Versão Inglês

Ano:  1982  Vol. 48   Ed. 4  - Outubro - Dezembro - ()

Seção: Notícias e Comentários

Páginas: 38 a 40

 

Necrológico

Autor(es): -

PAULO MANGABEIRA ALBERNAZ (1896-1982)

A vida do Professor Mangabeira Albernaz foi tão produtiva e luminosa que facilita e entusiasma falar dela.

Descendente de família baiana, nasceu em Bagé, (Rio Grande do Sul), mas fixou residência, ainda crianSa, na Bahia, em Salvador.

Lá fez seus estudos e na Faculdade de Medicina, em 1918, veio a colar grau entre os melhores alunos.
Trabalhando na Seção de Bacteriologia do Instituto Oswaldo Cruz, de Salvador, fez sua tese de doutoramento "Estudos sobre o Parasita da Raiva", aprovada com distinção.

Desde o 3º ano freqüentou o Serviço de ORL do Prof. Eduardo Rodrigues de Moraes, que na época representava o que de melhor havia no país na especialidade. Lá completou seu internato e continuou como assistente voluntário nos dois anos que se seguiram à sua formatura. Por questões políticas, deixou a Bahia, dirigindo-se para São Paulo, onde começou sua vida profissional em Jaú. Trabalhou por cinco anos na Santa Casa local e foi fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Jaú, da qual foi o primeiro presidente, transferindo-se em julho de 1926, a convite do Dr. Carlos Penteado Stevenson, oculista de renome, para Campinas, fixou residência nesta cidade. Fundou a Clínica Otorrinolaringológica do Hospital da Santa Casa, onde permaneceu durante trinta anos, no último período já então auxiliado por seu filho Luiz Gastão.

Foi um dos fundadores da Escola Paulista de Medicina, tendo sido seu Professor Catedrático de Clínica Otorrinolaringológica durante 33 anos.

Unido a um grupo de médicos, fundou em 1943, o Hospital Vera Cruz de Campinas, de onde foi diretor-presidente por vários anos.

Como Professor catedrático de Anatomia Descritiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Católica de Campinas, lecionou desde a sua fundação em 1950 até 1963, quando resignou ao cargo.
Em 1958, como relator da Comissão de Nomenclatura Anatômica, apresentou em Porto Alegre, no Congresso da Sociedade Brasileira de Anatomia, a nomenclatura brasileira oficial, em vigor até hoje no país e aceita por unanimidade

Ainda em Campinas participou ativamente da criação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, tendo declinado a honra de ser seu primeiro diretor.

Publicou mais de 500 trabalhos (estudos, observações, conferências, aulas, críticas etc...) e vários livros sobre a otorrinolaringologia, linguagem médica, história, literatura geral, rotarismo etc.--- em língua portuguesa, francesa, inglesa e espanhola.

Na sua oitava década, lança um livro de grande atualidade, o Atlas do Aparelho Auditivo, com o mesmo entusiasmo de um jovem professor, em sua primeira publicação.

Seu livro "Otórrinolaringologia Prática" foi lançado em 1930. Logo vertido ao castelhano, está na 10? edição. Esse livro, sempre atualizado, a partir da 79 edição, continha, para seu orgulho, a colaboração de seus três filhos.

Em 1966, por ocasião de seu jubileu como professor universitário, recebeu do Presidente Castelo Branco a comenda de Grande Oficial da Ordem do Mérito Médico. Já havia anteriormente sido distinguido pelo governo italiano com a Ordem da Solidariedade Italiana. Foi ainda agraciado com as medalhas Rui Barbosa, Pirajá da Silva, José Bonifácio e Gaspar Viana.

Recebeu o prêmio "Eliseu Segura" destinado ao Otorrinolaringologista de maior projeção na América Latina, em El Salvador em 1969.

Membro de várias Associações Científicas nacionais e estrangeiras. Membro de duas Academias de Letras e do Pen Clube de São Paulo.

"Rotariano Emérito", foi eleito presidente por três vezes consecutivas (1967-1973) da Associação dos Rotarianos de Campinas.

"Cidadão Honorário" de Campinas em 1962, recebeu ainda em vida, uma bonita homenagem desta cidade: Um centro de Assistência Médica denominado "Professor Doutor Paulo Mangabeira-Albernaz".

Casado com D. Mariazinha, com ela conviveu 59 anos, recebendo apoio, tranqüilidade e estabilidade, que permitiram a continuação da luz que o professor sempre emitiu. Deixou três filhos. Todos médicos: Paulo, Luiz Gastão e Pedro Luiz, que seguem .o exemplo do pai.


LUIZ PIZA NETO

Nascido em 23 de fevereiro de 1915 - Sdo Paulo e falecido em 25 de janeiro de 1981.

Formado em 1937 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.


Dedicado inteiramente à sua profissão, especializou-se em ORL, sendo assíduo freqüentador de todos os Cursos e Congressos referentes à sua especialização, não somente no país, mas sobretudo no estrangeiro. Foi durante um ano interno nos hospitais de Paris, freqüentando os Serviços do Prof. Lemaitre, Aubry, Aubin, Bouche, Maduro e outros; nos hospitais Lariboisiere, Boucicault, Necker, Des Enfants Malades, Hospital Americain de Nauilly etc. Recebeu o título de Medecin Assistant Etranger à Ia Clinique oro-rhino-laryngologique de ia Faculté de Paris, com defesa de tese. Freqünetou o Curso do Prof. Portmann, em Bordeaux, recebendo o título respectivo, e também em 1952 o Cours International d'Audiologie Clinique, em Paris. Esteve também por vários meses em Viena trabalhando em hospitais, freqüentou cursos em Los Angeles, Chicago, Nova York etc. Trabalhou sempre na ORL do Hospital das Clínicas em São Paulo. Assíduo a todos os Congressos Internacionais e participante ativo, viveu para a medicina, sendo seus traços marcantes, a integridade, honestidade e modéstia. Fez de sua profissão um apostolado, visando somente o lado humano, deixando inúmeros beneficiados.


WALTER BENEVIDES (1908-1981)

O Dr. Walter Benevides deixou uma grande lacuna na Otorrinolaringologia Brasileira e uma lembrança de homem culto e refinado.

Logo após concluir o seu curso de Medicina estagiou em Bordéus (França), e em Viena (Áustria). Foi um dos Primeiros alunos brasileiros do Prof. Georges Portmann, e uma profunda amizade e colaboraçâo científica sempre o ligaram à Escola Bordalesa.

Retornando ao Brasil ingressou como assistente do Prof. David de Sanson, na Policlínica de Botafogo (1932). Foi mais tarde nomeado Assistente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital São João Batista, da Lagoa. Nomeado chefe deste Serviço em 1948, seu profundo conhecimento de endoscopia tornou-o também responsável pelo departamento de Endóscopia Peroral do Serviço de _ Moléstias do Tórax do Prof. Aloysio de Paula, na Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
Walter Benevides foi nomeado em 1968 professor adjunto da cátedra de Pneumologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Participou ativamente, como conferencista, organizador ou Presidente de Congressos Brasileiros e Internacionais.

Além de centenas de trabalhos publicados em jornais e revistas (nacionais e estrangeiras) sobre assuntos médicos, paramédicos e literários, publicou diversos livros que obtiveram merecido sucesso.
Eleito por unanimidade Presidente Internacional da "Fondation Portmann" para o triênio de 1968 a 1971, foi reeleito para o seguinte. Seus conhecimentos das línguas francesa, espanhola, alemã, italiana, inglesa além da portuguesa muito o auxiliaram nesta sua função de Presidente de uma Sociedade Internacional.

Esposo e pai exemplar teve em Elza Êenevides uma grande amiga, companheira e incentivadora. Deixou dois filhos, Adolpho e Guilherme, e três netos Cristinia, Beatriz e Rodrigo.

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