Versão Inglês

Ano:  2006  Vol. 72   Ed. 3  - Maio - Junho - (24º)

Seção: Relato de Caso

Páginas: 430 a

PDFPDF PT   PDFPDF EN
 

Hipertensão perilinfática

Perilymphatic hyperension

Autor(es): João Alcides Miranda1, Fábio Akira Suzuki2, Marcello Henrique de Carvalho Borges3

Palavras-chave: estapedectomia, gusher, otosclerose.

Keywords: stapedectomy, gusher, otosclerosis.

INTRODUÇÃO

O Gusher ou fístula perilinfática é uma complicação observada durante a estapedectomia ou a estapedotomia. Caracteriza-se por uma repentina perilinforragia imediatamente após a platinotomia1,2,3. É uma entidade rara, surgindo em apenas 1 para cada 1000 casos operados2,4. Atualmente não existe um consenso entre os autores sobre qual a melhor conduta na presença do Gusher5. A interrupção da cirurgia é a mais preconizada1,2,6.

RELATO DE CASO

Mulher, 38 anos, queixando-se de hipoacusia mais acentuada à esquerda há 4 anos com discreta retração da membrana timpânica bilateralmente. A audiometria evidenciou perda condutiva moderada à esquerda e leve à direita; a imitanciometria mostrou curva A e ausência de reflexos estapedianos bilateralmente. Sendo a hipótese diagnóstica a otosclerose, foi indicada estapedectomia à esquerda. Durante a microperfuração da platina do estribo, houve saída de perilinfa em jato (Gusher). A cirurgia foi interrompida, sendo feito o tamponamento do orifício com gordura da concha auricular esquerda, ocorrendo parada da linforragia.

DISCUSSÃO

Esta complicação da estapedotomia é um inesperado evento e há ausência de sinais que possam alertar o cirurgião quanto à sua ocorrência1,4. No presente relato, descrevemos um caso de fístula perilinfática, sendo que optamos pela interrupção da cirurgia e tamponamento da janela oval com gordura, já que concordamos com Cassano et al.1, Rocha et al.2 e Hungria6. Couvreur et al.4, estudando 4 pacientes que apresentaram fístula perilinfática intra-operatória, apesar de terem interrompido a cirurgia, mencionam a possibilidade de continuar o procedimento naqueles casos favoráveis, nos quais o orifício de inserção da prótese não esteja muito alargado. Em nosso relato a audiometria pós-operatória evidenciou pequena piora em relação ao exame anterior à cirurgia. Optamos, assim, pelo acompanhamento ambulatorial sistemático.

COMENTÁRIOS FINAIS

O Gusher é uma rara complicação da cirurgia otológica e, na sua presença, torna-se extremamente difícil completar o procedimento, não se observando reais benefícios que justifiquem esta conduta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cassano P, Decandia N, Cassano M, Fiorella ML, Ettore G. Perilymphatic gusher in stapedectomy: demonstration of a fistula of internal auditory canal. Acta Otorhinolaryngol Ital 2003;23:116-9.

2. Rocha RM, Kós AOA, Tomita S. Estapedectomia e Estapedotomia. Em: Campos CAH, Costa HOO. Tratado de Otorrinolaringologia. 1ª ed. São Paulo: Roca;2002. p. 91-102.

3. Camacho RR, Arellano B, Berrocal JRG. Perilymphatic gushers: myths and reality. Acta Otorrinolaringol Esp 2000;51(3):193-8.

4. Couvreur P, Baltazart B, Lacher G, Filippini JF, Vincey P. Perilymphatic effusion as a complication of otosclerosis. Rev Laryngol Otol Rhinol (Bord) 2003;124(1):31-7.

5. Mello LRP, Soares YCMM, Muzzi O. Hipertensão perilinfática:relato de caso e revisão do assunto. Rev Bras Otorrinolaringol 1997;63(6):601-4.

6. Hungria H. Otosclerose. Tratamento Cirúrgico. Em: Hungria H. Otorrinolaringologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p. 507-22.

1 Residente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP.
2 Doutor em Otorrinolaringologia pela UNIFESP - EPM, Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP, Vice-coordenador da Pós-graduação em Otorrinolaringologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
3 Residente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP.
Trabalho realizado no Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista.
E-mail: jamiranda78@hotmail.com
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 20 de novembro de 2005.
Artigo aceito em 27 de abril de 2006.

Imprimir:

BJORL

 

 

 

 

Voltar Voltar      Topo Topo

 

GN1
All rights reserved - 1933 / 2024 © - Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial