Versão Inglês

Ano:  1935  Vol. 3   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 49 a 69

 

ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY - PARTE 1

Autor(es): -

Volume 20. N.º 3 - Setembro de 1934. (U. S. A.)

JOHN EDMUND MACKENTY (New York) - Molestias malignas do laringe - Pag. 297.

Chama o A. a atenção para o facto de que, certas condições aparentemente benignas do laringe, transformam-se em malignas. Pensa ele que de facto, as condições são malignas desde o inicio, mas que a malignidade é sufocada temporariamente por certas condições biologicas do organismo, ainda por nós desconhecidas. E o que Jackson chama de periodo precanceroso. Um doente, por exemplo, sobreviveu bem a laringectomia e á dissecção de musculos do pescoço; 17 anos mais tarde, tem ele uma violenta reacção ganglionar no pescoço, em consequencia de um grande abcesso dentario. As condições da boca melhoram rapidamente, mas o carcinoma progride celeremente nos ganglios vervicais. Pergunta o autor si, durante os 17 anos os celulas carcinomatosas do pescoço não estavam em estado de latencia e foram chicoteados pelo processo agudo que se manifestou. E este o seu ponto de vista.

Por muito tempo acreditou-se que a mocidade e as ultimas idades da vida estivessem acobertas dos neoplasmas; o autor prova, entretanto, o contrario, com as suas estatisticas; cita casos de pacientes até com 20 anos de idade, embora raros. Diz mais, que os tumores do laringe na mocidade, tem alta malignidade. Pensa que os tumores do laringe nos moços, são mais comuns na mulher de que no homem. Jackson faz menção de neoplasmas malignos em meninas de 16 e 15 anos de idade.

O cancer do laringe na mocidade, é mascarado por varios condições, das quais é mister se fazer o diagnostico diferencial. Tais são: tuberculose, sifilis, laringite cronica, papiloma, angioma, fibroma, tuberculoma, rinoscleroma, blastomicose, hiperkeratose, paquidermia laringis, prolapso do ventriculo e paralisias. Nos casos duvidosos é necessario sempre a biopsia. E de notar que a biopsia, na tuberculose, é sempre um grande erro.

O artigo contem um grande numero de fotografias bastante elucidativas, principalmente um estudo evolutivo a respeito de uma doente, que foi seguida desde 1922 até 1927, onde se acompanha, através de 12 fotogravuras, a evolução da neoplasia.

KEMP G. COOPER (Denver) - Plasmocitoma e rabdomioma dos seios paranasais - Pag. 329.

Cita o A. dois casos destes tumores por ele encontrado. Chama a atenção para o facto de que nestes ultimos anos, um consideravel numero de tumores desta ordem, mielomas que costumam aparecer nos ossos longos, têm sido citado nas vias aereas. São designados como plasmocitomas solitarios e patologicamente classificados como linfomas malignos. A grande maioria ocorre nas vias aereas superiores e pelo facto de serem solitarios, são particularmente acessiveis ao tratamento. O logar mais atacado das vias aereas são, o nariz e a faringe. Alguns dos casos citados tem sido associados a metastases e seguido o curso fatal dos tumores malignos.

O autor cita dois casos de plasmocitoma, um do nariz e outro do antro de Highmore, e um caso de rabdomioma dos seios paranasais. Foram todos operados e irradiados e estão em bôas condições presentemente.

HOLLAND STEVENSON (New Rochelle) - Infecções micosicas dos seios maxilares - Pag. 340.

Preliminarmente o autor se refere a um caso de fungus do antro de Higmore, em uma mulher que tinha sido operada de uma mastite e em cujo material foi encontrado Mucorhistoides. Depois descreve sete casos mais por ele encontrados posteriormente, a respeito dos quais borda alguns comentarios. Seis dos casos citados, estavam classificados como sinusite cronica. Quatro deles sofreram recidivas, enquanto em observação. As observações demonstram que os fungus não estavam apenas como saprofitas. Em um dos pacientes a infecção era associada a manifestações agudas de reumatismo. O tratamento local consistiu em irrigações salinas do antro, seguida de soluções antisepticas. Na maioria dos casos, o tratamento foi eficiente. Quando se foi forçado á drenagens dos seios, os resultados foram geralmente bons.

FREDERICK T. HILL - O seio esfenoidal - Pag. 351.

Este artigo diz respeito aos resultados da cirurgia etmoido-esfenoidal. Seguem as suas conclusões.

I. A contratura subsequente á abertura operatoria póde ocorrer e nulificar o efeito da operação, mesmo quando houve remoção completa da parede anterior, incluindo a pars etmoidalis.

II. Esta contratura é causada pela reconstituição da parede anterior, em um esforço da natureza para substituir as partes originais.

III. Este facto é mais comum nos casos de asimetria e nos seios menores.

Devido a este facto, a sinusite póde recidivar, provocando sintomas que voltam a incomodar o paciente. Nos casos alergicos, eles pódem associar-se á volta de manifestações alergicas, que pódem desaparecer outra vez com a reabertura dos seios. E' importante ter em controle estes factores, observando as condições do seio, porque pôde estabelecer-se um circulo vicioso.

IV. A operação intranasal pôde necessitar reoperação do esfenoide em cerca de 50% dos casos. A deficiencia de adequada drenagem, é causa dos resultados desapontantes. A operação completa, tanto quanto possivel por via externa, dá em geral resultados mais favoraveis.

FREDERICK FIGI (Rochester) - Tumores supragloticos - Pag. 361.

Os tumores da porção supraglotica do laringe, posto que mais raros que das outras porções do orgão, são entretanto tambem frequentes. Fóra os papilomas e os cistos da epiglote, praticamente todos são malignos. Eles desenvolvem-se mais comumente na parte posterior da epiglote, junto ao seu apite; tem mais o aspéto de couve-flôr de que são infiltrantes. Em geral, ha pouca infiltração na base; e este facto é favoravel á eradicação. A-pesar-de ás vezes obscurecer a luz do laringe pelo seu tamanho, em geral são limitados á epiglote. A remoção cirurgica, sem sacrificio do laringe, é frequentemente possivel.

Via de regra, os sintomas são mais tardios que daqueles das cordas vocais. O sintoma subjetivo mais comum, é uma sensação de corpo estranho na garganta, podendo aparecer tambem tosse ou dôr, particularmente ao engulir. Si o tumor se estender, pôde envolver as cordas vocais, podendo levar á rouquidão, e, com o aumento do tamanho, levar á dispnéa. Ás vezes, a disfagia leva á consideravel perda de peso; em outros casos de mistura com a mucosidade, ha tambem perda de sangue.

No diagnostico diferencial, é preciso afastar primeiro as formações benignas desta região, assim como a sifilis e a tuberculose. Ao lado dos exames gerais, é necessario biopsia.

São variados os processos terapeuticos usados nesta classe de tumores. Os varios tipos de faringotomia, com ou sem preliminar traqueotomia, têm sido no passado, e ainda hoje são usados, com resultados satisfatorios em bom numero de casos. Tambem a laringofissura, fendendo a mandibula e a lingua na linha mediana, laringoscopia indirecta, laringoscopia de suspensão e outras fórmas de laringoscopia directas são usados em casos selecionados. Em seguida á exposição do tumor, é ele retirado por excisão, cauterisação, electrocoagulação ou irradiação.

Em seguida, o autor descreve seis observações, nas quais os doentes foram operados com sucesso, por meio de laringoscopia de suspensão e electrocoagulação.

B. M. FRIED - Adenoma de ganglios bronquicos - Pag. 365.

Até tempos relativamente recentes, o pulmão era considerado imune de neoplasias primarias. Hoje, entretanto, está provado o contrario, pois que têm sido encontrado nos pulmões miomas, condromas, encondromas, rabdomiomas, lipomas, tumores mistos e adenomas. O caso do autor pertencia a esta ultima variedade.

A sintomatologia do tumor pôde ser dividida em dois periodos: o preobstructivo e o obstructivo.
No primeiro periodo, o adenoma actua ordinariamente como simples corpo estranho, causando tosse bronquica, rebelde á medicação; a expectoração é em geral mucoide e sem sangue. Um facto que é patognomônico é a ocurrencia de abruptas e copiosas hemoptises, que são em geral interpretadas como tuberculose, as quais na mulher, coincidem com o periodo menstrual.

Com o progredir do neoplasma, além da obstrucção bronquica, aparecem inflamações do pulmão, no segmento distal correspondente ao adenoma. É assim que, ao lado de pneumonia, ha áreas de atelectasias; nos bronquios, bronquite, abcessos e bronquiectasía. Ocasionalmente, empiema e atelectasia.

O auctor cita a observação de um caso deste tipo.

Vol. 20. - Agosto de 1934 - N.º 2. (U. S. A.)

ISIDOR FRIESNER E HARRY ROSENWASSER ( New York) - Tratamento de labirintites - Paga 139.
O artigo contem de inicio um apanhado historico do problema, desde Duverney em 1684 até os nossos dias. Depois cita, em detalhe, o ponto de vista de Ruttin, no tocante é indicação operatoria, (que aliás não é o esquema conhecido do professor vienense, em seu livro.)

Praticamente os AA. dividem as labirintites nos grupos que se seguem:

Labirintites traumaticas. São labirintites que se seguem á luxação do estribo na operação radical. Pensam eles que este grupo tem grande tendencia para invadir as meninges e por isso são francamente favoraveis á labirintectomia. Confessam entretanto que ha muitos autores contrarios a este ponto de vista.

Necrose que se estende á ponta da piramide. Pensam eles que, quando a remoção de um sequestro da ponta da piramide, abre os espaços endolabirinticos, uma labirintectomia dá mais chance para a cura de que um tratamento conservador.

Labirintite difusa manifesta. Nestes casos, principalmente quando a invasão do labirinto se segue tardiamente em relação á infecção do ouvido medio, e, particularmente em seguida á mastoidite latente, a tendencia para a cura é extremamente pequena. É a mais perigosa das inflamações do labirinto, e, exige, não, só a trepanação do labirinto, como tambem a exposição da dura na fosse media e posterior.

Labirìntite na otite media aguda. Nestes casos, principalmente nos primeiros dias de otite, a melhor atitude é a de espera. Neste grupo, devem-se incluir as labirintites que se seguem ás miringotomias. Mesmo quando a labirintite está associada a uma mastoidite aguda, deve-se esperar o quanto possivel, eventualmente até o fim da terceira semana. Nestes casos, o A. condena a goiva na trepanação, mas recomenda a broca giratoria.

Ha entretanto autores, que julgam que a mortalidade nas labirintites, seguindo a otite media aguda, é maior que as que se seguem ás otites medias cronicas. Hinsberg, por exemplo, é de opinião que as labirintites tanto nos processos agudos como nos cronicos do ouvido medio, devem ser operadas.

Nos casos, nos quais a labirintite aparece no curso de uma otite media cronica ou depois de uma operação radical, é preciso muita ponderação para resolver, porque, si casos ha que evoluem expontaneamente para a cura, ha outros que exigem trepanação imediata do labirinto. Si aparece febre, dôr de cabeça ou outro qualquer sintoma de provavel extensão, mister se faz que se abra o labirinto incontinenti. Holmgren e Ruttin opinam que uma elevação rapida de temperatura no começo de uma labirintite aguda, geralmente significa gravidade de situação, exigindo labirintectomia imediata.

Terminam os autores com algumas considerações a respeito do valor diagnostico a respeito do aumento de numero de celulas na puncção lombar, e concluem que o conjunto de sintomas clinicos, tem mais valor de que os resultados de laboratorio, para a indicação cirurgica do labirinto.

G. VAN POOLE (Honolulu) - Tuberculose do laringe - Pag. 152.

Estuda o autor as alterações patologicas na tuberculose laringéa, sintomatologia, analise estatistica, diagnostico, prognostico e tratamento.

São estas as suas conclusões:

1. A tuberculose pulmonar e laringéa são mutuamente interdependentes.

2. O tratamento da fôrma laringéa, será guiada e correrá paralelo com o curso da parte pulmonar.

3. Modernamente, o tratamento deve abranger o problema em conjunto.

4. Em casos selecionados, a electro-cauterisação dá ótimos resultados.

5. Deve haver uma colaboração muito intima entre o internista e o laringologista, para obter-se bons resultados.

Em geral o artigo não é de grande interesse.

SAMUEL GREENFIELD (Brooklin) - Tratamento conservador nas petrosites - Pag. 172.

Diz o autor que a petrosite é hoje uma entidade otologica clinicamente definida. Controversias existem, mas apenas no tocante ao tipo de operação a escolher, para atingir o apice da piramide; mas é universalmente aceito que, uma vez o diagnostico firmado, a intervenção cirurgica impõe-se.

A engonhosa tecnica de Almour tem os seus pontos sujeitos a critica. Em primeiro logar, como toda a radical, sacrifica a audição do paciente, e, em segundo, a neoformação de granulações, rapidamente perturba a bôa drenagem do rochedo. Por outro lado, um dos pontos cardinais da petrosite, é a profusa supuração do ouvido medio, supuração que não provem da caixa do timpano, mas apenas aí faz passagem, constituindo o seu volume um bom sinal para o prognostico. Tomando estes factos em consideração, e, mostrando a experiencia que a grande parte de doentes apresentando sindroma de Gradenigo, se restabelecem expontaneamente, pergunta o autor si, dada a analogia que ha entre as duas condições patologicas, petrosite e sindroma de Gradenigo, não será o caso de tratar as petrosites sem atuação cirurgica, desde que a supuração, via caixa do timpano, seja abundante. E' o que fez o autor em dois casos cujas observações pódem assim ser resumidas.

Primeira. Uma creança de oito anos é operada de mastoidite. O periodo post-operatorio corria normalmente, com a mastoide limpa e o ouvido medio sêco, até que no quarto dia aparece forte dôr no olho do lado operado e ligeira hipertermia. Estes fenomenos melhoraram por alguns dias, até que no 15.º depois da mastoidectomia, a creança acorda em gritos, sofrendo muitas dores no ouvido e cabeça no lado operado, e após alguns dias mais, aparece profusa e continua descarga pelo ouvido medio, além de uma dôr bem definida atraz do olho correspondente. Repetidos exames do fundo de olho não revelaram anormalidade, sendo que a temperatura, neste periodo, andava sempre proximo de 38°. Dadas as bôas condições gerais da creança, que, entre os periodos de paroxismo nada mais revelava de anormal, e considerando a bôa drenagem natural, limitou-se o autor a uma atitude conservadora, e, no fim de 35 dias depois da operação na mastoide e 19 dias depois do aparecimento dos sintomas sugestivos de petrosite, a dôr começou a desaparecer, a temperatura foi voltando para a normalidade, e 63 dias depois da operação mastoidiana, estava o ouvido medio completamente seco e a audição normalisada.

Segunda. Uma creança de 6 anos é operada de mastoidite. O periodo post-operatorio corria em sua naturalidade, mas um mês depois, bruscamente vomitou, queixou-se de dôr de cabeça na região frontal, assim como retro oculares, além de profusa descarga do ouvido medio. Entre melhoras e peioras, esta creança continuou assim, até que mais um mês se encontrava completamente restabelecida com tratamento conservador.

J. CHARLES DICKSON e W. JAMES MARQUIS - Visibilisação dos seios acessorios pelo metodo de Proetz - Pag. 188.

Os AA. fazem um estudo resumido do que tem sido publicado sobre este metodo desde Proetz, em 1926, até agora. Não se referem a detalhes de tecnica, mas citam uma serie de seis observações proprias.

São estas as suas conclusões principais:

I.º O metodo de Proetz é simples e praticavel.

II.º O seu maior valor está em indicar celulas normais, cheias do conteudo de contraste.

III.º Presta bons serviços nos casos francamente purulentos, excluindo o comprometimento de outras celulas.

IV.º O metodo informa a respeito da fórma, tamanho e posição do etmoide posterior e esfenoide.

V.º É indispensavel, antecipadamente, tirar radiografias sem liquido de contraste, para depois comparar com aquelas obtidas já com os seios injectados.

MERVIN MYERSON, HERMAN RUBIN e JOSEPH GILBERT - Estudos anatomicos da porção petrosa do osso temporal - Pag. 195.

Este trabalho é muito longo e bem fundamentado. Contem uma tabela de 200 temporais, estudos topograficos com radiografias e fotografias do osso temporal. Os ossos pertenciam a pacientes entre sete meses de vida fetal e 89 anos. A pneumatisação do apice petroso foi encontrado em 11 % dos casos; não é tão frequente como se supõe, principalmente em creanças. A estructura celular da apofise mastoide não é sempre a mesma aquela do rochedo, pois que 38% das mastoides eram pneumaticas enquanto a porcentagem para a porção petrosa, era apenas de 11 %; 25% das mastoides eram diploeticas, enquanto que só eram deste tipo 11 % da porção petrosa. O maior desenvolvimento de celulas, foi encontrada no grupo do bulbo da jugular, quer dizer, subcoclear e coclear posterior e na superficie anterior da coclea. Em 4 % de esqueletos, havia pneumatisação de um lado, e do outro não.

DR. FRANCISCO HARTUNG.

THE JOURNAL OF LARYNGOLOGY AND OTOLOGY Vol. XLIX - N.º 10 - Outubro 1934. (Londres)
ALBERT A. GRAY (Londres) - O problema da otoesclerose, inclusive a relação de dois casos examinados anatomo-patologicamente - Pag. 629.

RESUMO DO AUTOR: O fator etiologico essencial da otoesclerose é um defeito, gradualmente progressivo, do aparelho vaso-motor nutrindo todo o orgão auditivo. Os axones reflexos estão inclusos no sistema vaso-motor, e o unico estimulo que excita este sistema é exclusivamente o som. E esta é a causa pela qual não são atacados de otoesclerose o aparelho vestibular e os canais semi-circulares. Não ha nenhuma evidencia de anormalidade nas glandulas endocrinas ou de suas secreções. Não existe, tambem, defeito do metabolismo osseo, ao contrario, os otoescleroticos, afastada a surdez, são perfeitamente normais e gozam de saúde normal. A surdez da otoesclerose não está em relação com a extensão da molestia dos ossos; ela póde ser muito grande mesmo quando o estribo não esteja senão ligeiramente fixado. A gravidade do tinitus não tem relação alguma com a extensão da molestia dos ossos. O grau de alteração dos ossos tem muito poucas relações com a duração da molestia. A extensão da afecção ossea depende da idade do doente e do começo da doença. Quanto mais cedo tiver inicio a molestia, mais extensa será a lesão ossea. A surdez produzida pela otoesclerose é, em grande parte, funcional e resulta da má provisão de sangue ás estruturas nervosas que se ocupam da percepção dos sons. A preponderancia das mulheres entre os otoescleroticos é uma consequencia da maior instabilidade do seu sistema vaso-motor, e das perturbações mais frequentes a que está exposto. As lesões osseas são acentuadamente simetricas até nos menores detalhes. Para o A. esta simetria se explica facilmente pela sua teoria etiologica da otoesclerose. Como as outras estruturas nervosas, o sistema vaso-motor, governando a nutrição do orgão auditivo, é anatomicamente simetrico, por consequencia, si alterações estruturais tiverem lugar com resultado do mau funccionamento destes nervos, elas serão destribuidas, tambem, simetricamente.

J. S. FRASER (Edimburgo) - Granulomatose lipoide dos ossos. (Molestia de Hand - Schüller - Christian) - Pag. 666.

O A. descreve uma molestia relativamente rara e da qual têm sido descritos poucos casos. Ha 50 anos foram feitas varias observações, mas só ultimamente se pôde obter resultados microscopicos. Observou-se semelhança de tecidos com os do xantoma (molestia de Schüller-Christian dos alemães). Esta afecção parece ser devida a defeito do metabolismo dos lipoides, em diferentes partes do corpo, resultando na formação de um tecido granuloso como descalcificação consecutiva e osteoporose.

Tres sintomas caracterisam esta afecção: 1) - diabete insipida; 2) - exoftalmo; 3) - lacunas osseas no craneo. As alterações são de natureza progressiva e conduzem, comumente, á morte. Em varios casos, no entanto, a cura foi observada.

W. P. CHERNIAK e A. A. GORODETZKY (Leningrad) - A Roentgenoterapia nas mastoidites agúdas - Pag. 675.

De 1928 a 1931 os AA. trataram 44 casos de mastoidites agúdas pelas Roentgenoterapia, com os seguintes resultados: 50% de curas; 25% de melhoras; 20% de resultados desconhecidos e 5% de falhas.

Em outra serie, publicada em 1932 de 62 casos de mastoidites, os AA. apresentam 46 curas completas, tratadas e observadas até o fim. 14 casos desapareceram após melhoras dos sintomas. 2 casos tiveram que ser operados. Destes casos em dois foi feita sómente uma aplicação, em 32, duas aplicações, em 17 três, em 5 quatro e um recebeu cinco aplicações. Quanto mais cedo, a aplicação mais rapida a cura. Dóse 110 kilovolts-filtro - 2 mm. aluminio, distancia focal 24 cm. do filtro em um angulo de 60º a 90° ½ H.E.D. - 4 á 5 dias de intervalo entre a primeira e segunda aplicação, 10 dias entre a 2.ª e 3.ª, 14 dias entre a 3.ª e a 4.ª e 4.ª e 5.ª aplicações.

O estado, geral do paciente será levado em consideração.

Como resultados imediatos:

1) -Rapida diminuição da dor.
2) -Desaparecimento dos sintomas objetivos.
3) -Ausencia absoluta de complicações em todos os casos tratados pelos AA.
4) -Recuperação da audição e cura da membrana timpanica.
5) -Recuperação da capacidade de trabalho em periodo curto e sobretudo:
6) -Possibilidade de evitar-se a intervenção cirurgica.

M. O. R.

Zeitschrift für Hals- Nasen- und Ohrenheilkunde
Vol. 34 - Congresso da Soc. Alemã de Otorinolaringologia
Dresden 1 á 3 de Junho 1933.

2.ª PARTE - F. R. NAGER (Zürich) - Anatomia patologica da capsula labirintica e sua significação clinica - Pag. 72.

Como conferencistas do Congresso foram escolhidos:

1) - MAX MEYER que discoreu sobre a Anatomia normal da capsula labirintica, (Exames no homem e em animais de laboratorio), que nos dispensamos de resumir, por constituir estudos de minucias cujos conhecimentos só se obterão com a leitura mesma, do trabalho em seu conjunto.

2) - F. R. NAGER, que falou sobre o tema de que vamos dar um apanhado geral.

Estudando a ação das diferentes molestias osseas sobre a capsula labirintica, o A. afirma que, de facto, esta parte do esqueleto não só no ponto de vista anatomico e histogenetico, como tambem no biologico, ocupa uma posição particular, pois que nele as molestias apresentam cunho especial. Sem duvida os grandes processos de destruição, como as inflamações graves, os tumores corrosivos, etc., aniquilam, por completo, o tecido osseo, muito embora que já se possa observar determinada propriedades, por exemplo no modo de se formar o sequestro. Mas, a maioria das molestias osseas, cujo inicio tem lugar após o parto, começam, de preferencia, nas camadas as mais extensas do labirinto afetado e, frequentemente, ai, tambem ficam localisadas. Sómente nas osteodistrofias fibrosas, no ponto de vista histologico, que conduzem á graves molestias de neoformação ossea, pôde acontecer que,em estados mais avançados da molestia, tambem, as camadas mais internas da capsula labirintica sejam afetadas. Estas relações entre a capsula labirintica e as molestias osseas ilustram a ação biologica particular do osso do labirinto, já notada por OTTO MAYER e mencionada na primeira parte destas conferencias. Além disto ha, ainda, sua propriedade particular no ponto de vista das lesões, especialmente fraturas, de regenerarem com facilidade a parte encondral e que não possuem os outros ossos do organismo. De que as molestias do esqueleto, de origem fetal, desta camada encondral, não são respeitadas, é compreensivel, pois que elas, tal como acontece na osteogenesis imperfeita e na condro-distrofia, trazem como consequencia anomalias na formação dos tecidos e perturbações funcionais na constituição da cartilagem e ossos.

Uma explicação teleologica desta propriedade particular da capsula labirintica está na necessidade e na tendencia de conservar, de qualquer fórma, os espaços labirinticos como tais, pois do contrario as funções de um dos mais antigos orgãos do sentido, no ponto de vista filogenetico, o vestibulo e os canais semicirculares, assim como o orgão coclear correriam perigo. Ficam, tambem, demonstrado por estes estudos comparados, que a capsula labirintica oferece um magnifico campo para a patologia ossea, pois que aqui, por exemplo, podem ser determinados com segurança quais partes do tecido osseo são neoformadas. O osso neoformado, a cicatriz ossea, mostra sempre um tecido osseo mais amadurecido que o primitivo, pois este, mesmo nos estados mais avançados de idade, apresenta, sempre, restos de nucleos cartilaginosos, o que não acontece com o osso neoformado.

Tambem o processo de ossificação póde ser bem estudado nas zonas de ossificação da capsula labirintica, este caminha, aqui, facil e puro, pois não existem combinações com o desenvolvimento da cartilagem. Entretanto, as perturbações de ossificação na lues hereditaria, raquitismo, condrodistrofia e osteogenesis imperfeita podem ser claramente reconhecidas. O problema primordial da patologia ossea da capsula labirintica, a otoesclerose, ainda não teve, solução até hoje. Só o estudo histogenetico de outras molestias osseas, particularmente de identicos processos otoescleroticos, assim nas diversas fórmas de osteodistrofias, poderam trazer alguma luz e alguma ordem no sentido experimental, para a solução deste grande problema da otologia moderna.
LOEBELL (Greifwald) e NAUCK (Freiburg) - Anatomia funcional do osso temporal do homem - Pag. 129.

Pouca cousa existe, nas revistas, sobre a arquitetura metano-funcional da capsula labirintica. Indicado para estes estudos, acham, os AA. que o emprego do metodo de cortes de Benninghoff é o melhor.

Foram estudados 41 temporais humanos, de que retiraram as seguintes observações:

A dura, em sua face atolada ao osso, está tão intimamente aderente que parece constituir o periosteo. Sua face dirigida para o cerebro mostra fendas perpendiculares ao canto da piramide nas fossas posterior e média. Estas fendas podem alcançar a escama do temporal em sua parte posterior.

Na superficie posterior da piramide encontra-se, partindo do foramen jugular, linhas de fendas ascendentes, em fórma de leque, indo até as que correm paralelamente ao canto. Os pequenos desvios das linhas, da direção das fendas principais, são devidas ao relevo osseo, assim é na superficie anterior da piramide para a impressio trigemini e eminentia arcuata. Em volta de todos os orificios osseos, encontram-se soluções de continuidade arciformes, assim em torno das janelas da parede mediana do cavum timpanicum. Entre estas são observadas fendas verticais, assim tambem entre a janela oval e canal do facial, bem como entre a janela redonda e a ampola do canal vertical posterior. O nucleo cartilagionso da parte anterior da janela oval, assim como as dehiscencias do canal facial tornam-se aparente por este metodo. As linhas cruzam-se ao nivel da coclea. Em volta dos canais semi-circulares encontram-se fendas perpendiculares ou paralelas á seus lumes. O mesmo se observa na capsula do labirinto cartilaginoso. Destes estudos os AA. concluem:

Que as fendas paralelas ao canto da piramide são tidas como a expressão da arquitetura consolar da piramide. Encontram-se nestas direções principais, em que se delineam as fendas, os logares de predileção para fraturas espontaneas, descritos por OTTO MEYER.

STEINHAUSEN - (Greifswald) - Sobre a função da cupula na empola do canal semi-circular do labirinto - Pag 201.

O A. conseguiu, em animal vivo, lucio, impregnar a cupula dos canais semi-circulares com tinta colorida e poude notar que o movimento da endolinfa por ocupar a cupula toda a empola, até seu teto, está coordenada á deslocação desta ultima. Com auxilio do microscopio poude observar que, por exemplo, para a cupula da empola do canal horizontal esquerdo, dá-se o seguinte: deslocação de curto periodo, da cupula para o interior do Utriculo, ocasiona um desvio horizontal de ambos os olhos para a direita.

Quando da deslocação mais prolongada o desvio do olhar transforma-se num nistagmo horizontal de componente rapido para esquerda, Estes estudos vêm confirmar a teoria de Mach-Breuer e Crum Brown e infirma a teoria de Wittmaack que atribue estes factos a uma hidrops das terminações nervosas labirinticas.

UNTERBERGER - (lena) - Dados anatomicos para a operação de Streit sobre a ponta da piramide no tratamento do complexo sintomatico de Gradenigo, com apresentação de um caso. - Pag. 293.

O A. descreve a operação de Streit para exposição da ponta da piramide petrea nos casos de afecções desta região. Dá, com minucias, a tecnica empregada e as dificuldades apresentadas nos determinados tempos operatorios. Esta operação tem por fim tão sómente a exposição da ponta da piramide e o esvasiamento de um abcesso eventual desta região. No caso, porém, de uma intervenção radical na ponta da piramide deverá entrar em consideração a exposição translabirintica que será facilitada pelo, deslocamento, já realizado anteriormente, da dura mater que recobre a região, permitindo a abertura do labirinto pela parede anterior da piramide.

A possibilidade desta operação foi estudada anatomicamente pelo A. A tecnica empregada consistiria no levantamento da dura, já descolada, da fossa média para cima, afim de ter no campo, bem nítida, a eminentia arcuata. Esta seria aberta e retirada, assim como todo o maciço dos canais semi-circulares e vestíbulo que seria aberto por cima.

O osso sobre e medialmente ao vestibulo não deverá ser mais atacado (cortado), pois que o nervo facial, em seu trajeto entre a coclea e o labirinto e na região do joelho, poderá ser lesado. Deve-se, pois, logo após a abertura do labirinto, permanecer no angulo superior da piramide e fazer deste o caminho que nos deverá levar a sua ponta. Paralelamente a este angulo o osso será retirado camada por camada, até que o conduto auditivo interno seja aberto por cima. O maciço labirinto aberto estará, então, no mesmo nivel que a parte superior da superficie da piramide. Pode-se, então, abrir a ponta da piramide, colocando-se a goiva contra a cortical que a reveste por cima, um pouco medialmente ao conduto auditivo interno.

Desta fórma poder-se-á descobrir um possível fóco de fusão ossea que aí exista.

Penso que este metodo fará o paciente correr, ainda, mair perigo, pois que a abertura de um labirinto são, em meio purulento, quasi que fatalmente produzirá labirintite e a meningite consequente.

HERZOG (Münster) - Novidade sobre o problema dos recurrentes - Pag. 341.

Após a destruição do nervo recurrente aparece, não raramente, uma posição paramediana da corda vocal. Esta posição não deve ser atribuida a uma contratura dos abdutores; sua causa está ligada ao trabalho conjunto de uma serie de forças que, atuando no mesmo sentido aproximam a corda vocal da linha mediana. Dentre estas podem ser mencionadas:

1 - A morfologia da articulação das aritnoides e do aparelho de ligamentos elasticos.

2 - A atividade não vulnerada, pela lesão recurrente, dos extensores.

3 - A inervação simpatica da musculatura das cordas vocais, de modo que lhes fique conservado o tonus normal.

ZANGE (lena) - O que ha de novo sobre o laringocele do homem e seu tratamento operatorio - Pag. 379.

A divisão feita por Hijzel em laringocele puro (primario) e sintomatico (secundario), tem base fraca e não tem significação pratica. E' suficiente dividi-los em interno, externo e combinado, sendo que assim o externo está sempre ligado ao interno ao nível da membrana tiroidéa.

Importante é, ainda, a nova especie de laringocele pseudo-combinado para o qual a parte externa não será constituiria senão pela propulsão da membrana tireoidéa. O A. descreve um novo processo operatorio para os laringoceles internos puros, para os quistos congenitais do laringe e para os laringoceles pseudo-combinados. Este processo basea-se na situação anatomica e no modo de desenvolvimento do laringocele e consiste no rebatimento, para baixo, da membrana tiroidéa após sua secção em sua inserção no osso hioide e na região do grande corno da cartilagem tireoide, de modo a obter-se bôa visibilidade, espaço amplo e possivel preservação dos nervos e vasos que atravessam a membrana. Para os restantes laringoceles o A. aconselha o emprego dos metodos já conhecidos, assim nos laringoceles puramente externos sua extirpação e secção no pediculo no ponto em que atravessam a membrana tiroidéa. Para os combinados comuns, a abertura da membrana, partindo do lugar em que a penetra e por esta fenda extirpar a expansão externa e a interna. As indicações para a intervenção não tem restrições nem as que Hijzel considerava como puras indicações vitais, nem as que se ligam á bases foneticas.

SPIESS (Frankfurt a. M.) - O tratamento da tuberculose pela inalação de sôro - Pag. 425.

O A. no Congresso de Wiesbaden, em 1922, falou sobre o emprego de diferentes soros antitoxicos especificos no decurso da tuberculose pulmonar. A facilidade com que se reabsorvem os sôros, tanto liquidos quanto em pó, pelas mucosas do nariz, boca e lingua, é que explicaria sua ação por estas vias. A dedução continuaria de valor para a mucosa pulmonar. Uma experiencia com a inalação de 5 cms. de sôro antitetanico foi feita e o exame para titulação de seu valor anti-toxico foi praticado no sangue retirado, em determinado tempo, de uma das veias do animal em experiencia e ficou provado que a concentração em antitoxinas era mais intensa logo após a inalação e que, ainda, doze horas depois ainda poude ser titulada no mesmo animal. Deste modo ficou provada a realidade da ação, de tais sôros, aplicados por meio de inalações.

O A. ha já alguns anos emprega as inalações de sôro anti-toxico, na tuberculose, em sua clinica. O metodo esbarrava em dois obices importantes:

a) a falta de um aparelho de inalação que, em tempo curto, pudesse nebulisar 5 cm. de sôro, pois que os melhores aparelhos antigos existentes, nebulisavam 5 cms. de sôro em uma hora, o que não deixava de ser importante a considerar para tais doentes;

b) o mau gosto e o mau cheiro do medicamento.

O A. conseguiu, com a cooparticipação de um engenheiro amigo, o Dr. PONGRACZ, a construcção pela Pneumatic A. G. (Berlin, Friedrichstrasse 110, 122) de um nebulisador que tornou possivel a nebulisação de 1 ccm. de sôro em um e meio minuto.

O mau gosto e mau cheiro foi, tambem vencido fazendo nebulisar conjuntamente com o sôro, uma solução de Kümmel a 2 até 5 %. As cavidades nasais devem ser obstruidas para que a respiração se faça só pela boca.

Para um grande numero de tuberculosos foi examinado bacteriologicamente o escarro para se verificar a porcentagem de sôro a empregar-se. A média destes exames levou, o A. ao emprego de sôros antitoxicos mistos nas seguintes proporções:

50% de sôro estreptococus, 30% de stafilococus, 10% bacilos coli e 10% pneumococus.

É aconselhavel, primeiramente, em todos os casos, com quatorze dias de intervalo, determinar a precipitação sanguinea e com intervalo de quatro semanas examinar, segundo Hirsch, a medida da interferencia do sangue sobre seus fermentos de defesa contra as bacterias contidas no escarro (bacilo tuberculoso, strepto-estafilo-pneumococus e Coli) e estudar as modificações trazidas pelas inalações de sôro especifico e do sôro misto.

É preciso contar-se, como em todo tratamento pelo sôro, com a hipersensibilidade do paciente.

O A. nunca observou, em trinta anos de aplicações de sôro pela via peroral, nenhum fenomeno anafilatico, assim esperava, tambem, que por meio de inalações não tivesse lugar; ao contrario, muitos casos, durante a guerra, em que o serum anti-tetanico fôra aplicado, fenomenos nitidos de anafilaxia se produziram que o fizeram aplicar o sôro com maior cuidado. Por conseguinte, antes do emprego de qualquer sôro deve-se pesquizar a hipersensibilidade do paciente e, caso presente, antes de fazer as inalações, praticas a prova de ROTHER que consiste em retirar sangue da veia braquial e injeta-lo, imediatamente na massa muscular. Estas injeções do proprio sangue deverão ser repetidas em caso de choque anafilatico assim como deverá ser injetado pela via intra-venosa dóses grandes de calcio, assim tambem fazer uma injeção de morfina e atropina e procurar vencer a hipersensibilidade pelas injeções de timo.

O sôro não deve conter nenhum meio conservador (fenol e outros), sendo necessario pedir-se um sôro extra. A dóse maxima de sôro empregada não deve ir além de 3 á 5 cms.3, iniciando-se a inalação com 1 cm.3. No que concerne aos resultados obtidos com esta medicação, o A. refere-se com certo cuidado, pois que o numero de casos tratados não é bastante grande para que uma conclusão possa ser feita.

No entanto póde afirmar que o tratamento deve ser tido como realmente vantajoso.

M. O. R.

ACTA OTO-LARYNGOLOGICA Vol. XXI - Fasc. I - 1934. (Stockolmo)

PROF. H. BURGER (Amsterdam) - Paralisia conjunta da corda vocal e do diafragma - Pag. 1.

O A. descreve a observação de dois casos desta rara especie de paralisias. O primeiro em um homem de 51 anos de idade, que apresentava: 1 ) paralisia da corda vocal direita; 2) paralisia da metade direita do diafragma e 3) esclarecendo estas paralisias um tumor no mediastino superior. Wassermann fortemente positivo. Diagnostico Goma do mediastino.

O segundo um homem de 60 anos de idade, com paralisia do frênico direito e da corda vocal esquerda. Tumor na lobo superior do pulmão direito.

O A. discute os poucos casos publicados: KLINKERT, ARNSTEIN (resumo dos autores) STOERK, BRUNETTI, que somados aos dois do A. perfazem sete ao todo, entre os conhecidos.

Descreve as causas possiveis e procura explicar a patogenia.

CYRIL B. COURVILLE e J. M. NIELSEN - Complicações endocraneanas da otite média e mastoidite. - Pag. 19.

Resumo dos autores: Este estudo é baseado nas complicações intracraneanas de otites medias, encontradas em 167 casos de uma serie de 10.000 autopsias. Foi revista a literatura referente á incidencia das complicações endocraneanas em geral e em particular e, quando possivel, feita a correlação destes dados com os que encontraram os AA.

Nas clinicas européas, em que autopsias foram praticadas em todos os casos, a letalidade das otites médias foi de 0,25%, ao passo que a incidencia das complicações endocraneanas encontradas nas autopsias, varia de 0,25 á 1,0%. Na serie dos AA., em que o consentimento, para autopsia, era necessario, esta incidencia foi de 1,67%. As leptomeningites foram encontradas mais frequentemente em varias series e apareceram aproximadamente na metade dos casos. A trombose venosa segue de perto a proporção de ¼ dos casos, ao passo que os abcessos do cerebro concorrem com 1| 5 dos casos. Os abcessos sub-durais variam na frequencia, mas aparecem entre 5 á 10% das mortes causadas por complicações endocraneanas. Na serie dos AA. as complicações tiveram maior frequencia na primeira decada da vida, ao passo que a mortalidade foi maior na 2.ª, 3.ª e 4.ª decadas.

A trombose dos seios venosos e os abcessos do cerebro eram pouco comuns na 1.ª decada da vida, mas eram frequentes durante a adolescencia e idade adulta. Abcessos cerebelares, ao contrario da opinião geral, não são menos raros, na 1.ª decada, que os abcessos cerebrais. Os pacientes do sexo masculino são mais sujeitos á complicações endocraneanas que os do sexo feminino. Devido a frequencia dos abcessos extradurais e das leptomeningites, as complicações endocraneanas são mais encontradiças nos casos de otite média agúda que nas infecções cronicas dos ouvidos. A trombose dos seios venosos se processa com numero igual tanto nas otites agúdas quanto nas cronicas. Os abcessos do cerebro são mais comuns nas molestias cronica do ouvido médio. Si bem que os abcessos extradurais sejam a mais benignas das complicações endocraneanas, podem, no entanto, causar outras complicações mortais, comumente leptomeningites e mesmo abcessos do cerebro. De cada uma das lesões solitarias encontradas pelas autopsias, as leptomeningites entram com 40 á 60% dos casos, as tromboses dos seios venosos com 30 á 40% e os abcessos do cerebro com 20 á 30%. As tromboses dos seios são mais frequentemente acompanhadas pela leptomeningites que qualquer outra complicação, assim nos abcessos do cerebro não são tão comuns. Das lesões associadas com leptomeningites, as tromboses são, de novo, as que mais frequentemente se observam, vindo em seguida os abcessos do cerebro. A proporção entre os abcessos do cerebro e os do cerebelo é de dois para um.

M. O. R.

MONATSSCHRIFT FOR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGORHINOLOGIE Vol. 68 - Maio 1934 (Viena).

DR. HOFER - Complexo sintomatico de Menière em seguida a trombose da arteria basilaris cerebri - Pag. 533.

A influencia do aparelho circulatorio sobre o labirinto estatico foi observado por Mygind; ele mostrou que a hipotensão sanguinea pode repercutir na endolinfa. Mygind provocou em doentes com fistula labirintica, comprimindo a carotida do lado doente, um nistagmo, consistente em movimentos lentos para o lado doente e rapidos para o são; á interrupção da compressão, observou o contrario. Sintomas labirinticos podem aparecer como sinais de doenças gerais vasculares. A estes acidentes agudos, relaciona Kobrak a doença de Menière. Kobrak destingue na doença de Menière duas fases: insulto apopletico e estatus labirinticus. Todas as formas de angiopatias labirinticas, divide Kobrak em puras organicas, preponderantemente organicas e puras funcionais. Ás primeiras pertencem as angiopatias estenosantes (arterioesclerose, sifilis), a obliterante (trombotica, embolica) e a angiopatia labirintica hemorragica; ás formas funcionais liga Kobrak as perturbações vasomotoras labirinticas na hiper e hipotonia; ás fucionais puras a angiopatia labirintica neurotica.

O A. descreve um caso de doença de Menière de base organica pura ligada, sem duvida, á obliteração da arteria basilaris. A. M. 65 anos, desde três semanas tem vertigens, vomitos, diplopia. Otite media aguda desde 1931.

Exame: lado dir. normal; lado esq. timpano retraido; audição 20 cent. para voz coch.; nistagmo espotaneo rotatorio para a dir.; prova calorica: 200 cc. de agua a 50° faz cessar o nist. para a dir. que se substitue por outro de curta duração para a esq.; Romberg nitido. Diagn.: lesão do ouvido interno esq. (Menière esq.). A doente veiu a falecer três dias após.

A autopsia demonstrou tratar-se de trombose da arteria basilar do cerebro que levou a um amolecimento, tomando a metade ant. do andar medio, para traz até as estrias acusticas e em consequencia á perturbação da irrigação.

O A. estuda a seguir a irrigação do labirinto. A anemia e a hiperemia labirintica podem ocorrer em estados varios: menstruação, congestão da cabeça, doenças febris, etc. Tanto a anemia como a hiperemia podem ser passageiras ou permanentes. Os sintomas clinicos de ambas são os mesmos.

DR. MAX KRASSNIG - Neurit´s nervi acustici? - Pag. 555.

Os casos apresentados pelo A. sofreram subita afecção do ouvido int. do tipo Menière, sem qualquer sinal de afecção aguda do ouvido medio e da trompa; tratavam-se de pessoas sadias e que nunca se queixaram do ouvido. As perturbações observadas diziam respeito a um só lado e atingiram não só o ramo coclear, como o vestibular. A maioria dos casos, em numero de seis, mostrou-se após semanas e meses, sempre lesão com relação ao coclear e restituição com referencia ao vestibular.

Não ha duvida de que os casos pertenciam ao quadro clinico descrito sob o nome de Menière apoplectiforme.
Ha dois pontos que ligam o complexo de Menière: 1) acometimento constante do ouvido medio e repetição de tempos a tempos. 2) alem da lesão do ouvido medio, ha acometimento de todo o organismo (lues, hipertonia, doenças do cerebro, etc.). Trata-se nestes casos de Menière sintomatico.

O A. faz as seguintes perguntas: onde se sitúa o processo patologico? de que se compõe ele? A resposta á primeira pergunta só pode ser, na opinião do A. esta: A lesão se localiza no ouvido int. ou no ramo do acustico e o processo patologico deve ser ou uma perturbação da circulação, ou um estado exsudativo.

O tratamento resumiu-se em injeções de pilocarpina e chá da mesma substancia.

G. F. JANNULIS - Tratamento conservativo das tonsilites cronicas Pag. 612.

A discrepancia entre os sintomas clinicos e subjetivos dos pacientes com tonsilite cronica, faz com que muitas vezes se torne dificil a distinção entre tratamento conservativo e cirurgico. A anamnese e o exame local não conduzem a uma indicação segura. As indicações dadas por muitos autores, adenopatia cervical e submentoniana nem sempre satisfaz.

Podemos aceitar as amigdalas como causa de uma infecção focal, após conclusão de que outros exames resultaram negativos. O A. envia para tonsilectomia somente os casos que não aproveitaram com o tratamento conservativo.

O tratamento do A. consiste em uma massagem, como já Mueller fazia, e em uma lavagem das criptas tonsilares com pioctanina, por meio da sonda de Hartmann e colargol. Pelo tacto percebe-se a consistencia das tonsilas e daí uma indicação futura, por exemplo operação.

A seguir relata o A. o seu processo de massagem, indicando quais os musculos submetidos ao processo. Os musculos sob a ação da massagem atuam como bomba aspirante e premente sobre o sistema vascular venoso e linfatico, pois aqui se trata mais de estase venosa que arterial. Desse modo são removidos os focos paratonsilares.

Apresenta o A. um caso que serve de modelo, no qual se observam os seguintes resultados: melhora do apetite e do cansaço, melhora do quadro sanguíneo.

C. E. JANNULIS - Perturbações auditivas em tumor cerebral - Pag. 617.

Paciente com 22 anos. Exame neurologico: em março de 1933 dores na nuca, emagrecimento, inapetencia. Em maio, piora do estado geral, vomitos, insonia, gosto amargo na boca. Os vomitos repetem-se diariamente por cinco vezes, independentes da alimentação. Constipação. Ptose da palpebra dir., que regride no correr de dois meses. Este estado melhorou, mas pouco tempo após sobreveiu fraqueza e anestesia da metade esq. (cabeça, mão e pé). O angulo esq. da boca acha-se mais baixo que o direito.

Ex. ocular: papila de estase bilat. Acuidade normal. Diminuição do campo. Fala perturbada moderadamente. Paralisia do reto externo dir. Ligeira disfagia. Quadro sanguineo normal. Marcha espastica, puxando para a esquerda. Sintomas cerebelosos: Ligeira ataxia da mão esq.

A prova otologica mostra uma elevação dos reflexos labirínticos (nistagmo experimental de tipo central). (Nistagmo diagonal).

Provas funcionais: R. O., positivo; W. para a dir.; S. O., diminuindo; CI e C4 0; V-0,2m; v-0,05m. O diapasão colocado no ouvido esq. era sempre percebido á dir.

Autopsia: tumor duro, do tamanho de uma noz, que toma toda a ponte, uma parte do cerebelo post. dir. até a altura entre a ponte e a medula. Para deante até a proximidade do quiasma ótico; toma a base do hipotalamus dir. A camara cerebral acha-se alargada pelo tumor e especialmente o corno post., que parece alargado até o angulo do lobo occipital esq. Hidrocefalo int. O tumor atinge a base do cerebro, e é facilmente exteriorizavel.

F. J. MAYER - Septicemia tonsilogenica, ressecção da jugular, paralisia do recurrente. Cura. - Pag. 626.

Uma doente com 38 anos de idade, é operada de tonsilectomia, por anginas repetidas. Como houvesse desvio para a esq. do quadro sanguineo, foi feita tambem ressecção da jugular esq. Após esta, a febre cedeu, mas a doente ficou rouca e a laringologia demostrou a existencia de paralisia do recurrente esq. Após uma estadia de três meses no interior, volta a doente completamente boa de sua laringe. Acha o A. que houve após a operação uma inflamação e consecutiva compressão do nervo, seja pelos tampões, seja por ganglios inflamados. Haveria tambem a possibilidade de uma nevrite toxica.

E. WESSELY - Quatro casos de Ca. do laringe e faringe após irradiação pelo Coutard - Pag. 627.

Durante os ultimos anos aplicou o A. o Coutard em cem casos. Apresenta agora mais quatro. O primeiro trata-se de uma mulher de 52 espino-celular na parede post. do hipofaringe. Depois do tratamento só vê uma prega na altura das aritenoides. O segundo caso refere-se a um homem com 66 anos, portador de um Ca. simples. O tumor desapareceu completamente, permanecendo ainda um ligeiro edema das aritenoides. Terceiro caso: V. com 53 anos, sofre de tumor da falsa corda dir., propagando-se para a epiglote e aritenoide, com fixação. O estado local do doente é o mesmo desde junho de 1933: quadro de laringite cronica com ligeiro edema das aritenoides. O quarto caso diz respeito a E. com 49 anos, portador de tumor da corda e falsa corda esq. com fixação. A irradiação foi feita em dezembro de 1932. Desde esse tempo permanece um edema cronico da aritenoide esq. com propagação. A corda esq. acha-se tambem edematosa. Glote apertada, o que obrigou a uma traqueotomia devida a catarro intercorrente.

Vol. 68 - Junho 1934.
(Viena).

KOMPECHER e NEMAI - Degeneração gordurosa das criptas tonsilares - Pag. 641.

Nas lacunas das tonsilas, o epitelio sofre degeneração gordurosa. O exame histopatologico, mostra que o epitelio da profundidade da lacuna, relativamente á coloração, comporta-se semelhantemente ao do saco prepucial. A superficie das tonsilas, constitúe-se de epitelio chato, tendo por base um forte tecido conjuntivo. Nas paredes das lacunas, o epitelio é muito fino e falta o tecido conjuntivo, os foliculos chegam até a superficie; quando as lacunas penetram muito profundamente, fora do contacto com o ar, encontramos a degeneração gordurosa.

BURACK - Contribuição ao problema do escleroma - Pag. 647.

O estudo do problema do escleroma apresenta-se-nos muito complicado, não só quanto a sua exteriorização, como tambem quanto ao fatores constitucionais endocrinos, em face de interessantes hipoteses no capitulo da fisiologia, da anatomia patologica, da bacterio-sorologia e da clinica.

Muitos autores não notam diferença entre os bacilos de Frisch e outros encapsulados, como os de Friedlaender, Abel-Loewenberg, Escherich e Pfeiffer, negando sua especificidade.

Não se pode ter tambem muita certeza, quanto á especificidade da reação de Bordet et Gengou. Esta reação mostra-se ás vezes positiva em individuos que não apresentam doença alguma. Não obstante, acha o A. que a reação é um ótimo auxiliar para o diagnostico dos casos dificeis. A pequena percentagem dos contraditores não deve invalida-la.

A histologia do escleroma oferece ainda hoje campo aberto para novas pesquizas. Não é rara a ausencia dos bacilos de Frisch nas preparações.

Muitos autores distinguem três estadios, outros quatro na evolução da molestia, com formas de transição. Acha Burack que não ha razão para essa divisão.

Um resultado histopatologico negativo não infirma o diagnostico. Por outro lado, são conhecidos casos, de diagnostico seguro de escleroma e no entanto o decurso provou tratar-se de tuberculose ou de carcinoma.

O que caracteriza o escleroma é a multiplicidade das formas clinicas, isto é, o encontro de botões, papulas, excrecencias papilomatosas, granulações, etc. no nariz, faringe e laringe por exemplo.

ALEXANDRE CSILLAG - Sobre fraturas do nariz, em ligação com um caso de fratura da face - Pag. 663.

Para o tratamento de fraturas recentes do nariz, é exigivel o exame rinologico, porque de outra forma não se poderia corrigir as perturbações nasais. O meio mais simples de tratamento é o tamponamento, em camadas, da cavidade nasal, mais eficiente que a fixação externa. Com o tratamento oportuno especializado, consegue-se uma cura satisfatoria funcional e cosmetica.

ERICH KNAPP - Curioso corpo estranho - Pag. 683.

Um individuo com 32 anos de idade, é operado da vesicula. Seis meses após a operação sente perturbações para o lado da deglutição e da respiração e expele depois de uma serie de contratempos, um corpo comprido esverdeado e putrido. Com grande surpreza verificou-se que se tratava de um pedaço de tarlatana, medindo 45 por 52 cent. e na diagonal 66 cent.

Os medicos que haviam feito a operação, garantiram que não havia possibilidade de se ter deixado semelhante corpo estranho no ventre elembraram que o doente, durante sua permanencia no hospital, dava-se á pratica do ilusionismo e da prestigitação.

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