Versão Inglês

Ano:  1972  Vol. 38   Ed. 3  - Setembro - Dezembro - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 288 a 292

 

COMPORTAMENTO DOS NÍVEIS DE ANTI-ESTREPTOLISINA 0 EM DOENTES AMIGDALECTOMIZADOS, ANTES E APÓS A CIRURGIA

Autor(es): Lamartine J. Paiva**,
Ossamu Butugan*** e
Celeste Fava Neto****.

Introdução:

É muito grande a ocorrência de Streptococcus na amígdala palatina, no adulto, como bem demonstrou Mion (1965). Martone & Martina, 1961 determinaram os títulos de Antiestreptolisina 0 (ASO) em pacientes com amigdalite crônica e portadores de doenças reumáticas e doença renal aguda ou crônica, antes e após a massagem amigdalina, tendo observado que os seus níveis se elevam após essa manobra para depois de algum tempo voltarem aos valores iniciais. Por outro lado, Federico & col. (1967) na maioria dos indivíduos normais examinados, obtiveram em 90,1% dos casos, títulos normais de ASO, concluindo pela existência de distúrbios patológicos naqueles casos que apresentavam títulos acima de 250 U. Randall. Esses autores referem também que nos processos infecciosos agudos, os valores não se elevam, nesses períodos, fato que ocorre apenas em épocas afastadas desses períodos. Tendo em vista a predominância do Streptococcus na flora da amígdala palatina cronicamente infectado, bem como a grande incidência de titulagem normal de ASO em indivíduos sem queixas, resolvemos examinar o nosso material de rotina do Ambulatório de Clínica ORL do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P.

Casuística e Metodologia:

Estudamos 32 pacientes colocados numa faixa etária entre 15 e 58 anos, sendo 9 do sexo masculino e 23 do sexo feminino; 29 brancos e 4 negros e que pelo menos não receberam antibióticos durante um período de 1 mês. Todos os pacientes apresentavam queixas referentes a processos infecciosos crônicos localizados nas amigdalas e não revelando outras queixas e tendo o exame especializado mostrado um quadro típico de amigdalite palatina crônica. Foram efetuados exames clínicos e subsidiários (hematológico) e os pacientes submetidos à amigdalectomia sob anestesia local. Os pacientes recebiam a medicação anestésica e na mesma ocasião era colhida a primeira amostra,de sangue para determinação de ASO. . A seguir, a intervenção era executada sob anestesia local, sendo as amigdalas enviadas para exame bacteriológico. Posteriormente, os títulos de ASO eram determinados em várias amostras de sangue colhidas a 5 e 24 horas e 5, 15, 20, 25, 30 dias após a amigdalectomia,.

Resultados e Comentários:

Os resultados desta investigação foram analisados sob 2 aspectos: a) quanto ao tipo de bacteriologia da amigdala palatina (Quadro I); b) quanto aos níveis de ASO observados antes e após a cirurgia (Quadro I e Tabela 1). Com referência à cultura o germe mais freqüente foi o Streptococcus que atingiu a cifra de 93,65% sendo o Streptococcus alfa em 18,75%, o gama em 53,1% e o betahemolitico da classificação A de Lamefild em 21,8%. Fato também, observado por Mion (1965). Quanto ao título de ASO, observamos que a 0 hora, em 84,37% dos casos o seu valor foi maior do que 250 U. Randall. Portanto, diferente dos achados de Federico & col (1967) que encontraram em 90,1% dos casos, valores de ASO dentro da normalidade. Talvez, estes achados de ASO elevados, na nossa casuística, possam ser explicados pela presença de Streptococcus na cultura, bacteriana das amigdalas palatinas. Por outro lado, observamos que após 5 horas da amigdalectomia, o título de ASO foi maior do que 250 U em apenas 31,25% dos casos. Houve portanto, uma queda dos valores de ASO a 5 horas em relação aos dados de 0 hora. Porém, após 24 horas da amigdalectomia, os títulos de ASO, praticamente se mantiveram quando comparamos aos níveis de 5 horas. Já a 5 dias da amigdalectomia a ASO foi em 48% dos casos maior do que 250 U. Portanto., observa-se que os valores de ASO estão mais elevados em relação a S e 24 horas; o que também ocorre a 10 e 15 dias após a amigdalectomia. Desta data em diante verifica-se queda dos valores de ASO sendo em 43,4% e 31,5% dos casos, maior do que 250 U a 20 e 25 dias, respectivamente, da cirurgia. Após 30 dias da amigdalectomia os valores de ASO foram maiores do que 250 U em 61,22% dos casos. Desta maneira, podemos notar que entre 5 e 24 horas da cirurgia houve uma queda dos valores de ASO em relação aos valores pré-cirúrgicos. Para 5 dias da cirurgia os valores de ASO começaram a aumentar e se estabilizam a 10 e 15 dias; depois decrescem a 20 e 25 dias para tornar a aumentar, a 30 dias, da amigdalectomia, não chegando, porém, aos níveis proporcionais de 0 hora.





Conclusões:

Do estudo bacteriológico e dos títulos de ASO efetuado em 32 pacientes amigdalectomizados pode-se concluir:

1.° - O germe predominante na amigdala palatina foi o Streptococcus em 93,65 dos casos.

2.° - O título de ASO antes da cirurgia foi superior aos valores normais em 84,37% dos casos.

3.° - Após 5 e 24 horas da amigdalectomia o título de ASO sofreu queda em relação aos valores de 0 hora, mantendo-se superior a 250 U em cerca de 32% dos casos.

4.° - Após 10 e 15 dias da cirurgia os valores de ASO aumentaram em 60,85% dos casos.

5.° - Os valores de ASO, após 20 e 25 dias da amigdalectomia decresceram em, respectivamente, 43,4% e 31,5% dos casos.

6.° - Após 1 mês da cirurgia os valores de ASO foram maiores do que 250 U em 61,22% dos casos.

Resumo:

Os autores estudaram a bacteriologia da amigdala palatina e os títulos de ASO em 32 pacientes com amigdalite crônica, submetidos a amigdalectomia, na Clínica ORL do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P. e encontraram o Streptococcus como o germe predominante na amigdala palatina. Os títulos de ASO foram superiores aos valores normais em 84,37% dos casos. Estes valores de ASO sofreram queda, logo após a cirurgia para posteriormente aumentarem, porém, mantiveram-se em nível inferior aos valores anteriores à amigdalectomia.

Summary

The authores studied the Tonsil bacteriology and the A.S.O. in 32 patients with chronic tonsilites.

They underwent tonsilectomy in the ENT. clinic of Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P.

The ASO were higher than normal values in 84,3% of the totality.

These ASO values junt after the surgery decresead and incresead later but stayed in the low levei of the tonsilectomy of the previons values.

Bibliografia

1. Federico, W. A.; Fava Netto, C., V.; Debes, A. C. - Título de Anti-estreptolisina 0 no soro de indivíduos normais da cidade de São Paulo - Hospital (Rio de Janeiro) 72:249-258, 1967.
2. Martone, M. & Martina, I - Sulle variazioni dei titolo antistreptolisinïco dopomassaggio tonsillare. Ann. Lar. Rin. Far. 60:781, 19,61.
3. Mion, D. - Antibioticoterapia anti-bacteriana em amigdalites crônicas de adultos, com base no antibiograma. - (Tese) Fac. Medicina USP., 1965




* Trabalho realizado na Clínica ORL do Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P.

** Professor Regente da Clínica ORL da F.M.U.S.P.

*** Assistente-Doutor da Clínica ORL da F.M.U.S.P.

**** Prof. Adjunto do Dep. Microbiologia e Imunologia da F.M.U.S.P.

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