Versão Inglês

Ano:  1992  Vol. 58   Ed. 4  - Outubro - Dezembro - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 253 a 256

 

Splint-rx: Uma opção fisiológica para tamponamentos nasais pós-operatórios.

Splint-xray: A fisiologic option for pos-operatory nasal packing.

Autor(es): João Elmar de Oliveira*

Palavras-chave: epistaxe, septo nasal, cirurgia otorrinolaringológica

Keywords: epistaxis, nasal septum, surgery otorhinolaryngologic

Resumo:
O objetivo deste artigo é contribuir com uma nova maneira de realizar o tamponamento nasal, na qual seja mantida a fisiologia nasossinusal e que ofereça ao paciente um acordar suave e pós operatório menos angustiante do que aqueles produzidos pelos tamponamentos tradicionais.

Abstract:
The objective of this article is to contribute with a new way of nasal packing keeping the nasal sinusal fisiology and offer to the patient a agreeable wake up. We found that this method greatly simplifies the traditional nasal packing.

INTRODUÇÃO

A respiração bucal é um substituto antifisiológico adquirido e aprendido, que se deve usar em períodos de emergência ou de grande demanda ventilatória.

HELLMAN (1927), reconheceu a superioridade da respiração nasal sobre a bucal.
YASA (1939) e OGURA (1968), confirmaram que longos períodos de respiração bucal são insuficientes e acarretam um maior gasto de energia.

LUSCHER (1930), confirmou uma diminuição da reserva alcalina e acidose respiratória, nos respiradores bucais.

NOONAM (1965), descreveu cor pulmonale reversível em pacientes com obstrução crônica por hipertrofia de adeno-amígdalas, e também confirmadas por LUKE (1966).

SLOCUM (1976), confirmou uma diminuição de PO2 e menor distensibilidade pulmonar com aumento da resistência pulmonar em pacientes com obstrução nasal.

A importância da respiração nasal e a manutenção do reflexo naso-pulmonar são indiscutíveis; sendo que alguns rinologistas chegam a afirmar que a respiração bucal gasta 16 vezes mais energia que a respiração nasal e que o nariz é feito para economizar energia.

Portanto, após ouvir os pacientes no pós-operatório reclamarem da sensação desagradável causada pelo tamponamento total, causando dor de garganta, secura, sensação de afogamento e muitas outras queixas, alternadas de paciente para paciente é que resolvemos adaptar este modelo de tamponamento chamado SPLINT-RX que é ao mesmo tempo modelador e hemostático.

MATERIAIS E MÉTODOS

Estamos usando um SPLINT-PX adaptado conforme a anatomia da cavidade nasal (ver figura) de cada paciente operado. Este material deve ser preparado com banhos de ajax ou germekyl, para que seja eliminada as impurezas do filme, sua esterilização também poderá ser feita com álcool iodado.

A confecção é realizada na hora da colocação (ver figura), para que a pressão fique maior ("efeito mola"): deve ser retirado quantas vezes for necessário, até o cirurgião ficar satisfeito com o seu papel posicionamento na fossa nasal. Após introduzir o espéculo nasal, entre os folhetos do SPLINT-RX, realizar a revisão de sua posição, aspirar a rinofaringe, afastar possíveis sangramentos, colocar um algodão com vasoconstritor se necessário.

Foram realizadas 19 cirurgias da fossa nasal e não obtivemos sinais de irritações, reações alérgicas, necroses, granulações ou sinais de que o SPLINT-RX tenha causado rejeição.

A variação da idade dos pacientes operados foi de 14 à 48 anos, sendo 7 (sete) do sexo feminino e 12 (doze) do sexo masculino.

(1). Deve ser evitado o contato com a cartilagem lateral superior, fazendo a retirada deste segmento conforme figura.

(2). Ponto transfixante septo-septal no SPLINT-RX para fixar, moldar e realizar hemostasia septal.

(3). Face septal do SPLINT-RX.

(4). Face lateral, que deve ser moldado conforme o tamanho do coreto, não deve comprimir o coreto médio, porque deve manter o complexo óstoo-meatal permeável.

(5). A face lateral do SPLINT-RX, não deverá aparecer no vestíbulo, deve haver um recuo, para não produzir irritação ou compressão na asa nasal.

(6). Antes de ser posicionado devemos inverter a face lateral do SPLINT-RX, para produzirmos o "efeito mola" (moldagem, hemostásia).

(7). Para sua retirada usa-se uma pinça hemostática sem dentes, pinçando na junção das duas faces, realizando um movimento contínuo e firme, que é indolor.

O tempo de permanência variou desde 24 horas até 96 horas, houve o caso de um paciente que permaneceu 10 dias tamponado. Através do SPLINT-RX, se o paciente referir que está com obstrução nasal, podemos pingar gotas nasais, e também efetuarmos aspirações com sondas ou aspiradores nasais.

CUIDADOS COM O SPLINT-RX

1. Cada narina tem a sua característica e forma individualizada, portanto devemos adaptar o SPLINT-RX para os casos específicos.

2. A face septal (3) do SPLINT-RX, deve ser mais longa para avançar sobre a columela, onde é fixada com pontos transfixante septo-septal, com mononylon 3.0 (2).



FIGURA 1- confecção do SPLINT-RX e seu posicionamento na fossa nasal.



3. Deve ser evitado o contato do SPLINT-RX com a válvula nasal, porque produz dor e há risco de ocorrer necrose da cartilagem lateral superior (1).

4. A face lateral do SPLINT RX (4), deve ter a forma semelhante do cometo inferior, sendo mais curta que a face septal, pois deve ficar sobre a cabeça do corneto inferior.

5. O tempo de permanência em média de 72 horas (setenta e duas), podendo ser retirado em 24 horas (vinte e quatro) ou mais dependendo da extensão da cirurgia e a patologia em questão.

Ex. Microsseptoplastias, microcimrgia endonasal, retira-se em 24 horas.

Septoplastias e tratamento de cornetos retira-se com 72 horas, mas nos casos de reintervenção por sinéquias pós-traumáticas ou pós-operatórias e septoplastias em crianças, podemos aumentar este tempo.

6. Para retirar o SPLINT-RX, libera-se o ponto septoseptal columelar, prendendo o mesmo com uma pinça hemostática sem dentes (7), na junção dos folhetos septal e lateral, retira-se com um movimento contínuo, delicado e firme, sem de preocupar com a pressão que é feito sobre o vestíbulo pelas extremidades dos folhetos.

CONCLUSÕES

1. O SPLINT-RX, permite a via nasal livre ao acordar.

2. Não suprime o reflexo naso-pulmonar.

3. Permite uma alimentação adequada nos pós-operatório sem a manobra de valsalva indesejada.

4, A irritação oro-faríngea e boca seca no PO é mínima.

5. O SPLINT-RX permite uma aspiração das secreções através dos folhetos, com uma sonda aspirador fino tipo agulha de peridural.

6. Mantém os óstios de drenagem abertos e com isto diminuindo o índice de sinusopatias no PO.

7. Serve para coibir pequenos sangramentos e hematomas septais no PO, e funciona corno modelador do mesmo.

8. Pode der usado na septoplastia, turbinoplastia e cauterização nasal em crianças, cujo curativo é difícil de ser realizado e neste caso ser mantido mais tempo, quatro ou mais dias com aspirações diárias através dos folhetas sem se preocupar com sinéquias ou necroses.

9. Na grande maioria dos casos o paciente não refere dor e desconhece a presença do SPLINT-RX.

10. Forma poucas crostas e mantém a região olfatória livre.

11. É uma boa opção quando realizamos cirurgias combinadas como timpanoplastia e septoplastia ou septoplastia e amigdalectomia.

BIBLIOGRAFIA

1. OGURA, J. - Baseline values in pulmonary mechanics for phsysiologic surgery of the nose. Arch. Otolaryngol., 77:367-397, [968.
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3. LOPES F.O. - Fisiologia Nasal. Temas de Otorrinolaringologia, l: 107- [16,[977.
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12. DIXOM, H. - The use of the operating microscope in ethmoid surgcry. Otol. Clinics North America, 18:75-85, 1985.
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14. FRIEDMAM, W. - Sfnoethmoidectomy: the case for ethmoid marsupializafon. The Laryngoscope, 96:473-479, 1986.




Especialista em Otorrinolaringologia pela SBORL.
Otorrinolaringologista da Clínica Silveira. Otorrinolaringologista dos Hospitais: Santa Terezinha e Caridade de Erechim

Endereço Clínica Silveira: Av. Sete de Setembro, n° 1502 - Erechim - RS- Brasil - CEp: 99700

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