Versão Inglês

Ano:  1966  Vol. 34   Ed. 1  - Janeiro - Março - ()

Seção: Trabalhos Originais

Páginas: 1 a 34

 

OS VIRUS EM OTORRINOLARINGOLOGIA (*)

Autor(es): Paulo Mangabeira-Albernaz (**)

Por vírus entendem-se corpúsculos infinitesimais, de que muitos, localizados no ámago das células, determinam, nos organismos animal e vegetal, manifestações patológicas de várias espécies. Seu conhecimento nasceu, em fins do século passado, do estudo de uma afecção do fumo, conhecida pelo nome de mosáico.

O estudo dos virus animais tem, nêsses últimos vinte anos, feito progressos extraordinários, devido principalmente a três fatos: 1) a possibilidade da cultura no ovo embrionado; 2) a cultura em células, principalmente células carcinomatosas do colo uterino, chamadas células He La: e 3) o descobrimento do microscópio electrônico.

Apesar disso, o estudo dos diferentes vírus baseia-se, em grande parte, em reações imunitárias, serológicas, prncipalmente na aglutinação das hemácias - hemaglutinação (melhor seria eritrócito-aglutinação) e no teste da neutralização. Há, mesmo, entre os vírus do mesmo grupo, espécies ou tipos, cuja característica principal é, por vêzes, tão sòmente uma diferença no teste de neutralização. A gripe, por exemplo, é devida a quatro grupos de vírus: o A, o R, o C e podemos admitir já o D, para o virus de Sendai. Pois bem: a gripe chamada asiática é causada pelo vírus A 2, que difere dos outros pelas reações de aglutinação.

O vírus in?ectante pode apresentar-se sob três formas: 1) a partícula infectante; 2) a fase vegetativa; 3) o provirus.

Como partícula virual infectante, é, nos microvirus, constituído unicamente de ácido desoxi-ribonuclêico ou de ácido ribonuclêico e material protêico, o qual serve de veículo.

Na fase vegetativa, o material genético, que penetrou em uma célula, dá origem à neoformação de partículas viruais, não por crescimento ou divisão, mas por organização e aproveitamento de materiais formados na célula-hospedeira.

Quando, penetrando na célula, o virus não é muito virulento, em vez de dar origem a partículas líticas, é absorvido pela célula, fixa-se ao cromossoma e atua como componente normal dela.

Neste caso o virus passa à fase de provirus ou prófago, estabelecendo com a célula uma associação íntima, com os caracteres de verdadeira simbiose.

Temos, pois, três fases: A) o virus partícula, introdutor ou invasor; B) o virus expansivo, lítico ou destruidor; e C) o virus cromossômico, virus-gene, ou disseminador.

Hoje já se admite haver partículas antecessoras dos virus, constituintes dos condriossomas, pelo menos nos virus vegetas. Tudo leva a crer, que o vírus deixa cada vez mais de ser considerado como a mais singela das entidades vivas, e é entendido como simples veículo, suporte material de elementos dialisadores (lisogênios), versão ultramicróscópica do ênzimo produzido por um gene hereditário provirus), em perfeito equilíbrio com a célula hospedeira.

Os vírus têm uma estrutura variável, com proteínas e ácidos nuclêicos. O da poliomielite, que é dos menores, compõe-se de proteína, ácido ribonuclêico e pelo menos dois antigênios. Se isolarmos este ácido ribonuclêico e o cristalizarmos, êle, por si só, uma vez inoculado, irá reproduzir a doença, o que, aliás, há muito já havia sido observado com o virus vegetal do mosáico. Parece, pois, que, ou há seres ou entidades tão minúsculos, que escapam a tôda e qualquer investigação com o aparelhamento de que atualmente dispomos; ou o vírus é um combinado químico, que, revolucionando a própria química, tem a propriedade de, em pleno citoplasma, progredir, aumentar, dividir-se. A reprodução - se assim se pode dizer - dos vírus está longe de ser um ato de entrelacamento. O virus provàvelmente se reproduz por mais de uma forma, mas a divisão pura e simples parece ser a mais freqüente.

O tamanho dos virus é um fato digno de assinalado. Há vírus grandes, coráveis pelo Giemsa, e visíveis no microscópio comum. Tais o do linfogranuloma venéreo, do mixoma, da psitacose, etc.
Justamente por serem relativamente grandes e por sofrerem a ação dos quemoterápicos e dos antibióticos, achou-se que êles constituiam uma família à parte, colocada entre os vírus e as rickettsias, e deram-lhes o nome de Miyagawanella. Os virus verdadeiros, os pequenos, medem de 150 a 180 milimicros, enquantos as miyazawanellas medem para cima de 230 milimicros e as rickettsias de 470 para mais.

No momento presente, o estudo dos virus está em plena efervescência e o número, não só de grupos, como de típos, aumenta dia a dia.

Inúmeras são as classificações dos vírus encontradas na literatura especializada. Pode-se, no entanto, grupar os virus de maneira muito ampla em cinco grandes divisões.
1 - Os enterovirus e semelhantes.
2 - Os rinovirus.
3 - Os não classificados.
4 - Os picornavirus.

Outros classificam os vírus em : mixovirus, adenovirus e picornavirus. Esta classificação, todavia, só se reporta aos virus das afecções respiratórias.

Os enterovirus têm seu habitat nos intestinos. Isto não impede que êles tenham sido encontrados no tecido das amígdalas. Os mixovirus compreendem os diversos vírus da gripe ou influenza, os da para-influenza (1, 2, 3 e 4), o R. S. (respiratório sincicial).

Os adenovirus encamparam os das doença respiratória aguda (A R D dos americanos), doença de aspecto gripal dos recrutas, e o da APC - acate pharyngo-conjunctival fever - a febre aguda faringo conjuntival - e todos os virus que se encontram em manifestações patológicas das vias aéreas superiores.

Os virus órfãos - ECHO (enteric cytopathologic human orphan) tomaram tal nome porque, quando descobertos, não se conhecia nenhuma manifestação patológica por êles determinada. São hoje mais de 30, ligados a processos inflamatórios das vias aéreas.

Restam-nos, por fim, os virus chamados a princípio arbor e atualmente arbo. A taxonomia dos vírus é em geral absurda. Arbor dá a impressão de árvore: virus de árvore. Mas, na realidade, é uma abreviatura muito mal escolhida de arthropod-borne isto é, transmitido por artrópodes. Além de ter sido preferível inseto a artrópode, o têrmo dava idéia, como já disse, de árvore. Daí a substituição recente, mas muito tardia para os efeitos almejados, de arbor por arbo.

Os vírus arbo são muito abundantes e estão entre eles os do dengue, da encefalite de S. Luiz, da febre amarela, da encefalite do Japão, além de vários outros causadores de estados patológicos observados em regiões da África.

No estudo das doenças determinadas por vírus, temos a considerar que há várias delas em que o virus é visível ao microscópio electrônico, e há outros em que o vírus até o momento não pôde ser observado. Há, ainda, algumas destas doenças, em que a etiologia virual é apenas suspeita ou admitida, e não comprovada. Acontece ainda que um mesmo virus pode determinar doenças completamente diferentes, tal o caso da varicela e do herpes zoster ou zona. Não há dúvida nenhuma sôbre que o virus que determina a primeira seja o mesmo agente etiológico da segunda. A explicação de fenômeno mais aceitável é de que a varicela, doença da infância, deixa o virus em estado de latência, no indivíduo ou o vacina insuficientemente, evitando novo ataque. Se êste, porém, já na idade adulta, vem a manifestar-se, apresentar-se-á o herpes zoster.

Admite-se hoje que o virus da chamada mononucleose infecciosa é o mesmo do hepatite infecciosa. Mas a verdade é que as duas doenças não são transmissíveis a nenhum animal de laboratório, não se encontraram nelas até hoje partículas viruais, e IM mononucleose a reação do sangue de carneiro (teste dos anticorpos heterófilos) é positiva, o que não se verifica na hepatite.

A título de curiosidade sejam agora citados os nomes dados pelos especialistas aos principais virus. Ainda aqui a taxonomia escandaliza pela extravagância. O virus da raiva chama-se Formido inexorabilis, o da febre amarela, Charon evagatus, os da gripe, Tarpeia alfa, T. beta, etc.; o da febre aftosa, Hostitis pecoris; o do sarampo, Briareus morbillorus; o da parotidite epidêmica, Rabula inflans; etc; etc.

Com esses dados gerais destinados à recordação do conhecimento dos vírus, podemos passar ao estudo das manifestações patológicas, das enfermidades ou doenças por eles determinadas no ambiente da otorrinolaringología.

Temos aqui três caminhos a escolher: 1) descrever as doenças, assinalando as suas manifestações, quer no setor rinológico, quer no faringo-laringológico, quer no otológico ; 2) fazer o estudo das zonas de influência da especialidade, lembrando então as manifestações viruais que nelas podem apresentar-se; 3) mencionar os diversos virus que causam manifestações clínicas no campo da otorrinolaringologia. Optarei pela última alternativa, pois que a mim parece a que melhor se coaduna com o título do tema que me foi dado, afim de ser ventilado.

1) O virus do resfriado comum - A rinite aguda simples - coriza aguda, resfriado, defluxo, constipação, "rhume du cerveau" dos franceses, "common cold" dos ingleses e anglo-americanos - é a mais conhecida, a mais vulgar, a mais freqüente, a mais irritante, embora destituída de perigo vital, de todas as doenças determinadas por virus. Só em 1931, Dochez, e colaboradores conseguiram a cultura, em tecidos, de um agente filtrável capaz de produzir, no homem o resfriado comum. Mas, apesar de criada, no Reino Unido desde 1946, uma Unidade para a Pesquisa do Resfriado Comum, só se sabe, até o momento presente, que o mal é causado por um ou mais vírus. O agente (ou os agentes) até agora não visibilizado, deve ter talvez uns 70 milimicros e no mínimo 30, pelo que passa pelas veias, e só é transmissível - salvo é claro, o homem - a um animal: o chimpanzé.

O soro de convalescentes é capaz de inativar o agente, mas não se pôde provar que isso tenha sido devido à formação de anticorpos específicos.

A doença, que, sabemos todos, é extremamente fastidiosa, representa em certas regiões - como no norte da Europa, nos Estados Unidos, no Canadá - problema social muito sério. Em verdade, o paciente elimina 4 a 5 litros de água por dia, e pode perder em dias de 1 a 2 quilos ou mais de pêso, o que traz grande quebra na produção de trabalho.

Não cabe aqui referência maior ao assunto, com exceção do que diz respeito ao diagnóstico.

Como vimos, há um ou mais vírus como agente causal da enfermidade. Mas acontece que a rinite aguda simples pode apresentar, por exemplo, as mesmas características da rinite aguda alérgica. Se, ainda, o vírus, além do mais, atuar, em determinado indivíduo, como alergênio, o paciente terá rinite aguda simples combinada com rinite aguda alérgica.

De outra parte, outros vírus podem dar origem a rinites de aspecto em tudo e por tudo semelhantes ao da do resfriado comum. Comecemos pela gripe ou influenza. É tal a semelhança da rinite inicial da gripe com a da viruose em estudo, que já é vulgar dizer-se "estou gripado" quando apenas se tem uma rinite aguda simples.

A doença respiratória aguda (A R D dos americanos), mal que se apresenta nos aquartelamentos de recrutas, começa por uma rinite que dificilmente será distinguida, a não ser pelo decurso do mal, - e nem sempre -, do resfriado comum. É um mal produzido pelo adenovirus 3 (antes vírus A P C, isto é, adenoido-pharyngoconjunctival).

Em um quadro clínico muito semelhante ao do resfriado, MO GABGAB e TELON isolaram um tipo de vírus diferente. E, além disso, os adenovirus, de modo geral, causam rinites que, do ponto de vista diagnóstico, não se podem diferençar da do resfriado.

REILLY e seus colaboradores, estudando o vírus do resfriado em 35 casos (crianças e adultos), isolaram vinte tipos serológicamente diferentes de vírus do resfriado, daí concluindo que isso explica as recidivas tão freqüentemente observadas da doença. Chegam a admitir que a relação do vírus ECHO 28 e o do resfriado, até agora pertencentes ao rhinovírus, é tão estreita biológicamente, que propõem a criação de um grupo novo: E R C - ECHO 28 - Rhino-Coryza.

O vírus Coxsackie A 21 (vírus Coe) isolado em 1954, inoculado em voluntários por Johnson e colaboradores, determinou uma infecção semelhante ao resfriado comum. O mesmo foi observado com o vírus ECHO 20 (protótipo J V - 1), isolado numa clínica pediátrica de Washington.

Fica, pois, evidente, dêste estudo que ora fazemos da rinite aguda, que as manifestações viruais são de etiologia muito ampla, e que o diagnóstico do grupo e do tipo do vírus só pode ser feito em laboratórios especializados e por virulogistas. Aliás, seja logo dito, isso não tem signifcação particular do ponto de vista clínico.

2) O vírus da febre faringo-conjuntival - De um grupo de tipos de vírus designados pelo nome de vírus A P C - adenoidopharyngo-conjunctival vírus - o tipo 3 foi encontrado por BELL e seus colaboradores, come agente causal de uma nova entidade clínica.

Na época (1955), o grupo de vírus apresentava seis tipos imunológicamente diferentes e deles os de n.º 1 2, 4, 5 e 6 foram encontrados no tecido de amígdalas palatinas e faríngicas obtidas cirúrgicamente. O tipo 4 apresentava-se em uma doença respiratória aguda febril, observada em recrutas militares, e o tipo 3 (A P C 3) na doença a que BELL e seus colaboradores deram o nome de febre faringo-conjuntival e de que, por ocasião da primeira publicação, haviam observado 300 casos.

Os adenovírus somam hoje nada menos (te uns 25 tipos antigênicos diferentes, pois que, segundo HAVENS, já eram 18 em 1960.

PARROTT e seus colaboradores encontram, na febre faringoconjuntival, a febre em 90% dos casos, a dor de garganta em 70%, mal estar e astenia em 72%. Quanto aos sinais, faringite em 75%, adenopatia cervical em 75%, conjuntivite em 75%, rinite em 50% dos casos, além de sinais outros menos característicos.

Os primeiros casos foram observados na equipe de um hospital, em 8 pacientes.

A doença é um mal da infância: em 72% dos casos relatados por PARROTT e colaboradores atingiu crianças de 4 a 7 anos.

Estudando a afecção, que não possui características próprias PARROT e colaboradores acentuam que o virus jamais havia sido encontrado, nas amígdalas e adenóides até o ano em que se observou o primeiro surto agudo. No ano seguinte, já podia ser achado em algumas amígdalas palatinas e faríngicas. Lembram os autores, entre outras coisas, o que fazem sob a forma de interrogação, a possibilidade de relação entre o adenovirus tipo 3 e a hipertrofia das amígdalas. Chamam a atenção para a relação entre a doença e as piscinas, sobretudo de acampamentos, conqunto não tivessem conseguido demonstrar o virus na água das mesmas.

3) O virus da faringite febril - Esta faringite não estreptocócica tem sido observada em crianças, nos Estados Unidos. Nada apresenta de específica, mas aparece como uma doença infecciosa e contagiosa. Nela prevalecem os adenovirus - ex - APC - grupos 1, 2 e 5, mas foi observado um caso em que o agente era o tipo 3.

4) Os virus do herpes simples - Conhecido logo desde o início dos estudos dos virus, o do herpes é visível no microscópio electrônico e mede 100 á 150 milimicros.

O virus do herpes determina a doença conhecida por êste nome e que se apresenta sob as seguintes formas: 1) o herpes simples (labial, facial, febril) ; 2) o eczema herpético: 3) a gingivoestomatite herpética: 4) a estomatite recurrente; 5) a rinite herpética; 6) a angina herpética; 7) a laringite herpética: 8) a herpes genital; 9) a afta simples; 10) a aftóide de Pospschill.

O herpes é um problema complexo. O indivíduo sujeito a herpes pràticamente o tem em surtos pela vida toda. É considerado, por essa razão, o tipo do virus latente. Fica o indivíduo como um verdadeiro hospedeiro, um porta-virus. A qualquer redução de resistência somática, o virus manifesta-se sob a forma característica de vesículas dolorosas, cheias de líquido a princípio claro, depois turvo. A vesícula rompe-se e fica uma pequena lesão.

Guardo minhas reservas sob esta interpretação dada pelos virulogistas. Ficar o virus permanentemente no organismo de um ser, que não o pode transmitir, mas que, em dado momento, por um desequilíbrio qualquer reacional, passa a apresentar um quadro mórbido, não me parece lógico. O herpes, sendo embora uma doença por virus, pode não ser, muitas vêzes, mais do que um modo de reagir individual a qualquer irritação geral. Inúmeras pessoas apresentam herpes labial como conseqüência de ataque febril por qualquer razão, e mesmo que a febre não ultrapasse os 38 graus. E apresentam a manifestação herpética infalivelmente e si sistemàticamente, tôda vez que há elevação térmica. A meu ver é duvidoso que, em tôdas estas vêzes em que o herpes se manifesta, seja isto provocado pelo virus.

Já no século passado, DIEULAFOY, tratando da angina herpética, dizia que não há angina herpética, mas anginas com herpes. A questão, atualmente, é a mesma, não só para a angina, como para o herpes labial.

ZAHORSKY observou, em crianças, casos de uma doença da garganta, acompanhada de febre elevada e de vesículas localizadas nos pilares anteriores, no véu, nas amígdalas, com prostração e às vêzes vômitos. As vesículas variam em número de duas a 20. O mal aparece no verão, com caráter epidêmico. Deu ZAHORSKY a esta afecção o nome de herpangina e êste título estravagante já figura em todos os livros, embora seja, como o diz SCHUERMANN, "uma denominação escolhida com muita infelicidade".

A tal herpangina não passa da velha angina herpética com a virulência decorrente do número de casos. Encontraram HUEBNER e colaboradores, como agente causal dêste tipo de angina herpética, um virus que estava ligado à poliomielite aguda: o virus de Coxsackie, grupo A. Depois, outros tipos foram encontrados: o tipo 2 de Dalldorf e o tipo de High Point.

Os vírus da chamada herpangina são, até pouco pelo menos eram, os virus de Coxsackie 2, 4, 5, 6, 8 e 10. Outros do grupo A causam doenças febris indiferenciadas, meningites assépticas, doenças febris com exantema, enquanto o grupo 13 causa várias afecções, dentre elas a pleurodinia (doença de Bornholm) e a encefalomiocardite do lactente.

Assentado que a angina herpética virual ou, se quiserem herpangina, é causado especificamente pelo virus de Coxsackie A, observaram, entretanto, GEME e PRINCE um caso de faringite vesicular em que o agente causal era o vírus de Coxsackie grupo B, tipo 5.

Os vírus de Coxsackie eram, até 1961, em número de 25, dos quais 20 do grupo A.

O herpes pode apresentar-se na laringe. A laringite herpética, descrita por BRINDEL em 1895, é uma afecção rara. Começa por ataque geral - calafrios, febre, alquebramento, dor de cabeça, até vômitos, e, ao cabo de poucos dias, rouquidão. As vesículas aparecem na face posterior da epiglote, nas dobras ariteno-epiglóticas, nas falsas cordas e mesmo nas cordas vocais. Vemos, então, simultàneamente, vesículas em fase inicial, vesícula já completamente desenvolvidas, e vesículas já em cicatrização.

Outro grupo de doenças, de que algumas são devidas ao vírus do herpes simples, são as chamadas aftas.

Eis outro problema de solução difícil em patologia. Toda eflorescência revestida de enduto, pequena úlcera da mucosa da cavidade bucal ou da língua e ainda da faringe, denomina o clínico de afta. SCHUERMANN, asseverando que o nome afta, e mesmo aftose, são usadas na prática, e mesmo em tratados, de modo bastante arbitrário, acha que devia haver maior discreção no emprêgo do termo.

Em verdade, as aftas compreendem várias entidades diferentes : 1) a afta crônica recidivante (ou aftose crônica recidivante) ; 2) a aftose de Neumann ; 3) as aftas solitárias (metastáticas) ; 4) a afta de Pednar; 5) a doença de Behcet; 6) a aftóide de Pospischill - Freyrteré 7) a febre aftosa.

A afta crônica recidivante é de etiologia desconhecida. Mas a afta simples (estomatite aftosa, estomatite màculo-fibrinosa) como a aftóide, são ambas causadas pelo virus do herpes simples. A primeira é a chamada afta infecciosa. Aparece o mal sob a forma de pequenas eflorescências grupadas, acompanhadas de febre alta, sialorréia profusa, mau hálito intenso, sério ataque ao estado geral e sob a forma de epidemia familiar ou caseira.

Difícil é a sua distinção da febre aftosa do gado, doença que vez por outra ataca o homem, e que é determinada por uma espécie particular de vírus, muito menor do que o do herpes, pois mede 30 milimicros, quando o do herpes mede 130.

A febre aftosa manifesta-se em geral por um quadro clínico extremamente semelhante ao da afta infecciosa: febre elevada sialorréia intensa, mas sem o evidente mau hálito - factor ex ore. O diagnóstico é, pois, muito difícil entre as duas entidades.

5) O vírus do herpes zoster - O herpes zoster ou zona é uma afecção causada por um vírus neurotrópico que pode localizar-se em várias regiões otorrinolaríngicas.

É no momento atual, considerado absolutamente idêntico ao virus da varicela, isto é, a zona e a varicela são causadas por um mesmo vírus. É um vírus grande, pois mede de 210 a 250 milimicros. As vesículas de 12 horas contém numerosas partículas viruais, já muito raras, porém, nas vesículas de 24 horas.

O herpes zoster, em otorrinolaringologia, manifesta-se com mais freqüência, embora seja de observação algo rara, no aparelho auditivo, onde determina o aparecimento de vesículas no pavilhão no pórus acústico ou na região imediata a êste, acompanhadas ou não de paralisia do facial e distúrbios cocleares ou vestibulares.

RAMSAY HUNT, em 60 observações do herpes zoster oticus, encontrou em 19 casos distúrbios da audição e raros do equilíbrio. MOUNIER-KUHN, REBATTU e DECHAUME, em 83 casos, observaram a síndrome cócleo-vestibular em 82%. Os aparelhos coclear e vestibular podem ser atacados isoladamente: 45% de distúrbios cocleares, 11% de vestibulares, 44% de cócleo-vestíbulares (CLAVERIE).

Uma das conseqüências da zona ótica é a surdez. Pode ser de transmissão (atribuida à paralisia do músculo do estribo, correspondente à paralisia do facial; ou à paralisia do nervo do músculo do martelo) . Pode ser de percepção, devida, talvez, a lesões dos gânglios de Scarpa e de Corti, onde o virus se tenha fixado. Em todos êsses casos, trata-se de uma forma clínica da zona do gânglio geniculado.

O herpes zoster pode localizar-se na bôca ou na garganta, quando o virus ataca os nervos maxilar e mandibular, ramos do trigêmeo, ou mesmo o pneumogástrico. PONCET e BARON relatam um caso de zona com paralisias francas do véu palatino e da hemilaringe homolateral, que aliás cederam dentro de algum tempo. São lesões raras: em 267 casos de MOUNIER-KUHN e REBATTU há apenas um caso. MONTANDON observou um paciente de zona com erupção beco-faríngica, paralisia do véu, paralisia facial, hipo-acusia, síndrome vestibular.

Pode ainda - e só há uma observação conhecida - o herpes zoster localizar-se na sinus maxilar. É o caso de WORAK, com lesões da pele da face, da bochecha, de hipofaringe e da mucosa antral (observada por endoscopia e com comprovação histo-patológica).

6) O virus da parotidite epidêmica - Êste virus determina surdez por lesão da orelha interna. Já desde 1874 TOYNBEE assinalava um caso de surdez e em 1883 LANNOIS e LEMOINE davam publicação a um trabalho de coniunto a respeito das lesões do nervo acústico, causadas pela parotidite epidêmica.

Em verdade, após um ataque da doença, podemos observar surdez súbita, um ou bilateral, sem manifestações vestibulares.

A causa da surdez tem sido atribuída a hemorragia do labirinto - hipótese dos antigos otologistas; a infecção localizada no nervo, meningo-neurite, o que se baseia sobretudo na presença do virus no líquido céfalo-raquídeo ; a localização do vírus nos núcleos, pólio-encefalite. Esta é a hipótese mais consentânea com os atuais conhecimentos. O virus pode fixar-se sòmente nos núcleos acústicos (caso mais freqüente) ou nos núcleos vestibulares, ou ainda em ambos.

Na clínica, tenho observado casos imediatos à parotidite, surgidos sùbitamente. No momento, estão sob observação uma criança de três anos que parece ter surdez unilateral, e outra de 5 anos, com surdez bilateral. As surdezes, ao que parece e como acontece na maior parte das vêzes são de tipo irreversível.

7. Virus da rubéola - A rubéola que os americanos chamam rubela ou sarampo alemão é uma doença eruptiva benigna a que não se ligou muita importância, até que GREGG na Austrália. em 1941, descobriu que o virus da doença podia causar embriopatias.

A mãe grávida, que vinha a sofrer de rubéola, corria o risco de ter um filho com catarata congênita, vícios cardíacos e surdez. É fato notório a celeuma que o caso despertou, pois que deu origem a número enorme de interrupções da gravidez.

Já em 1942, SWANN apresentava 49 casos de rubéola materna, com 31 casos de malformações congênitas, das quais sete de surdez. Em 1945, CARRUTHERS reunia 117 observações com 116 de surdez.

Verificou-se, depois, que a rubéola só apresentava êste perigo se a mulher adquiria a doença após o terceiro mês de gravidez, com um máximo de sensibilidade até o segundo mês.

BELUSSI, FILIPPI e SCALFI dizem que os estudos estatísticos indicam que de 565 casos de malformações congênitas, em 393 as alterações cocleares representavam o único sinal evidente de embriopatia rubeólica.

A surdez, em via de regra, é bilateral e de grau muito elevado. A audiometria mostra que a surdez total raramente ocorre. Há restos de audição, não ultrapassando a perda de 70 a 80 decibeis, resquícios que são mais elevados do que os observados na maioria dos casos de surdi-mudez resultante de outras causas. A perda auditiva é uniforme em tôdas as freqüências, de sorte que a curva audiométrica é quase horizontal. Este dado, na opinião de alguns autores, deve ser considerado característico da surdez rubeólica.

GOODHILL apurou, pelo interrogatório de 904 crianças intensamente surdas, que, em 25% dos casos, a causa fôra a rubéola.

Estudando histològicamente quatro crianças de mães que haviam sofrido de rubéola, LINDSAY e colaboradores observaram - falta de diferenciação no órgão de Corti e no membrana tectoria, o que explicava a perda da função auditiva.

TÖNDURY, entretanto, observou, no cristalino de dois fetos, mortos no útero de mães que haviam recentemente sofrido de poliomielite aguda (no 4° mês de gravidez), alterações completamente idênticas às encontradas nas embriopatias rubeólicas. Isto abre um campo novo, uma dúvida. As alterações serão devidas específica e exclusivamente à rubéola, ou a outros virus que, por acaso, tenham atacado a mãe durante a gravidez? Tal pergunta é plenamente justificada, pois que outros virus, como o de Newcastle (raramente ataca o homem), o do herpes simples e alguns dos da gripe (não citando os da parotiite, do sarampo, do zoster, etc) podem dar origem a embriopatias.

8. O virus do sarampo - O sarampo apresenta quase infalivelmente um sintoma que é a angina inicial, em que a causa imediata não está provado ser o virus. E também uma complicação algo freqüente, a otite média, quase sempre supurada, em que, igualmente, o responsável não é o vírus, mas uma super-infecção. Mas a surdez de sarampo, do tipo nervoso, esta é sem dúvida causado pelo vírus.

CLAVERIE é de parecer que é muito difícil admitir ou infirmar uma surdez primitiva devida ao sarampo.

A verdade, porém, é que o vírus do sarampo pode ser causa de surdez por nervo-labirintite.

NAGER, em 1917, apresentou um caso de uma criança de 6 anos com surdez completa por sarampo, do qual fóra atacado três anos antes de manifestar-se a perda auditiva.

HAGENS menciona o caso de um menino de 14 anos, que ficou totalmente surdo após sarampo, um ano antes de falecer. O exame histopatológico revelou que o órgão de Corti estava ausente em tôdas as espiras, e havia marcada de degeneração do nervo e do gânglio espiral.

Em um caso de uma criança de sete meses, falecida de broncopneumonia e complicação cardíaca, LINIDSAV e HEMENWAY fizeram o estudo histo-patológico do aparelho auditivo. A criança entrara no hospital aos três meses, com exantema típico de sarampo, e com otite média supurada, sem nenhum sinal de labirintite. Aos cortes, foi positivado que as lesões afetavam, em primeiro lugar, a stria vascularis. Havia degeneração da membrana tectoria e das células ciliadas. Os elementos de sustentação do órgão, de Corti haviam desaparecido na parte média como as espiras da base, com degeneração das fibras do nervo a das células do glânglio, e também da stria vascularis.

9. O virus da gripe ou influenza. Os virus da gripe são múltiplos e compreendem oficialmente os grupos A, B e C, aos mais se pode hoje acrescentar o grupo D.- O tipo epidémico é o B.

Das manifestações que o virus da gripe pode determinar na nossa especialidade cabe assinalar: 1) a rinite aguda. que pode ser confundida com a rinite aguda, dita resfriado comum: 2) a angina do estádio de invasão, que, como a rinite, não se provou serem causadas pelo vírus; 3) as laringites e traqueítes, que aparecem no decurso do mal, podendo ser causados por outros vírus; 4) as otites médias, em que o vírus jamais foi encontrado; 5) sinusites, etc.

Devemos assinalar particularmente uma forma clínica que tem sido reputada universalmente como patognomônica da gripe: a otite flictenular hemorrágica. Caracteriza-se pela dor da otite média aguda, estado febril e, ao exame otoscópico, pela presença na membrana do tímpano e nas paredes do meato acústico externo, de flictenas cheias de sangue.

Este quadro clínico sempre foi atribuído à gripe, mas a pesquisa do vírus gripais no líquido das flictenas resultou completamente negativa. BELUSSI, FILIPPI e SCALFI chamam a atenção sôbre o fato, e declaram que o problema da otite flictenular continua sem solução. Observaram o quadro clínico em casos de inflamação verdadeira e no decurso de outras enfermidades por virus, entre estas a poliomielite e doenças respiratórias não gripais, sugerindo isto a suspeita de que a otite flictenular pode ser etiológicamente ligada a um virus latente, desconhecido no momento. Tentativas de isolar o virus dos herpes simples falaram por completo, no caso.

No entanto, os vírus da gripe têm sido isolados, em investigações recentes, com testes serológicos positivos para a gripe, de exsudatos endotimpânicos bacteriológicamente estéreis, em pacientes com gripe e otite média. Isto prova que a manifestação otítica pode ser determinada diretamente pelo vírus da gripe. Observa-se aqui o mesmo já verificado ao pulmão: há pneumonias gripais sem agentes bacterianos, em que os vírus da gripe foram encontrados como agentes causais.

Outro problema etiológicamente sem solução no campo otológico vem a ser a chamada otite média indolente ou otite média serosa. Este mal tem sido atribuído tanto a alergia, como a vírus. Todos os estudos, têm, porém, falhado, na confirmação destas hipóteses.

FISHMAN, LENNETTE e DANNENBERG estudaram o assunto com cuidado. O líquido da caixa é um fluido que vai de aquoso a gomoso, espêsso, de côr amarelada ou soro-sanguinolenta ou mesmo leitosa. O estudo bacteriológico direto e cultural revela ser estéril. Todos os testes, principalmente para adenovirus, foram negativos.

A gripe pode dar origem a paresias transitórias do recurrente de tipo central, como RAUCH observou em três casos, cujo agente era o virus tipo B, acompanhados de letargia, afasia total e amaurose.

Quanto à possibilidade de a gripe determinar embriopatias e, entre estas, surdez congênita, CLAVERIE acha que a resposta é negativa.

Estudou KELEMEN o caso de um feto, cuja mãe falecera de pneumonia gripal por virus do grupo A. Abortara seis horas antes de falecer. A necroscopia do feto assinalou hemorragias múltiplas de vários órgãos. Os dados histo-patológicos do temporal forneceram caracteres típicos de otite gripal. Para KELEMEN, em caso de cura, o que se dá na maior parte dos casos, sequelas das lesões encontradas podem persistir nas orelhas médias e interna. Manifestam-se elas, após o nascimento, como defeitos funcionais nas áreas coclear e vestibular. É pois, justo considerar esta forma de embriopatia como uma das causas da surdez congênita.

10. Os virus da poliomielite aguda - Os virus da poliomielite são três: I, II, III, outrora Brunhilde, Lansing e Leon. LEON.

Esta doença raramente apresenta manifestações sintomáticas, ou mesmo lesões, na esfera otorrinolaríngica.

FILIPPI, SCARABICHI e BARBIEM, estudando 50 pacientes de poliomielite do ponto de vista coclear e vestibular, acharam, em todos os casos, a função auditiva normal. Em quase todos, o mesmo foi observado em relação ao equilíbrio. Apenas era observada hiper-reflexia à prova térmica, quando havia distúrbios bulbares.

No entanto, ANGELA e GALLI DELTA LOGGIA observaram lesões dos centros cocleares na região dos núcleos cocleares ventral e dorsal e em tôrno da núcleo do trapézio da ponte, na poliomielite.

WINCKLER relata o caso de uma mulher de 20 anos que, no nono dia após o aparecimento de paralisia espinhal infantil, apresentou perturbação unilateral elevada da audição, sem vertigens, nem nistagmo espontâneo. No audiograma, existia a 500 cps. uma queda de 20 a 30 decibeis, mas acima de 2000 cps. a queda era de 80 decibeis. Um ano após, o estado não se alterara.

Esta observação levou WINCKLER a estudar 48 pacientes de poliomielite. Com exceção de dois, a audição podia ser considerada normal nos restantes. A queda auditiva dêstes dois talvez pudesse ser atribuída a poliomielite.

NELSON CRUZ vai apresentar a êste Congresso a observação de três casos de surdez em crianças, respectivamente de 14, de 4 e de 3 anos, devidas a encefalite conseqüente ao emprêgo da vacina de Salk. A surdez, que não sofreu modificação após 5 anos, foi da altura de 80 decibeis para a via aérea, e quase total para a óssea, nos dois meninos menores. Um deles apresentou para a óssea, nos dois meninos menores. Um deles apresentou paralisia do motor ocular externo, de um lado. Quanto ao de 14 anos, a audição aérea variava, conforme a freqüência, entre 35 a 85 decibeis, mas a óssea estava gravemente comprometida. Êste menino apresentava ainda distúrbios vestibulares e manifestações cerebelares, além de lesões do sistema nervoso profundo. Pesquisa acurada na literatura não permitiu encontrarem-se casos semelhantes.

11. O virus da doença da arranhadura do gato. Esta doença, descrita em 1950 por MOLLARET e REILLY e seus colaboradores, de uma parte e DELRÉ e LAMY e seus colaboradores de outra, caracteriza-se por linfo-adenites múltiplas, mas restritas a um grupo linfonodal no território de drenagem em que se acha localizada a pequena lesão, insignificante, que representa a porta de entrada do vírus. Por pequena que seja, consegue-se localizá-la, pois ela é - pelo menos o foi até há pouco - uma lesão cutânea determinada por garras de gato - uma arranhadura, como DEBRÉ o demonstrou. MOLLARET preparou um antigênio e, por meio de estudos consecutivos, baseado em mais de 200 observações, pôde ser demonstrado tratar-se de um virus específico e característico.

A doença da arranhadura do gato é hoje conhecida pelo nome de linfo-reticulose benigna de inoculação.

Que tem isto a ver com a nossa especialidade?

Há um caso observado por MADURO, MOLLARET e CHEVANCE de um sapateiro de 53 anos, em que se apresentou disfagia com otalgia reflexa e estado febril (38º). Uma semana após, surge linfo-adenite sub-ângulo-mandibular, como uma pequena noz, e mostra, o exame de garganta, saliéncia pronunciada de tôda a hemifaringe esquerda. As amígdalas nada revelaram digno de registro. A punção, quer da tumefacção faríngica, quer da adenite, deu secreção francamente purulenta, mas bacteriológicamente estéril, o que deixou o especialista verdadeiramente surprêso, mas lhe trouxe aos espírito a idéia de linfo-reticulose.

O material colhido foi levado ao Instituto Pasteur, ao Prof. Morllaret, e as reações serológicas provaram que se tratava da doença da arranhadura do gato. Apurou-se então que o paciente há anos possuíra gatos. Com esfregaços de suco da adenite em lâminas coradas pelo Giemsa forram encontradas grandes células endoteliais com os grânulo-corpúsculos característicos do mal.

Esta é a primeira observação consignada da linfo-reticulose por via mucosa e vem provar que o virus pode penetrar no organismo de outra maneira que não a arranhadura.

12. Vírus do molluscum contagiosum - O molluscum contagiosum ou endoteliose infecciosa é caracterizado pela formação, na pele, de pequenos nódulos. Localiza-se na face e particularmente no pavilhão auricular. Aparece como pápulas pequenas, distintas, bulbosas, indolores, com uma pequena cratera no vértice. Se comprimido, o nódulo dá saída a uma massa amarelada.

O vírus apresenta-se sob a forma de corpúsculos de inclusão acidófilos, de aproximadamente 25 micros de diâmetro. É pois, um vírus grande, visível no microscópio comum.

O molluscum, que em geral se localiza na pele, pode apresentar-se nos lábios, até na cavidade bucal (SCHUERMANN).

13. Vírus da pura-influenza - Estudaram MC LEAN e colaboradores, do ponto de vista virulógico, 183 crianças com traqueíte, durante o decurso de dezembro de 1961 a março de 1962. E, quanto à ação da estação, pesquisaram mixovirus em 445 pacientes de ambulatório durante dois invernos e um verão. Das 186 crianças, 135 eram de menos de três anos. Em 47 doentes foram isolados: em 29 vêzes, o virus da para-influenza 1; em 4, parainfluenza 2 ; em 5, para-influenza 3 ; e em 9 para-influenza B. N o grupo maior, foram isolados mixovirus em 150 casos. O elemento causal dominante da laringo-tráqueo-bronquite aguda foi o vírus da para-influenza 1, que foi isolado em 119 casos.

14. Virus do pseudo-crupe, de Chanok - A laringo-tráquéobronquite estenosante ou pseudo-crupe é causada por um mixovirus descrito por Chanok este quadro clínico, na base de uma disreatividade tecidual particular individual, pode, porém, ser causado por mais de uma espécie de vírus (virus da gripe e do sarampo, vírus da varicela, etc., possivelmente em associação a superinfecção microbiana). (RELUSSI, FILIPPI e SCALFT).

15. Virus da mononucleose infecciosa - O vírus da mononucleose infecciosa supõe-se atualmente ser o mesmo da hepatite infecciosa. Êste vírus só está demonstrado existir pela filtração e pelas reações antigênicas. Mas, enquanto não paira dúvida sabre a etiologia virual da hepatite, o mesmo não se dá com a mononucleose. Em todo caso, a opinião dominante no momento é, também, da etiologia virual desta doença.

Em um trabalho por mim publicado em. 1946 sob o título "As Anginas nas Hemopatias" já chamava eu a atenção sabre a extensa nomenclatura do mal. Descrita por Filatow em 1885 e batizada por Pfeiffer em 1889 pelo nome de febre gangliar (gânglio, aí, no sentido atual de linfonódio) passava a ser angina monocítica de Schultz em 1922, angina linfocítica de Ustved em 1927 e, posteriormente (1935), angina linfo-monocitica de Sabrazes e Saric.

USTVED, descrevendo a enfermidade dizia: "Podas os tipos de amigdalite têm sido assinalados: o entumescimento eritematoso simples, a forma críptica, o exsudato pultáceo, esbranquiçado ou acinzentado com mau cheiro ou mesmo cheiro pútrido; o aspecto difteróide; a úlcera necrótica".

SHEA, que reputa a mononucleose como doença por vírus, diz que ela se apresenta sob três formas: 1) o tipo febre gangliar (linfonodal) nas crianças (adenites, certo rubor da garganta) ; 2) o tipo anginóide em adultos na juventude (falsas membranas, adenites cervicais, febre elevada) : 3) o tipo adulto (incubação mais longa, adenites, rubor discreto da garganta, febre prolongada, esplenomegalia). A divisão não corresponde ao que entre nós se observa. Vemos formas tórpidas com polimicro-adenites e febre baixa, vesperal, em crianças; e vemos surtos agudos em adultos. A doença, todavia, apresenta-se com maior freqüência sob a forma sub-aguda.

A chamada mononucleose, que devia ter o nome de linfocitose, é uma doença infecciosa geral que às vêzes, mas nem sempre, ataca a garganta. Pode causar neurites com paralisias.

Na garganta, as lesões variam como diz USTVED, de simples amigdalite eritematosa até processos necróticos. Mas a verdade é que, de regra, vemos, não a amigdalite ou angina causal, mas
a amigdalite ou angina sintoma (ursächlichen Angina e Folgeangina dos autores alemães). Em verdade, os processos sintomáticos são sempre globais, isto é, amígalo-faringites - anginas no meu entender, pois que reputo angina, a soma da amigdalite e faringite.

Nos processos agudos, a manifestação faríngica é discreta e variável. Nos crônicos, é que surgem os tipos destrutivos, em que a super-infecção é em geral determinada pela simbiose fuso-espiroquética (Maut-Vincent).

RAUCH, estudando as complicações neurológicas causadas por vírus, no campo otorrinolaríngico, diz que a doença mais freqüente dêsse grupo é a mononucleose infecciosa, e observou três casos de complicações neurológicas por ela determinados: um caso de paralisia facial em doente de 24 anos; e dois casos de paralisia bilateral do recurrente (síndrome de Gerhardt), em dois meninos, um de 5 e outro de 6 anos.

16. O virus do papiloma laringico - Demonstrado como está que o papiloma cutâneo é causado por vírus, chegou-se à conclusão de que o papiloma da laringe da infância também o era.

O assunto está aberto à discussão. RECKER, em seu relatório a Reunião dos Otorrinolaringologistas Alemães, de 1955, acha que a etiologia virual do papiloma laríngico parece assegurada. Mas, na discussão, JACOP assinala que as provas de inoculação não foram positivas. Alega que a presença de vírus em células tumorais não fala absolutamente em favor de etiologia por vírus de tais neoformações. Como várias tentativas de transmissão feitas por diversos autores o demonstram, os transplantados de papilomas curam-se ocasionalmente, enquanto os extratos do tumor nunca determinam a crescimento de papilomas. JACOF injetou, por via intra-cutânea, em 5 pacientes com carcinoma incurável e em 7 crianças com papilomatose da laringe, centrifugados frescos de papiloma e não conseguiu ver formarem-se papilomas. Por êstes fatos, acha que a etiologia virual do papiloma não parece segura.

Já em seu trabalho, PELUSSI, FILIPPI e SCALFI declaram que a etiologia virual do papiloma "recebeu recentemente novas confirmações pelo isolamento de agentes citopatogênicos de tecidos neoformados". Estudando a possibilidade diagnóstica das viruoses em nossa especialidade sómente com base nos dados clínicos, os mesmos autores colocam em terceiro lugar o papiloma laríngico.

17. O virus do pólipo nasal - Partindo do princípio de que as afecções por virus, como o assinalou RIVERS, são caracterizadas em geral por proliferação ou por degeneração das células, ou por associação dos dois processos, e achando que o pólipo nasal corresponde a estes fatos, WEILLE e GOHD admitiram a hipótese de que a formação tivesse como causa um virus. Acresce ainda que se tem querido ligar a mesma etíologia aos distúrbios alérgicos. Tudo pendia, pois, para que, provàvelmente, algum ou alguns virus tivessem relação com a polipose nasal.

WEILLE e GOHD estudaram o assunto com rigor, fizeram inoculação de extratos de pólipos em ovos embrionados, e encontraram considerável quantidade de proteína no flúido alantóide 48 horas após a inoculação.

As tentativas feitas pelos autores para produzir alterações teciduais macro ou microscópicas na mucosa nasal de animais ou em embriões de pinto, falharam. A presença, porém, de concentração de um anticorpo específico no soro de doentes de polipose e sua ausência em testemunhas podem ser consideradas prova legítima e importante da etiologia virual - concluem WEILLE e GOHT.

Até o momento nada há de confirmado a respeito do problema.

18. Virus da sinusite papilar - Há, a êste respeito, tão sómento explicada. O ser determinada por virus não passa de sinusite. A sinusite papilar, como a otite serosa aguda amicrobiana, de que já falei, é, uma enfermidade cuja etiologia não foi até o momento explicado. O ser determinada por vírus não passa de simples conjetura.

Pelo exposto, já se percebe que o diagnóstico das doenças determinadas por vírus nada tem de fácil e, na maioria das vêzes, só pode ser feito por meios muito especializados, que, até o momento, não estão ao alcance da clínica.

Se nós quisermos tornar a questão mais evidente, podemos assinalar as doenças por virus que, na clínica, podem ser diagnosticadas, e vamos ver que são em número restrito.

Características como são, por exemplo, as manifestações herpéticas, já vimos que são em número de dez só as enfermidades causadas pelo vírus do herpes simples. O herpes labial e a angina
herpética são mais ou menos típicos, mas "se não há anginas herpéticas e sim anginas com herpes", o caso já muda de figura.

O mesmo vírus do herpes simples é o causador da afta infecciosa, mas as aftas são de modo geral lesões de ampla significação, de sorte que o diagnóstico preciso do tipo foge à alçada da clínica, com seus exames subsidiários de rotina.

Já o herpes zoster é uma viruose para cujo diagnóstico não há necessidade de recursos especiais. Ela é característica, e ainda mais no setor otológico.

As doenças viruais do aparelho respiratório - desde a gripe à para-influenza, às laringo-tráqueo-bronquites, às várias manifestações devidas aos adeno-vírus - dificilmente são diagnosticadas. A não ser em caso de epidemia, inúmeros são os casos que o clínico rotula de gripe, e que dêste mal nada têm.

Uma entidade clínica a que dávamos valor diagnóstico absoluto como dependente da gripe - a otite ou a miringite flictenular hemorrágica - está hoje provador nada ter com esta viruose.

O sarampo só é diagnosticado por seu aspecto epidêmico, ou quando aparece sob o quadro clínico clássico. Há casos em que o exantema, a irritação conjuntival com fotofobia, a tosse, ou mal se manifestam ou não aparecem.

A parotidite epidêmica - papeira, no norte dor país: caxumba no sul - é diagnosticada por exclusão, pois que os processos inflamatórios das glândulas salivares não são freqüentes.

Os processos inflamatórios da garganta, quer amigdalites, quer faringites, quer anginas, só são atribuidos a virus, pràticamente quando não obedecem à terapêutica clássica: bismuto, sulfas, antibióticos. A verdade é que eleas podem ser genuínos - primitivos, ou sintomáticos (gripe, sarampo, etc.), mas ainda assim, com exceção dos herpéticos, - não permitem, clinicamente, chegar-se ao diagnóstico de causa virual.

Se asim acontece de referência à clínica geral, mais, ainda, é evidente a dificuldade, no que diz respeito às manifestações na área otorrinolaríngica.

No entanto, cada vez se fala mais em virus. CLAVERIE faz ver que outrora tudo era sífilis; agora, tudo é virus. Faltou a referência à alergia. Depois da sífilis tudo era alergia. Agora, tudo é virus.

Vê-se, pois, que as manifestações indubitáveis das doenças por virus, com as poucas exceções assinaladas e as embriopatias, são problemas que, do ponto de vista clínico, não são passíveis de re-solução diagnóstica, a não ser em centros que disponham, com facilidade, de laboratórios especializados em virus.

O tratamento das viruoses é um capítulo em branco, no que diz respeito à terapêutica etiológica. Nem os quemoterápicos, nem os antibióticos em uso exercem ação sôbre os virus.

Os estudos em demanda de medicação específica para as viruoses, em verdade, se intensificam muito e já há algumas promessas a se delinearem no horizonte. As polissacárides da cápsula do bacilo de Friedländer são ativas contra a pneumonia virual do furão. A tiosemicarbazona tem ação sôbre a vacina do mesmo animal. A helenina atua sôbre certos vírus neurotrópicos. A mepacrina mostra-se eficaz no combate á encefalomielite dos animais e a neoformicina em ovos e furões contra a gripe humana, vírus A, A 1 e B. Nas culturas, mostra-se igualmente atuante contra o vírus de Newcastle e da parotidite epidêmica. A ehrlichina e a netrosina parecem eficazes contra os virus B da gripe e da vacina. Mas desgraçadamente tais antibióticos são tóxicos para o homem. O flavianato de canavanina inibe o desenvolvimento do virus A da gripe.

Diante de doenças por viras, o caminho a seguir é:

1 - Reforçar a formação de anticorpos, utilizando a globulina gama em doses adequadas. É o melhor tratamento no momento.
2 - Aumentar a resistência orgânica por meio da vitamina C em doses elevadas, e pela complexo B injetável.

3 - Procurar surpreender as super-infecções, entrando com os antibióticos de amplo espectro - tetraciclinas, eritromicina, penicilinas, etc., logo que a super-infecção se torna evidente.

Isto é o que pode ser dito, de modo esquemático, a respeito dos vírus e de sua ação patogênica, na área da otorrinolaringologia. Os vírus, em suas relações com o organismo humano estabelecem um modus vivendi original e inusitado. Diz. por isso, com tôda razão, um dos maiores virulogistas da atualidade, VAN ROYEN, que a relação entre os virus e a célula hospedeira é um tanto análoga ao que êle considera dever ser o resultado final da Sobrevivência continuada do homem no ambiente de um país altamente socializado. Assim como êste dá ais homem quantidades crescentes das várias necessidades para a vida, o homem, por sua vez, sofre a perda das funções naturais pela atrofia resultante da falta do uso de vários órgãos.

O vírus representa, destarte, um parasitismo de categoria estranha e inigualável, contra o qual a ciência tem de se bater com tôdas as armas e tôdas as fôrças.

SUMÁRIO

Estudo geral dos virus. Três formas de viras infectante: a) o vírus partícula, introdutor ou invasor; b) o vírus expansivo, lítico ou destruidor; c) o virus cromossômico, virus gene, ou disseminador. A estrutura dos vírus é composta de proteína e ácido ribonuclêico, além dos antigênios.

Há virus grandes e pequenos. Os primeiros, se além de 230 milimicros, passam a constituir as miyagawanellas.

As classificações dos virus são várias. Podemos resumir o quadro em 1) enterovirus e similares: 2) rinovirus, 3) não classificados, 4) picornavirus.

Mixovirus, adenovirus, vírus ECHO, vírus arbo, estão aí incluídos.

Há virus que se podem observar no microscópio electrónico, e outros que até agora não foi possível tornar visíveis.

Há, ainda: 1) - doença por vírus visíveis; 2) doenças por virus invisíveis; 3) doenças provadamente viruais por meio de testes de laboratório; e 4) doenças cuja etiologia virual é apenas admitida.

Há virus que determinam mais de uma doença. O do herpes determina dois tipos principais: o herpes simples e a afta epidêmica. O da varicela é o mesmo do herpes zoster. Supõe-se que o da hepatite infecciosa é o da mononucleose, mas a etiologia por vírus desta não está provada.

Estudo dos virus que determinam doenças no âmbito da otorrinolaringologia.

1 - O virus do resfriado comum. São vários antigênicamente. O resfriado é extremamente difícil de ser diagnosticado quanto à causa, pois os vírus da gripe, da para-influenza etc, podem dar origem a quadro idêntico ao da rinite aguda simples.

2 - O vírus de febre faringo-conjuntival - Doença descrita por BELI, e colaboradores, na infância.

3 - O viras da faringite febril - Doença da infância descrita nos Estados Unidos, determinada pelos adenovirus 1, 2 e 5.

4 - O virus do herpes simples - Causa as seguintes afecções: 1) o herpes simples (labial, facial, febril); 2) o eczema herpético; 3) a gingivoestomatite herpética; 4) a estomatite recorrente; 5) a rïnite herpética; 6) a angina herpética; 7) a laringite herpética; 8) o herpes genital; 9) a afta simples; 10) a aftóide de Pospischill.

Aí está incluída a angina dita herpética, a que Zahorskv deu o nome mal escolhido de herpangina, mas que é determinada pelos vírus de Coxsackie 2, 4, 6, 8, 10.

5 - O virus do herpes zoster - De diagnóstico clínico fácil, caracterizase pela dor acompanhada de vesículas. O tipo mais visto em otorrinolaringologia é o do aparelho auditivo, sobretudo do gânglio geniculado, acompanhado não raro de paralisia facial.

6 - O virus da parotidite epidêmica - causa às vêzes de surdez de percepção, súbita e irreversível.

7 - O virus da rubéola - Causa freqüente de surdez congênita; em 565 casos de malformações congênitas, 393 de alterações cocleares.

8 - O vírus do sarampo - Causa rara de surdez congênita.

9 - Os viras da gripe - Manifestações patológicas na garganta, no nariz e nas cavidades para-nasais, no aparelho auditivo, quase sempre por super-infecção.

A otite ou miringite flictenular hemorrágica, tida e havida clàssicamente conto manifestação ligada à gripe, nada tem a ver com esta virtuose; no líquido das flictenas não foram encontradas partículas dos vírus da gripe.

10 - Os virus da poliomielite aguda - Raramente lesões do aparelho cócleo-vestibular. Paralisias da faringe. Três casos de surdez após vacina Salk (única observação).

11 - O virus da arranhadura do gato - Caso de coleção purulenta da parede lateral da faringe determinada por éste virus (observação única) .

12 - O viras do molluscum contagiosum - Visível no microscópio cornam, deve ser considerado miyagawanella. Lesões (botões) na pele do pavilhão auricular e na bôca.

13 - Os virus da para-influenza - Causadores das laringo-tráqueo-bronquites (virus da para-influenza 1).

14 - O virus do pseudo-crupe de Chanok - Laringo-tráqueo-bronquite estenosante. Pode ser causada por outros virus.

15 - O virus da mononcleose infecciosa - Nada prova até agora ser êste mal produzido por um virus. Mas é a etiologia mais aceita. Complicações: paralisia facial, paralisia bilateral do reeurrente.

16 - Virus do papiloma da laringe - Ainda em fase experimental. Parece de fato o agente etiológico ser um virus.

17 - O virus do pólipo nasal - Nada provado.
18 - O viras da sinusite capilar - Ainda em fase de investigação. Considerações diagnósticas. Com exclusão de certas formas evidentes (herpes simples, herpes zoster, parotidite epidêmica sarampo - forma clássica, gripe etc.), o diagnóstico das doenças por viras está adstrito à existência de laboratórios e experimentadores especializados.

A terapêutica é sintomática. Nada se pode fazer além de exaltar a defesa pelos anticorpos (globulina gama) e atacar, com antibióticos, as superinfecções, mal se apresentem.

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(*) XIII Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia. Curitiba, 5-7 - Setembro 1964.
(**) Professor Catedrático de Clínica Otorrinolaringológica da Escola Paulista de Medicina S. Paulo.

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