Versão Inglês

Ano:  1994  Vol. 60   Ed. 4  - Outubro - Dezembro - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 260 a 262

 

Septoplastia: Confecção dos Túneis Inferiores de "Cottle" por Manobra de Luxação.

Septoplasty: "Cottle" Speculum n° 4. Inferior Tunnels Made by Using Killian's

Autor(es): Edson Monteiro*,
Márcia Murao**

Palavras-chave: Septo nasal, septoplastia

Keywords: Nasal septum, septoplasty

Resumo:
Foi realizada confecção dos túneis inferiores de "Cottle" por manobra de luxação, em 20 pacientes submetidos à septoplastia pela presença de desvio nas áreas II e IV de "Cottle". Obteve-se significativa redução no tempo cirúrgico e excelente exposição do campo operatório.

Abstract:
Twenty pacíents were submitted to septoplasty forhaving deviation in areas II and Ill of "Cottle"and inferior tunnels were made in such pacients by using Killian's speculum n° 4. In all pacients were obtained excellent exposition and significativa reduction of the time operativa.

INTRODUÇÃO

As primeiras intervenções no septo nasal remontam do início do século XIX, e diversas técnicas propostas são ainda hoje utilizadas para correções de deformidades septais.

Com os parâmetros preconizados por Cottle (1958) 1, despertou-se para técnicas mais conservadoras, que evitam ressecções exageradas e atingem todos os pontos do septo nasal. Procedimentos foram assim desenvolvidos com base em grandes exposições e ressecções econômicas, que garantam boa respiração e preservação da fisiologia nasal.

A técnica proposta é alternativa na confecção dos túneis inferiores na septoplastia, através de manobra de luxação com o espéculo nasal de Killian n° 4; com o qual se atinge excelente exposição cirúrgica em exíguo tempo operatório.

MATERIAL E MÉTODO

O material consta de 20 pacientes portadores de obstrução nasal devido à presença de desvio septal, comprovado pela rinoscopia anterior e rinomanometria. Os septos operados apresentavam desvios nas áreas II e IV de "Cottle".

Todos os pacientes foram submetidos à anestesia geral, além da infiltração da mucosa nasal com xylocaína a 2% sem vasoconstritor. Foi realizada incisão hemitransfixante na região anterior do septo do lado esquerdo, com descolamento subcondral e subperiostal.
(Figs. Ia, Ib, Ic). Em seguida, desarticulou-se a junção condro - óssea para o lado oposto (Figs. IIa, IIb e IIc). Nesse momento, com o espéculo entre as mucosas nasais direita e esquerda, que foram descoladas até a área IV de "Cottle", rebaixou-se o espéculo em um movimento único, confeccionado ao mesmo tempo os túneis inferiores direito e esquerdo, além de remover, quando necessário, a cartilagem do "pé do septo" redundante (Figs. IIIa, IIIb e Illc).

Após revisão final, realizou-se a turbinectomia inferior bilateral, com colocação de "splints" e tamponamento das fossas nasais com gase untada em pomada antibiótica.

RESULTADOS

Todos os pacientes foram submetidos no 30° dia pós - operatório à rinomanometria anterior ativa, que demonstrou efetiva diminuição da resistência nasal associada a melhora da obstrução respiratória subjetiva.



FIGURA I a - Hastes do espéculo nasal introduzidas até área IV de Cottle. 1 - Cartilagem 2 - Retalho mucoperiósteo 3 - "Pé do septo"



FIGURA I b - 1 - Septo ósseo 2 - Retalho mucoperiósteo 3 - Cartilagem septal



FIGURA I c - 1 -Maxila 2 - Osso Palatino



FIGURA II a - 1 - Lâmina óssea 2 - Cartilagem septal ressectada Haste do espéculo deslocada em direção à cavidade do nariz direita, com a cartilagem do septo rebatida para o mesmo lado.



FIGURA II b - 1 - Desarticulação condro - óssea



FIGURA II c - 1 - Maxila 2 - Osso palatino



FIGURA III a - 1 - Túnel inferior esquerdo 2 - Túnel inferior direito



FIGURA III b - 1 - "Pé do septo"



FIGURA Ill c - 1 - Maxila 2 - Osso palatino



DISCUSSÃO

A septoplastia é um procedimento que, quando executado com critérios e rigor técnico, traz benefícios para o paciente e satisfação para o cirurgião. Apresenta certo grau de dificuldade quanto ao descolamento dos túneis inferiores, especialmente pela técnica difundida por Cottle (1958) 1.

Por esta razão, propôs-se uma técnica mais prática, que além da abordagem aos túneis superiores e inferiores, possibilita também a remoção da cartilagem redundante nos desvios baixos de áreas 11 e IV de "Cottle" (pé do septo), promovendo em um só tempo a exposição e grande parte da correção exigida.

As turbinectomias, antes muito condenadas, são hoje procedimentos obrigatórios nos pacientes submetidos à cirurgia do septo nasal que apresentam hipertrofia dos cornetos 2, 3, 4, pois fornecem melhores resultados funcionais comprovados através da rinomanometria 5,6, o único exame objetivo que se dispõe. Em todos os casos desse estudo, a turbinectomia inferior bilateral foi realizada e acompanhada por um período de 2 anos, sem complicações no pós operatório.

Advoga-se o uso de molde de plástico tipo "splint", pois estabiliza o septo operado, orienta o crescimento da mucosa nasal, eventualmente lacerada, prevenindo perfurações septais, além das indesejáveis sinéquias 7,8.
O tamponamento nasal é efetuado com gase untada em pomada antibiótica, pois apresenta maior segurança hemostática que outros métodos.

CONCLUSÃO

Esta técnica é procedimento efetivo, de simples realização, e que diminui extraordinariamente o tempo cirúrgico. Possibilita boa exposição, com excelente acesso ao campo operatório, não apresentando riscos ou acréscimos de morbidade em relação às técnicas já utilizadas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. COTTLE, M. et al - The "maxilla-premaxilla" approach to extensive nasal septum surgery. Arch. Otolaryngol., 63: 301 - 311, 1958.
2. MARTINEZ, S. A.; NISSEN, A. J.; STOCK, C. R. et al - Nasal turbinate resection for relief of nasal obstruction. Laryngoscope, 93: 871, 1983.
3. CAMPBELL, T. D.; MORGAN, D. W.; SNOW, D. G. and SIMONS, R. M. -Twelve years experience with inferior turbínectomy (Abstract) Rhinology, 26 (supp1.1): 106, 1988.
4. OPHIR, D. - Resection of obstructiog inferior turbinates following rhinoplasty. Plast. Reconstr. Sufg. 85: 724 - 727, 1989.
5. JALOWAYSKI, A. A.; YUSH, Y. S.; KOZIOL, J. A. and DAVIDSON, J. M. -Surgery for nasal obstruction: evaluation by rhinomanometry. Laryngoscope, 93: 341, 1983.
6. JESSEN, M.; JACOBSON, S. and MALM, L. - On rhinomanometry in rhinoplasty. Plast. Reconstr. Surg., 81: 506, 1988.
7. CAMPBELL, J. B.; WATSON, M. G., SHENOI, P. M. - The role of intranasal splints in the prevention of pos1 operative nasal adliesíons. J. Laryngol. Otol., 1111: 1140 1143, 1987.
8. ELIOPOULOS, P. N. & PHILIPPAKIS, C.: Preventio of post operative intranasal adhesíons (a new material).




Trabalho realizado no Centro Hospitalar "Dom Silvério Gomes Pimenta". Rua Voluntários da Pátria, 3693 - Santana - São Paulo - SP - CEP 02401-300. Apresentado no 1° Encontro Brasileiro de Trabalhos Científicos em Otorrinolaringologia, Novembro, 1993. Porto Alegre- RS.

* Mestrado e Doutorado em ORL pela Escola Paulista de Medicina. Chefe do Serviço de ORL do Centro Hospitalar "Dom Silvério Gomes Pimenta". Titular da Disciplina de ORL da Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes.

** Estagiária do Serviço de ORL do Centro Hospitalar "Dom Silvério Gomes Pimenta".

Artigo recebido em 28 de março de 1994. Artigo aceito em 26 de maio de 1994.

Imprimir:

BJORL

 

 

 

 

Voltar Voltar      Topo Topo

 

GN1
All rights reserved - 1933 / 2024 © - Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial