixou de fechar inteiramente para impedir uma cicatrização muito rapida. A interpretação do seu caso poderia ser o de uma antrite mal caracterizada. Conclue que a patologia do rochedo ainda está no terreno das suposições e isso é o que se deprehende do ultimo conclave realizado em Toronto, onde esteve reunido todo o escól dos oto-rino-laringologistas americanos.
DISCUSSÃO:
(sobre os trabalhos dos drs. Mangabeira Albernaz e Francisco Hartung)
Dr. Mario O. de Rezende: que a questão das petrosites tem que se basear na anatomia-patologica do rochedo, pois não sendo um osso uniforme, temos que considerar as zonas pneumatizadas, onde se formarão empiemas e a parte de tecido esponjoso onde se desenvolverão osteomielites. Uma e outra evoluem de formas diferentes. As osteomielites são seguidas de fistulização e isso é mais comum nos jovens do que nos adultos. O mais importante nesses processos é que devemos visar tratamentos independentes, sendo obvio lembrar que o tratamento conservador deve sempre primar sobre qualquer outro. Considera que uma simples anatomia ou radical, sempre favorece o decurso das petrosites e no caso da sintomatologia persistir a radical deverá ser levada a parte anterior. Refere que em seus casos de petrosites inicia sempre pelo tratamento conservador, lembrando se de uma moça que após a radical, fistulizou.
Dr. Mattos Barreto: Estranha o pouco entusiasmo do dr. Mangabeira pelo processo de Kopetzky quando o proprio prof. Alonso considera o processo de Ramadier como uma modificação do processo de Kopetzky. Outro ponto que desejava perguntar ao dr. Mangabeira era a questão da carotida, que em seu caso pulsava a todo o instante, pois foi um caso de traumatismo, que aberto o antro, se verificou essa pulsação.
Dr. Paulo Saes: Refere ao sinal de um A. italiano sobre a petrosite em que fazendo a operação de Ramadier, observou uma midriase do lado correspondente á lesão.
Prof. Paula Santos: Considera que as petrosites são mais frequentes do que parecem. Não considera o processo de Kopetzky como teorico, haja visto os trabalhos de Alonso; quanto ao processo de Ramadier, pode ser mais inteligente, principalmente quanto aos pontos de reparo.
Dr. Mangabeira Albernaz: Diz que a tecnica de Ramadier é de reparos muito nitidos, pois descobre a carotida, sendo uma operação ás claras. Quanto ao Kopetzky não lhe nega valor mas não se anima emprega-la, por ser muito dificil. Quanto á pulsatibilidade da carotida, não foi verificado, leu apenas no Ramadier. Quanto ao processo sub-dural considera viavel a operação de Eagleton, extra-petrea.
Dr. F. Hartung: Refere que a tendencia atual é para frenar essa cirurgia ousada do rochedo.
Nada mais havendo a tratar foi encerrada a reunião.