Versão Inglês

Ano:  1950  Vol. 18   Ed. 1  - Janeiro - Abril - ()

Seção: Notas Clínicas

Páginas: 31 a 32

 

LOCALIZAÇÃO RARA DE CORPO EXTRANHO SIMULANDO SINUSITE FRONTAL FISTULISADA (Nota Oficial)

Autor(es): DR. FABIO BARRETO MATHEUS

Muitas vezes, mesmo examinando os pacientes com cuidado, fatores imponderaveis nos levam a incidir em erros de diagnóstico.

Ha algum tempo recebemos um paciente na clinica O.R.L. do Hospital Nossa Senhora Aparecida para ser operado de sinusite frontal. O paciente já havia sido examinado no interior por um colega que nos enviou o doente e a radiografia das cavidades paranasaes.

Observação: - J. E., branco, brasileiro, 46 anos, casado, lavrador. Ha 10 meses ao rachar lenha, saltou um fragmento de madeira; que produziu pequeno ferimento no lado direito da região frontal. "





A ferida foi suturada e cicatrizou. O paciente passou bem os 3 meses seguintes, quando a região frontal se entumeceu provocando dores intensas. A seguir estabeleceu-se pequena fistula o angulo orbitario interno direito, por onde drenou grande quantidade de pús, desaparecendo então as dores. Procurou novamente o medico que receitou antibioticos e fez curativos locaes durante alguns dias, inclusive uma curetagem dos bordos da ferida. Como a fistula não se fechasse foi feita uma radiografia que acusou opacidade dos seios à direita.

Nessa ocasião o paciente foi enviado para São Paulo afim de ser operado tendo procurado o serviço de O.R.L. do Hospital Nossa Senhora Aparecida, chefiado pelo Dr. J. E. de Paula Assis.

Ao exame constatamos pequena fistula de bordos irregulares localizada no angulo orbitario interno direito, dando saída a secreção pio sanguinolenta. A região frontal direita apresentava-se dolorosa à pressão, porem não havia rubor nem edema. Pela rinoscopia nada constatamos de anormal.

Diante do exame clinico e do achado radiografico resolvemos operar o doente,: pois estavamos convencidos de que se tratava de uma pan sinusite cronica direita reagudisada pelo traumatismo.

Fizemos a incisão classica de Killian procurando contornar a fistula com o fim de ressecá-la. Ao descolarmos o periosteo, com surpresa, deparamos um pequeno fragmento de madeira tendo pouco mais de l centímetro de comprimento. Inspecionamos a cortical externa e constatamos a sua integridade. Diante disto nos limitamos a ressecar a fistula, enchemos a ferida operatoria com sulfa peritonial e suturamos com pontos separados.

A cicatrização se fez por primeira intenção e não houve recidiva da fistula. O paciente não quis se submeter ao tratamento da sinusite por ter de se ausentar desta Capital.

São de interesse no caso: a localisação do corpo extranho, sua longa permanencia..(10 meses) e a evolução clinica.

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