Ano: 1962 Vol. 30 Ed. 4 - Julho - Dezembro - (4º)
Seção: Associações Científicas
Páginas: 44 a 47
REUNIÕES CIENTÍFICAS
Autor(es): Resumos - por D. P. Baptista - 2.° Secret.
DEPARTAMENTO DE OTORRINOLARINGOLOGIA DA A. P. M.
(Resumos - por D. P. Baptista - 2.° Secret.)
Dia 17-10-1962
SIMPÓSIO SÔBRE CEFALÉIAS
1) CEFALÉIAS NEUROLÓGICAS - Otavio Lemmi
Estruturas sensitivas dolorosas: a) Grandes seios venosos e suas emissárias; b) Artérias do polígno de Willis; c) Artérias meningeas e dura Mater. Tôdas as estruturas extra-cranianas são sensíveis e dolorosas, como o couro cabeludo, dentes etc...
Os mecanismos são seis:
1) Dilatação das artérias, tanto extra como intra-craniais.
Entre as intra-cfaniais, que são muito frequentes temos 2 tipos: a) post-convulsivo é intensa e latejante; b) post-traumatismo craniano nas artérias extra-cranianas. Mecanismo também encontrado na enxaqueca e hipertensão arterial.
2) Tração das estruturas intra-cranianas. Não é latejante e não é influenciada pelo decúbito. Nos casos de inflamação dessas estruturas, aparece cefaléias exarcebadas. Aparece nos tumores ao provocarem tração ou hipertensão. Não é latejante, tem intermitência, não é violenta e às vêzes acompanhada de vômitos. Os abcessos cerebrais dão quadro semelhante. Devemos nos valer de exames subsidiários para o diagnóstico. Temos que considerar também o hematoma.
3) Tração e dilatação dos vasos intra-cranianos.
Aparece nos casos em que se submeteu o doente à punção lombar, em que há bloqueio na formação do líquido céfalo-raquidiano por traumatismo cranianos. O tratamento é refazer a pressão perdida.
4) Inflamação das estruturas intra-cranianas.
Nos processos inflamatórios das meninges, com quadro de confusão mental e rigidez de nuca. Aparece nos que fizeram ventricultlografia. Começa violentamente, subitamente, pode ou não entrar em coma.
5) Inflamação das estruturas extra-craniais.
Dor de cabeça da arterite temporal, é acompanhada de agitação, e às vezes febre e amaurose.
6) Contração dos músculos da nuca, devido a processos sinusais, distúrbios da visão, e estress, emocional. Terapêutica - infiltração por novocaína.
7) Dor propagada de regiões vizinhas. Processos oculares, dentários, seios da face.
8) Mecanismo psicogénico da dor.
2) CEFALÉIAS OCULARES - Renato Toledo
Causa de cefaléias, é a mesma do edema de papila, da retinopatia, da exoftalmia, incluindo as doenças extra-oculares que provocam reação ocular.
Glaucoma, encontradas em 2% das pessoas acima dos 40 anos, que acarreta cefaléia que não é duradoura. Todas as causas de arteriopatia ou fadiga visual:
1) Fatores oculares, ametropias, vícios de refração; 2) Desiquilíbrio da musculatura extrínsica; 3) Iluminação - Deficiência de luminosidade; 4) Estado físico da pessoa.
3) CEFALÉIAS VISTAS PELO- CLINICO - Aldo Bruno de Finis
O clínico encontra cefaléia em 8% dos seus casos. O exame clínico deve ser bem feito de todos os órgãos. Muitas vezes a pressão arterial resolve o caso. Nos processos infecciosos, pedir hemograma e hemossedimentação.
Se não tem nada pelo exame clínico, procurar causa no ap. digestivo ou no sistema nervoso. Posteriormente exames de laboratório, fundo de olho, punção liquórica e RX de crânio e dentes. Pneumoventriculografia e eletroencefalografia, se necessários.
Em seguida o Autor descreveu os tipos de cefaléias, localização, intensidade, evolução, tempo de início e frequência.
4) NEVRALGIAS CRANIO-FACIAIS - Paulo Mangabeira Albernaz
Descreveu os tipos mais encontrados em sua especialidade: neuralgia do trigêmeo e seu tratamento; neuralgia do glosso-faríngeo, do esfeno-palatino, síndrome de Charlin, occipital, etc.
5) CEFALÉIAS PSICOSOMATICAS - Heladio Capisano
Reportou-se do Dr. Capisano a casos de enxaqueca e seus fatores, explicando a terapêutica por intermédio de diapositivos.
Dia 17-11-1962
ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA NA BLASTOMICOSE SUL-AMERICANA
1) PROR CARLOS DA SILVA LACAZ
Falou inicialmente sôbre o uso dos derivados sulfamídicos na blastomicose Sul-americana. A sulfadiazina com concentração baixa de 5 mg permite a cura; sulfadiazina; sulfamétoxipiridazina de absorção lenta em comprimidos de 500 mg.
A seguir discorreu sôbre a indicação dos diferentes medicamentos citando ainda o uso da Anfotericina B, principalmente quando existe intolerância à sulfa e nas lesões extensas. A tirotricina pouco efeito tem na moléstia. Cirurgia por drenagem dos gânglios afetados. A hormonioterapia às vezes tem seus efeitos. Está se estudando a vacinoterapia.
2) PROF. SEBASTIÃO DE .ALMEIDA PRADO SAMPAIO
No passado usava-se arsenicais e antimoniáis (Glucantime é o menos tóxico). A dose pode variar; em ambulatório, 5 a l0cc diários. I.V. ou I.M., durante 15 a 20 dias. A lesões cicatrizam ràpidamente. Pode haver resistência ao Glucantime, nesses casos usa-se a Anfotericina B.
3) CONDUTA NA PARADA CARDÍACA - Antonio P. de Almeida
É raridade em oftalmologia e em otorrinolaringologia, porém ocorre com grande frequência devido à troca de drogas e pela injeção destes na veia diretamente. Em O.R.L. existe ainda outros casos de asfixia acidental por corpo estranho e de punção de traquéia na asfixia de crianças.
A seguir expôs a técnica que deve ser usada em casos de parada cardíaca, técnica de massagem cardíaca externa que se não der resultado pode-se pensar em toracotomia.
4) CONDUTA CIRÚRGICA NO PERFIL NASAL - Roberto Farina
O autor projetou filmes e descreve a técnica por êle usada.
Dia 17-2-1962
Eleição para o cargo do presidente e secretários do departamento para o período de 1963. Iniciando a ordem do dia, dá-se início à votação. Foram eleitos: Dr. Décio Mion - Presidente, Dr. Aniz Milan - l.° Secretário e Dr. Aroldo Miniti - 2.° Secretário.
MESA REDONDA SÔBRE ALGUNS PROBLEMAS DA ESTAPEDECTOMIA
Moderador: J. E. Rezende Barbosa
1) Diagnóstico diferencial das hipoacusias cirúrgicas - Antonio Prudente Corrêa
O diagnóstico diferencial baseia-se na anamnese, exame audiométrico e radiológico.
Descreveu as características da otosclerose, porém, advertindo que nem sempre encontra-se o quadro característico, podendo um ou outro fator falhar. Às vêzes na clínica encontramos quadros que podem simular a otosclerose, essas falhas vão de 2 a 4% dos casos.
Descreveu os diferentes tipos possíveis de simular a otosclerose, documentado com casos clínicos e diapositivos.
2) Indicação da estapedectomia - Prof. Raphael da Nova
A estapedectomia tem por finalidade restabelecer o sistema de condução na caixa do tímpano. Reportou-se a seguir à história. É a otosclerose lesão de condução e caracteriza-se principalmente pelo Rinne negativo. A condução aérea baixa pràticamente a 60db e a óssea fica pràticamente normal com discreta queda em 25.000 c/s. A indicação ideal é para os casos de transmissão pura. Há casos em que a óssea cai em 2.000 c/s e prossegue caindo para os agudos e o 3.° em que a hipoacusia é mista. O lado operado em primeiro lugar deve ser o peior.
3) Estudo comparativo das técnicas cirúrgicas - Hugo Ribeiro de Almeida
O seu trabalho foi lido pelo Dr. Gustavo dos Reis Descreveu as técnicas de Portmann e Shea.. As 2 técnicas são superiores à fenestração. Os casos de Portmann deram ganhos bons, porém os de Shea são mais regulares. A técnica de Portmann só em casos prováveis poderia ser feita com perfeição. A de Shea deveria ser a usual.
4) Acidentes e complicações da estapedectomia - Dr. Mauro Cândido de Souza Dias
1) Anestesia - Evitar perfuração da membrana. 2) Acidente com a bigorna e luxação da bigorna. 3) Platina - Cuidado para não provocar perda da cóclea. 4) Platina flutuante. Deve-se deixa-la. 5) Prótese Pode deslocar-se, cair dentro do vestíbulo. 6) Nervo Facial - Cuidado para não lesar. 7) Hemorragia - Hoje já não se dá tanta importância à entrada de sangue no vestíbulo.
5) Conduta nas platinas obliteradas - Dr. Sergio Paula Santos
Ela foi a responsável pelos insucessos no início dessa cirurgia. Conduta - Perfuração central, é o que se faz geralmente, utilizando a prótese de "Teflon", substância autolubrificante.