Ano: 1974 Vol. 40 Ed. 2 - Maio - Dezembro - (35º)
Seção: Artigos Originais
Páginas: 260 a 262
Neurectomia Transvestibular
Autor(es): Dr. Alfeu Lisboa de Castro
Nosso objetivo ao apresentar estas considerações referentes à neurectomia vestibular por via da janela oval através de uma vestibulotomia é o de difundir cada vez mais a técnica de Antoli-Caodela e Alvarez de Cosar que tivemos a oportunidade de desenvolver no Centro Nacional de Especialidades Cirúrgicas de Madrid e que, oportunamente tivemos a possibilidade de aplicá-la em nosso Serviço visando a terapêutica cirúrgica da Vertigem. Deixando de lado considerações à cerca da sintomatologia, diagnóstico e das diversas variantes técnicas utilizadas na terapêutica cirúrgica da vertigem, fixar-nos-emos apenas na via transvestibular lembrando que, sendo ela uma técnica destrutiva, constituem-se os limiares audiológicos condições básicas em sua indicação. Esta via de abordagem ao meato acústico interno evita a trepanação da mastóide e a destruição de todo o bloco labiríntico, possibilitando-nos um perfeito acesso àquela região anatômica e aos nervos vestibular, facial e coclear ali alojados. Existem detalhes anatômicos que, desde logo, devem ser postos em destaque na técnica da neurectomia transvestibular:
1. o meato acústico interno e o meato acústico externo formam um ângulo obtuso de grande abertura;
2. uma linha teórica em uma secção lateral através do meato acústico externo forçosamente deve passar pelo meato acústico interno;
3. o fundo de saco ósseo do meato acústico interno é constituído pelos seguintes detalhes anatômicos:
- fossa facial
- fossa vestibular superior
- fossa coclear
- fossa vestibular inferior
4. a parede interna do vestíbulo é constituída pelos seguintes detalhes anatômicos:
- fosseta semi-ovóide
- fosseta hemisférica
Técnica Cirúrgica:
Primeiro tempo: confecção de retalho tímpano-meatal com incisão semelhante às estapedectomias um tanto mais ampla e tendo como eixo o cabo do martelo;
Segundo tempo: broqueamento da parede óssea posterior, caso as condições anatômicas assim o exigirem, a fim de expor adequadamente as estruturas anatômicas da caixa: as duas janelas, facial timpânico e promontório.
Terceiro tempo: desarticulação incudo-estapediana, secção do músculo do estribo, remoção do estribo e platina, aspiração dos líquidos labirínticos, utrículo e sáculo.
Quarto tempo: ampliação com broca do contorno da janela oval às expensas de seus bordos anterior, posterior e promontório com exposição da parede interna do vestíbulo.
Quinto tempo: broqueamento gradativo e parelho da parede interna do vestíbulo iniciando por suas porções posteriores e inferiores por serem mais espessas e adequada identificação das fossetas e áreas cribosas.
Sexto tempo: ruptura da parede interna do vestíbulo, abertura da dura-máter e saída do líquido cefaloraquidiano.
Sétimo tempo: identificação do nervo facial ao nível do campo cirúrgico, ocupando a zona média da vestibulotomia realizada; intimamente aderido a ele, em seu bordo posterior, o nervo vestibular superior; internamente encontra-se o coclear.
Oitavo tempo: dissecção cuidadosa do facial e vestibular e secção do último tracionando-o para dentro do vestíbulo.
Nono tempo: tamponamento da cavidade com gelfoam e recolocação do retalho tímpano-meatal em seu devido lugar.
Summary:
The transvestibular surgery via oral is based in anatomical relationship between the medial wall of the vestibule and the internal auditory meatus. The surgery is performed throught the external meatus after the removal of the incus, stapes and contents of the vestibule. By drilling the internal wall of the vestibule we get to the internal auditory meatus and the vestibular, coclear and facial nerves.
Dr. Alfeu Lisboa de Castro
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