Versão Inglês

Ano:  1993  Vol. 59   Ed. 1  - Janeiro - Março - (16º)

Seção: Pergunta

Páginas: 72 a 72

 

Atendi um doente de 45 anos com história de surdez súbita com 1 més de evolução, sem antecedentes traumáticos. Apresentar discreta tontura, zumbido e audiometria com anacusia unilateral. Qual a conduta que deveria tornar?

Autor(es): Maximiliano Fonseca, Campinas - SP.

1 - Prof. Dr. Yotaka Fukuda

Professor Associado da Disciplina de Otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina.

Infelizmente, nesse caso de surdez súbita com anacusia há um mês, as possibilidades de recuperar alguma audição são bastante remotas. Porém deve-se tomar as seguintes providências:

a) Verificar se apresenta sinal de fístula (fenômeno de Túlio ou Hennebert). Se positivo, timpanotomia exploradora.

b) Se não apresentar sinal de fístula, ou se a exploração cirúrgica não evidenciar a fístula, deve-se averiguar a possível etiologia. Dentre estas, o Schwannoma vestibular (neuroma do acústico), a surdez auto-imune c a surdez de etiologia vascular, devem sei investigadas pela sua repercussão futura.

c) Se as pesquisas quanto à etiologia forem negativas, fazer tratamento sintomático em relação à tontura e ao zumbido (clonazepan flunarizina, cinarizina). Quanto à audição poder-se-ia administrar tentativamente a pentoxililina durante 1 mês e verificara possível resposta ao tratamento.

2 - Dr. Roberto Martinho da Rocha Rio de Janeiro/ RJ

Surdez súbita é uma forma de perda de audição de aparecimento repentino, no período de horas ou dias, de caráter sensorioneural, eventualmente acompanhada de zumbidos e/ou vertigens.

O tratamento depende da causa, por vezes impossível de ser determinada. O sucesso das medidas empregadas é discutível, especialmente porque na maioria das vezes há cura espontânea.

Pacientes com diabetes, arteriosclerose, hipertensão arterial, lipoproteinemia e "stress" são trais vulneráveis a surdez súbita. Apesar de não ser bem clara a relação entre tais alterações e surdez súbita, parece que a causa é vascular, podendo ser hematológica (leucemia, policitemia, macroglobulinemia), inflamatória (sífilis, vírus, bactéria), tóxica, traumática ou neoplásica. Também pode ser relacionada com esclerose múltipla, hidropsia endolinfática, lupas critemaloso e doença de Paget.

Qualquer condição que interfira com o suprimento sanguíneo do ouvido intenso pode causar surdez transitória ou definitiva. Viroses são responsáveis pela maioria dos casos: cachumba, rubéola, adeno vírus, influenza, mononucleose são capazes de produzir isquemia vascular.

Tumores, como colesteatoma e neurinorna do acústico, podem fazer compressão e impedir o suprimento sanguíneo com anóxia no ouvido interno.

Trauma, barotrauma, por descompressão em avião ou mergulho, pode ocasionar rompimento de membrana na janela oval ou redonda, com escoamento de perilinfa e surdez (fístula perilinfática).

O tratamento contra a causa depende da determinação da etiologia. Avaliação em profundidade deve incluir exame otoneurológico, com audiograma e provas vestibulares; tomografia computadorizada para visão dos meatos acústicos internos e ângulo pontocerebelar; "check-up" clínico com os exames laboratoriais para sífilis, hipotimidismo, diabetes, lipidograma, etc. Pesquisa de virose no soro sanguíneo pode servir para o diagnóstico mas não é útil para o tratamento.

Se a etiologia for tóxica, tóxica, bacteriana, tumoral ou de natureza hematológica, o tratamento é específico. Surdez idiopática, isto é, sem causa evidente, é tratada corri repouso, vasodilatadores e tranqüilizantes.

Forte suspeita de fístula secundária a barotrauma pode levar à investigação cirúrgica, mediante timpanotornia, localização ela fístula e reparo por enxerto de tecido vivo.

Fístula perilinfática espontânea parece ser rara. No 95° Meeting Anual da Academia Americana em Otorrinolaringologia, realizado em 1991, fazia parte do programa uma secção denominada "Grandes Debates em Otorrinolaringologia", que tratava exatamente da discussão em torno da fístula perilinfática espontânea. Naquela ocasião John Shea disse que tal doença é um mito, assim como os discos voadores. John House confirmou a extrema raridade da fístula espontânea, dizendo que o Grupo House procurou fístulas em cerca de 50 timpanotomias, praticadas pelos diversos otologistas do Grupo, não encontrando nenhuma".

O assunto é controvertido e há especialistas que se referem a vários casos de fístulas espontâneas observadas e reparadas, defendendo a cirurgia exploradora.

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