Versão Inglês

Ano:  1981  Vol. 47   Ed. 2  - Maio - Agosto - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 141 a 143

 

CITOLOGIA NASAL HANSEL-SHIMIZU*

Autor(es): **Antonio Celso Nunes Nassif
***Carlos Newton Hatschbach de Aquino

Resumo:
Os autores apresentam um novo método de coloração da citologia nasal proposto por Shimizu modificando o clássico Hansel. Ao mesmo tempo chamam atenção da importância de se detectar eosinófilos e mastócitos na secreção nasal.

Considerações Iniciais:

A citologia nasal é um exame muito solicitado e de fácil execução em qualquer laboratório. A sistematização das diversas técnicas atuais de coloração, tais como Giensa, Wright e o clássico método de Hansel, o qual utiliza o eosinato azul de metileno, tornam a citologia nasal um auxiliar valioso e muitas vezes decisivo no diagnóstico, na diferenciação e na orientação terapêutica das diversas rinopatias, sejam elas de etiologia infecciosa, alérgica ou mista.

0 primeiro trabalho clínico neste sentido surgiu em 1927, quando Eyermann relatou a pesquisa de eosinófilos em esfregaços da mucosa nasal.2

Hansel em 1934, contribuiu significativamente para o progresso e a utilização clínica, em maior escala, da citologia nasal quando publicou seu estudo de dez anos com um total de 5.000 exames.

Entre nós, Mello e Mendes5, publicaram em 1954, o primeiro estudo citológico das secreções nasais, particularmente com vistas ao diagnóstico das rinites alérgicas, utilizando-se do método original de Hansel.
Mas foi graças a Bryan2 em 1959, e Shioda em 1966, que, em seus trabalhos chamaram atenção para a importância dos mastócitos na secreção da mucosa nasal.

Mais recentemente o trabalho neste sentido feito por Sasaki7 em 1977 descreveu o método de Shimizu no qual modifica a técnica clássica de Hansel, tornando-a superior na identificação e diferenciação de eosinófilos, mastócitos e outras células.

MATERIAL E MÉTODO:

Utilizamos duas formas de colheita de secreção nasal: com cotonete e com papel manteiga.

No 1° caso, o método consiste em passar o cotonete no assoalho da cavidade nasal e na superfície anterior do corneto inferior de cada narina.

No 2° caso, o método consiste em fornecer ao paciente uma folha de papel manteiga, previamente dobrado e esterilizado. É uma colheita ativa na qual o próprio doente assoa o seu nariz, separadamente para cada narina. Após a colheita da secreção nasal, são feitos esfregaços em lâminas e imediatamente trabalhados com a técnica proposta.

A técnica completa de coloração do método de Hansel-Shimizu7 consiste nas seguintes fases:

1 - Deixar a lâmina com o esfregaço mergulhada em metanol a 99% por 30 minutos.

2 - Corar com o corante de Hansel por 2 minutos. Corante de Hansel consiste de eosina 0,5 gr. e álcool metílico a 95% (100m1) mais azul de metileno 1,0 gr. e. álcool metílico a 95% (100 ml).

3 - Adicionar 4 gotas de água destilada.

4 - Lavar em água de torneira.

5 - Metanol I (imersão rápida por duas vezes).

6 - Secar com papel de filtro.

7 - Metanol II (por dois minutos).

8 - Xilol I (por dois minutos).

9 - Xilol II (por cinco minutos).

10 - Xilol III (por dez minutos).

11 - Montar com lâmina e bálsamo do canadá.

A secreção nasal examinada tem os seus eosinófilos contados de acordo com o critério proposto pelo próprio Shimizu e publicado por Sasaki: Sob aumento de 400 vezes, avaliação da quantidade de eosinófilos e mastócitos presentes na lâmina examinada utilizando-se o critério gráfico representado em cruzes e não o critério numérico, por ser este menos representativo.

Eosinófilos:

(-): Nenhum eosinófilo na lâmina.

(+ -): Várias células em toda lâmina.

(+): Várias células examinadas em cada campo.

(++):Entre (+)e(+++).

(+ + +): Numerosas células em cada campo microscópico examinado.

Neutrófilos e células epiteliais:

O mesmo critério acima, é utilizado para avaliar os neutrófilos e células epiteliais.

Mastócitos:

(-): Nenhum mastócito.

(+ -): Várias células em toda lâmina.

( + ): 2 ou 3 mastócitos em cada campo microscópico.

(++):entre (+)e(+++).

( + + + ): Mais que 5 mastócitos em cada campo.

Discussão:

Com uma nova técnica de coloração a citologia nasal passou a ser um auxiliar valioso, principalmente nas rinopatias rebeldes e inclusive pela facilidade que se tem em obter o material a ser examinado.

É sabido que as reações atópicas, nos seus órgãos de choque causam a liberação de fatores quimiotáxicos da anafilaxia os quais determinam o aparecimento de eosinófilos no órgão8. E o método apresentado nesse trabalho permite com maior facilidade visualizar esse elemento celular na secreção nasal e nos orientar no seguimento da patologia, porque noventa por cento das rinopatias alérgicas apresentam eosinofilia nasal6.

Mas, na fisiopatologia das rinopatias alérgicas, existe um outro elemento que é o mastócito e aparece não em concomitância com o eosinófilo, mas o seu pico máximo ocorre nas primeiras 24 horas, para daí apresentar um declínio dando lugar ao surgimento dos eosinófilos7. E o método de Hansel-Shimizu permite com clareza diferenciar esta célula das outras.

E se desconhecermos a importância da presença do mastócito ou não pudermos identificá-lo adequadamente nos passará desapercebido muitas alterações de fundo alérgico.

Conclusão:

As nossas observações estão em fase final de conclusão; entretanto, os resultados obtidos até o momento, levando-se em conta que a modificação na técnica de coloração, proposta por Shmizu7, facilita a visualização bem como a diferenciação de eosinófilos e mastócitos, elementos celulares importantes na fisiopatologia das rinopatias atópicas,8 nos asseguram desde já resultados animadores.

E por isso nos permitimos antecipadamente propor e indicar esse novo método como rotina na citologia nasal.

Summary:

The autores present their experience with a modification of classic Hansel's stainning of nasal citology smear proposed by Shimizu.

They stren the importance of detecting eosinophiles and mastocytes ìn nasal secretion.

BIBLIOGRAFIA

1. HANSEL, K. F. Observations on the citology of the secretions in allergy of the nose and paranasal sinuses. The Journal of Allergy, 5:357-366, May 1934.

2. BRYAN, W. Cytologic diagnosis in otolaryngology. Trens. Amer. Acad. Pphtl. Otolaryng., 63: 613-627, Sept.-Oct. 1959.

3. BRYAN, W. Significance of mast cell in nasal secretions. Trens. Amer. Acad. Opht1. Otolaryng., 63: 597-616, Sept.-Oct. 1959.

4. SHIODA, H. The significance of mast cell in nasal smears from patients with food allergy. The Journal of Allergy., 37.- 321-328, June 1966.

5. MELLO, F. J. e MENDES, E. Exame citológico da secreção nasal nos diagnósticos das manifestações alérgicas do trato respiratório. Rev. Assoc. Med. Brasil., 1: 268-271, Set. 1954.

6. BHANDARI, C. M. Relative value of peripheral blood, secretion and tissue eosinophifa in the diagnosis of different patterns of allergic rhinitis. Annals of Allergy, 39: 106-109, Aug. 1977.

7. SASAKI, Y. The mast cell and eosinophil in nasal secretions. Annals of Allergy, 39: 106-109, Aug. 1977.

8. CHURCH, J. Routine laboratory determinations in pediatric allergic disease. Annals of Allergy, 41: 136139, Sep. 1978.




* Trabalho apresentado na 1ª Jornada Paranaense de Otorrinolaringologia (1979)
** Livre Docente e Professor Assistente de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Paraná
***Médico Residente da Disciplina de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Paraná.

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