Versão Inglês

Ano:  1977  Vol. 43   Ed. 1  - Janeiro - Abril - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 53 a 55

 

RINITES HIPERTRÓFICAS IRREVERSÍVEIS: DE COMO TRATÁ-LAS

Autor(es): Sydney Castagno
Roger L. Castagno

Resumo:
Os autores descrevem a técnica com que obtém ótimos resultados no tratamento das rinites hipertróficas irreversíveis.

INTRODUÇÃO

Nas rinites hipertróficas, onde ocorre hiperplasia celular com hipertrofia do tecido glandular, a mucosa nasal, invadida por tecido conjuntivo, mantém-se entumescida, com a consistência aumentada e com certa palidez, que reflete a compressão dos vasos subjascentes.

Evidentemente, essa mucosa, devido às desordens estruturais irreversíveis que sofreu, já não desempenha as funções fisiológicas que lhe cabia, mas, ao contrário, determina a obstrução crônica das vias aéreas superiores pondo em marcha todo o cortejo das patologias dessa área, originando um batalhão de consumidores de drogas vaso - constritoras, de efeito tão deletério quanto ineficaz. Temos utilizado os mais variados métodos preconizados para a terapêutica das rinites hipertróficas com resultados que não satisfazem.

Há três anos, entretanto, estamos fazendo uso em nossa Clínica de um aparelho de alta freqüência - CAMERON MILLER, MOD 22.240, Chicago - que possui entre seus acessórios uma agulha de 5 cm de comprimento. Desde então contamos com mais de uma centena de excelentes resultados. Como não se trata de um aparelho de uso corrente nos consultórios otorrinolaringológicos, tivemos a idéia de transpor o método para outro equipamento, qual seja o ELETROCAUTÉRIO, de fácil acesso a todos os especialistas. Assim, com os mesmos princípios, vamos obter os mesmos resultados porém acrescida a vantagem de, divulgando o método, oferecer a todos os colegas uma possibilidade concreta de execução.

Frente à patologia referida, lamentavelmente só é possível alcançar bons resultados com atitude que produza destruição de uma certa porção do tecido mucoso doente. Na quase totalidade das vezes a ação é exercida na mucosa que reveste o corneto inferior, já que por constituição e situação anatômica é onde se desenvolve plenamente o processo hiper plástico e onde principalmente se faz a obstrução nasal.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA

Realizada a anestesia do corneto inferior, tomamos uma agulha de punção lombar de calibre médio e introduzimo-la bem junto à superfície óssea do referido corneto, com o bisel voltado para o osso. Fazemos a agulha deslizar suavemente em sentido Antero - posterior, desde a cabeça até a cauda do corneto.

Como essa superfície óssea é rugosa, deve-se proceder com habilidade de modo que, quando houver resistência, deve-se voltar um pouco atrás e, contornando o obstáculo, prosseguir na introdução da agulha. Estando a mesma colocada em toda a extensão do corneto e com o eletrocautério devidamente preparado, passamos a tocar com sua extremidade ativa na porção proximal da agulha, até que a mucosa do corneto se torne pálida e retraída. Nesse momento começamos a retirar a agulha e, pouco antes da emergência total, damo-la outro toque com o cautério, a fim de evitar sangramento no ponto de introdução da mesma. Necessário seria lembrar a observância do uso de luvas cirúrgicas e o cuidado para não contatar a agulha com a válvula interna, com o vestíbulo nasal ou com o espéculo, evitando queimaduras indesejáveis.

VANTAGENS

a. - A própria mucosa do corneto protege o septo do calor desprendido, evitando lesões no mesmo com as conseqüentes aderências, entre o septo e o corneto, bastante comuns em outras técnicas de cauterização com termo ou eletrocautério;

b. - ausência de fumaça mascarando o campo operatório;

c. - maior zona de precipitação de proteínas celulares, com retração uniforme de toda a mucosa contra a porção óssea do corneto, promovendo a permeabilidade nasal.

d. - instrumental ao alcance de todos os especialistas e simplicidade de execução.

CONCLUSÃO

A simplicidade, a segurança e os bons resultados alcançados com a técnica proposta credenciam-na para resolver a dramática situação do paciente portador de obstrução nasal crônica por rinite hipertrófica irreversível.

Entretanto, uma observação final não será demais: a aplicação da técnica deve ser complemento de um criterioso diagnóstico, evitando lesionar estruturas com capacidade funcional viável.

RESUME

Les auteurs ont décrit ici Ia téchnique avec laquelle ils ont obtenu des excellents resultats dans ie traitement des malades porteurs de rhinite hypertrophique hyperplasique.

BIBLIOGRÁFIAS

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2. DAWSON, FREDERICK W. - "Infecciones cronicas de Ias fosas nanales", in BALLENGER, J.J., Enfermedades de Ia nariz, garganta y oidos. Barcelona. JIMS, 1962, 8, 115-124,
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4. LAURENS, GEORGES - Compêndio de oto-ripo-laringologia. P.Alegre. Globo. 1935.
5. RICHIER, J. - "Rhinites hypertrophiques", in Encyclopédie Medico Chirurqicale. Paris, 1951. 20350/3 - 20350/11.




Endereço dos Autores:
CLÍNICA DR. CASTAGNO Rua Anchieta,
2112 Pelotas, RS.

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