Versão Inglês

Ano:  1935  Vol. 3   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 291 a 309

 

REVISTA DAS REVISTAS - PARTE 2

Autor(es): -

MONATSSCHRIFT FÜR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGORHINOLOGIE
Vol. 68 - Setembro de 1934.
(Viena).

LOEWENSTEIN - Pode ser elevado o teôr sanguineo do calcio por transplantação ossea? - Pag. 1023.

Segundo os conhecimentos atuais, o osso transplantado é reabsorvido lentamente, provocando teoricamente um aumento do teôr calcareo. Um exame feito posteriormente provou, em onze casos, que, embora tenha havido a reabsorção do osso transplantado, nenhuma elevação do teôr calcáreo do sangue foi observado. A otosclerose não é influenciada nem objetiva nem subjetivamente.

BELA SZENDE - O tratamento pela diatermia na oto-rino-laringologia - Pag. 1062.

O A. tem aplicado com sucesso a diatermia em quasi todos os casos de nossa especialidade. Laringites agúdas e cronicas vêm os seus sintomas dolorosos em regressão, bem como a volta da voz. Usa chapa de cumbo flexivel sobre a tireoide e o electrodo indiferente na nuca. Para as rinites, usa o sistema bipolar, introduzindo os pólos nas fossas nasais. As sinusites têm suas dôres acalmadas, não só pelo calor, como também pela congestão. No ouvido, é usada a diatermia por meio de electrodo especial, sendo que o indiferente é colocado na nuca ou no zigoma. Termine com estas palavras: a diatermia que nas outras especialidades ganhou direito de cidade, deve ser usada na oto-rino-laringologia como metodo de cura e em certos casos como auxiliar.

GOLDMANN - Etiologia e terapia do epistaxis - Pag. 1068.

Ainda não se conseguiu unanimidade dos autores sobre as causas do epistaxis. Kindler estuda as causas locais e as gerais. Entre as gerais contam-se doenças da circulação e do sistema arterial, diáteses hemorragicas, molestias infecciosas agúdas e febrís. Citam-se entre as causas locais os traumatismos, corpos estranhos, etc., modificações do tecido local como rinites seca e atrófica, ulcus septi, difteria, tuberculóse, leucemia, etc. hemangiomas, polipos, telangiectasia no locas Kiesselbach, tumores, etc.
Como tratamento cita o A. a coreção do septo, nas sinusites, que facilitaria o escoamento das secreções. Da etiologia resulta a conduta terapeutica a seguir.

GOLDMANN - Sobre as relações entre dentes inclusos e afecções nasais (epistaxis e sinusites) - Pag. 1073.

Como causa de uma faringite cronica foi incriminada uma sinusite maxilar supurada; a radiografia revelou dente incluso cuja raíz alcançava o antro. O tratamento consistiu em curetagem do antro afetado. Os incomodos do paciente continuaram, verificando-se posteriormente, que o etmoide posterior e o esfenoide achavam-se afetados. Dirigido o tratamento para esses focos, foram afastados os incomodos.

O dente incluso atúa como causa predisponente, pois, de corpo estranho esteril, que é, pôde vir a ser agente infeccioso simultaneamente com uma rinite e daí as infecções dos antros.

Outro doente apresenta epistaxis recidivantes e que se achavam em conexão com um dente incluso; este havia perfurado o assoalho do nariz e provavelmente lesado a vena liminis (Boenninhaus). Concomitantemente havia tambem sinusite max. supurada. Conclúe o A. que não basta diagnosticar e extirpar o dente incluso, mas tambem proseguir no tratamento das afecções decorrentes.

BELINOFF - Contribuição á casuistica do meningocele - Pag. 1078.

O caso que o A. relata merece a denominação de meningocele gigante. Trata-se de creança com cerca de dois anos de idade, que, ao nascer apresentava, na raiz do nariz, um tumor do tamanho de um ovo de galinha. Esse tumor foi crescendo até tornar-se maior que a cabeça da creança. De forma arredondada, sua base estendia-se da glabela até a ponta do nariz; consistencia elastica, mole flutuante, indolor, sem pulsação; pele fina com rica vascularização. Fossas nasais normais. Punção exploradora: liquido cerebro-espinhal. Praticada a extirpação do tumor, faleceu a creança três horas após. Diagnostico: meningocele sincipitalis fronto-etmoido-nasalis.

HAAS - Sobre o desenvolvimento ou não dos antros da face, especialmente dos frontais - Pag. 1080.

A aplasia do antro frontal não se explica satisfatoriamente por uma variedade congenita, ligada á perturbação germinativa. Porque nunca faltam os antros etmoidais e maxilares? O esfenoidal falta mui raramente. A aplasia do frontal é observada em 5 até 16% dos casos.

Os antros para-nasais são propriamente expansões diverticulares da cavidade nasal, cuja mucosa de revestimento torna-se maior.

A época de aparecimento dos antros é muito diversa. As celulas etmoidais Formam-se nos primeiros dias da vida embrionaria. Os antros maxilares aparecem no 5.° mês de vida intra-uterina, sob a forma de uma fenda estreita. Somente após a segunda dentição, desenvolvem-se mais rapidamente.

Os antros esfenoidais têm, ao nascimento, o tamanho de cabeça de alfinete.

Os frontais não aparecem nos recem-nascidos. Começam seu desenvolvimento no 2.° ano de vida, para terminar aos 20 anos. No começo de seu desenvolvimento não se póde garantir se trata de uma grande celula etmoidal, ou de um antro frontal pequeno. Igual dificuldade ocorre nos adultos: grande celula etmoidal ou antro hipoplastico?

O A. considera antro frontal apenas aquelas cavidades que se intrometem claramente entre as camadas do osso frontal.

A pneumatização dos antros nasais provem da mucosa do nariz, tal como a da mastoide provem do antro timpanico. O A. acha que esse processo de pneumatização pôde ser perturbado por uma doença qualquer no periodo de crescimento. Como o frontal é o ultimo a desenvolver-se, é ele justamente aquele que mais frequentemente é perturbado em seu crescimento.

JANNULIS - Disfunção dia tireoide na ozena - Pag. 1095.

Muitos autores ligam a ozena ás perturbações endócrinas; uns á tireotoxicose, outros á disfunção ovariana. Esta ultima teoria explicaria a razão por que a doença é mais comum na mulher que no homem.
Por outro lado nota-se que a ozena ataca mais comumente as camadas baixas da sociedade, nas quais a alimentação é menos rica em vitaminas. O A. teve bons resultados com a terapia hepatica, o que fala a favor da teoria da avitaminose.

SWIATLOWSKI - Um cão de fistula colli mediana congenita - Pag. 1096.

Tratava-se de um rapaz com 19 anos de idade, que era portador, desde cerca de quatro anos, de fistula mediana do pescoço. Resecada a fistula, até sua extremidade, nas proximidades da base da lingua, cicatrisou per primam.

O A. estuda detalhadamente a patogênese destas fistulas, dividindo-as em dois grupos principais: 1.° ecdodermal, proveniente do duto ou trato tireoglosso; 2.° ectodermal, do sinus cervicalis, pre-cervicalis, área meso ou intrabranchialis.

A diferenciação das fistulas do trato ou duto tireoglosso repousa no fato da fistula ser ou não completa. O quadro histologico das fistulas ectodermais é o seguinte: epitelio em camadas, simples ou córneo ou epidermico com glandulas sebaceas e sudoriparas, cabelos, etc.

JESCHEK - Sobre o comportamento do antro frontal no osteoma Pag. 1107.

Os antros frontais são os mais atingidos por esses tumores. Mais raramente são eles observados nos etmoides e grande raridade constituem os osteomas dos esfenoides. Estes tumores compõe-se histologicamente de tecido esponjoso e compacto e mais raramente de um só desses tecidos. A superfície é revestida de mucosa da cavidade nasal.

O ponto de partida do osteoma frontal é a parede posterior proximo ao septo inter-frontal, daí se prolongando pelo infundibulo do etmoide.

Quando o tumor ataca todos os antros, não se póde mais saber em qual deles foi o ponto de partida. Muito raramente aparecem esses osteomas através do nariz.

Consideram-se os restos de periosteo embrionario como origem desses tumores.

Em geral não produzem incomodos e são encontrados por acaso em uma radiografia. Via de regra produzem os grandes tumores protusão do globo ocular, ambliopia, atrofia do nervo ótico, ou abaulamento na órbita.

Torna-se ainda reais difícil o diagnostico quando ha concomitancia de infecção do antro. Nos mucopioceles ha o enorme perigo de ser invadida a parede cerebral, em vista da resistencia oposta pelo tumor, que impede o escoamento das secreções. Por esse motivo é necessario operar radicalmente o osteoma logo que seja feito o diagnostico.

E' a seguinte a observação do autor: homem com 23 anos queixa-se de fortes cefaléas ha cerca de 14 dias, com secreção mucosa em ambos os meatos. A radiografia revelou osteoma grande como um punho, que preenche quasi inteiramente os antros frontais. Encontra-se no antro direito infiltração flutuante, que incisada, dá saida a muco-puz (piomucocele).

Não se pôde retirar inteiramente o tumor devido á invasão do etmoide e da parede posterior. O doente teve alta, permanecendo uma fistula e visão muito diminuída.

ZUBRICZKY - Otite média supurada cronica a abcesso do cerebro - Pag. 1123.

Mulher com 48 anos de idade queixa-se de fortes dôres de cabeço e zoadas ha oito meses, com ataques e vomitos. O exame do ouvido revelou á direita polipos preenchendo o conduto. Posteriormente apareceram tambem nistagmos com perda do equilibrio.

Operação radical: dura espessa, cerebro mole, quasi liquefeito; na profundidade do cerebro, na direção da sela turcica, a agulha aspira massa gelatiniforme vermelha. Cerca de vinte dias após a operação, exito letal. A' autopsia foi encontrado um tumor do tamanho de maçã, ocupando o lóbo parietal e occipital á esquerda. O diagnostico do tumor foi: glioma spongioblastoma alveolares.

DR. ROBERTO OLIVA


MONATSSCHRIFT FÜR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE
Vol. 68 - Outubro de 1934.
(Viena).

ALPIN - Tratamento das complicações ocasionadas por corpos estranhos do esofago - Pag. 1172.

As complicações são ocasionadas ou pelos corpos estranhos ou pela esofagoscopia. A parte cervical do esofago é aquela em que com mais frequencia se produzem e é tambem esta parte a mais acessivel ás operações sobre o órgão.

Deve-se crer que qualquer lesão é grave graças á sua vizinhança com vasos calibrosos, com a traquéa, etc. bem como pela frouxidão do tecido que envolve o órgão. Os sintomas mais frequentes de perfuração do esofago são: infiltração e enfisema do pescoço, dôr á deglutição e palpação do pescoço; edema e infiltração da parede posterior da faringe. Além disso, febre, quando ha infecção, hemorragia, quando ha lesão de vasos. No caso de extenção do processo ao mediastino observam-se: dôr retroesternal, cianose, acessos asmaticos, sensibilidade á percussão, etc.

Podem-se observar os seguintes casos de perfuração do esofago: 1.º perfuração com ausencia do corpo estranho, mas com complicação para o lado do órgão; 2.º perfuração com ausencia de corpo estranho, mas com complicação; 3.º perfuração com presença de corpo estranho, mas sem sintomas de complicação grave; 4.º perfuração com presença de corpo estranho com sintomas graves. No 1.º caso tratamento clinico: repouso do órgão, gravata de gelo, alimentação pelo réto; no 2.º caso intervenção imediata, abertura do abcesso e drenagem; no 3.º caso extração e tratamento adequado, de acôrdo com o que suceder posteriormente; finalmente no 4.º caso extração imediata e se não for esta possivel, esofagotomia sem sutura, com drenagem do tecido circunvizinho.

FREY - Processo exangue de operação da mastoide - Pag. 1229.

Em todos os doentes quer se trate de anestesia geral ou local, o A. injeta, antes da operação, uma substancia constrictora (simpatol. adrenalina ou corbasil), de mistura com solução de novocaina a meio por cento. Pouco importa que seja feita anestesia geral com éter, evipan ou avertina. Durante o 2.º áto da operação, no ouvido médio, emprega tampões embebidos em stryphnon e osmon. Este ultimo é uma solução hipertonica de açucar de uva. Finalmente a ferida operatoria é tamponada com gaze iodoformada embebida em óleo de parafina.

Com este metodo o A. consegue um campo exangue, o que facilita e apressa a operação.

JANNULIS - Sobre um hemostatico pratico - Pag. 1234.

O A. empregava antigamente o stryphnon. Abandonou todavia esse remédio em vista de sua ação irritante sobre os tecidos vizinhos. Usa este corpo estranho sarou rapidamente. Na terceira observação tratava-se de um parafuso de cobre extraído quatro meses depois, graças a broncoscopia.

Os autores são de opinião que os corpos estranhos, quando ocasionam as supurações pulmonares, raramente determinam formação de abcesso pulmonar e sim de dilatações bronquicas. Estas supurações não se curam facilmente; as vêzes são mesmo incuraveis. Os corpos estranhos bronquicos apresentam uma latência clínica bem clinica bem relativa pois em geral observam-se três fases: um começo ruidoso e brutal que só falta nos doentes submetidos a narcóse. A segunda fase, ás vezes discreta, é o periodo em que se organizam as lesões sépticas. Na terceira fáse surgem desordens brônco-pulmonares mais acentuadas. Esta historia clínica em três fáses deve fazer pensar em corpo estranho, mas tambem em casos de tosse persistente de causa desconhecida deve-se pesquizar um corpo estranho e um dos autores extrahiu um alfinete de segurança em um rapaz que tossia ha quinze anos.

A evolução das dilatações bronquicas fusiformes é semelhante ao do abcesso agúdo. Ao contrario, as dilatações bronquicas ampolares evoluem como as velhas supurações pulmonares.

No primeiro tipo de lesões o prognóstico é favoravel, principalmente se o tratamento broncoscópico for instituido precocemente. No segundo tipo, o prognóstico é muito mais severo. A aspiração broncoscópica é preciósa arma terapêutica; cura os casos do primeiro grupo e traz grandes beneficios aos sofredores das velhas supurações pulmonares.

A.SOULAS - As formas francas, agúdas da atelectasia pulmonar. A propósito de alguns casos de corpos estranhos bronquicos - Pag. 284.

O autor distingue dois tipos de atelectasía pulmonar;

a) atelectasía franca, agúda constitue-se em um pulmão integro; é bem ilustrada pela atelectasía consecutiva aos corpos estranhos exógenos.

b) atelectasía atípica, associada muitas vêzes, parcial que se constitie sempre em parênquima patológico em caixa toraxica anormal e associada a afecção bronco-pulmonar: câncer, tuberculose etc.

Duma maneira geral este ultimo tipo é observado pelos médicos internistas, enquanto que o primeiro, é propriamente broncoscópico.

Estudo clínico e radiológico: Ocupa-se somente da atelectasia agúda, o autor estuda três formas;

1.º Forma maciça, hemi-torácica. Quadro clinico bastante conhecido colapso agúdo, típico rapidamente realizada; exemplo grão de feijão obstruindo brônquio principal. Sintomatologia: dispnéia é um sintoma constante, as vezes acompanhando de violenta pontada e tosse coqueluchóide, as vezes asmatiforme.

Sinais físicos decorrentes da mecânica do aparelho respiratorio; pulmão doente e recalcado para o hilo; macicez ou sub-macicez e ausência de murmurio respiratório; batimentos cardiacos lateralizados do lado afetado.

Exame radioscópico: opacidade muito densa, uniformemente extendida a todo o pulmão em colapso; ligeiro enfisema de compensação do lado oposto.

A radiografia fixa os dados precedentes; opacidade, deslocamento do mediastino e deformidade da caixa toraxica.

2.º Formas parciais, lobares. Nas formas parciais é o brônquio do lobo inferior, do lobo médio ou as vezes do lobo superior, que está obstruido.

Os sintomas, sinais clínicos e radiologicos são os mesmos da forma maciça; somente nas formas parciais estes sinais são limitados e localizados.

3.º Formas frustras. Ao lado das formas típicas, indiscutíveis de atelectasía pulmonar, o A. estudo fatos da mesma natureza constituídos por uma entidade morbida mal definida, que para alguns deve ser incluiria no domínio da atelectasía e que para outros deve ser excluiria.

Os sintomas tosse e dispnéa tem pouca importancia. E' preciso pesquizar anomalias radiológicas sobre as quais repousa o diagnostico. Nota-se uma sombra leve, em leque estendendo-se do hilo para a parede; obscurecimento dos seios costo-diafragmáticos e diminuição da incursão do diafragma com elevação de sua cúpula. Quadro clínico bastante pobre e o termo frustro é bem aplicado.

Estudo patogenético: Nas formas maciças ou lobares, a obstrução brônquica é o unico fator etiológico. Nas formas frustras, o A. admite a mesma causa etiológica; apenas a reabsorpção do ar não é completa. Bordet propoz para este processo, a denominação de hipo-ventilação pulmonar. Soulas acha que este termo a-pesar-de etimologicamente bom, afasta esta forma da atelectasía pulmonar. E em presença desta intima semelhança etiológica (agente obstrutivo); patogênico (falta de arrejamento pulmonar); clínica (sinais clínicos e radiológicos da mesma ordem); evolutiva (rapidez da eclosão e desaparecimento das perturbações); e terapêutica (desobstrução brônquica) julga Soulas que as formas frustras devem ser incluídas no quadro da atelectasía pulmonar, definindo em graus variaveis perurbações do arejamento pulmonar.

O. A. estuda e refuta a hipótese de um espasmo brônquico como determinante do colapso pulmonar. Faz considerações sobre a hipótese de v. Eicken sobre a inundação ou exsudação brônco-alveolar provocada pela pressão pulmonar negativa, que explicaria ás vezes certa opacidade. Soulas acha que o rapido desaparecimento da opacidade pulmonar fala contra esta hipótese. Pelo mesmo motivo não aceita a hipótese de processo pneumonico com exsudação fibrinosa intra-alveolar.

A atelectasía póst-operatoria merece um lugar á parte. E' determinada, primeiramente pela obstrução do brônquio com secreções espessas e ainda pela paralisía bronquica por lesão do plexo nervoso sub-frênico, irritado durante a intervenção. As vezes é ainda complicada pelo pulmão noyé.

ACHILLE PERONI (Milão) - Evolução dos corpos estranhos plurimetálicos bronquicos - Pag. 304.

O A. descreve a observação de um advogado que aspirou um apito usado pelos caçadores constituído por pequeno cilindro metálico cujas bases são dois discos de latão perfurados no centro; a borda era formada por chapa de ferro soldada, em forma de anel. Dois meses após o acidente, apareceram escarros negros e só três meses mais -tarde foi o doente submetido a exame radiográfico, que revelou existência de dois corpos estranhos (dois discos) que foram extraídos pela broncoscopia oral. O A. faz interessantes considerações sobre a dissolução de parte do corpo estranho - parte de ferro recoberto de estanho. Lembra os fenômenos físico-químicos que se passam com os corpos plurimetalicos. Mostra que o problema já preocupou muito os ortopedistas e traumatologistas, que na cirurgia óssea temem os fenomenos elétricos produzidos pelo bi-metalismo, não somente pela reabsorpção das materias empregadas na osteo-síntese, como pelas alterações, as vezes graves, produzidas nos tecidos pela ionisação e pelas correntes elétricas, as quais dão lugar em presença do corpo humano, á reações diferentes. Conclue Peroni que os corpos estranhos plurimetálicos são mais perigosos para os tecidos que os mono-metálicos, pois as correntes elétricas por eles produzidas determinam ação necrosante muito pronunciada.

ZIYA NOURY (Stamboul) - A bronco-esofagoscopia e os corpos estranhos das vias aero-digestivas superiores (notas práticas) - Pag. 315.

O A. comunica sucintamente o resultado de trinta e seis corpos estranhos do laringe, traquéia, bronquio e esofago e resume em quatro itens seu artigo:

l.º Nos corpos estranhos lisos do esofago, o desencravamento sobre o controle do esofagoscópio pode ser tentado.

2.º As moedas retidas no esofago podem ser extraídas pela cestinha de Graeffe.

3.º Nos casos de corpos estranhos penetrante dos bronquios (agulhas), é indicado espectação pois a expulsão espontanea é provavel.

4.º Além das moedas, os ensaios de extração sem tubos são contra indicados e perigosos.

TERRACOL, JOYES-NOUGUIR E J. BALMES - Corpo estranho do brônquio direito (lingueta de corneta) em uma creança - Pag. 321.

Observação de creança de nove anos que aspirou lingueta de corneta, que veio se localisar no brônquio direito e foi extraída por via oral. Seguem-se alguns comentarios classicos sobre o assunto.

JEAN LEREBOULLET, SOURICE E A. SOULAS - Tósse inexplicavel, diverticulo do esôfago -Pag. 325.

Observação de um homem de 68 anos apresentando certo grau de dispnéia e tosse com expectoração ha quatro anos.

Os seios piriformes apresentavam-se cheios de secreção. A radiografia revelou existência de um diverticulo do esôfago. O tratamento consistiu em dilatação do esôfago prudentemente praticada. Os resultados foram bons, quatro meses depois o paciente encontrava-se em boas condições.

O A. faz considerações sobre a tosse noturna nos estenosados do esôfago atribuida a queda de secreções salivares no laringe. No presente caso a tosse se explicaria pela existência de uma estenose do esôfago associada ao saco diverticular.

A. DE LINS - Condutor para esofagoscopia - Pag. 329.

Trata-se de uma haste metálica, apresentando na extremidade distal uma pequena bola metálica e na extremidade proximal uma haste movel do mesmo material que serve de cabo. O modo de emprego é o seguinte: Antes de se introduzir o esofagoscópio, faz-se o paciente deglutir o condutor e enfia-se depois o esofagoscopio no condutor, que deverá acompanhá-lo.

O A. diz que é o unico condutor que póde ser usado sob a ação direita da vista e o aconselha principalmente aos principiantes.

A. SOULAS - Vias de propagação para o pulmão da infecção esofagiana (do perigo das sondagens do esôfago as cégas) - Pag. 339.

Cita primeiramente a observação de um estreitamento espasmodico do esôfago que em consequencia á manobras endoscópicas complicou-se de abcesso pulmonar muito grave. A propagação da infecção ao pulmão fez-se por via sanguinea. O A. assim conclue pela evolução do caso que não apresentou sinais de esofagite, peri-esofagite ou celulite cervical. Compara este caso a outros quatorze que teve ocasião de observar consecutivos a operações abdominais. No caso relatado pelo A. as erosões da mucosa esofagiana constituiram porta de entrada da infecção.

Relata em seguida outro caso em que a lesão da mucosa esofagiana foi ponto de partida de infecção pulmonar. Entretanto, nesta ultima observação o A. pensa que a propagação se fez pela via linfática; pois a autópsia revelou existir uma peri-esofagite, mediastinite localizada. O longo intervalo entre o início da complicação e a eclosão brutal da manifestação pulmonar fala tambem em favor da via linfática.

DR. GABRIEL PORTO

LES ANNALES D´OTO-LARYNGOLOGIE
N.º 4 - Abril- 1934.
(Paris)

Numero dedicado totalmente ás paralisias laringéas.

F. LEMAITRE - Paralisias recurrenciais e patologia do corpo tiroide - Pag. 354.

O A. considera sucessivamente: 1.º) As paralisias medicas, que aparecem espontaneamente no curso da evolução de um estado patologico do corpo tiroide; 2.º) Paralisias cirurgicas, que sobrevêm quando das intervenções praticadas sobre esta glandula; 3.º) Paralisías post-operatorias, que aparecem em seguida e não no curso do áto cirurgico.

Faz um resumo anatomico da região, mostrando as diferentes relações do recurrente direito e esquerdo.

No 1.º grupo, as paralisías por processo inflamatorio da tiroide são raras. A causa mais frequente é a compressão por um bocio ou por um cancer. A paralisia é, ás vezes, o sinal de alarme do cancer latente da tiroide, devendo decidir sobre a intervenção. Nesta, um traumatismo minimo do nervo recurrente transformará a paralisia latente em evidente e definitiva. O inverso tambem se dá, curando-se a paralisia pelo áto cirurgico.

No 2.º grupo o A. considera: 1.º) quando e como o nervo pode ser lesado no curso de uma intervenção sobre a tiroide; 2.º) as técnicas propostas para evitar a lesão nervosa. O nervo pode ser seccionado quando a resecção lobar vae muito para traz. Ele tambem pode ser pinçado pela hemostáse de um dos ramos arteriais. Pode-se dar a lesão no momento de descolar uma bolsa cistica. Como evitar esses acidentes e quais a técnicas para isso? E possivel, e o A. resume as técnicas recomendaveis.

No 3.º grupo ha paralisías recurrenciais, mas raras, que surgem após intervenção, e fóra de qualquer falha operatoria. Essas paralisias podem ser precóces e tardias. As precóces surgem no 2.º ou 3.º dia, são transitorias e benignas. Umas são devido á uma hematoma comprimindo o nervo, outras por estiramento do nervo. Imediatamente após a intervenção, o doente não apresenta paralisia; no dia seguinte aparece uma vóz bitonal e alguns dias após está curado: são paralisías benignas. As paralisías tardias se opõem ás precedentes, são graves e definitivas. Seriam devidas á aderencia ou á cicatrizes retractis.

E. HALPHEN - A lei de Semon-Rosenbach - Pag. 461.

O laringe é um orgão bem curioso, com duas funcções absolutamente diferentes: uma funcção respiratoria, uma funcção vocal e mais uma terceira: proteger as vias respiratorias subjacentes como um esfíncter. Uma paralisía de um só musculo é suficiente para perturbar a funcção vital por excelencia.

Faz o A. considerações fisiologicas sobre os musculos do laringe e sobre os nervos que os comandam: o laringêo superior e o recurrente. Estuda os fátos experimentais sobre o assunto, que leva a concluir pelo seguinte: uma paralisía laringéa de marcha progressiva, de origem central ou periferica, começa pela perda da funcção dilatadora e a evolução da lesão acarréta secundariamente a paralisia do constrictor. Como corolario da lei de Semon, em caso de cura, a corda deixa a posição cadaverica para retomar a posição mediana. Será exáto esse fáto? E' o que o A. discorre longamente, com uma argumentação dificil de resumir, mas que merece ser lida pelos que se interessam por esse assunto.


RAMADIER - A paralisia dos dilatadores da glóte - Pag. 367.

A laringoplegía denominada paralisía dos dilatadores foi uma das primeiras conquistas da laringoscopia, embora possua uma individualidade clinica incontestavel, sua patogenía está ainda obscura.

Sintomatologia: Diferencia-se nitidamente da paralisia recurrencial. A paralisia dos dilatadores é uma laringoplegía bilateral. É possivel que exista a forma unilateral, que não chama a atenção senão para os autores que examinam sistematicamente laringes de uma serie de tabéticos. Ela pode ser asimetrica, completa de um lado e incompleta de outro.

O quadro da paralisía dos dilatadores ao exame laringoscopico mostra: durante a respiração, as cordas colocam-se em uma posição vizinha da linha mediana; durante o esforço inspiratorio maximo, elas são incapazes de ir para fóra. É frequente, ao contrario, que o esforço se dirija para baixo e para dentro, aspiradas pelos pulmões. A vóz é conservada, pura e sonora, mas tambem pode ser cortada pelas frequentes inspirações. A paralisía dos dilatadores e a paralisía recurrencial se opoem uma a outra por todos seus caracteres, excetuando-se a conservação da sensibilidade laringéa que, em regra geral, é comum ás duas formas. Concretisa-se a oposição no seguinte: A paralisia recurrencial é uma paralisía fonadora ou paralisia em abertura, e a paralisía dos dilatadores é uma paralisia respiratoria ou paralisia em fechamento.

Etiología: A paralisia dos dilatadores pode ser devido a diversas molestias, entre esta a sifilis é a mais frequente. Como cousas raras: paludismo, saturnismo, a escleróse em placas e mesmo a diftería. Três afecções são capazes de crear a paralisía dos dilatadores: febre tifoide, o tifo exantematico e a seringo-bulbía. Algumas observações incriminam uma afecção cervico-mediastinal grave, mas na maioria dos casos, ela é devido á sifilis. Ela explica a maioría dos casos criptogeneticos e quando ela não está em jogo, o diagnostico etiologico desta laringoplegía é quasi sempre simples e facil.

No capitulo seguinte estuda a patogenía, terminando pelo estudo do prognostico e tratamento. O prognostico é grave, pois a morte pode sobrevir bruscamente. A sifilis é a que se presta á terapeutica mais eficaz.

REBATTU - As lesões anatomicas na paralisía dos dilatadores - Pag. 379.

Por acaso, o A. fez a autopsia de dois individuos com paralisía dos dilatadores. Na l.ª encontrou "lesões vasculares inflamatorias ainda em atividade, na visinhança dos centros bulbares do X e XI, notadamente da região retro-olivar, em contacto das fibras radiculares entre sua origem nuclear e sua emergencia bulbar. No 2.º caso, o laringe não tinha lesão alguma senão a paralisia dos dilatadores e pela autopsia, constatou-se no soalho do 4.º ventriculo, ao nivel dos nucleos ambiguos, lesões antigas: esclerose nevralgica, indicando a existencia de processo inflamatorio discreto, mas certo, interpretado como reliquat meningo-encefalite tifica, no curso de febre tifoide grave. Neste caso a etiologia tifica não pode ser posta em duvida, mas podia-se inquerir se a paralisia dos dilatadores não seria devida a uma nevrite tifica dos recurrentes ou dos pneumogastricos.
Na paralisia dos dilatadores, as lesões devem se assestar habitualmente no nivel do bulbo.

MADURO - Causas e sintomas da paralisia recurrencial pura - Pag. 381.

O diagnostico da paralisia recurrencial é facil, não se dando o mesmo, por vezes, quanto á etiología. Em sua evolução, ha dois estados: 1.º) de paralisía incompleta, com corda em posição para-mediana, conservação da adução e paralisía de abdução; depois, um segundo no curso do qual a paralisia se completaria.

Tais casos assim são encontrados, mas são raros; na maioria, as paralisías recurrenciais são completas "d'emblée" e a corda toma a posição que ficará daí em deante. A paralisia em posição intermediaria começa bruscamente e a voz até aí clara, fica velada e de timbre desagradavel: é bitonal. Ao exame laringologico, a corda está imobilisada em posição intermediaria, encurtada, abaixada e afilada. Na grande maioria dos casos esta paralisía é definitiva, indicando lesões graves, tais como aneurismas e câncer.

As paralisias em posição para-medianas, passam facilmente desapercebidas, a não ser que se examine sistematicamente o laringe no curso de certos aneurismas ou de certos tumores capazes de comprimir ou destruir um nervo recurrente. Elas podem ser completas ou incompletas.

As paralisías recurrentes bilaterais, são precedidas de um estado prolongado de paralisia unilateral, sendo pois associação de duas paralisias unilaterais sucessivas. A paralisia bilateral em posição intermediaria, traz a perda completa da voz e uma dificuldade grande na expectoração.

O diagnostico diferencial é facil. Deve não ser confundida com processo infiltrativo do hemi-laringe, em geral neoplasico, nem com a artrite crico-aritnoideana.

O diagnostico etiologico representa um vasto capitulo. Ha as paralisías traumaticas, acidentais ou cirurgicas. Na maioria, a paralisia recurrencial é devida á compressão sobre um ponto no trajéto no nervo. A paralisia pode coexistir com um grande tumor cervical ou com uma disfágía progressiva.

Entre os tumores, vem em primeiro lugar o câncer tiroideano. A associação hemiplegia do laringe e disfagía progressiva traz quasi sempre o diagnostico de câncer do esofago. Outro grande fatôr é um aneurisma, devendo ser examinado atentamente a sub-clavia e a carotida primitiva do lado interessado.

A paralisia recurrencial esquerda exige um exame desses vasos e mais da crossa da aorta.

O exame radiologico é indispensavel para esclarecimento dessas causas e outras menos comuns. Se ainda ficar obscuro, deve-se ainda pensar em pleurite apical ou uma nevrite infecciosa (diftería ou sifilis secundaria).

BÉRARD - Paralisias laringéas associadas - Pag. 386.

A paralisía laringéa pode ter sintomas mais ou menos importantes, indicando lesão de outras fibras nervosas. Desde o nucleo bulbar do espinal até constituir o recurrente, outros nervos têm relação intima, como o IX, o X, o XII, o XI medular e o grande simpatico. As paralisias laringéas associadas com multiplos sintomas compreende-se facilmente pelo estudo anatomo-fisiologico.

1.º) Paralisía do espinal bulbar: Quando sobre o tronco espinal interno é lesado, ha a hemiplegía palato-laringéa.

2.º) Paralisia do pneumogastrico (nervo sensitivo): Três ramos nos interessam: o ramo auricular, o nervo faringeano e o nervo laringêo superior. As alterações do X se traduzem por duas especies de sintomas: de excitação ou inibição.

3.º) Paralisia do glosso-faringeo: Associada á do laringe, indica lesão alta do feixe laringo-motor. Dois sintomas permitem indicar a lesão do glosso-faringêo: a paralisia do constrictor superior da faringe, perturbando a deglutição dos solidos, e a alteração do gosto.

4.º) Paralisía do espinal medular: Ela acarreta uma paralisía completa ou não do trapezio e do esterno-cleido-mastoidêo correspondentes.

5.º) Paralisia do grande hipoglosso: A metade da lingua correspondente fica atrofiada e dá ao palpar uma sensação de moleza.

6.º) Paralisia do grande simpatico: Acarréta um sindromo de inibição caracterisado pela triade: miósis (sinal essencial), exoftalmía e estreitamento da fenda palpebral.

Tais são os sintomas suscetiveis de acompanhar uma paralisía laringéa e devem ser pesquizados.

Faz depois o A. um estudo sobre o diagnostico de séde, dando então os caracteres para saber se é de origem periferica, radicular ou central. Em seguida estuda o agrupamento dos sintomas paraliticos e que formam os principais sindromos das paralisias laringéas associadas. E' assim que estuda: 1.º) a hemiglegía palato-laringéa (Avelis) ; 2.º) a hemiplegia palato-escapulo-laringéa (Schmidt) ; 3.º) a hemiplegía glosso-palato-laringéa (Jackson); 4.º) o sindromo do buraco rasgado posterior (Vernet); 5.º) o sindromo dos ultimos pares crâneanos (Sicard e Collet) ou sindromo condilo-rasgado posterior; 6.º) a paralisia do simpatico ou sindromo retro-parotideano posterior (Villaret). Ha além dessas, outras associações menos importantes. Qualquer que seja a complexidade do sindromo, pode-se esperar melhora, quando a causa é a sifilis, por tratamento precóce.

DR. PAULO SAES


ARCHIVIO ITALIANO DI OTOLOGIA, RINOLOGIA E LARINGOLOGIA
Vol. XLVI - Fasc. 4 - Abril 1934
(Milão)

S. COMES - Considerações sobre sintomas auriculares em um caso de fulguração - Pag. 241.

Relata o A. o caso de um individuo de 43 anos que, ao atravesar uma rua, foi atingido por um raio, permanecendo dois dias em estado de semi-consciencia. Sob o ponto de vista da especialidade, foi constatada uma surdez bilateral e alguns dias depois apareceu supuração no ouvido esquerdo. Pela otoscopía, havia hiperimía do timpano, com pequena perfuração no quadrante antero-inferior. Pelas provas funccionais, verificou-se que a surdez era de percepção com abolição da percepção ossea, com limitação da audição para os sons agúdos e graves, á direita, e ausencia de percepção para os diapasões, á esquerda. Havia hipoexcitabilidade labirintica esquerda. Midríase do olho esquerdo. Estado parético-espastico do lado direito, combinada a uma insuficiencia do facial á direita.

Da exposição do caso, resulta a presença de um complexo sintomatico auricular (perfuração timpanica e otorréa), e de um complexo de sintomas á cargo dos aparelhos auditivo e vestibular, da pupila, da via piramidal e do facial, ligado a um grupo de lesões disseminadas nos nucleos e via cerebro-medular.

Portanto essas lesões, tão variadas e multiformes, produzidas pela descarga elétrica, contrariam até certo ponto, o que é admitido pela maioria dos autores, isto é, que os traumatismos por faises elétrica da atmosfera; têm influencia apreciavel sobre a inervação vaso-motora do sistema nervoso.

L. CIURLO - Observações oscilograficas na fonação dos surdo-mudos - Pag. 253.

O A. apresenta uma serie de traçados oscilograficos obtidos durante a pronunciação de deteminada palavra por parte de surdo-mudos, pertencentes á varios cursos de instrução, e tambem traçados oscilograficos obtidos durante a pronunciação da mesma palavra por parte de pessoas normais.

Pelo confronto desses oscilogramas distingue-se notaveis diferenças, especialmente no tempo de duração da emissão dos fonemas, com amplidação da curva oscilografica, havendo nos surdo-mudos, principalmente nos de menos instrução, uma diminuição ou ás vezes um aumento da ampliação das oscilações e do tempo medio necessario para a pronunciação da palavra.

Existem pois diferença de tempo e ampliação dos oscilogramas entre os varios surdos-mudos com mesmo adeantamento de curso, dependendo isso da vibração da voz e do grau individual da inteligencia.
Neles, o tempo para emitir uma palavra, é portanto maior que numa pessoa normal, havendo tambem uma alteração na intensidade dos sons emitidos. Essa deficiencia da linguagem nos surdo-mudos tem por causa a falta de controle acustico de sua propria voz e a falta de excitações fonatorias, o que acarréta uma deficiencia anatomo-funccional dos centros e dos orgãos do ouvido.

O A. documenta as suas constatações com varios traçados oscilograficos.

D. DELLA CIOPPA (Napoles) - Considerações sobre um caso de tumor cistico séro-mucoso do nariz - Pag. 279.

O A. descreve um caso raro de cisto séro-mucoso do nariz, em uma moça de 24 anos, atribuindo-o á uma anomalía do desenvolvimento embriologico do maxilar superior e do osso inter-maxilar. Operado por via endonasal, o cisto não mais se reproduziu.

PROF. G. SALVADORI (Reggio Calabria) - Formas tuberculosas do laringe do tipo catarral - Pag. 283.

O A. apresenta observações de 45 casos de tuberculose laringéa e friza que o aspéto catarral difuso de uma mucosa laringéa póde traduzir uma forma de tuberculóse incipiente, facilmente confundida com uma laringite catarral cronica difusa. Esse assunto foi estudado de modo completo por Citelli, em 1929. O quadro clinico é o de uma laringite catarral cronica difusa, mas o caracteristico na tuberculóse incipiente do laringe, é uma vermilhidão escura de toda a mucosa laringéa, atingindo as cordas vocais e acompanhada de paresía dos tensores, com disfonía e tósse rouca. As vezes nota-se um só ponto suspeito, commissura anterior ou comissura posterior (aspéto aveludado) ou terço posterior de uma corda ou então aspéto rosado ou francamente vermelho ao nivel de uma das apofises vocais.

Insiste o A. sobre a frequencia de tais formas e a importancia de um diagnostico precóce, afim de ser logo instituida uma terapia mais tempestiva e efficaz.

H. C.


Vol. XLVI - Fasc. 5 - Maio 1934 (Milão)

R. MENNITI-IPPOLITO (Napoles) - Gota espontanea e gota experimental. Alterações do ouvido, da faringe e laringe - Pag. 321.

Submetendo algumas aves (galinhas) durante varios meses á um regimen hiperpurinico, obteve o A. em quasi todos os espicemens as formas similares gotosas, como formação de todos articulares e deposito de uratos nos tecidos.

Além disso, nessas aves havia alterações do laringe, faringe e ouvidos, alterações representadas por infiltração parvi-celulares da submucosa, com aspéto linfoide da mesma, queratinisação das camadas superficiais do epitelio de Malpighi da faringe, e principalmente alterações da capsula otica (vacuolisação das trabeculas).

Essas constatações, diz o A., são tambem verificadas nos individuos com uricemía e gota.

D. CIURLO e G. SANTUCCI (Genova) - Estudo eletrocardiografico das modificações da atividade cardiaca consecutivas á excitação rotatoria e calorica do labirinto posterior - Pag. 353.

Os AA. verificaram que a excitação rotatoria determina uma aceleração do ritmo cardiaco, que em alguns casos, é acompanhada de variações da altura da onda do electrocardiagrafo. Com a excitação calorica (fria), ha uma diminuição do ritmo e em abaixamento da onda. Essas alterações são oriundas das excitações sobre os nervos reguladores do coração.

G. TORRINI (Florença) - Sindrome vagal por rolha de serumen - Pg. 371.

Descreve o A. o caso de um homem de 36 anos que, ha um mês atraz, acôrdou de noite com sensação de falta de ar e fraqueza geral, melhorando após ter feito um movimento de deglutição. Mas logo depois apareciam de novo crises respiratorias, com diminuição do ritmo respiratorio, pulso 56 e astenía intensa. Chamado o clinico, este suspeitou que tal sintomatologia pudesse correr por conta de alguma lesão auricular. Pela otoscopia, verificou-se a presença de uma rolha de cerumen no conduto auditivo externo, que retirada, fez desaparecer toda a sintomatologia anterior, no fim de 1-2 dias.

O A. pensa que se tratava de um caso de excitação diréta dos filetes do vago da parede postero-inferior do conduto e do timpano.

NOTA DO ANALISTA: O Dr. Ottoni de Rezende apresentou ha três anos, na Secção de O. R. L. da Associação Paulista de Medicina, a observação de um doente com vertigens rotatorias, vomitos etc. ficando o paciente restabelecido desses incomodos após retirada de rolha de cerumen do conduto auditivo externo.

H. C.


LOTO-RINO-LARINGOLOGIA ITALIANA
Vol. V - N.º 1 - Janeiro 1935.

P. CALICETI - A laringe, a amigdala e a mucosa do faringe nas autopsias de individuos mortos por tuberculóse pulmonar - Pag. l.

Caliceti realisa um estudo anatomo-patologico sobre o laringe, as amigdalas linguais e palatinas e sobre a mucosa da faringe, de individuos mortos por tuberculóse pulmonar. Limitou seus estudos aos casos que não apresentam lesões macroscopicas e isto o fez com o fito de praticar um estudo patogenico.

Descreve, minuciosamente, as lesões observadas e realça, pelos seus estudos, importantes deduções patogenicas.

PIETRO TULLIO e GIORGIO ROSSI - Os reflexos sonoros nos coelhos - Pag. 26.

Os AA., após a abertura de um dos canais semi-circulares de coelho, estimularam o ouvido por meio de sons. Com o canal semi-circular aberto, o animal não apresenta nenhuma modificação na atitude e nos movimentos espontaneos, com o som de um assobio de Edelmann, mesmo á distancia de um metro, obtiveram o desvio da cabeça no plano horizontal que, com o som agúdo, introduzido no ouvido, por meio de um tubo, chegou mesmo a 90º, acompanhado de nistagmo horizontal evidente, quando a cabeça era fixada.

Abrindo o canal superior, o animal levantava a cabeça, mesmo a 90° e o nistagmo era rotatorio; abrindo o canal posterior, o animal, ao som do assobio, baixava a cabeça e o nistagmo era rotatorio para baixo. Os movimentos seguem fielmente todas as variações do som, e se mostram diferentes pelos sons de cada letra, tal qual como acontece para os pombos.

DR. IPPOLITO BALZANO - Sobre a importancia dos reflexos nasais e auriculares na patogenia de certas mortes subitas na agua - Pag. 70.

Afim de determinar a parte que o nariz e os ouvidos têm na patogenia de certas mortes subitas, na agua, o A. estudou os efeitos que o estimulo hídrico, aplicado no nariz e nos ouvidos externos, produzem a cargo da respiração e da circulação; neste sentido poude, notar três ordens de fenomenos: a iníbição respiratoria, a bradicardía e a elevação da pressão sistolica, com quéda diastolica rapida.

Estes fenomenos, que correspondem precisamente aos observados no reflexo oculo cardiaco, podem explicar a morte subita na agua. Ainda mais, o A. conseguiu demonstrar que se produz uma inflamação, na zona sobre a qual se aplica o estimulo, os efeitos serão mais intensos, isto é, segundo o A. poderia ter sua importancia na explicação da causa que concorre para provocar uma suceptibilidade patologica especial, momentanea ou duravel, capaz de ocasionar a morte subita na agua.

M. O. R.


DIVERSOS

DR. WALTER TELLES - Propidon e calcio na veia (Publicações Medicas - S. Paulo) - an. VI - n.º 9 - Abril 1935 (S. Paulo)

O problema do choque ocasionado pelas vacinas, e com especialidade o "propidon" (caldo-stock vacina mixta de estrepto, estafilocóco e bacilo piociânico, formula do Prof. Delbret) causa uma serie de dissabores. No mais das vezes, ou o doente abandona o tratamento após o choque da primeira injeção, ou, se volta é para queixar-se dele, e dificil então se torna convencê-lo de que, se ha choque ha beneficio, porque ha defeza.

Mas nem sempre é assim. Vezes ha, ainda, em que é o medico mesmo o primeiro a temer o choque, razão da resistencia ou idade avançada do doente, ou seja porque oposição exista, por parte da familia do paciente.

O A. teve ensejo de, em algumas observações pessoais, provar a excelencia do metodo preconisado por Moacyr Ubirajara "Como evitar o choque do propidon", isto é, dar quinze minutos antes de injetar o propidon, uma injeção endovenosa de calcio. Constatou que, assim fazendo, não ha choque, reação absolutamente nula, salvo ligeira dôr local, pequeno mal estar, pequena ascenção térmica, 37º, 4 (em regra o propidon dá 39º de febre).

Os resultados com o propidon assim administrado foram surpreendentes, sem os fenomenos desagradaveis e alarmantes do choque.

O exito da técnica experimentada levou o A. então a tentar identico procedimento a outras stock-vacinas, como o dmelcos, (no tratamento do cancro móle, b. Ducrey), que tambem dá reação intensa, e obteve identico sucesso.

O A. resalta o valôr dessa técnica, entendendo que ela deve ser divulgada em larga escala.

H. C.

SILVIO CALDAS (Recife) - Novo conceito patogenico da sinusite maxilar de origem dentaria (Sep. dos "Arq. de Cir. e Ortop.", set. 1934, Pernambuco).

O A., depois de descrever a patogenia das sinusites maxilares, refere-se especialmente aos casos em que a infecção processa-se por intermedio das lesões focais de origem dentaria.

Acha que não é só o processo classico, já conhecido, que ocasiona as sinusites maxilares, de origem dentaria, mas que estas podem ter lugar, tambem, pelas vias vasculares (capilares e linfaticos), que infectariam o antro por contiguidade. Acha, mesmo, o A. que não se torna necessaria uma lesão da raiz do dente para que a infecção se produza, uma carie com pulpite consequente, será o suficiente. Cita observações de quatro casos desta especie em que, após as extrações dos dentes responsaveis, obteve a cura de todos eles.

O artigo é ilustrado com esquemas coloridos e com fotografias.

M.O.R.

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