Versão Inglês

Ano:  1935  Vol. 3   Ed. 2  - Março - Abril - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 171 a 191

 

REVISTA DAS REVISTAS - PARTE 2

Autor(es): -

PASSOW-SCHAEFER BEITRAEGE
Vol. 31 - Cadernos 1/2 - Julho , 1933. (Berlim)

O. STEURER - A radiografia como meio diagnostico da otoesclerose? Pag. 1.

São as seguintes as conclusões do autor:

1.° - A tecnica radiologica atual não permite demonstrar, de modo claro, fócos de otoesclerose.

2.° - O processo otoesclerotico póde desenvolver-se em qualquer especie de pneumatisação.

3.° - O valor da radiografia no diagnostico da otoesclerose consiste no seguinte: em um grande numero de casos suspeitos de otoesclerose, especialmente para os que possuem bôa pneumatisação, demonstrada pela radiografia, podemos, com grandes visos de certeza, conculir como causa da perturbação auditiva, pela existencia de um processo adesivo, determinando, indiretamente, o diagnostico da otoesclerose.

Parece, ao A., de grande significação pratica, para os pacientes sujeitos, meses e meses, ao tratamento pelo cateterismo e massagens do timpano, determinar-se o resultado que possa esperar, ainda, da continuação deste modo de tratamento. Descobre-se, em tais doentes, uma bôa pneumatisação, então pode-se negar tais resultados, ao passo que sem a radiografia não se tem orientação alguma. Encontra-se, porém, a mastoide sem pneumatisação, então pode-se aconselhar a continuação do tratamento.


DR. ERICH WIRTH - A virulencia dos pneumococus no curso das otites e sinusites agúdas - Pag. 8.

Em regra geral, a virulencia do grupo de pneumococus, permanece completamente constante durante todo curso da molestia. Só raramente aparecem grandes oscilações na virulencia, mas sem nenhuma relação com o decurso clinico. São independentes a cura clinica e o desenvolvimento para complicações da virulencia do pneumococus infectante. Em geral, o grupo pneumococus, que tenha sido encontrado na secreção de uma otite média agúda é, geralmente, de grande virulencia; no entanto pneumococus de grande virulencia podem produzir otites benignas. O decurso clinico de uma otite depende mais das relações anatomicas do ouviddo médio afetado e do tipo serologico, do que da virulencia da especie de pneumococus infectante. Um decurso atipico de uma otite a pneumococus, é, geralmente, causado por uma infecção secundaria, produzida por outro agente, muito particularmente pelos estreptococus hemoliticos. Tambem as sinusites podem ser causadas pelo grupo menos virulento de pneumococus do grupo 10.

M. SCHWARZ - Sobre o desenvolvimento do atmoide. Exame sintetico, morfologico sobre a genese. Pag. 17.

O A. desenvolve, no curso do trabalho, seu modo de ver sobre a genese do etmoide, não só em bôa exposição, como por meio de profusa documentação, chegando por meio de exames sintetico-morfologicos, praticados em fétos de vitelos de diferentes idades, á conclusão de que a formação do sistema etmoidal constitue uma função do epitelio.
Aqui tem valor a lei da, dicotomia assimetrica, da mesma fórma por que se passa na trama epitelial do pulmão.

A. SEIFFERT (Kiel) - Erros nos corpos estranhos dos bronquios com estenose valvular. - Pág. 42.

O A. resume seu modo de pensar sobre o assunto, nos seguintes itens:

1) - Não se deve desprezar os dados anamnesicos sem fundamento serio.

2) - Os sintomas leves, quer objetivos, quer subjetivos, assim como a melhora da respiração, não constituem razão para a negativa da existencia de um corpo estranho.


3) - O lado em que exista um corpo estranho póde apresentar-se, em comparação com o lado são, obscurecido regularmente ou mais claro.

4) - Na broncoscopia todos os bronquios acessiveis deverão ser pesquizados.


DR. FRITZ ZOELLNER - Oclusão do ductus naso-frontais e formação do piocele - Pag. 4 7.

O A. refere-se a dois casos de antrite dilatans que, quando de origem inflamatoria, poderá constituir a base de um piocele. A oclusão do ductus naso-frontalis, nestes casos, teve origem num edema inflamatorio e tecido de granulações da mucosa.
Num dos casos, com inflamação cronica do seio frontal, acompanhada de osteomielite, produziu-se completa obliteração cicatricial do ductus. Concluiu-se que este achado no canal naso-frontal constituia um estado mais avançado das perturbações encontradas. Num caso de mucocele do etmoide, combinado com piocele de ambos os seios frontais, foi aceita a origem traumatica. Como causa de um mucocele unilateral do frontal encontra-se a formação de um osteofito de fórma tumoral no ductus nasofrontal.

DR. GEORG KRIEGSMANN - Glossitis abscedens agricolarum - Pag. 88.

As inflamações circunscritas da lingua, observadas pelo A., oferecem uma particularidade. Aparecem quasi todas no outono ou no inverno e atacam, na maioria dos casos, pessôas que trabalham no campo.

O A. atribue a infecção á ferimentos por corpos estranhos, grãos de trigo. Os casos têm decurso relativamente benigno. Uma parte deles cura-se conservativamente. A maioria deverá ser operada. O A. abre o abcesso, geralmente, pela via do soalho bucal.

M. O. R.


MONATSSCHRIFT FOR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE
Vol. 68 - Julho de 1934 (Viena).


PROSKURJAKOW - Sobre a ação da tração do esternocleido sobre a mastoide no torticolis - Pag. 808.

Das pesquizas do A. sobre cinco casos, conclúe-se que do lado do torticolis existe um aumento de tamanho, não só da mastoide, como tambem do hemicraneo. O pavilhão da orelha sofre a mesma ação mas em menor proporção.

Estes resultados mostram a importancia da ação dos musculos no desenvolvimento do esqueleto e especialmente na mastoide.

A pneumatização deste osso tambem sofre a influencia da tração do esternocleido. No lado atacado as celulas eram maiores.

BLEGVAD - Contribuição á patogenia da fraqueza vocal funcional (fonastenia) - Pag. 833.

Fonastenia é o cansaço cronico da voz. As causas do cansaço são: uma falta de oxigenio nos musculos, acumulo de substancias, de natureza desconhecida, que não são eliminadas rapidamente e ação fisico-quimica sobre o protoplasma. O cansaço não é perigoso mesmo repetido diariamente; ele o é quando não ha tempo suficiente de descanço. O resultado do cansaço é a degeneração dos musculos, com atrofia do tecido e formação conjuntiva. Na fonastenia encontram-se todos os sintomas do cansaço: rebaixamento do trabalho dos musculos, cansaço das celulas nervosas, com abalos musculares e forte contração, cansaço dos órgãos sensiveis, com sensação subjetiva, secura do órgão, finalmente cansaço universal com ação psiquica.

As doenças que contribuem para a fonastenia, podem localizar-se não só na laringe, como tambem nos órgãos respiratorios e de resonancia.

As dôres provocadas pela fonestenia, localizam-se não só na laringe, como tambem e mais frequentemente na base da lingua, daí irradiando-se para a nuca, maxilar inferior e para o externo. Estas dôres são explicadas pela acção de musculos accessorios da garganta, do soalho da boca e da base da lingua. Quando a fonestenia permanece muito tempo, sobrevêm modificações irreparaveis: atrofia com paresia das cordas, doença das glandulas e dos capilares. Nestes estados avançados, é a fonastenia incuravel.


A. SABO - As relações da voz falada e cantada com o sistema nervoso central de acôrdo com as pesquizas - Pag. 839.

A encefalite epidemica atinge pontos do cerebro, cuja função nós não conhecemos.

Chamam-se esses pontos ganglios centrais, colocados no centro do cerebro e constitue-se de grande quantidade de complexos nervosos celulares. Acrescentamos a eles tambem o talamus otico. Chamados antigamente de nucleos caudatus e lenticularis, denominam-se hoje striatum. Este divide-se em duas partes: a mais velha paleostriatum ou pallidum e a mais nova neostriatum. O striatum preside a funções motoras, as quais temos falsamente ligado ao sistema piramidal. O novo sistema total recebeu o nome de extrapiramidium.

O A. trata das relações da fala e do canto com este novo sistema. Já se sabe de longa data que a fala recebe seu impulso da circunvolução frontal de Broca e as celulas motoras das circunvoluções centrais cuja excitação é transposta ao grupo celular da ponte, do bulbo e da medula espinhal até os musculos da fala.

O talamus é o ponto de reunião de todas as impressões exteriores do organismo; através dele são conduzidas á cortical e por outro lado ele conduz o impulso cortical ao striatum. O neostriatum preside á função do pallidium, controlando-lhe o funcionamento. Desde que isso não aconteça, o pallidium trabalha descontrolado, daí resultando incoordenação dos movimentos musculares. Isso se observa nas creanças tenras, nas quais o pallidium trabalha sem o controle, porque a mielinização do neostriatum se dá somente no 9.° mês.

Quando o neostriatum adoece, como na doença de S. Guido, aparecem movimente incoordenados podendo terminar na mudez.

No canto, observa-se o comprometimento dos ganglios centrais, pela quebra do ritmo; e na fala porque esta se torna monotona, prolongada, sem colorido.

Até agora não se conheciam os centros que se achavam ligados á fala e sua conexão com os outros centros da afetividade, simpatico, etc.


BERNFELD - O que ha de novo e de velho na clinica da epiglotite isolada - Pag. 845.

As doenças isoladas da epiglote são mais comumente: epiglotite catarral, epiglotite idiopatica, angina epiglotica, abcesso da epiglotite, etc. A epiglotite catarral já era conhecida desde o tempo pré-laringoscopico. O herpes da epiglote apresenta mais ou menos o seguinte quadro: após alguns dias de febre, aparecem vesículas que se rompem e desaparecem após 24 horas. Ultimamente descreve Kobrak a tonsilite inferior, nome que deve ser reservado á inflamação das tonsilas da laringe, isto é, ao tecido adenoide localizado no ventrículo de Morgagni.

O A. descreve dois casos de epiglotite isolada, um sob a forma de epiglotite folicular e outro de epiglotite bulosa submucosa.


HASLINGER - Exame endoacopico do estreitamento cricoide do esofago - Pag. 853.

O A. descreve a dificuldade do encontro de corpos estranhos que se localisam no estreitamento cricoide do esofago e a possibilidade de serem eles visiveis. Detalha a marcha da endoscopia em tais casos e aconselha o exame sistematico do estreitamento cricoide, para a descoberta de pequenos corpos estranhos, colocados nas paredes laterais.


URBANTSCHITSCH - Paralisia transitoria do abducente após trepanação da mastoide por mastoidite supurada.

Após decurso favoravel de operação da mastoide, aparece paralisia do abducente e supuração profusa pelo conduto. A paralisia dura tanto quanto a supuração, cessando completamente. O estado geral foi sempre bom, sem outro sintoma a não ser os já indicados. Trata-se provavelmente de edema do nervo, em sua estrutura, através da dura.

DR. ROBERTO OLIVA.


Vol. 68 - Agosto de 1934 (Viena).

DAVYDOW - Extração não sangrenta de corpos estranhos da traquéa na creança - Pag. 936.

A principal desvantagem da traqueoscopia alta, é a produção, na creança de tenra idade, de edema da glote e daí asfixia, que necessita traqueotomia imediata.

A narcose pelo eter tem a desvantagem de provocar uma exsudação da mucosa, que dificulta as manobras. Os inconvenientes da traqueoscopia alta, levaram a maioria dos laringologistas a preferir a traqueotomia prévia para a extração de corpos estranhos da traquéa das creanças, como um processo de confiança e relativamente sem perigo. Contra essa operação, falam todavia os perigos provenientes da pressa com que ela deve ser feita, mormente tendo-se em vista que ela é praticada quasi sempre de urgencia, além da possibilidade de lesão de vasos.

Na clinica do A., emprega-se a traqueoscopia segundo Seiffert, desde 1927, sem anestesia. Nos corpos estranhos, moveis, da traquéa, a traqueotomia é contra-indicada.


LUSCHER - Supositorias de cibalgina como anestesico - Pag. 942.

O A. emprega esses supositorios como analgesico após tonsilectomia, bem como qualquer outra operação da garganta. O remedio, por esse meio, é bem tolerado pelos doentes. A dose para adultos é de 50 centg. e para crianças de 25 centg. Essa dose pode ser repetida até 3 ou 4 vezes por dia.


ALPIN - Contribuição á casuistica do piocéle etmoidal - Pag. 1.009.

O piocéle dos antros acessorios do nariz é ainda mais raro que o mucocéle. O piocéle desenvolve-se ou após supuração do antro e oclusão do orificio de saída, ou após infecção de um mucocéle ou piocéle já existente. O piocéle bem como o mucocéle, tem uma marcha indolor e cronica.

O A. apresenta um caso de piocéle do etmoide, com propagação para a orbita e cavidade nasal e tambem para o antro frontal. O doente foi operado segundo a incisão de Preysing. O piocéle se deu por obliteração do orificio de saida. A recidiva é sempre possivel, mas aqui é pouco provavel, visto como foi feita ressecção radical do etmoide, bem como a eliminação do antro frontal segundo a tecnica de Riedel.


MARKOWICZ - Um caso de eritema multiforme após tonsilectomia Pag. 1.018.

Mulher de 27 anos é após operação de tonsilectomia, quando a ferida já se achava cicatrizada, acometida de eritema nas pernas, quadrís e nas articulações dos membros superiores. Esse eritema foi precedido de febre cansaço e mal-estar. Eram manchas disseminadas, redondas, vermelho-azuladas, que empalideciam á pressão. As mucosas achavam-se sans. O diagnostico feito foi: eritema multiforme. A doente tomou inj. de cilotropina e salicilato de sodio.
O eritema desapareceu após dez dias.

DR. ROBERTO OLIVA.

REVUE DE LARYNGOLOGIE, OTOLOGIE, RHINOLOGIE
Vol. 55 - Abril 1934 - N.º 4 (Bordeaux).

ALONSO (Prof. J.- M.) -Contribuição ao estudo dos tumores da orelha - Pag. 410.

O professor de O.-R.-Laringología de Montevideo estuda separadamente os tumores do pavilhão, da região mastóidea, do conduto auditivo, da orelha média e da interna. Neoplasmas malignos e benignos constituem, em cada capítulo, estudo á parte.

A estatística do A. compreende 50 casos, a propósito dos quais Alonso tece comentários, principalmente de ordem terapêutica.

Bibliografia rica, atingindo a 268 citações.

FAGART (M.) - A inervação motora do véu palatino - Pag. 451.

Desde os notáveis estudos de Lermoyez em fins do século passado é hoje conceito clássico que a paralisia facial pura não provoca paralisia do véu.
O A. procura demonstrar que tal associação é possivel desde que a lesão do VII se localize acima do ganglio geniculado. Em apoio dos seus argumentos cita alguns fatos anatómicos, clínicos e experimentais.

Praticando em oito coelhos o arrancamento do facial obteve Fagart, na metade dos casos, resultados que falam em favor da participação do VII na inervação do véu.

Reconhece F. que na inervação do véu palatino, tal como hoje é admitida,, repousa em bases sólidas e que os estudos de Lermoyez têm sido confirmados desde então por outros observadores. Admite, entretanto, que o véu palatino, órgão que participa de funções multiplas, receba inervação tambem variada.

Boa bibliografia acompanha os diferentes capítulos (histórico, anatomia, embriologia, clínica e estudo experimental).

DAVID (L) - Colesteatoma primitivo do temporal, deformação congênita do pavilhão e ausência de conduto auditivo externo - Pag. 511.

Trata-se de um adulto que ha duas semanas apresentava um pequeno tumor retro-auricular com sensação de ardor, e de tensão. Anos antes apresentara, por duas vezes, a mesma sintomatologia, tendo sofrido a abertura da coleção retro-auricular.

Depois de verificar as anomalias da orelha externa e de proceder a exame radiográfico que revelou imagem de colesteatoma, D. pratica o tratamento cirúrgico. A incisão descobre uma bolsa sub-cutânea, cheia de granulações e líquido sôro-purulento, em comunicação com uma fístula da cortical externa, aonde apontava lâmina de colesteatoma. A intervenção proseguiu com certa dificuldade devido a falta de pontos de referência. Retirado o colesteatoma, o A., em um segundo tempo, sob narcose, completa a intervenção. A caixa era rudimentar; não havia martelo, nem timpano. Com um retalho temporal, D. consegue completar a plástica do conduto.

Como pontos interessantes da observação, resalta D. os seguintes: a melhoria post-operatória da audição; o modo por que foi confeccionado o conduto; a transmissão ao filho do paciente de deformação análoga da orelha externa; a presença do colesteatoma primitivo.

Nas ultimas páginas, revê a questão ainda controversa da patogenia dos colesteatomas do temporal e apresenta a seguinte divisão: a) colesteatomas sem supuração da caixa; b) colesteatomas com supuração da caixa. Uma só patogenia para ambas as classes: mitose ativa de células embrionárias inaproveitadas na constituição da orelha durante a fase embriológica. Os colesteatomas sem supuração são mais raros e correspondem aos c. primitivos dos autores; os tumores do segundo grupo se observam mais freqüentemente porque a supuração do ático representa um agente irritante de alta importancia no que concerne á atividade da célula embrionária.

DR. GUÉDES DE MÉLO F.°

Vol. 55 - Maio 1934 - N.º 5.

PORTMANN (Prof. G.) e PHILIP (R.) - A papilomatose laringo-traqueal - Pag. 545.

Os papilomas do laringe, a-pesar-de sua tendência á invasão, não se extendem, em geral, abaixo da cricoide. Os AA. observaram um caso de invasão tráqueo-brônquica, em criança de 2½ anos, que evolveu para a morte em menos de um ano.

P. e P. fazem uma revisão do assunto, estudando o histórico, a etiologia, anat. patológica, formas clínicas e tratamento.

O tratamento deve ser essencialmente cirúrgico (ablação sob endoscopia), por vezes completado pela radioterapia. Apesar da repulalução, verifica-se muitas vezes que diminue a atividade recidivante dos papilomas. Deve-se evitar qualquer irritação de vizinhança e considerar proscrita a tireotomia. Os resultados são função da densidade e da tendência invasora das lesões.

MONTEIRO (A.), MARINHO (Prof. J.) Associação sifilo-tuberculosa da faringe. Trabalho nacional, da clínica da Faculdade do Rio - Pag. 578.

A presença da associação sifile e tuberculose nem sempre ocorre ao clínico e talvez seja mais freqüente do que se supõe.

Os AA. apresentam observação de paciente em que havia quatro ulcerações da faringe, três das quais clinicamente sifiliticas e uma que lembrava o aspecto das lesões tuberculosas; laringe normal; Wassermann muito positiva; imagem radiográfica suspeita de lesão tuberculosa. Enquanto aguardam o resultado do exame histo-patológico, os AA. injetam 0,30 de 914 e, dias depois, verificam acentuada melhoria. A lesão, entretanto, fôra diagnosticada como tuberculose pelo anátomo-patologista. Os AA. admitem a existencia da sifile e da tuberculose, com predominio desta ultima na imagem das lesões microscópicas. Tratava-se de uma infecção sifilitica em um terreno alterado por uma tuberculose anterior e latente.

DELAS (J.) - A traqueotomia na tuberculose laringes e pulmonar - Pag. 586.

A unica indicação da traqueotomia é a estenose laringea. As formas infiltro-edematosas da tuberculose crônica provocam muitas vezes embaraço respiratório. O prognóstico depende do estado dos pulmões, o qual, freqüentemente, é agravado pela operação. Em casos favoráveis, a traqueotomia traz melhoras rápidas, o que explica o fato de alguns autores terem pensado em transforma-la em processo de tratamento da tuberculose.

DR. GUÉDES DE MÉLO F.°

BRONCHOSCOPIE, OESOPHAGOSCOPIE ET GASTROSCOPIE
N.º 3 - Julho 1934 (Paris).

M. OMBRÉDANNE e P. GUERIN - Hemoptise não tuberculosa determinada por lesão traqueal, descoberta e curada por broncoscopia - Pag. 204.

Trata-se de um homem, de 35 anos, sofrendo de hemoptises repetidas, ha 15 meses, em que a traqueoscopia diréta descobriu pequeno tumor, na região infra-glotica, na porção anterior do 1.º anel traqueal confinando com a cricoide. O tumor era visivel por laringoscopia indiréta na posição de Killian e foi tratado com aplicações de acido lactico, com excelentes resultados, desaparecendo as hemoptises. Não foi feita biopsia.

PROF. TERRACOL - Corpo estranho vegeta da traquéia (semente de tangerina) - Pag. 209.

Observação banal de corpo estranho na traquéia em criança de 27 meses, extraido com facilidade por via oral. A observação é acompanhada de considerações sobre o assunto.

TERRACOL, GOUBERT e J. BALMES - Corpo estranho do esofago (alfinete de segurança) em uma criança - Pag. 216.

Alfinete de segurança com a ponta voltada para cima no esofago toracico de um menino de quatro anos de idade. A extração foi feita com exito usando-se o procésso da introdução da ponta do alfinete no esofagoscopio.

JEAN PIRQUET - Corpos estranhos latentes do esofago - Pag. 219.

Depois de mostrar que os corpos estranhos latentes do esofago são mais raros que os dos brônquios, o A. relata três observações. Na primeira descreve historia de uma dentadura bem tolerada no esofago durante treze meses; na segunda de pequeno fragmento de osseo encravado no esofago e determinando disfagia e na terceira, a mais interessante, um alfinete de segurança aberto localizado no esofago de criança de 18 meses e descoberto casualmente pela radiografia. O corpo estranho tinha sido deglutido provavelmente seis meses antes. O estado geral do paciente apresentava-se muito alterado; tinha perdido cinco kilos em seis meses. Extração facil com o tubo de Brünings, pois a ponta achava-se voltada para baixo. Restabelecimento rapido.

TERRACOL, PONS e BALMES - A proposito da extração de um alfinete de segurança, no esofago em um lactente - Pag. 213.

Alfinete de segurança, com a ponta voltada para cima, encravado no estreitamento crico-faringeu do esofago de um lactente de cinco meses de idade. A extração foi feita com o laringoscopio de Ch. Jacksor, com sucésso. Os autores chamam a atenção para as vantagens do uso desta espatula em tais casos.

J. N. ROY - Prostéses dentarias retiradas do esofago sob esofagoscopia.

O A. descreve duas observações e faz considerações sobre esta variedade de corpos estranhos. Aconselha que o endoscopista procure se informar da forma da dentadura, do numero de dentes e principalmente da presença de pontas. Nos casos de dentadura muito encravada é recomendada a anestesia geral. Quando as manobras endoscopicas se apresentarem muito laboriosas é recomendavel fragmentar em dois o corpo estranho. Em ultimo caso recorrer a esofagotomia externa. Conclue afirmando que as protestéses dentárias oferecem serias complicações a endoscopia e que a extração das dentaduras põem em perigo a vida dos pacientes.

ANDRÉ BLOCH e A. SOULAS - Linguetas metalicas de apito intra-bronquicas, fisionomia clinica; extração pelas vias naturais - Pag. 227.

Os autores julgam estes casos freqüentes e descrevem três observações em que a extração do corpo estranho foi feita pela via oral. Extendem-se depois em varias considerações sobre esta variedade de corpos estranhos que não apresentam particularidades dignas de registo.

P. JACQUES e L. HOCHE - Tumor da traquéia - Pag. 234.

Em um homem de 52 anos apresentando dispnéia, a traqueoscopia diréta revelou pouco acima do esporão bronquico na parede anterior da traquéia um tumor, que tratado pelos causticos quimicos e pela exerése cirurgica trouxe grande alivio ao paciente, que, entretanto, veiu a falecer em caquexia. O exame histo-patologico mostrou tratar-se de um epitelioma adenoide.

SALOMON e LORSEAU - Imagens radiográficas de complicações dum estreitamento antigo do esofago - Pag. 239.

Trata-se de homem de 42 anos portador de antiga estenose do esofago e habituado a fazer, ele mesmo, a dilatação de sua estenose, com sondas esofagianas. Um mês antes de entrar no hospital o paciente passou a encontrar dificuldade na introdução das sondas, apresentando então um estado febril, 38½°. O exame radiologico mostrou ao nivel da 2ª vertebra dorsal, parada da pasta de bario e poz em evidência a passagem do bario em uma bolsa peritraqueal e peri bronquica. A autopsia mostrou perfuração, tres dedos transversaes acima da bifurcação traqueal. Os autores chamam a atenção para as sondagens repetidas e feitas em periodos de esofagite agúda.

A. SOULAS - Atelectasia pulmonar frustra a proposito de obturação dentaria intea-broquica - Pag. 241.

Observação de menina de nove anos que durante a anestesia geral aspirou obturação dentaria que se localizou no brônquio direito. A extração foi feita quatro dias após aspiração do corpo estranho apresentando a paciente um quadro clinico impressionante: temperatura 40°, tosse quintosa, incessante, dispnéia acentuada com tiragem, diminuição da expansão toracica e do murmurio vesicular, sopro asmatiforme. Depois da intervenção surgiram melhoras mas ainda houve necessidade de uma segunda broncoscopia feita quatro dias depois da primeira para aspiração de secreções bronquicas.

J. TERRACOL - Os perigos da esofagoscopia - Pag. 224.

Artigo didatico onde Terracol com muta clareza estuda as variabilidades anatomicas do esofago, alguns dados fisiologicos: os esfincteres e apresenta deduções patologica e tecnicas.

A. SOULAS - O ponto de vista do bronciscopista no linfatismo do adulto - Pag. 253.

Trabalho apresentado ao Congresso Internacional de Linfatismo realizado em junho de 1934. Soulas estuda os aspectos traqueo-bronquicas nos individuos linfaticos. Assinala que se verifica, em geral, abundancia de secreções traqueo-bronquicas, aumento de calibre da traquéia e bronquios, facilitando muito a drenagem e a mucosa apresenta-se palida espessada. O refléxo tussigeno diminuido. São casos bons para demonstração tecnica de broncoscopia.

O contrario se verifica nos asmaticos onde a violencia da movimentação traqueo-bronquica chega a real paroxismo; a mucosa apresenta-se hiperemiada e as secreções em geral mal drenadas devidos a condutos estreitos. Como elemento, a notar no tratamento, desta afecção de individuos linfaticos acha, que a cocaina é mal tolerada, verificando-se com mais frequência o risco de acidentes sincopais. A aspiração bronquica tem ação paliativa e deverá ser repetida indefinidamente. Assinala a eficacidade do emprego do lipiodol que julga superior a bronco-aspiração. A medicação iodo-arsenical é um possante auxiliar.

Estas manifestações traqueo-bronquicas dos linfaticos são acompanhadas em geral de rino-faringites muco-purulentas, de corizas repetidas e de etmoidites com polipose nasal.

A. SOULAS - Grão de feijão intra-bronquico em um lactente.

Observação de uma criança de 18 meses que aspirou um grão de feijão que veiu a se localizar no brônquio direito; a extração foi feita, pela via bucal, com sucesso. O A. extende-se em algumas considerações classicas sobre o assunto.

DR. GABRIEL PORTO


OTO-RINO-LARINGOLOGIA JAPONESA
Vol. VII - N.º 6 - Junho 1934 (Fukuoka, Japão).

OKUCHI - Tumor difterico da região retro-auricular - Pag. 501.

Trata-se do caso de uma menina de três anos, que apresentava ao nivel da região auricular, um tumor arredondado recoberto por um induto acinzentado muito aderente. O exame bacteriologico do material retirado, mostrou a presença de bacilos de Loeffler e estreptococos. Havia edema da região temporal e zigomatica, sem adenopatía. Pela sondagem com um estilete, verificou-se que havia uma comunicação do tumor ao conduto auditivo externo. Com a soroterapía e injecções de "formovaccin", a criança ficou curada um mês depois.

ISHII - Abcesso da bochecha após operação radical do seio maxilar - Pag. 505.

Relata o A. o caso de um homem de 21 anos, que teve fortes e repitidas hemorragias do seio maxilar direito, dois dias depois da retirada dum tampão deixado na cavidade, terminada a operação de Caldwell-Luc.

Com novo tamponamento a hemorragia cedeu, mas ao doente sobreveio uma otite media agúda, com um grande abcesso da bochecha, que incisado e drenado, curou-se rapidamente.

O A. chama a atenção para o fato de não ter esse abcesso relação com a ferida operatoria da boca, nem com o seio. Julga tratar-se de uma infecção estreptococica devido a falta de asepsia do tamponamento.

HASHIMOTO - Neoformação ossea na mucosa do seio maxilar - Pag. 512.

No decurso da operação radical de uma sinusite maxilar cronica esquerda, em uma moça de 19 anos, o A. encontrou encravado na mucosa do soalho do seio, um detrito de osso que tinha a aparencia de um dente. Feito o exame-histo-patologico, este revelou tratar-se de néo-formação ossea de origem inflamatoria cronica.

NAKASHIMA - Cancer do soalho da boca, na região sublingual - Pag. 517.

O A. apresenta dois casos de tumores cancerosos do soalho da boca: 1.°caso: Homem de 45 anos, portador ha um ano de uma ferida no soalho da boca. Sentia uma sensação de corpo estranho e irritação nessa região, onde a mucosa era tumefacta, infiltrada. Extirpação do tumor juntamente com a glandula sublingual. Exame histo-patologico: carcinoma basofilo. 2.° caso: Homem com 49 anos, que ha seis meses sentia sensação de corpo estranho na metade esquerda do soalho da boca. Extirpação de um tumor granuloso, crateriforme, juntamente com a glandula sublingual. Exame histo-patologico: cancer pavimentoso tipico.

Acredita o A. que a causa da formação dessas neoplasias pode ser atribuida á uma irritação persistente da mucosa.

MASUDA - Contribuição á casuistica da eliminação espontanea dos calculos salivares - Pag. 523.

Descreve o A. o caso de uma velha de 67 anos que ha cinco anos tinha uma tumefação localisada no soalho da boca, e ultimamente incomodava-a durante as refeições. Pelo exame, constatou-se a presença de um tumor do tamanho da extremidade do dedo indicador, que se localisava a direita do freio da lingua; notava-se tambem vermelhidão da mucosa e da caruncula sublingual.

Durante uma refeição, houve eliminação espontanea de um grande calculo salivar, de três centimetros de comprimento.

YASUMASU - Sobre o diagnostico sero-quimico do cancer, segundo o metodo de Fuchs, em oto-rino-laringología - Pag. 529.

O A. praticou o exame sero-chimico, segundo o metodo de Fuchs, em casos de tumores do maxilar superior, do laringe, das glandulas submaxilares, do naso-faringe e do epifaringe. Obteve reacção nitida em quatro casos de carcinoma tipico. Em dois casos operados, nos quais foi feita a radioterapia, ele obteve uma reacção de imunidade traduzido a boa evolução ulterior. Em um caso que se suspeitou de carcinoma da língua, a reacção foi negativa, o que se verificou clinicamente mais tarde. Termina afirmando que os resultados dessa prova estão de acôrdo com os da histología.

H. C.

LES ANNALES D'OTO-LARYNGOLOGIE
N.º 3 - Março 1934 (Paris).

CH. RUPPE - Kistos paradentarios. Generalidades - Pag. 222.

Faz o A. um resumo anatomico dos dentes e estudo embriologico dos mesmos, mostrando que têm uma dupla formação: ecto e endodermica. Do estudo anatomico vem a explicação para fatos patologicos. Estes se resumem no seguinte:

1.º) Existem cistos chamados paradentarios ou radiculo-dentarios, cuja formação provem da sucessão de fenomenos patológicos seguintes: carie dentaria ou mortificação pulpar sem
carie, gangrena pulpar, granuloma peri-apical e cisto.

2.º) Este encadeamento não é possivel senão em caso de infecção peri-apical atenuada e prolongada.

3.º) Ele é sobretudo realizado a custa dos dentes permanentes.

G. ARDOUIN - Anatomia patologica microscopica dos granulomas e dos cistos radiculos-dentarios - Pag. 225.

Sob o ponto de vista anatomo-patologico, os cistos para-dentarios apresentam uma serie de fatos ligados, de um lado, á fenomenos infecciosos e de outro, á manifestações embrionarias. De acôrdo com as teorias classicas, reconhecemos no granuloma "lesão de base da infecção cronica peri-apical" dois tipos distintos: o granuloma simples e o granuloma epitelial, deixando de lado os granulomas marginais da piorréa. alveolar.

O granuloma simples é sempre precedido de peri-odontite agúda purulenta; ele corresponde ao tipo da inflamação sub-agúda banal que termina pela produção do tecido de granulação, ligado á proliferação de tecido conjuntivo mais ou menos evoluido com infiltração agúda, sub-agúda ou cronica. Faz o estudo minucioso da anatomia patologica e microscopíca dos diferentes elementos do granuloma, cujo aspéto pode ser modificado por uma serie de processos: hemorragia, degenerescencias gordurosa, colesterinica, hialina, mixomatosa, calcica, etc.

O granuloma epitelial apresenta os mesmos fenomenos proliferativos, de infiltração e de degenerescencia que os do granuloma simples. Só a presença do epitelio dá a diferença entre estas duas neoformações.

A patogenía dos cistos radiculo-dentarios é muito discutida, havendo inumeras teorías. Atualmente, duas teorias se defrontam e repousam sobre origem conjuntiva ou epitelial destes tumores. Faz detalhado estudo anatomico e miscroscopico desses cistos.

F. LEMAITRE - Anatomia patologica macroscopica dos cistos radiculo-dentarios - Pag. 238.

A anatomia patologica macroscopica dos cistos radiculo-dentarios é variavel não somente segundo o dente causal, mas para o mesmo dente segundo a raiz culpavel. Ela é igualmente modificada pela evolução do cisto, segundo é supurado ou não, que sôfra ou não uma degerescencia colesteomatosa, que se complique ou não de osteite. Ha mesmo diferenciações segundo a idade do individuo.

Tomando como tipo da descrição o tipo paradentario no adulto e originado a custa de uma das raizes de um primeiro grande molar superior, faz o A. o estudo do liquido, da bolsa cistica e da cavidade. Todo cisto paradentario é susceptivel de supurar, modificando o liquido e a bolsa cistica, mas a sinusite maxilar é uma complicação rara desses cistos. Estuda depois as formas topograficas dos cistos radiculo-dentarios, dando a maior frequencia ou raridade dos cistos nos diversos dentes.

Este trabalho tem importancia para explicar a sintomatologia e orientar o tratamento dessas produções cisticas.

RUPPE - Sinais e diagnostico dos cistos radiculo-dentarios - Pag. 243.

Todos os cistos têm sinais comuns, acrescentando-se outros em relação com o seu ponto de partida. Sua evolução se dá em três periodos: de latencia, de exteriorisação e de fistulalisação.

Na fase de latencia, por um tempo prolongado nada faz pensar em sua existencia senão a radiografía praticada pelo estomatologista por motivos varios, como por exemplo: sinais de monoartrite apical ou de granuloma em fase congestiva. A radiografia de uma imagem lacunar peri-apical, fundo homogeneo, de contôrno regularmente arredondado.

Na fase de exteriorisação fechada, é a deformação de uma das taboas do maxilar que faz pensar em cisto. Neste periodo ha um contraste entre a ausencia dos sinais subjetivos e a presença de sinais objetivos. No inicio, quando o cisto é muito profundo, a impressão é a de um tumor de consistencia ossea. Depois, o cisto não é recoberto senão por delgada casca ossea, deixando-se deprimir como bola de celuloide. É a crepitação pergaminhada. Depois esta casca desaparecendo, o cisto é sentido sob a mucosa, como um tumor liquido. Deve-se recorrer ás provas complementares: transiluminação, punção e radiografia é indispensavel quando a punção não é possivel. A imagem normal tem três caracteristicos: zona de destruição ossea, cujo fundo é homogeneo e cujo contôrno é nitido e arredondado. A imagem radiografica pode ser causa de erros e semelhante a ela podem dar: os grandes granulomas. O cisto cresce progressivamente, podendo se dar dois incidentes: a abertura espontanea e provocada do cisto, cujas consequencias são a fistulisação, a supuração ou parada do seu desenvolvimento; ou, em segunda hipotese, a infecção é primitiva, trazendo reações febris e dolorosas.

Segue-se um capitulo em que são estudadas as variedades topograficas dos diversos cistos.

O diagnostico dos cistos paradentarios deve ser feito em três circunstancias seguintes: l.º) em face de um tumor de consistencia ossea, sem socorro da punção; 2.º) em face de um tumor com crepitação de pergaminho e com o resultado da punção; 3.º) em face de uma fistula mucosa. Estas descreminações devem ser feitas no nivel da mandibula, do maxilar superior e do palato. Estuda neste final as diversas hipoteses e o meio de diferenciá-las.

MOREL-KAHN - Cistos paradentarios e radiografia - Pag. 252.

A tecnica radiografica compreende dois grandes capitulos: l.°) O estudo dos dentes e dos maxilares: 2.°) O estudo do maciço facial.

Para a radiografia dos dentes ha o processo intra-bucal, que consiste em colocar na boca um film especial, sobre o qual os raios X projetam a imagem do dente, dentro de determinadas condições. A radiografia dos maxilares exige uma tecnica particular. A do maciço facial se faz em diversas posições, com resultados particulares que cada uma delas pode fornecer; a) a radiografia da face; b) a radiografia de perfil rigoroso; c) as posições de Hirtz, vértice-mento-placa, d) a posição de Blondeau, que dá conjunto de todos os seios; e) posição de Surrel, para os seios esfenoidais.

A radiografia permite precisar: l.º) a natureza e a extensão de uma lesão; 2.º) as reações sinusais discretas no curso de uma afecção dentaria; 3.º) os acidentes sinusianos secundarios á uma afecção dentaria.

Faz depois o estudo do quadro radiologico dos cistos paradentarios e o diagnostico diferencial com certas formações patologicas: 1.º tumores paradentarios, em particular o adamantoma solido dentificado; 2.º) tumores osseos propriamente ditos benignos (fibromas, osteo-fibroma, osteomas). Se o cisto é aberto, é preciso eliminar o abcesso dentario cronico e a sinusite fistulosa.

Estuda os cistos do maxilar inferior e o diagnostico diferencial com varias afecções. A radiografia ordinaria não dá idéa exata sobre os contôrnos da loja cistica, o volume do cisto, as relações do cisto e do seio e a erosão da parede inferior e a fistulisação buco-sinusiana.

Para completar o diagnostico, emprega-se o lipiodol. Segue-se a tecnica empregada e os resultados com ela obtidos.

LEMAITRE, RUPPE e ZHA - Tratamento dos cistos paradentarios - Pag. 260.

O ideal é extrair a bolsa cistica em sua totalidade, afim de evitar toda recidiva. Se ficarem alguns elementos epiteliais, eles serão ponto de partida de novo cisto. O processo de marsupialisação não tem muitos adeptos.

Na operação classica, faz-se uma incisão curvilinea na mucosa vestibular até periosteo, que se descola com a rugina, vendo-se então a membrana cistica.

Alguns autores procuram descolar, enucleando o cisto em totalidade, mas os AA. preferem incisá-lo, evacuando seu conteúdo. Introduzir depois uma espatula entre a lamina ossea e a bolsa cistica, descolando-a. A bolsa pode romper-se, e aderencias podem dificultar sua exerése, sendo util empregar a cureta, que deve ser manejada com doçura, afim de não provocar osteite. Deve-se fazer a avulsão da raiz causal e curetagem dessa zona. Não suturar. Lavagem da cavidade e toques com azul de metileno ou cloreto de zinco. Hemorragias raras. A cavidade enche-se de tecido fibroso, que se organisa em tecido osseo. Essa tecnica geral sofre modificações, conforme a séde do cisto.

Estudam os AA. estes casos particulares e o dos cistos paradentarios da primeira dentição, que diferem dos da segunda, pela presença em sua visinhança, de germens dentarios. Um problema terapeutico é saber se se deve ou não conservar esses germens. Quando em relação imediata com a parede do cisto, deve-se preferir a exerése e existem motivos importantes para tal, embora essa ablação resulte para o futuro, não só em sacrificio dentario importante, mas tambem em atrofia do maxilar interessado. Os dentes contiguos ao cisto não devem ser sacrificados, mas o seu pediculo vasculo-nervoso podendo ter sido lesado durante a operação, é necessario vigiá-los e ao sinal da mortificação da polpa, devem ser trepanados e tratados.

DR. PAULO SÁES.

L'OTO-RINO-LARINGOLOGIA ITALIANA
Ano IV - N.º 6 - Novembro 1934

B. SIMONETA - Os polipos do ouvido médio. Considerações sobre sua estrutura (com referencias especiais á questão dos micro-colesteatomas) e sobre suas relações com os pseudo-botriomicomas - Pag. 535.

O A. põe em fóco as discussões existentes em torno do saber-se se os polipos do ouvido são de natureza inflamatoria ou neoplasica e, por conseguinte de como classificá-los. Descreve os resultados dos exames hiato -patologicos, executados sobre 20 polipos do ouvido médio, comparando-os com os de observação de alguns pseudo-botriomicomas da pele e das mucosas. Pensa que os polipos do ouvido médio podem ser classificados em quatro grupos principais:

1) - a tipo granulomatoso; 2) - a tipo plasmoma; 3) - a celulas gigantes; 4) - pseudo-mucosos. Todos de origem inflamatoria, e mais precisamente podem ser enquadrados na categoria dos pseudo-botriomicomas.

O A. descreve particularmente a estrutura dos polipos, as celulas gigantes, que têm a caracteristica de conter micro-colesteatomas, discutindo, em seguida, a estrutura e origem destas formações.

DR. GIOVANNI RUSSO FRATTASI - A tuberculose da mucosa nasal. Estudos experimentais - Pag. 566.

Com estudos experimentais tentou o A. explicar o porque de algumas fórmas de tuberculose apresentarem lesões de tipo vegetante ao envez do tipo necrotico. Obteve resultados positivos no que concerne á produção da tuberculose experimental do nariz, e observou como tais fórmas se encontram no mesmo animal, tanto do tipo necrotico quanto hiperplastico. Poz em realce a barreira valiosissima que oferece a mucosa nasal á infecção tuberculosa e concluiu, com reservas, que por força os varios aspetos da tuberculose nasal, as quais se encontram no homem, são devido mais ao fator terreno que ao fator bacilo.

M. O. R.

ARCHIVO ITALIANO DI OTOLOGIA, RINOLOGIA e LARINGOLOGIA
Vol. XLVI - Fasc. III - Março 1934 (Milão).

PROF. PAOLO CARCO - Contribuição ao conhecimento do abcesso da loja sublingual - Pag. 161.

O abcesso da loja sublingual foi individualisado e descrito pela primeira vez em 1920, depois em 1926, por Citelli. Os sintomas clinicos desse processo morbido podem ser subjetivos e objetivos.

Sintomas subjetivos: dôr espontanea ao nivel do soalho bucal e lingua, que aumenta durante a masticação e deglutição; disartría; febre (ás vezes pode faltar.

Sintomas objetivos: tumefação do soalho bucal, mais acentuada de um lado; infiltração edematosa, de aspéto gelatinoso, da prega sublingual; infiltração com endurecimento, em forma de cordão cilindrico, percebido pela palpação, no sentido antero-posterior, do soalho da boca; tumefação da porção anterior da lingua, principalmente na sua face inferior e no bordo livre correspondente ao lado do abcesso; tumefação da região suprahiodéa correspondente.

A incisão deve ser feita sobre esse endurecimento, no limite externo da crista sublingual, aprofundando-se o bisturi até cêrca de 1½ cent. e introduzindo-se imediatamente uma sonda canelada, mediana e profundamente. A coleção purulenta geralmente acha-se localisada ao lado externo da glandula sublingual (entre esta e a mandibula) ou embaixo dessa mesma glandula (entre ela e o musculo milo-hioidêo).

O abcesso da loja sublingual tem evolução benigna, quando reconhecido e incisado a tempo; mas se fôr tardiamente, pode a infecção superar o musculo mito-hioidêo (que forma uma especie de barreira entre o soalho da boca e os tecidos moles da região supra-hiodéa), e então a coleção purulenta é bem maior e somente poderá ser esvasiada pela via externa. Apesar da sua gravidade aparente, cede logo, quando bem drenado. O germen causador é geralmente o estreptococo.

Este abcesso, que o A. propõe seja chamado de Citelli, pode ser confundido com angina de Ludwig ou com um abcesso da lingua. Mas na a. de Ludwig, a infiltração septica do soalho da boca é duro-lenhosa, com perturbações respiratorias e trismos, e o decurso muito mais rapido e grave. A tumefação da lingua pode tambem fazer pensar numa glossite piogena, mas no abcesso sublingual, alem da tumefação e vermelhidão da lingua na sua face inferior, encontramos tambem tumefação do soalho bucal, com endurecimento da prega sublingual, o que, não existe na glossite piogena.

O A. documenta o seu trabalho com as observações dos casos (6) de abcesso da loja sublingual tratados na sua clinica.

A. PERRONI (Milão) - Tecnica de anestesía laringo-traqueo-bronquica - Pag. 170.

E' a mesma tecnica usada por Chevalier Jackson e consiste em anestesiar o laringe, pincelando os territorios do nervo laringeo superior (na plica mucosa desse nervo, que limita lateralmente a valecola); depois, para proseguir a explorações mais baixas, injeta no laringe 1 cc. do anestesico, o que permite praticar a broncoscopía para fins diagnostico ou terapeutico.

O A. emprega a cocaina a 5 % e diz que com 6 a 8 cc. obtem-se uma anestesia perfeita do laringe. Emprega tambem a pantocaina (néo-tutocaina) ; para a anestesía bronquica, usa sol. cocaina a 1 % ou de pantocaina a 1:1000.

G. PELLEGRINI (Milão) - Pesquizas sistematicas sobre a presença de tecido osseo e cartilaginoso na amigdala palatina - Pag. 180.

A presença de tecido cartilaginoso na amigdala palatina foi notada pela primeira vez por Orth (1893), que com Deichert, Walshem consideraram essa inclusão como residuos embrionarios do arco branquial. Pollak (1901) pensa ser metaplasia do tecido conjuntivo, por flogóse cronica. Lubarsch (1904), assim como Grunwald e Reitmann, admitem as duas origens: embrionaria e metaplasica.

O A., no Instituto de Anatomia Patologica da R. Univ. de Milão, sob a direcção do Prof. Pepere, examinou 432 amigdalas retiradas de 216 cadaveres. Ele cortou, no microtomo, 220 amigdalas em varias series de 10 microns de espessura. Empregou os seguintes metodos de coloração: alem do comum com hematoxilina-eosina, o de Mallory-Chiovenda para metade das preparações; e para alguns, o de May-Grunwald e tambem o de Weigert (fibras elasticas).

Pelos exames microscopicos de numerosos cortes de amigdalas, o A. concluiu o seguinte:

l.º) Encontra-se frequentemente a presença de tecido cartilaginoso e osseo nas amigdalas (25,46% dos casos examinados).

2.º) Essas formações são mais frequentes quanto mais edoso fôr o individuo; nos velhos, são quasi sempre encontradas.

3.º) Nas crianças e recem-nascidos, a presença de cartilagem deve ser atribuida á origem embrionaria, provavelmente porções erraticas provenientes do segundo arco branquial.

4.º) A cartilagem que se encontra nas amigdalas dos adultos e dos velhos, é fibrosa; nestes casos, a sua origem deve ser atribuida á metaplasía do tecido conjuntivo, por inflamações cronicas.

5.º) O tecido osseo ou pseudo-osseo é de origem inflamatoria e provem diretamente do tecido conjuntivo ou de pequenos restos cartilaginosos preexistentes.

F. SCALINI (Como) - Tumor da base do craneo e síndrome consecutiva de Collet-Sicard, simulando, no seu inicio, uma mastoidite - Pag. 209.

M. I., homem, com 61 anos, queixava-se de dôr na região auricular direita, aparecendo depois uma tumefação do bordo posterior da mastoide, e, ao mesmo tempo sentindo oclusão do ouvido desse lado. Temperatura: 37°,5, pulso 80. No fim de alguns dias, dôr quando fazia movimentos de rotação da cabeça, aumento da tumefação e mastoide dolorida á pressão. Diminuição da audição para os tons baixos; timpano retraído e vascularisado. Uma radiografia negativa permite então afastar o diagnostico de mastoidite. Pelo exame do oro-faringe, notava-se paresía da hemi-lingua esquerda e hemi-paresía do palato móle desse lado, hemiparesía esquerda do constrictor da faringe. Pela laringoacopía, havia imobilidade (posição para-mediana) da corda vocal esquerda. Inicio de atrofia dos m. esterno-cleido e trapezio esquerdos. Ausencia da sensação gustativa na ponta da língua.

Deante desses exames, o A. pensou num processo patologico localizado na base do craneo, a esquerda, atingindo não só os nervos que saem do buraco despedaçado posterior, isto é, os IX, X e XI pares craneanos, mas tambem o hipoglosso na saída do seu canal. Ulteriormente os sintomas de um tumor da base se precisaram, após eliminação do diagnostico de lues (goma) ou de osteite tubérculosa. Apesar de aplicações radioterapicas, o provavel tumor néoplasico evoluiu com grande rapidez, até exito letal.

A. DEI ROSSI (Veneza) - Alterações do esqueleto e da mucosa nasal por defeito da funcção ovariana e testicular - Pág. 215.

O A., depois de fazer um breve resumo do que existe sobre o assunto na literatura, sobre as alterações nasais oriundas de distrofia genital, apresenta uma serie de experiencias pessoais praticadas em coelhos (s. masculino e feminino). Após ovariectomia ou orquiectomia, observou alterações da mucosa nasal, que consistiam em reabsorções osseas de tipo lacunar com neo-produção de osso. Havia tambem hipertrofia dos cornetos, especialmente na parte anterior, que é mais gravemente atingida. Essas lesões aproximam-se muito das alterações constatadas clinicamente nos individuos disendocrinos da esfera genital.

H. C.


ANALES DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA DEL URUGUAY
Tomo IV - Parte 3.ª - 1934 (Montevidéo).

ELBIO M. NATTINO - Tuberculose do ouvido medio. Estudo fisio-clinico e fundamentos para uma terapeutica racional - Pag. 127.

Este trabalho é uma verdadeira monografia sobre o assunto. Depois de dividir o seu trabalho em vario capitulo e paragrafos, para melhor exposição, chega no final ás conclusões gerais, particulares e final.

Conclusões gerais: 1.°) a tuberculose do ouvido medio e cavidades anexas, é uma localisação de uma tuberculose, doença geral. 2.°) Esta localisação pode corresponder aos três tipos da classificação atual da tuberculose: a) complexo primario; b) tuberculose post-primaria; c) tuberculose tardía. 3.°) As localisações se limitam, segundo o grau de alergia e de imunidade pessoal do doente. 4.°) Esta alergia pode ser avaliada pelo estudo biologico da fisiopatología clinica do doente, por meio de indices biologicos. 5.°) As formas clinicas da tuberculose do ouvido medio correspondem esquematicamente ás grandes formas gerais, exudativa e proliferativa. 6.°) As distintas classificações propostas pelos otologos, correspondem ás modificações que traz a infecção secundaria, ao tipo clinico tuberculoso propriamente dito.

Conclusões particulares: 1.°) A tuberculose do ouvido medio provem das grandes formas clinicas, aberta e fechada. 2.°) A tuberculose aberta, a mais comum, caracterisa-se no começo, ao quadro classico: por perfurações multiplas e por ser indolor. 3.°) A cura da tuberculose do ouvido medio depende da elergía do doente, e por conseguinte, a cura deve ser geral e local. 4.°) A cura local eletiva deve ser a extirpação do foco tuberculoso, verificavel somente na forma proliferativa, seja vegetante, poliposa ou fibro-granular, por simples extirpação de polipos ou por esvasiamento petro-mastoidêo. 5.°) Quando a cura cirurgica não fôr possivel, deve o otologista instituir um tratamento de expectativa, procurando combater a infecção secundaria, e esperando assim chegar o momento favoravel para intervir. 6.°) Nos casos progressivos evolutivos, deve-se limitar a tratar as complicações.

Conclusão final: As conclusões de hoje não serão aquelas de amanhã, e o progresso da ciencia, baseado no trabalho de todos os investigadores, na união intima do tisiologo, medico biologico e do otólogo, auxiliados pelo radiólogo e pelo laboratorio, reconhecendo em tempo boa a observações clinicas e fazendo trabalho de sintese, chegará um dia a nos formular uma conduta terapeutica, mais racional que a cirurgia extirpadora ou a de expectativa, que resumem atualmente nossa atividade, na luta contra a tuberculose do ouvido medio.

H. C.

DIVERSOS

DR. CAPISTRANO PERREIRA (Rio de janeiro) - Novo processo de tratatamento cirurgico das dacriocistites. (Rev. Bras.de Cirurgia, An. 4. N.° 1 - Jan. 1935).

O A. comunicou á Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em nota prévia, um novo processo de tratamento cirurgico das dacriocistites, o qual foi publicado na Revista Brasileira de Cirurgia, de onde tiramos as notas que se seguem.

C. P. inicia o seu trabalho pela analise dos diferentes metodos operatorios de tratamento das dacriocistites, passando em seguida ao estudo da anatomia da região, para concluir finalmente propondo o seu processo cirurgico através do seio maxilar para esse fim trepanado pela fossa canina.

As operações por via externa, pela orbita - pertencentes á oftalmología - bem como as pela via interna, endonasal, - dominio da rinología - não resolvem satisfatoriamente a maior parte dos casos de obstrução ou inflamação das vias lacrimais.

Atribue o A. as recidivas freqüentes dos operados pelos processos endonasais á via mesma utilisada, através de orgãos, como a pituitaria ricamente vascularisados, facilitando a cicatrisação defeituosa.

Estuda a etiologia das obstruções ou atresías das vias lacrimais, lembrando a porcentagem elevanda das escolióses do septo e as hipertrofias dos cornetos, que, pela compressão sobre a parede interna, nasal do canal lacrimal, reduzem a luz do mesmo e favorecem desta forma a sua infecção.

O processo que apresenta atinge o canal lacrimo-nasal no seu proprio leito osseo, desde a porção inferior, nasal, até ao saco lacrimal, transformando o canal em ampla goteira, pela retirada de sua parede externa, sinusal como a denomina. A lagrima continua assim o seu curso normal, fisiologico para o meato nasal inferior.

O seu trabalho, com detalhes no concernente á tecnica cirurgica, é bem ilustrado, não só quanto aos diferentes tempos operatorios, como quanto aos dados anatomicos, tornando facilmente compreensiveis os seus argumentos apoiados na anatomía topografica.

Fazendo apenas a divulgação em nota prévia, do novo processo cirurgico, o Dr. Capistrano deixa de apresentar os casos já operados, para ulteriormente, com maior tempo de observação dos doentes, poderem as suas observações e as de outros colégas dizer melhor da eficiencia do metodo, das suas possiveis vantagens ou quiçá, desvantagens.

H. C.

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