Versão Inglês

Ano:  1974  Vol. 40   Ed. 2  - Maio - Dezembro - (43º)

Seção: Artigos Originais

Páginas: 283 a 284

 

Análise Comparativa dos Resultados Quantitativos entre as Provas Calórica e Rotatória Sinusoidal Amortecida

Autor(es): Dr. Oscar Maudonnet*

A prova rotatória sinusoidal amortecida aplicada pela primeira vez por Mach5,(1875), aprimorada por Hennebert3 (1956) e padronizada por Greiner, Conraux e Collard2 (1969), vem nos últimos anos recebendo um número crescente de adeptos, devido a sua simplicidade e inocuidade. Há quase dois anos introduziu-se essa prova na rotina do exame otoneurológico na Clínica de Otorrinolaringologia do Instituto Penido Burnier em Campinas. Durante este período notou-se que os resultados quantitativos obtidos com a prova em questão nem sempre coincidiam com os da prova calórica clássica, o que levou à presente investigação.

Metodologia

Foram examinados 111 pacientes, de ambos os sexos e com a idade variando de 18 a 77 anos, com queixas cócleo-vestibulares. Todos eles foram submetidos a exame otoneurológico completo, segundo os moldes estabelecidos por Mangabeira-Albernaz, Ganança e Pontes, a saber: exame otorrinolaringológico; audiometria tonal liminar e vocal e testes supraliminares quando necessário; exame do equilíbrio e da função cerebelar; pesquisa dos sinais espontâneos e do nistagmo de posição; prova rotatória sinusoidal amortecida com pesquisa do nistagmo de origem cervical e finalmente a prova calórica (Fitzgerald e Hallpike)1. Foi usado como parâmetro na prova calórica, a velocidade angular da componente lenta que segundo Van Egmond e Tolk10 (1954) e Milojevic7 (1956), reflete melhor a função vestibular. Para a determinação das alterações quantitativas, foi usado o critério estabelecido por Jongkees e Philipszoon4 (1964). Para a prova rotatória sinusoidal amortecida, o parâmetro utilizado foi a freqüência nistâgmica por ser a medida quantitativa mais significativa segundo Montandon8 (1954). Os critérios de anormalidade no nistagmograma foram os determinados por Greiner e col2 (1969) e Van de Calseyde, Ampé e Dupondt9 (1969).

Resultados

Dos 111 casos estudados, 69 respostas foram semelhantes e 42 discordes (quadro 1).



QUADRO 1



Os resultados discordes foram divididos em justificáveis e injustificáveis. Sendo justificáveis os casos em que apesar das respostas não serem iguais, são compatíveis, assim uma hiporreflexia calórica pode perfeitamente corresponder a uma preponderância direcional para o lado oposto na sinusoidal. (quadro 2).



QUADRO 2



Os resultados injustificáveis foram subdivididos em dois subgrupos: o primeiro em que a prova calórica apresentou resultados mais compatíveis com os dados da anamnése e dos outros testes e o segundo em que a prova rotatória sinusoidal apresentou uma compatibilidade melhor para com esses testes. (quadro 3).



QUADRO 3



Discussão

Dos 111 casos estudados a maioria (69) apresentou os mesmos resultados em abbas as provas. Se acrescentarmos os S casos em que as respostas não foram idênticas, mas que apresentavam o mesmo significado, notamos que em 74 casos (66,6%) as respostas se confirmaram. Dos 37 casos injustificáveis, os resultados da prova calórica foram superior somente em 8 casos, sendo que desses casos, 3 se tratavam de intensa lesão unilateral na qual sabíamos "apriori", que a prova sinusoidal é falha, uma vez que ela estimula ambos os labirintos simultaneamente. Neste caso obtivemos na prova rotatória uma discreta hiporreflexia enquanto que a prova calórica revelou uma intensa hiporreflexia. Depreende-se daí que somente em 5 casos a prova calórica foi realmente superior, em contraposição a 29 em que a rotatória sinusoidal amortecida forneceu dados mais importantes para o diagnóstico.

Conclusão

1. A prova rotatória sinusoidal amortecida parece ser mais sensível que a prova calórica.

2. A associação de ambas as provas no exame otoneurológico parece eliminar a probabilidade de respostas não condizentes com o quadro vestibular.

Summary

The author studies quantitative data given by caloric and sinusoidal rotatory tests in patients with vestibular and conchlear complaints and makes a comparative study of the results obtained.

Bibliografia

1. Fitzgerald, G. and Hallpike, C. S. - Studies in human vestibular function. Brain, 16:115, 1942.
2. Greiner, G. F.; Conraux, C. et Collard, M. Vestibulometrie Clinique. Deren et Cie, Paris, 1969.
3. Hennebert, P. E. - les réactions vestibulaires aux épreuves rotatoires sinusoidales. Acta Oto-Laryng. 46:221, 1956.
4. Jongkees, L. B. W. and Philipszoon, A. J. Electronystagmography. Acta Oto-Laryng. 189: 44, 1964.
5. Mach, E. - 1875 - "apud" Van de Calseyde, P. Ampe, W. et Depondt, M. - Les données de l'électronystagmographie dans l'épreuve rotatoire sinusoidale amortie. Acta OtoRhino-Laryng. Belg. 23:1, 1969.
6. Mangabeira-Albernaz, P. L.; Ganança, M. M. e Pontes, P. A. L. - Vertigem. Moderna Ltda., São Paulo, 1969.
7. Miloievic, B. - Electronystagmography. Laryngoscope, 65:243, 1965.
8. Montandon, A. - A new tecnique for vestibular examinations. Acta Oto-Laryng., 44: 594, 1954.
9. Van de Calseyde, P.; Ampe, W. et Depondt, M. - Les données de l'électronystagmographie dans l'épreuve rotatoíre sinusoidale amortie. Acta Oto-Rhino-Laring. Belg. 23:1. 1969.
10. Van Egmond, A. A. J. and Tolk, J. - On the slow phase of the caloric nystagmus. Acta Oto-Laryng. 44:589, 1954.

Otoneurologista do Instituto Penido Burnier.

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