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Ano:  2010  Vol. 76   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Editorial

Páginas: 275 a 275

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105 anos de Foniatria

105 years of phoniatry

Autor(es): Sandra Irene Cubas de Almeida

Dificilmente conseguimos identificar na História da Medicina momentos exatos nos quais surgem o nascimento oficial de uma especialidade médica. A Foniatria é uma destas áreas que tem um marco específico de seu surgimento. Há 105 anos, na Universidade Charité em Berlim, criou-se a disciplina de Foniatria inserida no Departamento de Clínica Médica com a defesa da tese de docência "Die Atembewegungen in ihrer Beziehung zu den Sprachstörungen" (Os movimentos respiratórios e suas relações com os distúrbios de fala) por Hermann Gutzmann.

Mas, tudo tem uma base pregressa e a biografia de Gutzmann mostra-nos como o ambiente familiar e os estímulos influenciam decisivamente as ações do indivíduo e seus interesses mais íntimos.

Gutzmann era filho de Albert Gutzmann, que foi professor de surdos e, um dos primeiros estudiosos dos distúrbios de comunicação a tentar estabelecer uma abordagem científica na reabilitação de seus alunos. Dentre suas publicações citamos "Das Stottern und seine gründliche Beseitigung durch ein methodisch geordnetes um praktisch erprobtes Verfahren", onde aborda as disfluências. Hermann estuda medicina e escreve seu trabalho de doutorado também abordando temas foniátricos.

A partir de então, a metodologia científica com a base de conhecimentos médicos torna-se um caminho necessário e lógico no diagnóstico e tratamento das doenças que afetam a comunicação. Como já citamos, inicialmente a disciplina foi inserida no departamento de clínica médica e depois, transferiu-se para a Otorrinolaringologia. Gutzmann sempre manteve a interdisciplinaridade relevando todas as áreas do conhecimento que são importantes para a compreensão e abordagem dos distúrbios de voz, fala, linguagem e audição. Sua escola caracterizou-se por uma base anatômica e fisiológica.

Emil Fröschels, vinculado à escola vienense, é um dos fundadores da IALP (Associação Internacional de Fonoaudiologistas e Foniatras) vindo a acrescentar uma abordagem de cunho psicológico à Foniatria.

No Brasil, temos dois grandes nomes que introduziram a Foniatria em nosso meio que são Pedro Bloch e Mauro Spinelli. Na Argentina, Qirós teve uma produção científica de extrema relevância para o desenvolvimento desta área.

No momento, a Foniatria é uma área de atuação específica e exclusiva do Otorrinolaringologista. Além do conhecimento de nossa especialidade maior, pela sua complexidade, é desejável que a formação do Foniatra passe pelo contato com disciplinas específicas da área de humanidades. Como exemplo, citamos a Lingüística, a Filosofia e Pedagogia. Assim, o Foniatra ao optar por este caminho terá uma longa e contínua jornada em busca do melhor exercício de sua função.

O Departamento de Foniatria da ABORLCCF, criado na gestão pioneira do Prof. Ricardo Bento, já realizou seu primeiro curso e tem reunido os colegas que praticam a Foniatria. Nossos esforços estão concentrados na divulgação do conhecimento e no estímulo para que os Otorrinolaringologistas interessem-se cada vez mais por esta área. Estamos reunindo o material científico do primeiro curso, onde abordamos as bases principais para disponibilizá-lo através de nosso periódico. Esperamos que todos aproveitem a apliquem.

Nossos agradecimentos ao Editor Prof. João Mello e ao nosso Presidente Prof. Ricardo Bento.



Sandra Irene Cubas de Almeida
Doutora em Medicina pela UNIFESP, Coordenadora do Departamento de Foniatria de ABORLCCF

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